Durante a COP30, em Belém, o futebol brasileiro entra oficialmente na era da sustentabilidade. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentará o CBF Impacta, um programa pioneiro que posiciona a entidade como a primeira confederação de futebol do mundo a buscar neutralidade total de carbono, energia, água e resíduos sólidos.
A proposta marca uma virada de página na história da CBF: mais que organizar competições e selecionar atletas, a instituição passa a tratar o futebol como plataforma de impacto social e ambiental, com metas verificáveis e compromissos públicos.
O futebol como vetor de transformação
O CBF Impacta é construído sobre três Zonas de Impacto — Ambiental, Social e de Governança — que estruturam a atuação da entidade segundo os princípios ESG. O programa une ciência, gestão e propósito para transformar o modo como o futebol brasileiro se relaciona com o planeta e com as pessoas.
Na Zona de Impacto Ambiental, a CBF assume a meta de se tornar a primeira confederação de futebol do mundo a alcançar neutralidade plena. O processo inclui inventários de emissões auditados, compensações certificadas e a implementação de um modelo de economia circular em todas as suas operações. Desde os centros de treinamento até as competições nacionais, o objetivo é reduzir o consumo, reciclar resíduos e investir em energia limpa.
Segundo representantes da área de sustentabilidade da entidade, o projeto nasce como parte de uma política institucional duradoura — e não como uma ação pontual. A neutralidade, nesse contexto, é entendida não apenas como um selo ambiental, mas como um novo padrão de responsabilidade no esporte.
Inclusão social e formação cidadã
A Zona de Impacto Social amplia o alcance do programa para além dos gramados. A CBF apresentará durante a COP30 a Estratégia Nacional do Futebol de Base, um movimento que redesenha o papel das categorias de formação no país. A iniciativa busca não apenas revelar talentos esportivos, mas garantir que todos os jovens participantes tenham acesso a uma trilha de desenvolvimento pessoal e profissional.
A proposta é clara: o futebol deve formar cidadãos, e não apenas jogadores. Por isso, a CBF promete incluir conteúdos de educação ambiental, saúde mental e cidadania nos programas de base, além de criar oportunidades para jovens que não seguirão a carreira profissional.
Esse eixo social se conecta a parcerias com governos locais, clubes, organizações do terceiro setor e empresas privadas interessadas em apoiar projetos de formação integral. A meta é que, até 2030, todos os torneios de base promovidos pela CBF contem com indicadores de impacto social e educativo.

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Governança e transparência como pilares
A terceira frente, a Zona de Impacto de Governança, lança o Sistema de Sustentabilidade Financeira (Fair Play), inspirado em boas práticas internacionais de transparência e controle econômico. O mecanismo estabelece critérios de responsabilidade financeira para clubes e gestores, com foco em equilíbrio orçamentário, transparência administrativa e gestão ética.
Com isso, a CBF busca elevar o padrão de governança do futebol brasileiro, reduzindo desigualdades, prevenindo crises financeiras e fortalecendo a confiança nas instituições esportivas. Essa nova estrutura permitirá que torcedores, patrocinadores e órgãos públicos acompanhem de forma clara o desempenho socioambiental e econômico do futebol nacional.
Um legado que vai além do campo
O CBF Impacta não se limita à operação interna da confederação. O programa prevê ações complementares ligadas às competições, ao engajamento comunitário e à criação de novos modelos de legado para o esporte. Entre as propostas em estudo estão a neutralização de grandes eventos, programas de reflorestamento vinculados a torneios e o uso de tecnologia para rastrear indicadores de impacto em tempo real.
A iniciativa será apresentada oficialmente no dia 12 de novembro de 2025, durante a COP30, em Belém (PA). O evento acontecerá no Pavilhão Pará – Green Zone, Sala Samaumeira, das 11h às 12h15.
Com o lançamento do CBF Impacta, o Brasil envia ao mundo uma mensagem contundente: o futebol — paixão nacional e expressão cultural global — também pode ser protagonista na luta contra as mudanças climáticas. O esporte mais popular do planeta começa, assim, a disputar um novo campeonato: o da sustentabilidade.








































