Manejo Florestal Sustentável Impulsiona Renda em Comunidades Tradicionais de Oriximiná


As comunidades tradicionais de Oriximiná, no oeste do Pará, estão colhendo os frutos de uma iniciativa que alia o manejo florestal sustentável à geração de renda, preservando ao mesmo tempo a sociobiodiversidade amazônica. Durante três dias, jovens e adultos participaram de um curso de capacitação voltado ao manejo sustentável da copaíba e boas práticas no cultivo do cumaru, promovido pelo Programa Florestas de Valor, do Imaflora, em parceria com a Coopaflora.

A capacitação ofereceu ferramentas práticas e teóricas sobre a extração responsável de recursos florestais, com foco na valorização dos produtos locais e no fortalecimento das cadeias produtivas da região. Essa iniciativa não apenas contribui para a conservação da floresta, mas também se mostra uma alternativa promissora para a geração de renda nas comunidades quilombolas e ribeirinhas, que dependem diretamente dos recursos naturais para o sustento.

Fortalecendo o Saber Local: Capacitação em Manejo Florestal Sustentável

O curso de capacitação reuniu extrativistas e agricultores familiares de diversas regiões de Oriximiná, especialmente dos territórios quilombolas. O objetivo principal foi compartilhar conhecimentos sobre a extração sustentável do óleo de copaíba, um dos produtos mais valiosos da sociobiodiversidade amazônica, amplamente utilizado na medicina tradicional, cosméticos e indústria farmacêutica.

Além do manejo da copaíba, o curso abordou o cultivo correto do cumaru, uma árvore nativa da Amazônia, cujas sementes são amplamente valorizadas por suas aplicações na culinária, em cosméticos e na produção de fragrâncias. Com a integração de tecnologia, como o uso de sistemas de posicionamento global (GPS), os participantes aprenderam a mapear áreas produtivas, identificar os melhores períodos de colheita e aplicar práticas que garantem a sustentabilidade da produção.

O cumaru, também conhecido como “baunilha da Amazônia”, é um dos produtos mais promissores da floresta. Ao lado da copaíba, ele representa uma importante fonte de renda para as comunidades locais, sem a necessidade de desmatamento ou degradação ambiental.

“A gente aprendeu que tem um tempo correto para quebrar o fruto e extrair a semente do cumaru”, comentou Davi Guedes Oliveira, um dos jovens que participaram da capacitação. “Esse conhecimento vai nos ajudar a melhorar a colheita e garantir que o produto tenha mais valor no mercado”.

Tecnologia e Tradição: Uma Combinação Eficaz

A integração entre o conhecimento tradicional e as novas tecnologias foi um dos pontos altos do curso, que buscou respeitar o modo de vida das comunidades locais, ao mesmo tempo em que introduziu inovações para otimizar o uso sustentável dos recursos naturais.

Através do uso de GPS e mapeamento digital, os participantes puderam identificar as áreas de extração de forma precisa, garantindo a preservação das árvores de copaíba e o manejo adequado das florestas de cumaru. Além disso, a tecnologia ajuda a evitar superexploração, garantindo que o manejo seja feito de forma responsável, respeitando o tempo de regeneração natural da floresta.

Para Mariano dos Santos Oliveira, uma liderança do território quilombola (TQ) do Ariramba, esse tipo de capacitação é fundamental para o desenvolvimento sustentável das comunidades. “É só através de um curso como esse que a gente vai entender o que a floresta tem de valor”, afirmou Mariano. Ele destacou que muitos produtos valiosos acabam sendo subutilizados ou desperdiçados por falta de conhecimento, e que agora as comunidades terão uma melhor compreensão de como aproveitá-los de maneira eficiente.

Valorização da Sociobiodiversidade

Os produtos extraídos de forma sustentável, como o óleo de copaíba e o cumaru, fazem parte da sociobiodiversidade amazônica e têm potencial de uso em diversas áreas, desde a medicina tradicional até a pesquisa científica e a cosmética. Um dos grandes benefícios do manejo sustentável é que ele permite que esses recursos sejam utilizados sem prejudicar o ecossistema local. Em vez de explorar a floresta de forma predatória, o curso incentivou os participantes a adotar práticas que garantam a conservação a longo prazo.

Além de garantir a preservação ambiental, o manejo sustentável também promove a geração de renda de maneira ética e responsável, oferecendo uma alternativa econômica às comunidades que vivem da floresta. Esses produtos são extremamente valorizados em mercados como o de cosméticos, onde há uma crescente demanda por ingredientes naturais e sustentáveis.

Manejo Florestal Sustentável Impulsiona Renda em Comunidades Tradicionais de OriximináSegundo Alcides Nunes, coordenador do curso, as práticas ensinadas durante a capacitação não apenas preservam o ambiente, mas também aumentam o valor dos produtos no mercado, já que são reconhecidos como frutos de produção sustentável. “Os compradores de hoje estão cada vez mais preocupados com a origem dos produtos. Ao adotarem práticas de manejo sustentável, os produtores locais podem agregar valor aos seus produtos e alcançar novos mercados”, explicou.

Impacto Econômico e Social nas Comunidades

A capacidade de gerar renda sem comprometer o meio ambiente é um dos principais benefícios do manejo florestal sustentável. As comunidades tradicionais de Oriximiná, especialmente as comunidades quilombolas, dependem dos recursos naturais para sua subsistência. Por isso, iniciativas como essa são fundamentais para garantir que essas populações possam continuar vivendo da floresta, ao mesmo tempo em que a protegem.

O manejo sustentável não só preserva os recursos naturais, mas também ajuda a fortalecer as cadeias produtivas locais, promovendo a economia solidária e a inclusão social. Durante o curso, os participantes foram incentivados a compartilhar os conhecimentos adquiridos com outros membros de suas comunidades, tornando-se multiplicadores das boas práticas.

O fortalecimento das cadeias produtivas da copaíba e do cumaru não só aumenta a renda das famílias locais, mas também contribui para o desenvolvimento regional como um todo. Os produtos florestais não madeireiros, como o cumaru, têm grande potencial de inserção em mercados internacionais, especialmente no setor de produtos naturais e orgânicos.

“Agora, estamos mais preparados para cuidar da nossa floresta e gerar renda de forma sustentável”, comemorou Maria José dos Anjos, agricultora familiar que participou da capacitação. Ela ressaltou a importância de continuar aprendendo e se atualizando sobre novas técnicas que possam agregar valor à produção local.

Cooperação e Parcerias para o Desenvolvimento Sustentável

A iniciativa do Programa Florestas de Valor, em parceria com a Coopaflora, é um exemplo de como a cooperação entre diferentes setores pode impulsionar o desenvolvimento sustentável nas comunidades tradicionais. O apoio técnico oferecido pelo Imaflora e por outras organizações envolvidas foi crucial para garantir que os conhecimentos fossem transmitidos de maneira acessível e prática, respeitando as particularidades de cada comunidade.

As parcerias entre ONGs, empresas privadas e organizações comunitárias são fundamentais para garantir o sucesso dessas iniciativas. Ao unir esforços, é possível criar soluções que não apenas preservam a floresta, mas também promovem o desenvolvimento econômico inclusivo, garantindo que as comunidades locais tenham autonomia para gerir seus próprios recursos.

Preservação Ambiental e Perspectivas para o Futuro

O curso de capacitação em manejo sustentável oferecido em Oriximiná faz parte de um esforço mais amplo para promover a preservação da Amazônia e a valorização da sociobiodiversidade. Ao investir no conhecimento local e capacitar as comunidades para o manejo responsável, essas iniciativas ajudam a garantir que a floresta continue sendo um recurso vital para as próximas gerações.

A combinação de saber tradicional com tecnologia oferece uma oportunidade única para transformar a maneira como as comunidades amazônicas lidam com seus recursos naturais. O conhecimento adquirido durante o curso já está sendo aplicado no campo, e a expectativa é que essa capacitação tenha um impacto duradouro, tanto no nível econômico quanto na conservação ambiental.

Com o aumento da demanda global por produtos sustentáveis, os produtos da sociobiodiversidade da Amazônia têm potencial para conquistar novos mercados internacionais, proporcionando uma fonte de renda importante para as comunidades e contribuindo para a preservação da floresta.

O manejo florestal sustentável em Oriximiná está criando um novo caminho para o desenvolvimento econômico e social das comunidades tradicionais, sem abrir mão da preservação ambiental. A capacitação em práticas como o manejo da copaíba e do cumaru é essencial para garantir que as futuras gerações possam continuar a viver da floresta, ao mesmo tempo em que a protegem.

Essa iniciativa demonstra que é possível unir tradição e inovação para promover a sustentabilidade e criar novas oportunidades econômicas para as comunidades. O trabalho conjunto entre organizações, comunidades e lideranças locais mostra que o manejo sustentável é não só uma realidade, mas também uma necessidade para garantir o futuro da Amazônia e de seus habitantes.

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