Impacto Positivo dos Sistemas Agroflorestais na Regulação do Microclima

Autor: Redação Revista Amazônia

 

Pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, SP, realizaram um estudo inovador que analisou as variáveis microclimáticas em um sistema agroflorestal (SAF) biodiverso e as comparou com um sistema de monocultivo a pleno sol. Os dados de luminosidade, temperatura e umidade relativa do ar foram coletados durante os primeiros três meses de 2023 em cinco horários diferentes do dia.

Os resultados, segundo o pesquisador Joel Queiroga, mostraram diferenças significativas nas variáveis analisadas nos dois sistemas. No SAF, tanto a luminosidade quanto a temperatura do ar foram consistentemente menores, enquanto a umidade relativa do ar foi maior.

O estudo destacou a capacidade do SAF de mitigar os danos e estresses causados por eventos climáticos extremos, como altas temperaturas e secas prolongadas. Isso não só aumenta a resiliência das plantas cultivadas, mas também melhora a produtividade. Essa regulação eficaz do microclima traz benefícios significativos para os agricultores que adotam esses sistemas de produção, garantindo renda, segurança e soberania alimentar.

Queiroga explica que o objetivo da avaliação era fornecer informações cruciais para ajudar na seleção de espécies adaptadas, oferecer recomendações de manejo e explorar a resiliência desses sistemas a eventos climáticos extremos. Os SAFs são conhecidos por combinar intencionalmente fatores como solo, árvores, culturas agrícolas e/ou animais, criando interações sinérgicas e sustentáveis. Eles desempenham um papel além da produção de alimentos, madeira e outros produtos, contribuindo para a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento rural, econômico e social.

A singularidade dos SAFs reside na ausência de modelos padronizados, pois o desenvolvimento das espécies é influenciado por condições ambientais específicas e características regionais diversas. Esses sistemas também são moldados por adaptações socioeconômicas, manejo e planejamento contextualizado, explica o pesquisador Luiz Octávio Ramos Filho.

Laleska Rabelo, da Universidade Federal de São Carlos, enfatiza a importância da distribuição espacial das culturas na maximização da eficiência do uso de recursos e na interação entre agricultura, condições ambientais e socioeconômicas. Ao considerar parâmetros microclimáticos, como temperatura, umidade relativa do ar e luminosidade, durante o planejamento da distribuição das culturas, é possível otimizar o uso de recursos, reduzir a competição e promover interações benéficas entre as espécies cultivadas, resultando em ambientes propícios ao crescimento das plantas e na produtividade do Sistema Agroflorestal.

A luminosidade, especificamente, é uma variável crucial na seleção de espécies e na tomada de decisões relacionadas ao manejo de podas de espécies sombreadoras nos SAFs. Waldemore Moriconi observou variações nos valores de luminosidade ao longo do dia, com um aumento pela manhã e uma redução gradual a partir das 10h30 até as 16h30.

Quanto à temperatura, Queiroga observou diferenças significativas nos horários intermediários do dia, atribuídas à redução da luminosidade e, consequentemente, da radiação solar no interior do SAF. Em todos os horários analisados, houve uma tendência de temperaturas mais baixas dentro do SAF, sugerindo um ambiente propício para reduzir o estresse das plantas diante de eventos extremos de elevadas temperaturas.

Em resumo, os resultados deste estudo fornecem insights valiosos sobre a eficácia dos SAFs na regulação do microclima, destacando sua importância na promoção da sustentabilidade agrícola e na adaptação a eventos climáticos adversos.

O estudo também contou com a participação de Verónica Castro, da Unesp, e Aline Maia, da Embrapa Meio Ambiente.


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