Seminário em Belém discute proteção de comunidades e recursos naturais


Na manhã desta quinta-feira, 21 de agosto, Belém se tornou palco de um encontro decisivo entre especialistas, autoridades e representantes da sociedade civil para debater um dos temas mais urgentes da atualidade: como proteger populações tradicionais e os recursos naturais da Amazônia diante das mudanças climáticas. O Instituto de Ensino de Segurança Pública do Pará (Iesp), em parceria com o Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (Unifamaz), abriu o seminário “Segurança Pública, Justiça Climática e Direitos Humanos na COP30: Nossas Falas, Nosso Agir”, conectando segurança pública, justiça climática e direitos humanos em um mesmo espaço de diálogo.

créditos: Agência Pará

O evento, realizado no auditório da Unifamaz, reuniu profissionais de segurança pública, pesquisadores, gestores e representantes de comunidades amazônicas, em um debate que ganha peso especial neste ano em que Belém se prepara para sediar a COP30.

Segurança, floresta e direitos

Na abertura do seminário, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado, apresentou a palestra “Segurança Pública e Amazônia: Desafios em Sustentabilidade, Desenvolvimento e Respeito aos Direitos das Populações Locais”. Em sua fala, destacou o papel da segurança pública não apenas no combate aos crimes ambientais, mas também na proteção das populações que vivem diretamente da floresta.

Segundo Machado, garantir a segurança desses povos significa fortalecer o próprio modelo de desenvolvimento sustentável da Amazônia. “Temos a responsabilidade de proteger a floresta e as comunidades que dela dependem, sem confundir moradores tradicionais com aqueles que exploram os recursos de forma criminosa. Nossa missão é clara: preservar riquezas naturais, garantir direitos e evitar que a exploração indevida leve ao agravamento das mudanças climáticas”, afirmou.

O secretário ressaltou ainda que a proximidade da COP30 torna esse debate ainda mais urgente, já que o Pará e o Brasil estarão sob os holofotes mundiais. A floresta amazônica, lembrou, não é apenas patrimônio local, mas peça-chave no equilíbrio climático do planeta.

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Secretário Ualame Machado abordou sustentabilidade, desenvolvimento e respeito aos direitos das populações tradicionais – Agência Pará

A importância do conhecimento compartilhado

A diretora em exercício do Iesp, delegada Telma Avelar, reforçou a proposta do seminário como espaço de integração entre segurança pública e sociedade civil. “Precisamos ampliar esse campo de discussão e garantir que todos tenham consciência do seu papel na preservação da floresta e na proteção das comunidades que a habitam. A segurança, sozinha, não consegue resolver problemas estruturais; mas, em conjunto com a sociedade, podemos ampliar soluções e transformar realidades”, destacou.

Para Avelar, o seminário é também um convite ao conhecimento. A ideia é que tanto profissionais da segurança quanto cidadãos comuns possam entender melhor as ameaças que pairam sobre a Amazônia e como essas ameaças se conectam a direitos humanos, vulnerabilidade social e justiça climática.

Já a reitora da Unifamaz, Adriana Gorayeb, ressaltou o simbolismo de sediar o evento. Para ela, trata-se de um momento de união entre produção acadêmica e desafios sociais concretos. “É uma honra sediar este debate. O seminário reafirma o compromisso da Unifamaz em produzir conhecimento relevante e formar cidadãos conscientes, capazes de pensar um futuro mais justo e sustentável”, disse.

Gorayeb destacou ainda que o evento ganha um significado especial no contexto da COP30, ao aproximar a universidade de temas globais como direitos humanos, segurança climática e justiça ambiental.

Temas em debate

A programação do seminário incluiu painéis sobre segurança climática e vulnerabilidade social, inovações tecnológicas e sustentabilidade, crimes ambientais e segurança pública e incêndios florestais no Pará. Os debates buscaram mostrar que a proteção da Amazônia não pode ser vista apenas como questão ambiental, mas também como desafio de segurança pública, de justiça social e de respeito aos direitos humanos.

Cada painel trouxe diferentes perspectivas, revelando a complexidade de um problema que vai muito além das fronteiras amazônicas. O avanço do desmatamento, os incêndios e os crimes ambientais não afetam apenas comunidades locais: eles impactam diretamente a estabilidade climática global, a soberania nacional e o futuro das próximas gerações.

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créditos: Agência Pará

Amazônia no centro da justiça climática

Ao final, o seminário deixou uma mensagem clara: proteger a Amazônia é proteger vidas. A floresta em pé não é apenas um símbolo de biodiversidade, mas também de justiça climática e de resistência cultural.

Iniciativas como a do Iesp e da Unifamaz demonstram que é possível aproximar diferentes setores – governo, academia, sociedade civil e segurança pública – para construir soluções conjuntas. Essa integração será fundamental não só durante a COP30, mas em todas as estratégias de longo prazo para preservar a floresta e garantir os direitos das populações que dela dependem.

O encontro em Belém reforçou que os desafios são enormes, mas o compromisso de unir segurança, justiça e sustentabilidade é o caminho mais promissor para enfrentar as mudanças climáticas e garantir um futuro mais equilibrado.
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