Acre participa de reunião nacional da Abema para debater licenciamento e CAR


No começo de dezembro de 2025, gestores ambientais de quase todos os estados brasileiros se reuniram em Brasília para discutir os rumos da proteção ambiental no país. Entre os participantes, estava o estado do Acre, representado pela secretária-adjunta de Meio Ambiente, Renata Sousa. A pauta da 122ª reunião ordinária da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) foi ampla: licenciamento ambiental, recursos para biomas diversos, regularização fundiária via Cadastro Ambiental Rural (CAR), linhas de crédito e seguros rurais, além das normas que deverão ser enviadas ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Foto: Wesley Moraes/Repac

A Abema — associação que reúne os órgãos estaduais de meio ambiente dos 26 estados e do Distrito Federal — desempenha papel-chave na articulação de políticas nacionais com foco na descentralização ambiental. Em 2025, sob a presidência de Eduardo Taveira, secretário de Meio Ambiente do estado de Amazonas, a entidade reforça seu papel de representar os estados nas decisões que moldam o futuro ambiental do Brasil.

Para o Acre, a participação da secretária Renata Sousa foi mais do que simbólica. O estado, que enfrenta desafios típicos da Amazônia — pressões sobre florestas, regularização de terras, mudanças climáticas — busca nas discussões da Abema fortalecer sua voz no debate nacional. A presença no encontro sublinha o compromisso com uma governança colaborativa, na qual decisões nacionais consideram as realidades regionais e os interesses dos estados.

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Foto: Wesley Moraes/Repac

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Entre os temas mais sensíveis discutidos na reunião está a nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental. A legislação, em vigor desde 2025, já começou a gerar controvérsias: estados defendem que qualquer norma nacional respeite a autonomia dos órgãos estaduais para licenciar e fiscalizar — tarefa que historicamente recai sobre eles. A Abema, segundo seus estatutos, historicamente atuou como ponte entre os estados na consolidação de normas, defendendo que a política ambiental nacional seja construída com participação e respeito à descentralização.

Não menos relevantes, os debates sobre o CAR, linhas de crédito agrícola, seguros rurais e financiamento via fundos como o Fundo Amazônia também estiveram na pauta. Para estados amazônicos como o Acre, essas questões significam alternativa concreta para equilibrar desenvolvimento, uso da terra e preservação ambiental — especialmente em áreas onde a pressão pela conversão de terras e atividades econômicas é maior.

A reunião da Abema acontece em um contexto delicado: o país atravessa forte debate sobre desmatamento, mudanças climáticas, segurança jurídica para empreendimentos, regularização fundiária e licenciamento. A presença dos estados, reunidos em torno de uma associação que representa e unifica suas vozes, é vista por muitos como essencial para garantir que políticas nacionais não ignorem a diversidade regional.

Para Renata Sousa e sua equipe, o encontro é oportunidade de trocar experiências, alinhar estratégias e influenciar decisões que repercutem diretamente no Acre — seja na gestão territorial, no combate a crimes ambientais, no licenciamento de empreendimentos ou no acesso a crédito e políticas de incentivo. Mais do que representar um estado, a participação simboliza a crença de que a governança ambiental precisa ser construída com colaboração, técnica e respeito às particularidades dos biomas brasileiros.

Ao final da 122ª reunião, a mensagem que ecoa no conjunto dos estados é clara: a proteção ambiental no Brasil depende de um pacto federativo forte, no qual estados, municípios e União dialoguem com seriedade. A Abema reafirma seu papel de guardiã desse pacto, reunindo saber técnico, pluralidade regional e compromisso com o desenvolvimento sustentável. Para o Acre e para todo o país, a agenda permanece desafiadora — mas coletivamente possível.