Em tempos em que a Inteligรชncia Artificial domina as discussรตes globais, um tema de igual relevรขncia, mas menos debatido, vem ganhando espaรงo: a Economia Prateada. Este conceito, que no Brasil foca na populaรงรฃo acima de 50 anos como consumidores e profissionais ativos, apresenta um impacto significativo na dinรขmica econรดmica global e local. Com mais de 54 milhรตes de consumidores no paรญs, movimentando R$ 1,6 trilhรฃo anualmente, a previsรฃo รฉ que este nรบmero alcance 90 milhรตes atรฉ 2045. Nesse contexto, um produto ganha relevรขncia: a carne caprina.
Subestimaรงรฃo da economia prateada
A mudanรงa demogrรกfica em curso, com idosos superando pela primeira vez o nรบmero de crianรงas em paรญses como os Estados Unidos (em 2034) e, possivelmente, o Brasil (em 2030), destaca o potencial desse segmento. Apesar de sua importรขncia crescente, a Economia Prateada ainda รฉ subestimada por empresas e formuladores de polรญticas. No entanto, analisando as oportunidades que ela pode trazer para a cadeia produtiva da caprinocultura, รฉ plausรญvel afirmar que este fenรดmeno pode impulsionar significativamente o consumo de carne caprina, tanto no Brasil quanto no mundo.
Consumo global
O consumo global de carnes รฉ influenciado por fatores como capacidade produtiva, cultura, classe social e, sobretudo, economia. Por dรฉcadas, preรงos e renda foram os principais determinantes dessa demanda. Contudo, estudos recentes indicam que, em paรญses desenvolvidos, o impacto desses fatores vem diminuindo, enquanto preocupaรงรตes com saรบde, bem-estar e sustentabilidade ganham espaรงo. Na Uniรฃo Europeia, por exemplo, de 1955 a 1974, 98% da demanda por carne bovina era explicada por variaรงรตes nos preรงos e na renda. De 1975 a 1994, esse percentual caiu para 68%.
Nesse novo cenรกrio de mudanรงa de comportamentos e preferรชncias, a carne caprina se destaca. Com menor teor de gordura em comparaรงรฃo a outras carnes populares, como frango, bovina e suรญna, ela se alinha ร s tendรชncias de consumo saudรกvel. Cada 100 gramas de carne caprina assada contรฉm apenas 2,75g de gordura, contra 3,75g do frango, 17,14g da bovina e 25,72g da suรญna. Alรฉm disso, รฉ rica em nutrientes e fรกcil de digerir, caracterรญsticas ideais para uma populaรงรฃo envelhecida que busca qualidade de vida.
Barreiras culturais e falta de estratรฉgias
Apesar de seu potencial, a carne caprina enfrenta barreiras culturais e falta de estratรฉgias robustas para posicionรก-la como uma escolha principal no mercado. Para mudar esse quadro, รฉ essencial que polรญticas de desenvolvimento da caprinocultura destaquem os benefรญcios desse produto e incentivem o consumo entre os mais velhos. A introduรงรฃo de programas educacionais e campanhas de marketing voltadas para a populaรงรฃo acima de 50 anos pode transformar a carne caprina no “ouro rubro” da Economia Prateada.
Ademais, รฉ crucial que os produtores se adaptem ร nova realidade da pirรขmide etรกria. A promoรงรฃo de cadeias produtivas sustentรกveis, associadas a sistemas de produรงรฃo eficientes e ร valorizaรงรฃo do produto, pode criar uma demanda consistente e fortalecer a presenรงa da carne caprina no mercado. Para alรฉm do consumo direto, o desenvolvimento de produtos derivados, como cortes especiais, embutidos e pratos prontos, pode ampliar o apelo da carne caprina junto a esse pรบblico.
Nova forma de pensar consumo
A Economia Prateada nรฃo รฉ apenas uma oportunidade de mercado; รฉ uma nova forma de pensar consumo, saรบde e sustentabilidade. Ao alinhar-se ร s necessidades e preferรชncias da populaรงรฃo mais velha, a carne caprina tem o potencial de se tornar um รญcone dessa revoluรงรฃo. Com as estratรฉgias certas, ela pode nรฃo apenas transformar o setor de caprinocultura, mas tambรฉm contribuir significativamente para a longevidade e o bem-estar de milhรตes de pessoas.
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