Na ampla e pulsante agenda da COP30 em Belém, a FreeZone Cultural Action aparece como um dos palcos mais vivos da convergência entre clima, cultura e cidadania. O espaço — instalado na Praça da Bandeira, em Belém (PA) — se abre com uma programação intensa e diversificada, que nesta quarta-feira, 12 de novembro, mobiliza desde fóruns e painéis até cinema, teatro e música regional. A iniciativa, organizada pelo Instituto Cultural Artô, com apoio do Comando Militar do Norte e da Prefeitura de Belém, assume lugar de protagonismo ao dar voz à juventude amazônica, aos saberes tradicionais e aos desafios da crise climática.
A programação do dia assinala momentos-chave. Pela manhã, das 10h30 às 11h30, na Zona Vozes (Domo 5), o painel “Reciclagem que Transforma: Impacto Social e Econômico” reúne nomes como Roseli Nogueira Machado (Grupo Recicla BR), Victoria Santos, Aline Bresciani Doro (Novelis), Roberto Laureano da Rocha (ANCAT) e Débora Ribeiro Baia (Concaves). O debate coloca a economia circular como ponte entre meio ambiente, inclusão e geração de renda — uma abordagem que convoca a sociedade a perceber que lixo deixado de ser resíduo vira chance de cooperação e futuro compartilhado.
Na sequência, das 11h30 às 12h30, no mesmo domo, ocorre o lançamento da plataforma UON.EARTH, voltada à sustentabilidade e tecnologia. A apresentação da plataforma revela um movimento que atravessa os limites do discurso ambiental e investe em inovação aplicada: tecnologia como aliada da natureza e da sociedade.
À tarde, das 14h às 15h30, o Fórum Cojovem “O Futuro Justo e Sustentável pela Perspectiva da Juventude”, novamente na Zona Vozes (Domo 5), reúne jovens lideranças e especialistas para tratar da conservação ambiental, sociobiodiversidade e os desafios que as novas gerações enfrentam. E às 16h, no mesmo espaço, ocorre o lançamento da pesquisa Amazônia Jovem 2025, desenvolvida por Cojovem – Cooperação da Juventude Amazônida pelo Desenvolvimento Sustentável. O estudo traz dados inéditos de 667 jovens dos nove estados da Amazônia Legal, e revela que 78% vivem algum tipo de conflito territorial e 80% manifestam ansiedade em relação ao futuro de seus territórios — evidências que apontam como a crise climática atravessa identidades, pertencimentos e a própria vida comunitária.

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A riqueza da programação se estende ao cinema, com sessões na Zona Vozes (Domo 4) ao longo da tarde: das 10h às 11h50 “500 Almas”; 14h às 15h20 “Utopia Tropical”; 15h30 às 16h “Coparente”; e 16h15 às 18h “Global”. Cada título abre janelas para narrativas que conectam Amazônia, mundo e transformação.
No teatro, às 17h, na Zona Crono (Domo 1), sobe o espetáculo “CronoEcoLógico”, performance cênica sobre tempo, natureza e transformação — uma experimentação artística que convoca o espectador a refletir sobre ritmo, ambiente e futuro.
Quando o sol se põe, a música toma conta: na Zona Sonora (Palco 2) começam as apresentações regionais. Às 18h o Grupo Folclórico Encantos do Sol; 18h40 Grupo Folclórico Parananim; 19h20 Grupo Folclórico Vaiangá; às 20h o cantor Junior Neves; às 21h30 Luann Kassio; às 23h Thiago Costa; e à meia-noite Allanzinho. A jornada testemunha como cultura popular, arte amazônica e debate climático se entrelaçam.
A FreeZone Cultural Action ocupa uma área de 10 mil m² na Praça da Bandeira, com domos geodésicos e cenografia inspirada nos modos de vida amazônicos. O espaço pretende conectar saberes tradicionais e futuros possíveis, configurando-se como um elo vital entre a sociedade civil e a agenda climática global. A proposta é clara: tornar acessível o debate sobre mudanças climáticas, sem que ele se restrinja a fóruns técnicos ou audiências fechadas, e, ao contrário, colocar a cidadania, a arte e a participação como eixos centrais.
O evento é gratuito, de acesso aberto, reforçando o compromisso da instituição promotora de não excluir vozes. A participação está aberta a jovens, comunidades tradicionais, artistas, pesquisadores, cidadãos de Belém e demais visitantes da COP30.
Por que esse dia importa
Este dia da FreeZone não é apenas mais uma sessão de painéis ou shows. É um recado de que a Amazônia não é tema distante, mas viveza, escuta e protagonismo. A pesquisa Amazônia Jovem 2025, por exemplo, joga luz sobre realidades que muitas vezes ficam fora das lentes globais: jovens amazônicos que enfrentam disputas por território, ansiedade climática e a necessidade de protagonizar suas próprias narrativas. A plataforma UON.EARTH sinaliza que tecnologia e sustentabilidade precisam caminhar juntas, e que o debate ambiental se conecta com inovação. O painel sobre reciclagem indica que economia circular não é teoria distante, mas prática concreta de impacto social e econômico. E a programação cultural demonstra que arte, festa e resistência também são instrumentos de transformação — no centro da Amazônia, durante a COP.
Essa convergência entre debate, arte e tecnologia revela que a transição para um mundo mais sustentável passa, também, pelo território, pela juventude e pela cultura local. A FreeZone mostra que falar de clima não é apenas lamentar, mas produzir — produzir ideias, redes, alianças, ritmos e comunidades. Em um momento internacional que exige urgência, esse dia reforça que não basta tratar o planeta como cenário: trata-se de viver de modo diferente nele.
SERVIÇO: FREEZONE CULTURAL ACTION
Local: Praça da Bandeira, Belém (PA)
Data: 9 a 21 de novembro
Horário: 8h às 22h (shows até 00h)
Acesso: gratuito e aberto ao público. Para participar dos fóruns da Cojovem e do espetáculo teatral CronoEcoLógico (apresentado diariamente às 17h), é necessário reservar ingresso pelo aplicativo oficial da FreeZone.
Programação completa e atualizada: https://freezoneculturalaction.com/progra




































