Eventos climáticos extremos, como queimadas, estiagem e inundações, têm um impacto profundo não apenas na saúde física, mas também na saúde mental das pessoas afetadas. As incertezas, o medo e outros efeitos psicológicos causados por esses eventos podem desencadear ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos.

Impacto nos Jovens

Crianças e jovens são particularmente vulneráveis a esses efeitos, pois sua personalidade ainda está em formação e o impacto dessas tragédias climáticas pode ser mais profundo do que para os adultos.

A Resposta do UNICEF

Para combater esses problemas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) criou programas que ajudam a identificar e encaminhar crianças e jovens afetados por questões climáticas. Gabriela Mora, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF, explica que o primeiro passo é identificar quando eles mudam de comportamento.

Identificando o Sofrimento

“É fundamental que os adultos de referência na vida desses adolescentes estejam atentos para esses sinais de mudança de comportamento e o isolamento certamente é um deles. A dificuldade de comunicação ou comportamentos mais agressivos são questões que as famílias precisam estar com o radar ligado para esses possíveis sinais comportamentais que podem representar um sofrimento psíquico”, diz Mora.

Canais de Ajuda

Um dos canais oferecidos pelo UNICEF é o Pode Falar, que fica disponível 24 horas para oferecer ajuda em saúde mental. “O Pode Falar acontece de maneira regular e é um apoio psicossocial. Os atendentes são treinados para identificar esses casos e apoiar adolescentes a encontrar, em sua região, o que existe de serviços e quem faz parte da sua rede de referência”, explica Mora.

Treinamento e Supervisão

Os atendentes são vinculados a 20 universidades parceiras do Pode Falar e todos são formados pelo Núcleo do Cuidado Humano da Universidade Federal de Pernambuco. Eles recebem formação contínua para lidar com os jovens e são supervisionados por um professor universitário.

Diálogo com a Gestão Pública

O UNICEF vem chamando a gestão pública local para o diálogo, fazendo com que esses gestores repensem o fluxo de atenção em saúde mental. A ideia é ajudar os gestores locais a agirem de forma ágil e dinâmica em situações de catástrofe e fazer com que as pessoas saibam onde e a quem procurar em casos como esses. “A gente está trabalhando com as prefeituras para que a questão psicossocial seja considerada uma das prioridades na resposta a situações emergenciais”, explica Mora.

Em resumo, a saúde mental é uma questão crucial em eventos climáticos extremos e requer a mesma atenção que a saúde física. Com a ajuda de organizações como o UNICEF, podemos garantir que aqueles que são mais vulneráveis a esses eventos recebam o apoio de que precisam.