Em meio aos esforços para tornar a matriz energética brasileira mais limpa, surge um obstáculo estratégico: levar energia confiável a cerca de 3 milhões de pessoas que vivem fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), em especial no vasto e isolado estado do Amazonas.

Descarbonização com inclusão: o desafio amazônico
Com cerca de 1,5 milhão de km² e muitas comunidades acessíveis apenas por rios, a tarefa exige inovação e sensibilidade social.

Neste cenário, os sistemas híbridos, que integram geração térmica, energia solar e armazenamento por baterias, têm despontado como alternativas eficientes, sustentáveis e adaptadas à realidade local.
Combate à dependência de termelétricas fósseis
De acordo com levantamento do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), o subsistema Norte respondeu por quase 30% da geração de energia por termelétricas fósseis de serviço público no Brasil. Para reverter esse quadro, projetos públicos e privados têm apostado em fontes renováveis para substituir, parcial ou totalmente, a matriz poluente.
Iniciativas como o programa federal Mais Luz para a Amazônia e investimentos empresariais têm impulsionado essa transformação, ampliando o acesso à energia limpa em comunidades isoladas.
Caiambé: uma nova realidade energética no Rio Solimões
No dia 29 de maio, a comunidade ribeirinha de Caiambé, no município de Tefé, começou a operar com um sistema híbrido instalado pela empresa Aggreko. O sistema combina 1,4 MW de geração térmica, 373 kWp de potência solar e 1 MW de armazenamento em baterias.
A solução permitirá uma economia anual de 130 mil litros de diesel e a redução de 405 toneladas de CO₂ – equivalente ao plantio de 2 mil árvores. Para Cristiano Lopes Saito, diretor de Vendas Utilities da Aggreko, o projeto é transformador não apenas pela inovação técnica, mas pela complexidade logística e cultural envolvida.

Pró-Amazônia Legal: investimentos ampliam alcance da energia limpa
No início de junho, o Diário Oficial da União divulgou os projetos selecionados pelo programa Pró-Amazônia Legal – CGPAL, do Ministério de Minas e Energia. A iniciativa visa reduzir custos de geração e melhorar a logística fluvial nos rios Madeira e Tocantins.
Entre os aprovados estão projetos que beneficiarão 23 comunidades atualmente atendidas pela Aggreko, com previsão de instalar 88 MWp de energia solar e 105 MWh em sistemas de armazenamento, consolidando o modelo híbrido como referência para a região.
Autazes: energia sustentável para mais de 40 mil pessoas
Outro exemplo de sucesso está em Autazes, cidade com mais de 41 mil habitantes no Amazonas. A VPower, em parceria com a Fictor Energia e o Grupo WTT (Enerwatt), implementou um sistema híbrido com 3,4 mil painéis solares, que geram 2,1 MW de energia limpa.
A iniciativa reduziu o consumo de diesel em 8% e cortou mais de 5 mil toneladas de CO₂ por ano. O sistema de armazenamento por baterias permite o uso da energia excedente à noite, otimizando o fornecimento. Para a VPower, a entrega no prazo e a eficiência dos resultados evidenciam o potencial transformador da tecnologia.







































