COP30 ganha força após Cúpula Climática na ONU com 100 países assumindo novos compromissos


A menos de dois meses da COP30 em Belém do Pará, o palco da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, foi tomado pelo tema climático. Durante a Cúpula do Clima, convocada pelo secretário-geral da ONU António Guterres e pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, cerca de 100 países anunciaram a apresentação de novas metas para seus planos climáticos nacionais.

ONU/Manuel Elías

Esses compromissos, chamados de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), representam dois terços de todas as emissões globais de gases de efeito estufa. Para a comunidade internacional, o anúncio marca não apenas um avanço diplomático, mas também um movimento de pressão coletiva rumo à COP30, que deve ser um ponto de virada na governança climática global.

A urgência expressa em Nova Iorque

Na abertura do encontro, Guterres foi categórico: “A ciência exige ação. A lei ordena. A economia impulsiona. E as pessoas estão clamando por isso.” A fala sintetizou a atmosfera de cobrança e esperança que pairava sobre o evento.

Pela primeira vez, grandes economias como a China e a Nigéria, ambas altamente estratégicas por seus perfis de emissões e recursos naturais, anunciaram metas de redução abrangentes, incluindo todos os gases de efeito estufa e setores produtivos. Outras nações, em especial países emergentes, detalharam novos compromissos em energia renovável, corte de emissões de metano, preservação de florestas e planos de transição para abandonar gradualmente os combustíveis fósseis.

Os anúncios reforçam uma percepção já consolidada: a transição energética não é apenas um desafio ambiental, mas uma oportunidade econômica. Diversos líderes destacaram o potencial de geração de empregos, segurança energética e inovação tecnológica que pode surgir dessa transformação.

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ONU/Eskinder Debebe

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O peso dos países em desenvolvimento

Embora muitos avanços tenham sido registrados, os países em desenvolvimento chamaram atenção para um ponto sensível: o financiamento climático. Sem recursos adicionais, alertaram, será impossível expandir projetos de adaptação, resiliência e compensação por perdas e danos. O apelo foi claro: os compromissos não podem se limitar às promessas, precisam estar acompanhados de mecanismos de financiamento robustos e acessíveis.

Essa demanda ecoa o que deve ser um dos temas centrais em Belém: como os países ricos irão ampliar o apoio financeiro e tecnológico aos mais vulneráveis, permitindo que as metas climáticas sejam viáveis fora do papel.

Diálogos de soluções e o papel do Brasil

A preparação para a Cúpula foi marcada pelos “Diálogos de Soluções Climáticas”, encontros organizados pela ONU e pelo governo brasileiro ao longo da semana de alto nível em Nova Iorque. O objetivo foi reunir governos, setor privado, sociedade civil e instituições financeiras para discutir medidas concretas que já podem ser aplicadas.

Entre os temas debatidos estiveram adaptação, sistemas de alerta precoce, transição energética, descarbonização industrial, financiamento, integridade da informação e combate às emissões de metano. Uma das iniciativas em destaque foi a Iniciativa Florestas Tropicais para Sempre, que busca alinhar preservação com desenvolvimento sustentável.

Segundo os organizadores, o esforço é criar um elo direto entre compromissos multilaterais e políticas implementáveis, algo que aumente a credibilidade da COP30 e evite a repetição de promessas que nunca se concretizam.

Belém como marco histórico

O encontro em Nova Iorque deixou clara a expectativa global em torno da COP30. Para Guterres, o evento no Brasil deve ser “a conclusão de um plano global de resposta credível” que mantenha viva a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C.

A vice-secretária-geral Amina Mohammed encerrou a Cúpula destacando que, mesmo em tempos de fragmentação geopolítica, o mundo ainda é capaz de se unir em torno da causa climática.

A mensagem, ao fim, foi inequívoca: a década decisiva para enfrentar a crise climática começa em Belém. Se os compromissos assumidos se transformarem em políticas reais, a COP30 poderá ser lembrada como o momento em que a política internacional deixou de falar sobre futuro e passou a agir no presente.