Um encontro para pensar o futuro a partir das escolas
A Conferência Climática dos Centros Educa Mais, realizada pela Secretaria de Estado da Educação do Maranhão (Seduc) no Parque Botânico da Vale, reuniu centenas de jovens de escolas de tempo integral para discutir o papel da educação diante das mudanças climáticas. O evento marcou a culminância do projeto Escolha Consciente: Juventude em Defesa dos Territórios, que promoveu ao longo do ano ações voltadas à sustentabilidade, à identidade territorial e ao enfrentamento das desigualdades socioambientais. No total, 630 estudantes, professores e gestores de todas as regiões do estado participaram das atividades, que transformaram o parque em um grande laboratório de ideias sobre futuro, pertencimento e responsabilidade coletiva.

A presença de autoridades reforçou a dimensão institucional da iniciativa. Estiveram no encontro o secretário de Estado da Educação, José Antônio Heluy; o secretário adjunto de Educação Profissional e Integral, Delmar Matias; o representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), Pedro Pizziolo; o covereador do Coletivo Nós e educador social, Eni Ribeiro; e o supervisor de Projetos Educacionais Especiais da Seduc, Bruno Santos. O diálogo entre escola, poder público e sociedade civil ajudou a estruturar debates que conectam as vivências dos estudantes às urgências climáticas do presente.
Juventude que pensa território, identidade e clima
Representantes de 53 Centros Educa Mais participaram de palestras, rodas de conversa, grupos de trabalho e exposições de projetos. Os temas circularam entre questões ambientais e sociais que moldam o cotidiano das juventudes maranhenses: identidade, território, racismo ambiental, educação ambiental, políticas públicas e liderança climática. A conferência evidenciou que o debate climático ultrapassa métricas e gráficos; ele toca modos de vida, memórias familiares, perspectivas profissionais e a forma como cada comunidade se organiza diante das pressões econômicas e ambientais.
A troca de experiências entre estudantes de diferentes regiões – do litoral ao cerrado maranhense, dos grandes centros urbanos às comunidades rurais – criou um ambiente fértil para interpretações diversas sobre o que significa defender o território. Nos corredores, tenda após tenda, era possível conhecer iniciativas que vão da revitalização de nascentes à produção de podcasts sobre cidadania ambiental, passando por hortas comunitárias e campanhas estudantis de coleta seletiva.

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A Carta das Juventudes e o gesto de assumir compromissos coletivos
Como resultado central do encontro, os estudantes construíram de forma colaborativa a Carta das Juventudes Escolares pelo Futuro Sustentável, documento que reúne compromissos e propostas para fortalecer práticas de sustentabilidade nas comunidades onde vivem. A carta sintetiza o entendimento de que a pauta climática precisa ser conduzida com participação ativa das juventudes, que conhecem de perto as vulnerabilidades e potências dos territórios.
Para o secretário José Antônio Heluy, a conferência demonstrou a vocação da escola pública para formar cidadãos conscientes e socialmente atuantes. Em suas palavras, ao proporcionar espaços de debate sobre clima, território e sustentabilidade, a Seduc contribui para que os estudantes exerçam autonomia e intervenham de maneira qualificada nas decisões que moldam o futuro do Maranhão. A fala reforçou a ideia de que políticas educacionais têm papel fundamental na formação de lideranças capazes de interpretar, comunicar e agir diante dos desafios ambientais.
O encontro também foi marcado por relatos emocionados de estudantes. Letícia Cutrim, do Centro Educa Mais Estefânia Rosa, resumiu o sentimento compartilhado por muitos colegas: a percepção de que a mudança começa na escola, mas se expande para os bairros, povoados e cidades. Ao descobrir que sua voz tem força, disse ela, torna-se possível influenciar decisões e inspirar práticas mais responsáveis.
Educação integral como caminho de transformação socioambiental
A conferência integrou uma estratégia mais ampla da Seduc para fortalecer o protagonismo juvenil e promover consciência socioambiental em todo o estado. Os Centros Educa Mais, por funcionarem em tempo integral e investirem em metodologias participativas, oferecem terreno fértil para projetos que conectam conteúdo escolar e realidade territorial. Iniciativas como essa mostram como a educação pode ser ao mesmo tempo espaço de formação técnica, política e afetiva.
Ao final do evento, ficou evidente que a conferência não se encerrou ali. O que se construiu no Parque Botânico da Vale foi um compromisso permanente: transformar escolas em centros de multiplicação de práticas sustentáveis e fortalecer o papel das juventudes na defesa de seus territórios. Nesse movimento, o Maranhão reafirma que enfrentar a crise climática passa também pela escuta cuidadosa de quem, hoje, aprende e, amanhã, decidirá os rumos do estado.












































