Uma proposta em discussão no âmbito das Nações Unidas (ONU) para instaurar uma “Taxa ou Tributo sobre Florestas em Pé” (TFFF) está sendo alvo de ampla mobilização internacional. A Rede de Trabalho Amazônico (GTA), uma das principais redes de organizações da sociedade civil da Amazônia, lançou uma declaração pública intitulada “NÃO ao TFFF, SIM aos direitos das florestas”, e acompanha a iniciativa de coleta de assinaturas por meio de formulário online para pressionar líderes mundiais a rejeitarem a medida.

Segundo a GTA, a proposta da TFFF representa uma séria ameaça. Na declaração, a rede alerta que o mecanismo poderia levar à financeirização das florestas — transformando-as em ativos comerciais para grandes corporações e fundos de investimento — em detrimento dos direitos dos povos originários e comunidades tradicionais que vivem e protegem esses territórios há gerações.
Porque a proposta preocupa
Na visão da Rede GTA, o problema central da TFFF não é apenas técnico, mas ético e estrutural. A taxa está sendo apresentada como solução para a crise climática — porém, segundo a organização, ela desvia o foco de causas fundamentais como a expansão descontrolada do agronegócio, a mineração ilegal, a grilagem de terras e a ausência de fortalecimento real das políticas de comando e controle. A rede argumenta que, ao colocar preço na floresta em pé, corre-se o risco de reduzir seu valor cultural, social e espiritual a meros indicadores financeiros ou instrumentos de mercado.
Além disso, a GTA alerta que o modelo de taxa projetado ignora a gestão sustentável já realizada pelas comunidades tradicionais e ribeirinhas, elimina a consulta livre, prévia e informada dessas populações e abre caminho para uma nova forma de especulação em território florestal.

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A mobilização online e seu alcance
O formulário online lançado pela GTA cumpre função central: demonstrar o amplo repúdio da sociedade civil à proposta antes que ela avance em fóruns internacionais. As assinaturas recolhidas — nacionais e internacionais — serão apresentadas a tomadores de decisão no Brasil e fora dele, com o objetivo de garantir que a voz das comunidades, organizações sociais e da população em geral seja ouvida.
A mobilização busca impedir que a proposta da taxa se torne “solução rápida” para a crise ambiental sem garantir direitos, participação e justiça para as comunidades que vivem na Amazônia e em outros biomas florestais.
Implicações e próximos passos
A iniciativa da Rede GTA insere-se no debate mais amplo sobre mercados ambientais, financiamento climático e justiça socioambiental. À medida que governos e empresas buscam instrumentos financeiros para lidar com florestas, carbono e biodiversidade, a pergunta que emerge é: quem define esses mecanismos? Quem se beneficia? Quem participa?
Para além da coleta de assinaturas, a mobilização sugere a necessidade de fortalecer mecanismos que reconheçam territorialidade, consulta, participação local efetiva, repartição de benefícios, transparência e prestação de contas. A floresta não pode ser transformada em ativo sem levar em conta pessoas, cultura e direitos.
A medida segue em tramitação em instâncias internacionais, e o apoio público crescente à declaração da GTA poderá influenciar debates nas conferências climáticas e em fóruns de financiamento florestal.
A proposta da TFFF acendeu o alerta de organizações da sociedade civil amazônica, que veem no mecanismo não uma solução, mas um possível retrocesso. A mobilização da Rede GTA mostra que as florestas e suas comunidades reivindicam mais do que meros instrumentos de mercado — exigem protagonismo, reconhecimento e inclusão real. Em vez de taxar a floresta como ativo, argumentam por modelos que valorizem e empoderem quem vive e protege esses territórios.











































