Dormir com a luz acesa pode estar sabotando seu cérebro sem você perceber


Você já acordou cansado mesmo depois de uma noite inteira de sono? Se a luz do quarto ficou acesa, essa pode ser a explicação que você nunca considerou. Dormir com a luz acesa não só atrapalha a qualidade do sono, mas também impacta processos invisíveis do cérebro, provocando desequilíbrios hormonais, lapsos de memória e até um aumento sutil da ansiedade. E o pior: muita gente faz isso achando que é inofensivo.

Dormir com a luz acesa pode estar sabotando seu cérebro sem você perceber

Os efeitos cerebrais de dormir com a luz acesa

A exposição à luz durante a noite interfere diretamente na produção de melatonina, o hormônio que regula o sono. Quando o ambiente está iluminado, mesmo que suavemente, o cérebro recebe um sinal confuso: em vez de desacelerar, ele permanece em alerta, como se ainda fosse dia. Esse estado de “meia vigília” não permite que o corpo mergulhe nas fases mais profundas do sono — aquelas em que a memória é consolidada e o sistema imunológico se fortalece.

A iluminação artificial e o ciclo circadiano

A luz interfere no chamado ciclo circadiano, o nosso relógio biológico. Dormir com a luz acesa desregula esse ciclo, fazendo com que o cérebro demore mais tempo para entrar no ritmo natural do descanso. Isso afeta não apenas a duração, mas também a qualidade do sono. Quando essa exposição acontece repetidamente, o corpo começa a acumular uma “dívida de sono”, mesmo que a pessoa durma por oito horas.

Seu cérebro pode estar estressado — e você nem nota

Mesmo com os olhos fechados, a retina capta a presença de luz. Isso gera microdespertares que muitas vezes passam despercebidos, mas acumulam impacto ao longo da noite. O cérebro, ao tentar se proteger dessa exposição, ativa áreas associadas ao estado de alerta. Isso reduz a atividade das regiões envolvidas no descanso e recuperação, como o córtex pré-frontal. O resultado é uma sensação de cansaço persistente e dificuldades cognitivas no dia seguinte.

A luz noturna e os hormônios do humor

A melatonina não atua sozinha. Ela regula também a produção de serotonina e cortisol, hormônios que impactam diretamente o humor e o estresse. Dormir sob luz artificial atrapalha esse equilíbrio, podendo deixar a pessoa mais irritável, ansiosa ou com sensação de esgotamento emocional. Em pessoas sensíveis, essa alteração pode até piorar quadros de insônia ou depressão leve.

Luz azul é a mais nociva — mas não a única

É verdade que a luz azul, emitida por telas e lâmpadas LED, tem um efeito mais potente sobre o cérebro. Ela inibe a melatonina com mais intensidade. Mas mesmo luzes mais quentes, como abajures com tom âmbar, também provocam perturbações se estiverem acesas durante a noite inteira. O ideal é dormir em um ambiente totalmente escuro ou usar máscaras de sono.

Crianças e idosos sofrem ainda mais

O impacto da luz noturna no cérebro é ainda mais sensível em dois extremos da vida: na infância e na terceira idade. Em crianças, ela pode comprometer o desenvolvimento cognitivo e causar hiperatividade leve. Já em idosos, pode agravar quadros de demência ou acentuar a confusão mental noturna, conhecida como sundowning. Nessas faixas etárias, criar uma rotina de escuridão é mais do que importante — é necessário.

Dormir com a luz acesa e o ganho de peso

Uma pesquisa do National Institutes of Health mostrou que mulheres que dormem com luzes artificiais têm mais chance de ganhar peso com o tempo. O motivo? A melatonina também está envolvida na regulação do metabolismo. Quando essa produção é interrompida, o corpo armazena mais gordura e a fome noturna aumenta. Ou seja, aquela luzinha do corredor pode estar sabotando sua dieta sem você perceber.

Como escurecer o quarto de forma simples

Você não precisa transformar o quarto em uma caverna para dormir bem. Algumas soluções simples já reduzem muito o impacto da luz:

  • Use cortinas blackout;

  • Evite dormir com TV ligada;

  • Desligue luzes de carregadores e dispositivos eletrônicos;

  • Use uma máscara de dormir confortável;

  • Substitua o abajur comum por um modelo com desligamento automático;

  • Prefira lâmpadas âmbar com temporizador.

Casos em que a luz acesa pode ser necessária

Há exceções. Pessoas com fobia extrema do escuro, distúrbios neurológicos ou que precisam de monitoramento noturno podem usar uma luz noturna indireta. Nesses casos, é importante que a luz seja muito fraca e posicionada longe da cama, com foco voltado para o chão. Isso minimiza a interferência no sono profundo, mas ainda assim exige acompanhamento, se os sintomas de cansaço ou insônia persistirem.

Dormir no escuro é uma forma de autocuidado

Poucas mudanças na rotina oferecem tantos benefícios com tão pouco esforço quanto apagar a luz na hora de dormir. Em poucos dias, os relatos mais comuns são: acordar com mais disposição, sentir mais clareza mental pela manhã e até notar melhora no humor e na digestão. Seu cérebro, seu corpo e seu bem-estar agradecem.

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