Mineração em Oriximiná: Impactos nas Comunidades Quilombolas e Ribeirinhas


 

Oriximiná, um dos principais municípios mineradores do Brasil, tem enfrentado desafios significativos devido aos interesses minerários. Em 2020, ocupava a segunda posição entre os municípios com maior área de mineração industrial no país, de acordo com o MapBiomas. A atividade mineradora tem impactado diretamente as comunidades quilombolas e ribeirinhas da região.

A Mineração Rio do Norte (MRN), que extrai bauxita na região desde 1979, é a principal empresa mineradora em Oriximiná. A MRN é uma sociedade anônima de capital fechado, com grandes corporações do mundo da mineração e da exploração de alumínio entre seus acionistas. A empresa é a maior produtora e exportadora de bauxita do Brasil, sendo responsável por 40,17% da produção nacional.

As operações da MRN incluem a extração do minério, beneficiamento, transporte ferroviário, secagem e embarque de navios. Em 2019, foram embarcadas 12,177 milhões de toneladas de minério, com a maior parte destinada à América do Sul.

A exploração mineral em Oriximiná tem gerado uma disputa pelo uso da floresta, colocando em oposição as comunidades tradicionais e a exploração mineral empresarial em larga escala. O aumento progressivo das áreas de extração tem resultado na destruição de florestas que eram fonte de alimento e renda para diversas famílias quilombolas e ribeirinhas.

O quilombo Boa Vista, localizado no Alto Trombetas, foi o primeiro a sentir os impactos da mineração. No início das atividades da empresa, na década de 1970, os quilombolas sofreram a expropriação de parte das áreas que tradicionalmente utilizavam.

A mineração tem causado graves danos socioambientais, incluindo a restrição de acesso à água potável, o surgimento de novas doenças e a diminuição do pescado. Os moradores relatam mudanças na coloração dos cursos d’água e o rebaixamento dos níveis dos igarapés, dificultando o acesso à água de qualidade e impactando a atividade pesqueira.

A destruição das florestas pela mineração tem impactado a segurança alimentar das comunidades quilombolas e ribeirinhas. As famílias perdem porções de floresta que garantem alimento e renda. Além disso, os comunitários associam as modificações geradas pela mineração nos cursos d’água à significativa diminuição do pescado, um alimento muito importante para a população local.

Elcilene, atual Presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município de Oriximiná, relata que a mineração tem explorado o município há muito tempo, levando não só o minério, mas também a história do povo. Ela comenta sobre os graves impactos causados pela atividade mineradora e como o clima na região mudou bastante. Ela destaca a resistência das comunidades, que enfrentam a situação com parcerias e articulação das organizações não-governamentais.


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