Influência do Impacto do asteroide na moldura dos Andes e da América

Na quarta Conferência FAPESP 2024, Carlos Jaramillo, cientista-chefe de paleobiologia, mostrou como o continente americano adquiriu sua fisionomia atual

Autor: Redação Revista Amazônia

Formação dos Ecossistemas da América do Sul

A majestosa floresta neotropical, com seu dossel denso e biodiversidade exuberante, é dominada pelas angiospermas, plantas cujas sementes são abrigadas por frutos. Representando aproximadamente 90% da flora mundial, essas espécies são as protagonistas da evolução vegetal no continente da América do Sul, especialmente notável durante o período Cretáceo, entre 145 e 66 milhões de anos atrás, quando houve uma transição de ecossistemas desprovidos de angiospermas para paisagens onde elas prevalecem.

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Floresta no Período Cretáceo

Este foi o foco da 4ª Conferência FAPESP 2024, intitulada “A Formação dos Ecossistemas da América do Sul”, ministrada pelo renomado Carlos Jaramillo, chefe de paleobiologia do Smithsonian Tropical Research Institute. Com uma sólida formação em geologia e mais de 200 publicações científicas, Jaramillo é um laureado pesquisador com reconhecimento internacional.

Fapesp
Carlos Jaramillo

Durante sua apresentação, Jaramillo destacou que o Cretáceo era marcado por florestas abertas, habitadas por gimnospermas e fetos, contrastando fortemente com as ricas e estratificadas florestas tropicais de angiospermas que surgiram após uma grande perturbação no fim do Cretáceo, marcando a transição para o Paleogeno.

Essa grande perturbação foi o impacto de um asteroide colossal há cerca de 65,5 milhões de anos, desencadeando uma extinção em massa e redefinindo a biodiversidade terrestre. “Esse evento único redirecionou o curso evolutivo do nosso planeta”, proclamou Jaramillo.

Ele também explicou que as altas concentrações de CO2 durante o Cretáceo propiciaram um clima quente que favoreceu as gimnospermas e fetos. No entanto, a redução subsequente de CO2, especialmente no Neogeno, permitiu a expansão das angiospermas, que hoje predominam nos trópicos.

Outro fator crucial foi a diversificação dos ecossistemas durante o Cenozoico, acompanhada por uma diminuição de 30% da floresta tropical úmida, em paralelo à queda dos níveis de CO2 e ao resfriamento global. Após o Eoceno, novos biomas como florestas secas, savanas e florestas montanhosas emergiram, remodelando a paisagem sul-americana.

Transformação ecossistêmica na América do Sul

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Atual ecossistema Sul Americano

Concomitantemente às mudanças climáticas, o levantamento dos Andes durante o Cenozoico foi um marco geológico que não só transformou o relevo, mas também influenciou a distribuição das chuvas e o surgimento de novos biomas. A elevação dos Andes reconfigurou os padrões de circulação atmosférica e originou uma diversidade de microclimas, como os Páramos colombianos, um bioma de altitude vital para o abastecimento hídrico da região.

Jaramillo ilustrou como diferentes regimes de precipitação, mesmo sob temperaturas similares, podem levar a mudanças ecológicas significativas, variando de florestas úmidas a secas, savanas e até desertos.

A interação entre eventos geológicos e climáticos não apenas esculpiu a estrutura física e a composição florística dos biomas sul-americanos, mas também afetou processos ecológicos como dispersão de sementes, competição entre espécies e relações predador-presa. A relação entre geologia e clima permanece um elemento dinâmico na evolução dos biomas, ressaltando a complexidade e interdependência dos sistemas naturais.

A conferência foi inaugurada por Marcio de Castro Silva Filho, diretor científico da FAPESP, e moderada por Cristina Yumi Miyaki, da Universidade de São Paulo. Fernando Ferreira Costa, coordenador da comissão científica das Conferências FAPESP, também esteve presente na abertura.

Para assistir à conferência completa “A Formação dos Ecossistemas da América do Sul”, acesse o canal oficial no YouTube.


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