Imagine caminhar tranquilamente em um parque urbano e, de repente, se deparar com uma capivara gigante tomando sol à beira do lago, cercada de filhotes. A cena que antes parecia digna de documentários do Pantanal é hoje parte da rotina em muitas cidades brasileiras. A presença desse roedor gigante nos espaços urbanos tem despertado encanto, memes e até preocupações com a saúde pública. Mas afinal, quem é esse animal e por que ele invadiu os parques das grandes metrópoles?

Capivara gigante: um visitante inesperado nas cidades
A capivara gigante (Hydrochoerus hydrochaeris) é o maior roedor do mundo, podendo chegar a 1,30 metro de comprimento e pesar até 80 quilos. Embora nativa de áreas úmidas da América do Sul, encontrou nos parques urbanos brasileiros um ambiente propício: gramados irrigados, lagos artificiais e ausência de predadores naturais.
Pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) destacam que o avanço urbano e a perda de habitat levaram a espécie a buscar refúgio em áreas verdes das cidades. Já estudos da Embrapa Pantanal mostram que a abundância de alimento em gramados e margens de rios urbanos favorece a proliferação desses animais.
No exterior, a Smithsonian Institution, nos Estados Unidos, aponta as capivaras como exemplo de adaptação de espécies silvestres ao ambiente urbano, semelhante ao que ocorre com guaxinins em Nova York ou javalis na Europa.
1. Os maiores roedores do planeta
Ao contrário do que muitos pensam, ratos e esquilos não são os maiores representantes da ordem dos roedores. A capivara gigante impressiona pelo porte: além de volumosa, tem dentes fortes capazes de triturar gramíneas duras.
2. Vida em grupo
Elas vivem em bandos de 10 a 20 indivíduos, geralmente liderados por um macho dominante. Esse comportamento social é essencial para proteção contra predadores e também facilita a criação dos filhotes.
3. Mestres da natação
Com membranas entre os dedos, as capivaras são nadadoras natas. Usam rios e lagos não apenas para se refrescar, mas também como rota de fuga contra ameaças. Muitas vezes permanecem submersas por vários minutos, saindo apenas para respirar.
4. Dieta baseada em capim
A alimentação é composta principalmente por gramíneas. Em parques urbanos, encontram gramados bem cuidados que se tornam verdadeiros “restaurantes a céu aberto”. Essa facilidade ajuda a explicar sua presença crescente em cidades.
5. Convivência pacífica com outras espécies
No Pantanal, dividem espaço com jacarés, aves e até bois. Nas cidades, adaptaram-se a dividir lagos artificiais com patos, gansos e tartarugas, formando uma convivência inusitada que encanta visitantes.
6. Transmissoras de doenças
Embora pacíficas, representam um risco em relação à febre maculosa, transmitida pelo carrapato-estrela que pode parasitá-las. De acordo com o Ministério da Saúde, o contato direto deve ser evitado, e parques com alta concentração desses animais precisam de monitoramento.
7. Hábitos crepusculares
É no fim da tarde que mais se movimentam. Quem frequenta parques ao pôr do sol tem grandes chances de encontrar famílias inteiras de capivaras descansando à beira da água.
8. Estrelas da internet
Com seu jeito sereno e expressões simpáticas, viraram ícones da cultura digital. Memes, músicas e ilustrações reforçam a imagem da capivara gigante como símbolo de tranquilidade e amizade.
A dualidade entre encanto e risco
As capivaras urbanas dividem opiniões. Para uns, são símbolo de contato com a natureza em meio ao concreto. Para outros, representam risco de doenças e desequilíbrio ambiental. O que não se pode negar é que se tornaram parte da paisagem, exigindo políticas de manejo que conciliem segurança pública e preservação.
Segundo especialistas da Embrapa, a chave está no controle populacional aliado a campanhas de conscientização. Assim, parques podem continuar recebendo visitantes humanos e não humanos de forma equilibrada.
A adaptação como lição de sobrevivência
A capivara gigante nos lembra que a vida selvagem encontra caminhos mesmo em meio às mudanças impostas pelo homem. Ao ocupar parques urbanos, elas ensinam sobre resiliência e convivência. Para nós, resta o dever de respeitar seu espaço, evitar contato físico e admirar a cena com consciência ambiental.
Em vez de invasoras, podem ser vistas como mensageiras de um alerta: a necessidade urgente de preservar ecossistemas naturais para que esses animais não precisem buscar refúgio em áreas urbanas. Até lá, elas continuarão sendo protagonistas dos fins de tarde nos lagos das cidades, arrancando sorrisos e reflexões de quem cruza seu caminho.
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