Polícia Militar do Pará se prepara em mandarim para a COP30


Na manhã desta quarta‑feira (29/10/2025), foi realizada a cerimônia de certificação de mais uma turma do curso de mandarim básico voltado para agentes da Polícia Militar do Pará (PMPA). O programa é resultado de uma parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e o Instituto Confúcio, e tem como foco preparar os policiais para um novo cenário na cidade de Belém, que sediará a COP30 — Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025.

Divulgação - Ag. Pará

Com carga horária de 60 horas, o curso misturou teoria e prática nas aulas presenciais do Instituto Confúcio na Uepa. Nas aulas dinâmicas e interativas, os participantes aprenderam desde expressões básicas do mandarim até termos específicos que possam surgir em situações de atendimento policial ou de emergência. Além disso, conheceram elementos da cultura chinesa e da etiqueta, entendendo que a comunicação respeitosa com visitantes estrangeiros constitui parte essencial de uma atuação policial cada vez mais globalizada.

Para o soldado Daniel Brito, que figurou entre os formandos, a iniciativa abre novas possibilidades: “Com certeza, o curso vai nos ajudar a atender melhor pessoas que virão a Belém, facilitando a comunicação, principalmente com os grupos chineses. Isso reforça a imagem de uma polícia moderna, preparada para eventos internacionais e para acolher pessoas de diferentes nacionalidades na nossa capital.” A declaração revela que o olhar da PMPA não está restrito apenas à segurança interna tradicional, mas também ao papel de “primeiro contato” institucional de uma cidade que receberá visitantes e delegações de todo o mundo.

O comandante‑geral da PMPA, coronel Sérgio Neves, ressaltou que a capacitação está alinhada à estratégia de modernização da corporação e à expectativa de receber grandes eventos. Ele colocou o curso como parte de um esforço contínuo pela segurança pública eficiente, preparada para acompanhar a transformação de Belém em um destino de repercussão internacional. O reitor da Uepa, Clay Chagas, por sua vez, frisou a importância da parceria interinstitucional e elogiou a dedicação dos policiais: segundo ele, a cidade “que conhecíamos não existe mais” — e a capacidade de acolhimento se torna um diferencial determinante.

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Divulgação – Ag. Pará

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A diretora chinesa do Instituto Confúcio da Uepa, Sun Jing, destacou o empenho dos participantes e afirmou que “esse aprendizado contribui, de forma prática, para o trabalho da polícia na COP30, por exemplo, ajudando a desempenhar as tarefas com mais confiança e eficiência”. A referência à COP30 deixa claro que o curso – embora de aparência linguística – carrega um propósito mais amplo: promover a integração institucional, a receptividade internacional e a imagem de Belém como um hub global em meio à Amazônia.

Nos últimos dois anos, mais de 400 policiais militares já foram capacitados pela Uepa em cursos de idiomas como inglês, espanhol e mandarim, em outra ação desenvolvida em parceria com a corporação. A turma mais recente ampliou o alcance do projeto: a segunda fase desse curso de mandarim formou mais 54 agentes entre julho e outubro de 2025. Esse movimento de formação contínua reflete o compromisso da PMPA de superar barreiras de comunicação, reconhecer a cultura de visitação e turismo construindo uma atuação policial que seja simultaneamente segura, acolhedora e internacional.

O momento da certificação expressa, portanto, um momento de transição simbólica: Belém não é somente um território de segurança estadual. Está se afirmando como palco de eventos globais e precisa de instituições que se adaptem a essa nova condição. A PMPA, ao preparar seus agentes para dialogar – inclusive em chinês – com grupos estrangeiros, sinaliza que está disposta a atuar para além do policiamento tradicional. Trata‑se de ver o policial como agente de interface entre a cidade‑capital, seus visitantes e – mais amplamente – o mundo.

A iniciativa também permite refletir sobre os benefícios mais amplos da formação linguística e cultural para a segurança pública. Em um evento internacional de grande porte como a COP30, onde delegações, especialistas, imprensa e visitantes provenientes de diferentes regiões do planeta se encontram, a primeira imagem da cidade está muitas vezes no encontro com a polícia, com os agentes de rua, com a recepção institucional. Um atendimento adequado, eficiente, sensível à cultura alheia, reduz atritos e fortalece a segurança preventiva. Como consequência, a formação em mandarim para policiais torna‑se tanto um investimento prático quanto simbólico.

A parceria entre a PMPA, a Uepa e o Instituto Confúcio representa, portanto, não apenas um curso de idioma, mas a consolidação de um salto na relação entre segurança, turismo, internacionalização e interculturalidade. A cidade de Belém, ao abrir‑se para o mundo, exige agentes públicos que não apenas façam rodar rodas do policiamento, mas participem de uma lógica de presença global — e isso passa por conhecer uma palavra, uma cultura, um gesto. Nesse sentido, o soldado Daniel Brito e seus companheiros formandos não só receberam uma certificação, mas assumem um papel mais complexo: o de interlocutores de Belém com o mundo.