Adaf reforça ações de vigilância após confirmar foco de raiva em Presidente Figueiredo


A confirmação de um novo foco de raiva em animais de produção no município de Presidente Figueiredo mobilizou imediatamente a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf). O caso foi identificado após a morte de dois bezerros com sinais compatíveis com a doença, notificados à autarquia no fim de novembro. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/FVS-RCP), que confirmou o diagnóstico, acionando o protocolo emergencial de contenção.

FOTO: Divulgação/Adaf

A raiva, conhecida por sua alta letalidade e rápida evolução, coloca em risco tanto a produção pecuária quanto a saúde humana. Por isso, assim que os resultados foram validados, equipes técnicas da Adaf passaram a atuar diretamente na propriedade afetada e no entorno. Essa pronta resposta revela a centralidade da vigilância sanitária na prevenção de surtos capazes de comprometer rebanhos inteiros e comunidades rurais.

O proprietário dos animais foi oficialmente comunicado e recebeu orientações detalhadas sobre as medidas obrigatórias a partir da detecção do foco. O esforço de contenção, porém, não se limita à área diretamente afetada: ele se estende a propriedades que compõem um amplo raio de risco, entre três e doze quilômetros do ponto onde a doença foi identificada.

Vacinação obrigatória e monitoramento de morcegos

Uma das primeiras frentes de ação envolve a imunização emergencial de todos os animais susceptíveis à raiva — bovinos, equídeos, caprinos e ovinos. A vacinação é obrigatória, e os produtores devem comprovar a imunização e informar à Adaf, dentro de 30 dias, sobre a situação dos animais que receberam a primeira dose.

Segundo Larissa Carvalho, médica veterinária da Adaf e coordenadora do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH), as equipes seguem um protocolo que combina imunização, investigação e vigilância ambiental. Enquanto produtores são orientados sobre a urgência da vacinação, técnicos percorrem a região para identificar sinais de mordedura de morcegos hematófagos — transmissores frequentes do vírus no ciclo rural.

Além disso, potenciais abrigos desses morcegos são mapeados estrategicamente para permitir ações de captura controlada. Trata-se de uma etapa crucial: localizar e monitorar colônias ajuda a interromper cadeias de transmissão que poderiam se ampliar rapidamente, especialmente em áreas com grande densidade animal.

Essa combinação de medidas — imunização, investigação de campo e manejo ambiental — constitui a espinha dorsal das estratégias de contenção da raiva em áreas rurais, onde a interação entre animais domésticos e fauna silvestre é constante.

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FOTO: Divulgação/Adaf

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Informação como ferramenta de prevenção sanitária

Embora o foco da operação esteja nas medidas de campo, a Adaf também reforça outra frente fundamental: a educação sanitária. A instituição intensifica ações de orientação técnica, especialmente em regiões onde a circulação viral pode ser maior. Produtores recebem informações claras sobre sinais clínicos, formas de transmissão, reconhecimento de mordeduras e procedimentos imediatos diante de suspeitas.

A veterinária Larissa Carvalho destaca que as equipes estão capacitadas para apoiar os criadores e esclarecer dúvidas, reduzindo a desinformação que muitas vezes atrasa notificações. E, nesse tipo de doença, o tempo é um fator decisivo: quanto mais rápida a comunicação, mais eficiente é o bloqueio sanitário.

Para a população geral, a orientação também é direta. A Adaf informa que qualquer pessoa que tenha tido contato próximo com animais doentes ou suspeitos deve procurar atendimento médico imediatamente — já que a raiva, uma zoonose de impacto global, permanece quase sempre fatal após o aparecimento dos sintomas.

Além do atendimento presencial nos escritórios da autarquia, as notificações podem ser feitas via AdafOuv, pelo telefone (92) 99380-9174, ou pelo e-mail [email protected]. A multiplicidade de canais busca facilitar a comunicação, especialmente para produtores de áreas mais isoladas.

A raiva e seus sinais: a importância do reconhecimento rápido

A raiva é causada por um vírus que afeta o sistema nervoso central, evoluindo de forma acelerada e fatal na maioria dos casos. No campo, as manifestações nos animais são visíveis e características: andar cambaleante, isolamento do rebanho, dificuldade para engolir, salivação intensa, deitar-se lateralmente e movimentos de pedalagem são alguns dos sinais que devem acender um alerta imediato.

Todos os mamíferos podem se infectar, incluindo espécies domésticas, de produção e silvestres. No ciclo rural, entretanto, os morcegos hematófagos exercem papel central como transmissores. Por isso, investigar mordeduras, monitorar abrigos e educar produtores sobre a identificação desses morcegos são ações constantes no trabalho de defesa agropecuária.

O foco confirmado em Presidente Figueiredo reforça a importância da vigilância sanitária contínua. As equipes da Adaf atuam para quebrar rapidamente a rota de transmissão e garantir segurança aos rebanhos, aos produtores e à população. Essa resposta articulada, que une ciência, ação territorial e mobilização comunitária, revela a complexidade e a urgência do controle de uma doença que, apesar de conhecida há séculos, ainda exige atenção permanente.