Na 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP16), realizada em Cali, na Colômbia, o Brasil, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) firmaram parcerias estratégicas para fortalecer a bioeconomia e beneficiar comunidades amazônicas.
O primeiro acordo
O primeiro acordo, desenvolvido em colaboração com o WWF e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), destina-se ao projeto “ARPA Comunidades”, que receberá um investimento de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,7 milhões). Este projeto tem o objetivo de apoiar a criação de atividades econômicas sustentáveis, focadas em produtos florestais não madeireiros e práticas de silvicultura que ajudem a preservar a floresta e ofereçam alternativas financeiras para as populações que vivem nas áreas de proteção do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA). O BID colaborará na criação de mecanismos inovadores para fomentar essas atividades, ajudando as comunidades locais a explorar economicamente a floresta sem comprometer sua sustentabilidade.
A segunda parceria, também avaliada em US$ 1 milhão, visa apoiar a implementação da Estratégia Nacional de Bioeconomia do MMA, cujo foco é promover o crescimento econômico sustentável e reduzir o desmatamento, especialmente na Amazônia. Parte desta iniciativa inclui a criação de uma plataforma inteligente para organizar e divulgar informações sobre produtos e processos da bioeconomia, além de apoiar políticas como a Política de Pagamento por Serviços Ambientais, que incentiva a conservação. O objetivo é impulsionar bionegócios e criar soluções financeiras que deem suporte a empreendimentos sustentáveis.
Carina Pimenta, Secretária de Bioeconomia do MMA, destacou a importância da colaboração, afirmando que a parceria é essencial para o desenvolvimento do Plano Nacional de Bioeconomia e para a regulamentação de políticas de pagamento por serviços ambientais. Já Juan Pablo Bonilla, do setor de Mudança Climática e Desenvolvimento Sustentável do BID, reforçou o papel essencial da Amazônia no equilíbrio ecológico mundial e o compromisso do BID em criar alternativas econômicas que beneficiem as comunidades amazônicas.
Financiamento do BID para a Natureza em 2023
Além das parcerias, o BID e o BID Invest anunciaram que aprovaram, em 2023, mais de US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 11,6 bilhões) em financiamentos para iniciativas ambientais, representando cerca de 13% do total de aprovações no ano. Esse valor engloba US$ 1,33 bilhão para o setor público e US$ 765 milhões para o setor privado. Este foi o primeiro ano em que os financiamentos foram monitorados com base nos Princípios Comuns dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMDs) para finanças verdes, que visam cumprir compromissos globais de conservação, como o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, estabelecido na COP15 de 2022.
Jordan Schwartz, vice-presidente do BID, ressaltou o papel crítico da conservação da biodiversidade em um cenário onde as crises climática e de biodiversidade se entrelaçam. Ele destacou que a expansão dos investimentos do BID reflete o comprometimento em integrar a biodiversidade às prioridades de desenvolvimento sustentável.
Entre os projetos apoiados pelo BID estão iniciativas no Equador, Barbados e o programa para o Corredor Jaguar, com um projeto-piloto na Colômbia, que visa criar rotas de preservação para espécies ameaçadas e apoiar a biodiversidade na região.