Enquanto os holofotes da COP30 se voltam para a Amazônia, a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) leva à conferência uma mensagem clara: sem a conservação e restauração do bioma mais ameaçado do país, não há futuro climático possível para o Brasil.

De 12 a 15 de novembro, a Casa da Mata Atlântica será instalada na Universidade da Amazônia (Unama), no bairro Umarizal, em Belém. O espaço funcionará como um ponto de encontro entre ciência, arte, cultura e política pública, reunindo ambientalistas, pesquisadores, gestores, lideranças comunitárias e artistas.
Com programação gratuita e aberta, o evento contará com debates, oficinas e apresentações culturais que destacam a interdependência entre os biomas brasileiros e o papel essencial da Mata Atlântica no equilíbrio climático, na segurança hídrica e no bem-estar social.

A floresta urbana que sustenta o país
“A Mata Atlântica é onde grande parte do Brasil urbano vive, produz e consome. Conservar e restaurar esse bioma é reconstruir o país que queremos — justo, resiliente e comprometido com a vida”, resume Tânia Martins, coordenadora-geral da RMA.
Hoje, o bioma já perdeu cerca de 70% de sua cobertura original e concentra o maior número de espécies ameaçadas de extinção no país. Mesmo assim, abriga a maior parte da população brasileira e as principais bacias hidrográficas. “Não basta restaurar o que foi destruído. É preciso garantir que o que ainda existe seja protegido”, reforça Tânia.
A Casa da Mata Atlântica nasce como um espaço simbólico e político de defesa dessa floresta — um bioma vital para o equilíbrio climático e para a economia nacional. A iniciativa conta com o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica e do Fundo Casa Socioambiental.
A Amazônia recebe a Mata Atlântica
A abertura acontece na quarta-feira (12), às 19h, com o painel “A Amazônia recebe a Mata Atlântica”, que marcará o início das atividades da Casa. Participam João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Nilto Tatto e Ivan Valente, deputados federais com atuação socioambiental; João Cláudio Arroyo, economista e professor da Unama; e Tânia Martins, da RMA.
A jornalista e escritora Cristina Serra será mestre de cerimônia. Entre os convidados também estão Antônio Herman Benjamin, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e referência mundial em Direito Ambiental, e a atriz Lucélia Santos, reconhecida por sua militância ambiental. Cristina Serra aproveitará o evento para lançar seu novo livro Cidade Rachada.

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Arte, ciência e mobilização
Durante os quatro dias de programação, a Casa promoverá oficinas e rodas de conversa sobre biomimética, educação ambiental e protagonismo feminino. Haverá ainda a Feira da Restauração e a Marcha pelo Clima, em parceria com movimentos da sociedade civil. O encerramento musical, intitulado Música da Floresta, ficará por conta da cantora Sandra Duailib.
As discussões vão abordar desde os desafios da restauração florestal até a criação de novas Unidades de Conservação (UCs), fundamentais para frear a perda de espécies e garantir o cumprimento das metas globais de biodiversidade.
Segundo levantamento recente da SOS Mata Atlântica, muitas áreas em regeneração acabam sendo novamente desmatadas poucos anos depois. Por isso, a Casa defende que a conservação das florestas maduras seja a prioridade, com a restauração atuando como estratégia complementar para reconectar paisagens e ecossistemas.

Uma construção coletiva pela floresta
A Casa da Mata Atlântica é resultado da união de dezenas de entidades da sociedade civil. Entre elas estão a Funbea, Rebea, Defensores do Planeta, AMLD, Society for Ecological Restoration (SER), Instituto 5 Elementos, Apremavi, ISA, WWF-Brasil, IDS, Gambá, Anama, Observatório do Código Florestal, Rede Mineira de Educação Ambiental, Rede de Mulheres Ambientalistas da América Latina, e o FBOMS.
Essa ampla articulação reflete a diversidade de saberes e vozes que sustentam a conservação do bioma e a construção de políticas públicas voltadas à justiça climática e socioambiental.
“A Casa é uma semente de diálogo e de resistência”, afirma Tânia Martins. “Um convite para lembrar que conservar a Mata Atlântica é, ao mesmo tempo, conservar o clima, a água e o futuro do país.”
Serviço
Casa da Mata Atlântica – COP30
Local: Universidade da Amazônia (Unama), Av. Alcindo Cacela, 287, Umarizal, Belém (PA)
Datas: 12 a 15 de novembro
Mais informações: rma.org.br | cop30.events/hubs








































