Projeto Para Manter o Fluxo no Canal do Panamá Causará Danos Socioambientais

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Autor: Redação Revista Amazônia
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É compreensível a obsessão de Ricaurte Vásquez Morales em checar constantemente o celular para garantir que o reservatório do Lago Gatún esteja com cerca de 25,4 metros de profundidade. Esse reservatório artificial é uma parte crucial do sistema do Canal do Panamá, do qual Vásquez Morales é o administrador.

No ano passado, o lago atingiu níveis críticos durante uma seca, forçando uma redução de mais de um terço no tráfego do canal. As chuvas de maio permitiram que os números voltassem a um saudável fluxo de 35 navios por dia, “mas as autoridades do canal sabem que isso é apenas um alívio temporário em uma nova era influenciada pelas mudanças climáticas e períodos frequentes de El Niño, quando a temperatura dos oceanos sobe e a precipitação diminui”, escreve Peter S. Goodman.

As autoridades reconhecem a necessidade de maior armazenamento de água, haja vista que a água do Lago Gatún faz o sistema de eclusas do canal funcionar, por isso são necessários mais de 190 milhões de litros para que um único navio passe pelo canal. No entanto, o caminho a seguir não está livre de obstáculos. As autoridades do canal decidiram que a melhor opção é criar uma segunda fonte de água construindo uma barragem no Río Indio.

A Suprema Corte do Panamá decidiu em julho conceder à autoridade do canal o acesso necessário ao rio, efetivamente dando início a um projeto de seis anos e US$ 1,6 bilhão. Mas a nova fonte de água exigirá a realocação de 2.000 cidadãos, em grande parte pobres. As autoridades do canal afirmam que estão trabalhando para garantir compensação e oportunidades agrícolas para os afetados, alegando que eles acabarão em uma situação melhor. No entanto, os moradores locais não têm tanta certeza. “Eles querem nos realocar, mas não pensamos assim, haja vista que aqui é o melhor lugar do mundo”, diz um residente de 86 anos.


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