A floresta amazônica, além de sua biodiversidade rica, desempenha um papel fundamental na regulação do clima global, sequestrando grandes quantidades de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera. Com a crescente preocupação sobre as mudanças climáticas, as árvores em pé na Amazônia podem gerar renda por meio de créditos de carbono, que são comercializados globalmente em mercados de carbono. Veja, a seguir, como esse processo ocorre, desde as florestas até a bolsa de valores, passando por certificações e gerando subsistência para as comunidades locais.
Identificação da Área Florestal
O primeiro passo envolve a identificação de áreas de floresta preservada que podem ser utilizadas para gerar créditos de carbono. Proprietários de terra, ONGs ou grupos comunitários que atuam na Amazônia fazem uma avaliação da área para verificar a quantidade de carbono que suas florestas conseguem sequestrar, ou seja, a capacidade de absorção de CO₂ pela vegetação local.
Cálculo do Potencial de Sequestro de Carbono
Após a identificação da área, são realizados estudos científicos que medem o volume de carbono sequestrado pelas árvores. Para isso, são utilizados modelos e tecnologias avançadas que calculam a biomassa da floresta, determinando a quantidade de CO₂ que cada árvore absorve ao longo de sua vida.
Esses estudos são essenciais para quantificar os créditos de carbono que podem ser gerados. Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO₂ que foi sequestrada ou evitada de ser emitida. Portanto, a preservação da floresta garante que esse carbono permaneça armazenado nas árvores, criando valor econômico.
Certificação dos Créditos de Carbono
Uma vez calculada a quantidade de carbono que a área florestal pode sequestrar, os dados precisam ser validados por entidades certificadoras reconhecidas internacionalmente. Algumas das certificadoras mais importantes incluem:
Essas certificadoras realizam auditorias e verificações independentes para garantir que os créditos de carbono são genuínos e estão de acordo com as normas ambientais. A validação da certificação é crucial para que os créditos possam ser negociados no mercado global.
Geração dos Créditos e Registro em Plataformas
Com a certificação em mãos, os créditos de carbono são formalmente gerados e registrados em plataformas específicas que monitoram a comercialização desses ativos ambientais, como o Verra Registry. Cada crédito de carbono é registrado com um código único, o que assegura a transparência e a rastreabilidade dos créditos.
Comercialização dos Créditos no Mercado de Carbono
Após o registro, os créditos de carbono podem ser vendidos no mercado voluntário ou em mercados regulados. Investidores, empresas e países que precisam compensar suas emissões de gases de efeito estufa podem comprar esses créditos. Empresas em setores como energia, transporte e manufatura, muitas vezes, compram créditos de carbono para cumprir metas de sustentabilidade e para mitigar sua pegada ambiental.
Os créditos de carbono podem ser negociados em plataformas online especializadas, e, em alguns casos, podem até mesmo ser listados em bolsas de valores, como as Bolsas de Valores de Londres e outras bolsas internacionais.
Geração de Renda e Distribuição para as Comunidades Locais
A venda dos créditos de carbono gera receita para os proprietários da terra ou organizações envolvidas na preservação. Em muitos casos, os projetos de crédito de carbono na Amazônia são desenvolvidos em parceria com comunidades indígenas e populações ribeirinhas, que dependem diretamente da floresta para sua subsistência.
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Uma parte dos lucros obtidos com a venda dos créditos de carbono é destinada a essas comunidades, garantindo que elas possam continuar vivendo de forma sustentável. Os projetos de preservação oferecem recursos para atividades como a agricultura sustentável, extrativismo de produtos florestais não madeireiros, educação e saúde.
Garantia de Sustentabilidade e Preservação a Longo Prazo
Ao integrar as comunidades locais e gerar renda a partir da floresta em pé, os projetos de créditos de carbono contribuem para a conservação da Amazônia. Além disso, esses projetos promovem um modelo econômico que valoriza a preservação da natureza em vez da sua destruição, criando um ciclo virtuoso de benefícios ambientais e sociais.
Monitoramento e Verificação Contínua
Os projetos de crédito de carbono não terminam com a venda inicial. Para garantir que o carbono continue a ser sequestrado, são necessários monitoramentos contínuos. As certificadoras e outras entidades verificam periodicamente se as florestas estão sendo devidamente preservadas e se os créditos continuam válidos. Isso também ajuda a evitar fraudes e a garantir a confiança dos compradores no mercado de carbono.
A preservação das árvores em pé na Amazônia se tornou uma oportunidade econômica através dos créditos de carbono, que podem ser vendidos em mercados globais e gerar renda para as comunidades locais. Esse processo envolve a medição científica do sequestro de carbono, certificações rigorosas, negociação em plataformas de carbono e, finalmente, a repartição dos lucros com os povos da floresta. Dessa forma, a Amazônia se transforma não apenas em um ativo ambiental, mas também em uma fonte de renda sustentável, conectando a floresta ao mercado financeiro global.