Durante a COP30, em Belém, o Governo do Pará deu mais um passo concreto em direção a uma economia florestal sustentável e inclusiva. Em cerimônia realizada na Blue Zone do evento, o Estado firmou um convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) que destinará US$ 3,5 milhões a ações de conservação ambiental e geração de renda em comunidades tradicionais da Terra do Meio, no sudoeste do Pará.

A iniciativa faz parte da Política Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e deverá beneficiar diretamente cerca de 500 famílias indígenas, quilombolas e ribeirinhas. O propósito é fortalecer o papel dessas populações na preservação da floresta, garantindo que sua contribuição ecológica seja reconhecida e remunerada de forma justa.
O projeto será executado pelo Funbio, sob coordenação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), com apoio técnico da organização internacional The Nature Conservancy (TNC). Cerca de 40% dos recursos serão direcionados diretamente ao pagamento dos serviços ambientais, em um projeto-piloto vinculado ao programa estadual Valoriza Territórios Sustentáveis, que visa consolidar uma política pública permanente de PSA no Pará.
Um pacto entre floresta e dignidade
O governador Helder Barbalho destacou o caráter transformador do acordo, que une justiça climática, inclusão social e economia verde. Segundo ele, o Estado reafirma, com essa parceria, o compromisso de construir um modelo de desenvolvimento que respeita as pessoas e a natureza.
“O Pará tem mostrado ao Brasil e ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento econômico com a conservação ambiental e a valorização das pessoas que vivem na floresta. Com este projeto, damos mais um passo para reconhecer o papel fundamental dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais como guardiões da Amazônia”, afirmou o governador.
A parceria com o BID e o Funbio representa mais do que um aporte financeiro — trata-se de uma aliança estratégica para consolidar uma governança florestal participativa. Ao fortalecer o PSA, o Pará busca criar instrumentos que integrem conservação, geração de renda e autonomia comunitária.

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Vozes da floresta
A assinatura do convênio também teve o peso simbólico de uma conquista histórica para as populações locais. Francisco de Assis, presidente da Rede Terra do Meio, destacou a importância do momento: “Já vivenciei muitos ciclos, mas este é o mais importante. Estar aqui ao lado do governador assinando um contrato que vai fomentar políticas públicas para as comunidades vulneráveis da Terra do Meio é um marco”.
A região da Terra do Meio é uma das mais estratégicas da Amazônia brasileira. Com mais de 23 milhões de hectares, abriga cinco unidades de conservação e oito terras indígenas, onde vivem dezenas de comunidades que mantêm altos índices de preservação, mesmo sob pressão constante do desmatamento e da grilagem.
Estrutura e legado
Para Rosa Lemos de Sá, secretária-geral do Funbio, o convênio simboliza uma mudança estrutural no modelo de financiamento ambiental no país. “A parceria com o BID e o Estado do Pará constitui uma ação estruturante que lança as bases para um programa de PSA com perspectiva de longo prazo. Certamente, vai gerar lições valiosas que podem se tornar modelo para todo o Brasil”, afirmou.
O acordo também integra o programa Amazônia Sempre, do Grupo BID, voltado à ampliação do financiamento e do impacto de ações sustentáveis em toda a região. O programa prioriza iniciativas que combinem conservação da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e fortalecimento socioeconômico das comunidades locais.
Com a assinatura do convênio, o Pará consolida sua liderança na agenda climática da Amazônia, demonstrando que a transição ecológica só é possível quando envolve quem vive e protege o território. A iniciativa não apenas injeta recursos na economia comunitária, mas também reconhece a floresta como fonte de riqueza viva — social, cultural e ambiental.







































