O maior banco de fomento do Brasil decidiu virar a chave da restauração e posicionar a floresta como motor de desenvolvimento. O BNDES mobilizou desde 2023 cerca de R$ 3,4 bilhões em iniciativas de conservação, recuperação e manejo de florestas — um movimento que reafirma que os recursos verdes podem e devem gerar valor econômico, emprego e inovação.

Tudo isso ocorre no contexto da reativação do Fundo Amazônia, que depois de quatro anos de paralisação voltou a operar com vigor. A combinação entre retomada institucional e nova estratégia do banco coloca o país em rota para cumprir sua ambiciosa meta de restaurar 12 milhões de hectares até 2030 — parte do compromisso firmado no Acordo de Paris.
Mas o que significa na prática esse volume de recursos? São 70 milhões de mudas plantadas, 23,5 mil empregos gerados, uma bioeconomia emergente de espécies nativas e um impulso para que a floresta não mais apareça apenas como reserva, mas como ativo para a economia e o clima.
O banco público não atua só como financiador passivo. Ele está propondo diferentes frentes: linhas de crédito com condições favoráveis para agendas de restauração, concessões florestais que estão abrindo espaço para o setor privado participar da recuperação e do manejo sustentável — e editais de recursos não reembolsáveis para projetos em terras indígenas e biomas vulneráveis.

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Um exemplo prático dessa estratégia é a aprovação de um financiamento de R$ 250 milhões à Suzano S.A. para restaurar 24.304 hectares de áreas degradadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, o maior volume até então com recursos do fundo público-climático.
Outro exemplo é o programa de concessões florestais na Floresta Nacional do Bom Futuro, com meta de restaurar 12 mil hectares e proteger outros 78 mil, numa concessão de 40 anos que prevê R$ 886 milhões de receita e R$ 62 milhões em investimentos sociais.
Mais do que uma estratégia ambiental, o BNDES trata a agenda florestal como econômica e social. Segundo a diretora socioambiental do banco, Tereza Campello, a floresta em pé deve valer mais do que derrubada, e a restauração deve gerar retorno, assunto encerrado com discurso e agora com escala.
Para que o Brasil atinja sua meta de reduzir entre 59% e 67% das emissões de gás carbônico até 2035 (comparado a 2005) conforme a sua NDC, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima afirmou que a estratégia tem dois pilares inseparáveis: parar o desmatamento e restaurar florestas.
Neste cenário, a restauração torna-se catalisadora de uma transição ecológica onde comunidades tradicionais, terras indígenas, cadeias produtivas nativas, manejo florestal e créditos de carbono se entrelaçam. O banco lançou sua plataforma “BNDES Florestas”, que reúne e dá visibilidade a essas iniciativas como parte de uma nova frente estratégica.
A virada pretendida está clara: não se trata apenas de plantar árvores ou salvaguardar biomas, mas de estruturar uma floresta que conta para o clima, para a economia, para a equidade. Em vez de depender exclusivamente de recursos públicos, o modelo busca atrair investimento privado, estruturar cadeias florestais, fortalecer comunidades e garantir que a floresta deixe de ser custo para virar oportunidade.
É um movimento de escala. É também um movimento de tempo. Se a conferência global em COP30 vai buscar resultados práticos, o BNDES está chegando com um portfólio que já nasce em execução, não apenas em promessas. A floresta está voltando ao centro da política de clima — desta vez, com olhos no desenvolvimento, no emprego e no impacto real.








































