Uma nova pesquisa conduzida pelo ERM Sustainability Institute, GlobeScan e Volans revelou um consenso alarmante entre especialistas em sustentabilidade de todo o mundo: 93% afirmam que a agenda de sustentabilidade precisa ser revisada, e mais da metade (56%) defende uma reformulação radical.

Consenso: a agenda atual não está funcionando
O estudo “Sustainability at a Crossroads”, desenvolvido entre abril e maio de 2025, ouviu 844 especialistas altamente experientes de diversos setores e regiões.
Segundo John Elkington, fundador da Volans: “Os resultados anunciam um terremoto psicológico iminente nos mercados e nos negócios. As estratégias corporativas atuais simplesmente não servem mais. Há um claro mandato por abordagens novas e radicais.”

Desempenho insatisfatório de governos, empresas e da ONU
As instituições que deveriam liderar o progresso em sustentabilidade estão decepcionando:
Governos nacionais: apenas 5% dos especialistas avaliam positivamente suas contribuições.
Setor privado: somente 14% enxergam avanços relevantes.
ONU: 29% ainda consideram seu desempenho positivo — uma queda de 12 pontos desde 2021.
ONGs: apesar de manterem 45% de aprovação, caíram 16 pontos em relação a 2021.
Cresce a resistência à sustentabilidade
Sete em cada dez especialistas relatam uma crescente reação negativa à agenda de sustentabilidade, um aumento de 13 pontos em relação a 2024.
A resistência é mais acentuada na América do Norte (91%), especialmente devido à oposição da administração dos EUA a temas como clima e diversidade. Na região Ásia-Pacífico, o índice é de apenas 38%.
Caminhos possíveis: impacto versus viabilidade
Os especialistas avaliaram 64 ações com base em seu potencial de impacto positivo e viabilidade de implementação em larga escala:
Setor corporativo e empresarial:
Inovação tecnológica e P&D: 70% citam como principal vetor de impacto e viabilidade.
Integração da sustentabilidade nos negócios (64%) e economia circular (63%) também têm alto potencial.
Políticas públicas e governamentais:
Precificação de carbono (65%) e planejamento urbano sustentável (63%) são vistos como eficazes e viáveis.
Mercado financeiro e de capitais:
Investimentos de impacto (73%), integração ESG (54%) e finanças sustentáveis/títulos verdes (52%) são ações promissoras.
Contabilização de capital natural e social tem alto impacto (62%), mas baixa viabilidade prática.
Sociedade civil:
Educação e capacitação em liderança sustentável (59%) e advocacy por políticas públicas eficazes (58%) têm bom equilíbrio entre impacto e viabilidade.
Ações judiciais são vistas como impactantes (56%), mas pouco viáveis (29%).
Campanhas de ONGs contra maus desempenhos são viáveis, mas com baixo impacto (28%).

Incumbentes versus insurgentes: os quatro perfis de especialistas
A pesquisa categorizou os especialistas em quatro perfis, divididos entre “Incumbentes” e “Insurgentes”:
Incumbentes:
Tradicionalistas (42%): adeptos de melhorias incrementais, comuns no setor público/privado da Ásia e América Latina.
Institucionalistas (9%): confiam em reformas via governança, transparência e regulação.
Insurgentes:
Exploradores (Pathfinders) (23%): preferem incentivos de mercado, finanças sustentáveis e colaboração intersetorial.
Radicais (26%): defendem intervenções sistêmicas como redistribuição de riqueza, precificação de carbono e ações judiciais. Comuns em ONGs e academia na Europa, América do Norte e Oceania.
Liderança ousada é essencial
Independentemente do perfil, mais de 90% dos especialistas concordam que as abordagens atuais precisam ser renovadas.
“Não se trata de uma crise existencial, mas de uma oportunidade de transformação estratégica,” diz Mark Lee, da ERM.
“As empresas que assumirem essa liderança não apenas ajudarão a sociedade e o meio ambiente, como também aumentarão sua resiliência e abrirão novos mercados.”






































