O Maranhão vem mostrando que a conservação ambiental também nasce do diálogo e da educação. Em uma semana marcada por atividades de integração e aprendizado, o Parque Estadual de Mirador recebeu uma programação voltada para crianças e moradores locais, promovida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema). As ações reuniram cerca de 300 crianças e dezenas de famílias que vivem nas comunidades dentro e no entorno da unidade de conservação.

Entre os dias 15 e 19 de outubro, o parque se transformou em um grande espaço de convivência e conscientização. Oficinas, brincadeiras e atividades educativas abordaram temas como sustentabilidade, cooperação e preservação ambiental. O objetivo foi despertar, desde cedo, o senso de pertencimento e responsabilidade pelo território que abriga uma das áreas mais importantes do Cerrado maranhense.
A superintendente de Biodiversidade e Áreas Protegidas da Sema, Laís Morais Rêgo, explicou que a iniciativa vai além da recreação. “Unimos educação ambiental, diálogo e gestão compartilhada. Tivemos a posse do novo Conselho Consultivo, iniciamos o processo de elaboração do Termo de Compromisso com as comunidades e desenvolvemos atividades lúdicas para aproximar as crianças da ideia de conservação”, destacou.
Educação ambiental e laços comunitários
As atividades infantis mostraram como o aprendizado sobre o meio ambiente pode ser leve e envolvente. Por meio de jogos e dinâmicas, as crianças refletiram sobre a importância de proteger as nascentes, cuidar do lixo e valorizar a vida comunitária. A programação reforçou a visão de que a sustentabilidade começa no cotidiano — e que as novas gerações são agentes essenciais dessa transformação.
Os encontros envolveram não apenas as crianças, mas também pais, professores e lideranças locais. Para a Sema, aproximar a população da gestão do parque é fundamental para garantir a conservação ambiental de longo prazo.

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Conselho Consultivo e participação social
Um dos pontos altos da agenda foi a posse do Conselho Consultivo do Parque Estadual de Mirador, que passou a contar com representantes do poder público e da sociedade civil para o biênio 2025-2027. A cerimônia, realizada na Câmara de Vereadores de São Raimundo das Mangabeiras, simbolizou um passo importante na consolidação de uma gestão participativa.
Durante o encontro, os novos conselheiros receberam certificados e discutiram o planejamento de ações conjuntas para o manejo sustentável do parque. O espaço será responsável por acompanhar políticas ambientais, propor melhorias e fortalecer o vínculo entre o governo e as comunidades locais.
O representante da Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), Leonardo Pasolini, destacou a relevância do cadastro de povos e comunidades tradicionais dentro do parque. “Estamos cadastrando 67 comunidades para garantir a emissão de certidões e o reconhecimento oficial dessas populações. Isso representa um avanço real na conquista de direitos e na consolidação de políticas públicas”, afirmou.
Parcerias e fortalecimento das comunidades
A ação também contou com o apoio da Cáritas Diocesana de Balsas, entidade que atua na promoção da justiça social e ambiental na região. Para o representante da organização, Zé Filho, a articulação entre governo e sociedade civil tem gerado resultados concretos. “Essas parcerias fortalecem a luta em defesa do parque e das comunidades, ampliando o acesso a direitos e a políticas sustentáveis”, ressaltou.
Termo de Compromisso e diálogo com moradores
Outro eixo das atividades foi o início da construção do Termo de Compromisso entre o governo e os moradores do parque. O documento buscará harmonizar o uso dos recursos naturais com a conservação ambiental, garantindo que as famílias possam viver com dignidade em áreas protegidas. Participaram dessa etapa 63 povoados e cerca de 300 moradores, em uma rodada de escuta e negociação conduzida pela equipe técnica da Sema.
Para o morador Adauto Sousa, o processo representa uma oportunidade de construir soluções conjuntas. “É essencial termos espaço para discutir, debater e pensar na qualidade de vida de quem vive dentro do parque. Esse diálogo traz esperança”, afirmou.
Programa Copaíbas e cooperação internacional
As iniciativas no Parque de Mirador integram o Programa Comunidades Tradicionais, Povos Indígenas e Áreas Protegidas nos Biomas Amazônia e Cerrado (Copaíbas), executado pela Sema no Maranhão. O programa é gerenciado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e financiado pela Iniciativa Internacional do Clima e Florestas da Noruega (NICFI), por meio do Ministério das Relações Exteriores da Noruega.
O Copaíbas reforça a importância da cooperação internacional no fortalecimento de políticas ambientais locais e no reconhecimento das comunidades como guardiãs da biodiversidade.
O trabalho realizado em Mirador mostra que a conservação não é apenas técnica, mas também social — construída pela confiança e pela participação de quem vive na floresta e depende dela. Em um tempo em que os biomas brasileiros enfrentam pressão crescente, o Maranhão oferece um exemplo inspirador de que proteger é também incluir.








































