Comunidades em ação: ecovilas e CSAs frente às mudanças climáticas


Em pleno encontro mundial sobre o clima, surge em Belém uma convocação mais silenciosa, mas não menos urgente: a chamada para fortalecer o poder das comunidades. No dia 12 de novembro, na sede do Instituto Via Amazônia, no bairro da Sacramenta, dezenas de pessoas se reúnem de 15h às 20h para o evento “O Poder das Comunidades” — uma iniciativa que se volta para as ecovilas e as Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSAs) como protagonistas na construção de um futuro mais resiliente.

image icarai amontada pousada casa iande ceara 1

Vivemos numa era em que os extremos climatológicos se acentuam, os ecossistemas fragilizam-se e os modos convencionais de produzir e viver se mostram cada vez mais vulneráveis. Nesse cenário, as ecovilas se destacam como experiências de convivência regenerativa, e as CSAs como redes de cooperação entre quem planta, quem consome e quem compõe uma economia local fortalecida. O encontro marca o reconhecimento de que a transição ecológica não pode ser apenas tecnocrática ou centrada em grandes atores globais — ela precisa emergir dessas comunidades pequenas, conectadas, comprometidas com a vida da terra.

A Ecovila Iandê, em Santa Bárbara do Pará, e a CSA Iandê estão à frente dessa convocação. Essas experiências se ancoram em princípios como agrofloresta, permacultura, habitação de baixo impacto e produção de alimentos colaborativos — em outras palavras, reinventam a forma como nos relacionamos com a terra, com o outro, com o alimento. Ao reunir pessoas num mesmo espaço para debater e trocar saberes, o evento quer inspirar a criação de novos ciclos de cuidado, ação conjunta e mudança de paradigma.

O poder das comunidades surge, então, como potência de regeneração: quando agricultores e consumidores trocam papéis, quando o solo é visto como parceiro e não como mera fonte de extração, quando as relações humanas se reencantam com o território. No encontro, haverá momentos de diálogo, de troca de vivências e de construção coletiva de práticas que — mesmo parecendo locais — reverberam globalmente. Afinal, não se trata apenas de manter hortas produzindo ou comunidades autossuficientes, mas de mudar o padrão: da dependência ao cuidado, da fragmentação à cooperação, da urgência à ação consciente.

466035171_10222470033379879_6478296263674941432_n-400x271 Comunidades em ação: ecovilas e CSAs frente às mudanças climáticas
Divulgação – Ecovila Iandê

VEJA TAMBÉM: Como se locomover em Belém durante a COP30? Veja as principais linhas de ônibus criadas para o evento

Neste momento histórico, onde políticas públicas e mercados ainda patinam para dar conta da crise climática, ecovilas e CSAs oferecem pistas concretas de como vidas sustentáveis podem se articular. Elas cultivam não apenas alimentos, mas essencialmente vínculos: entre pessoas, com a natureza e com o futuro. O evento em Belém se propõe a ser esse catalisador — conectando atores, fortalecendo redes e visibilizando essas práticas que já se fazem e que precisam se multiplicar.

Participar é uma forma de apostar no local como ponto de mudança. Na sede do Instituto Via Amazônia, o encontro será espaço de inspiração e proposição. As vagas são limitadas, pois o sentido é coletivo e o número reduzido favorece o encontro mais denso entre pessoas. A inscrição — simples — abre caminho para que cada participante leve consigo não só conhecimento, mas uma rede em crescimento.

No fim, o evento transmite uma mensagem poderosa: cuidar da terra é cuidar da vida. E isso se faz juntos. Seja na ecovila que restabelece equilíbrio ao solo; seja na CSA que reconecta produtor e consumidora; seja no ato de comparecer, trocar, transformar. Essa é a força das comunidades — pequenas, estrategicamente conectadas, profundamente humanas — frente aos desafios que se espalham — globais no nome, locais no efeito.

E se o impacto da crise climática se mede em regiões, populações e territórios, a resposta também se mede ali — na cooperação, na produção de alimentos que respeitam os ciclos da natureza, no fortalecimento de cadeias curtas e solidárias, na construção de redes sociais que encaram o desafio com raiz e com horizonte. Em Belém, no dia 12, as comunidades se reúnem para reafirmar: nós somos a mudança que o planeta pede.

Clique aqui para se inscrever.