Coruja-buraqueira: como esse animal vive em praças e terrenos baldios das cidades


Poucos animais despertam tanta curiosidade quanto a coruja-buraqueira. Pequena, de olhar atento e expressivo, ela conquistou as cidades brasileiras com seu jeito desconfiado e seus hábitos únicos. Enquanto muitas aves fogem do barulho e do concreto, a coruja-buraqueira aprendeu a conviver lado a lado com o ser humano — e hoje é possível encontrá-la em praças, terrenos baldios e até em canteiros de avenidas movimentadas.

Coruja-buraqueira como esse animal vive em praças e terrenos baldios das cidades

A adaptação surpreendente da coruja-buraqueira

Diferente de outras espécies de coruja que vivem em árvores ou telhados, a coruja-buraqueira prefere o chão. Ela ganhou esse nome justamente por construir e habitar buracos no solo, muitas vezes aproveitando tocas abandonadas por tatus ou pequenos roedores. Com o avanço das cidades, a ave descobriu que terrenos baldios e gramados abertos oferecem as condições ideais para reproduzir esse ambiente natural — e passou a ocupar esses espaços urbanos com facilidade.
É comum vê-la parada sobre um montinho de terra, girando a cabeça de forma quase completa, como se estivesse fiscalizando o movimento ao redor. Apesar do tamanho reduzido, a coruja-buraqueira é territorial e corajosa: quando se sente ameaçada, emite um som semelhante a um estalo seco e encara o invasor até que ele se afaste.

Os hábitos diurnos da coruja-buraqueira que a diferenciam das outras corujas

Enquanto a maioria das corujas é noturna, a coruja-buraqueira prefere o dia. É ao amanhecer que ela se mostra mais ativa, caçando insetos, pequenos lagartos e roedores. Durante as horas mais quentes, costuma ficar próxima à sua toca, observando o ambiente e se aquecendo ao sol.
Essa rotina diurna faz com que ela seja mais facilmente observada por quem passa pelas praças e terrenos onde vive. Crianças, curiosas, muitas vezes se encantam ao vê-la “posando” imóvel por minutos, como se estivesse tirando uma foto. Essa característica ajudou a torná-la um símbolo de simpatia e tranquilidade, embora seu instinto de defesa continue bem afiado.

Por que a coruja-buraqueira escolhe viver nas cidades

As cidades oferecem uma combinação que favorece a sobrevivência da coruja-buraqueira: terrenos descampados, abundância de insetos e poucos predadores. Locais com gramados curtos, como campos de futebol ou áreas verdes próximas a avenidas, são perfeitos para que ela mantenha a vigilância sobre o território e encontre alimento com facilidade.
Mesmo com o crescimento urbano, a coruja-buraqueira encontrou uma forma de coexistir com o ser humano. É comum vê-las em grupos pequenos, dividindo o mesmo espaço sem grandes conflitos. Essa sociabilidade é uma de suas marcas — e explica por que conseguem manter populações estáveis mesmo em regiões urbanizadas.

Os sinais de convivência saudável da coruja-buraqueira com o meio urbano

A presença da coruja-buraqueira é um bom indicador da qualidade ambiental das cidades. Elas preferem locais limpos, com pouca poluição e presença de vegetação. Quando aparecem com frequência, é sinal de que o ecossistema urbano ainda oferece condições equilibradas de vida.
No entanto, a expansão de construções e o uso de venenos agrícolas ou domésticos podem colocar a espécie em risco. Essas substâncias contaminam as presas das corujas e acabam afetando sua saúde e reprodução. Por isso, manter áreas verdes, evitar o descarte irregular de lixo e preservar os terrenos onde elas vivem é uma forma de garantir que continuem sendo parte do cenário urbano.

Curiosidades sobre o comportamento e a reprodução

A coruja-buraqueira forma casais fiéis, que permanecem juntos por longos períodos. Durante a época de reprodução, o macho cava ou amplia o buraco no solo e o forra com capim seco. A fêmea deposita de seis a oito ovos, que eclodem após cerca de um mês. Nesse período, ambos se revezam na vigilância, tornando-se ainda mais protetores.
Os filhotes, de aparência fofa e olhar curioso, costumam sair da toca apenas após algumas semanas, sempre sob o olhar atento dos pais. E, curiosamente, mesmo depois de adultos, muitos continuam vivendo próximos do território onde nasceram, reforçando o vínculo familiar característico da espécie.

Como observar a coruja-buraqueira sem incomodá-la

Para quem deseja apreciar esse espetáculo da natureza, o segredo é manter distância e silêncio. A coruja-buraqueira é extremamente sensível a aproximações bruscas e sons altos. Usar binóculos é uma boa estratégia para observá-la sem causar estresse.
Evite tocar nas tocas ou tentar alimentá-las — isso pode afastar o casal e comprometer a segurança dos filhotes. O melhor presente que se pode oferecer é o respeito: preservar o espaço onde vivem é garantir que continuem encantando as próximas gerações.

Uma lição silenciosa sobre convivência e equilíbrio

A coruja-buraqueira ensina, com sua presença discreta, que é possível viver em harmonia mesmo em meio ao caos urbano. Ela não luta contra a cidade — aprende a coexistir com ela, encontrando espaços de tranquilidade entre o concreto e o verde.
Cada vez que alguém se surpreende ao vê-la observando o mundo de um buraco no chão, a natureza lembra que ainda há beleza escondida nos lugares mais improváveis. E talvez essa seja sua verdadeira mensagem: prosperar não é dominar o espaço, mas aprender a fazer parte dele.

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