Você já teve a sorte de avistar uma ave de peito amarelo vibrante, cauda longa e comportamento discreto no seu quintal? Se sim, pode ter sido o surpreendente surucuá-de-barriga-amarela — uma espécie que por muito tempo foi considerada difícil de encontrar, mas que está ressurgindo, silenciosamente, em áreas urbanas com vegetação mais preservada. A redescoberta dessa joia alada nos centros urbanos é um sinal poderoso sobre a natureza resiliente e a importância dos pequenos refúgios verdes.

O retorno do surucuá-de-barriga-amarela aos quintais urbanos
O surucuá-de-barriga-amarela (nome científico Trogon rufus) é uma ave pertencente à família Trogonidae, que habita florestas tropicais da América do Sul. No Brasil, é mais comum na Mata Atlântica e na Amazônia, mas, com o avanço da urbanização, foi se tornando cada vez mais raro em áreas povoadas. Nos últimos anos, porém, há relatos crescentes de avistamentos em parques, praças e até quintais arborizados em regiões metropolitanas.
Esse retorno tem relação direta com o aumento da consciência ambiental, replantio de árvores nativas e adoção de práticas mais sustentáveis em jardins particulares. É como se a natureza respondesse positivamente a cada muda de árvore que plantamos.
Características que encantam os observadores de aves
O surucuá é inconfundível. Os machos exibem dorso verde metálico, barriga intensamente amarela e peito azul-esverdeado, além de olhos vivos e cauda preta com pontas brancas. Já as fêmeas têm cores mais opacas, com tons acinzentados no dorso e barriga amarelo-pálida.
Mesmo com essa coloração chamativa, ele não é fácil de encontrar. É uma ave muito silenciosa e costuma ficar imóvel por longos períodos, empoleirada em galhos altos ou no meio da folhagem, o que exige paciência dos observadores.
Alimentação e importância ecológica
A dieta do surucuá-de-barriga-amarela é baseada principalmente em insetos, lagartas e frutos nativos, como os do palmito-juçara, do guapuruvu e da embaúba. Essa alimentação variada o torna um importante controlador biológico de pragas e um grande dispersor de sementes — contribuindo para a regeneração das matas.
A presença dele em quintais é, portanto, mais do que uma visita bonita: é uma ajuda natural na manutenção da biodiversidade local.
Por que ele está voltando?
Esse reaparecimento é resultado de múltiplos fatores. Um deles é o aumento do interesse por jardinagem ecológica e pelo plantio de espécies nativas em áreas urbanas. Jardins com árvores frutíferas nativas, flores silvestres e espaços com pouca interferência humana se tornam verdadeiros refúgios para aves como o surucuá.
Além disso, o maior engajamento em projetos de reflorestamento urbano e a criação de corredores verdes têm permitido que aves florestais se desloquem com mais segurança entre fragmentos de mata e áreas urbanas.
Como atrair o surucuá-de-barriga-amarela para o seu jardim
Apesar de não ser uma ave de comedouros — como sabiás ou sanhaços —, o surucuá pode ser atraído com a criação de um ambiente favorável. Algumas dicas incluem:
Plantar árvores nativas com frutos pequenos, como pitanga, araçá e embaúba;
Evitar o uso de pesticidas e venenos no jardim;
Manter galhos secos e folhas no solo, pois ajudam a manter insetos que fazem parte da dieta da ave;
Reduzir ruídos e movimentações excessivas perto das árvores.
Criar um quintal mais natural, com microambientes sombreados, é uma das melhores estratégias para dar boas-vindas a essa e outras espécies sensíveis.
A importância de não interferir diretamente
Caso você encontre um surucuá-de-barriga-amarela, evite tentar aproximar-se demais, alimentá-lo ou capturá-lo. Essas aves são extremamente sensíveis ao estresse, e intervenções humanas podem afastá-las de forma definitiva. O ideal é observá-las à distância, com binóculos ou câmeras, respeitando seu espaço.
Fotografar um surucuá em liberdade é um privilégio raro. Alguns ornitólogos passam anos esperando esse momento — e hoje, algumas pessoas estão tendo esse presente no próprio quintal.
Avistar é sinal de equilíbrio ambiental
A presença do surucuá-de-barriga-amarela em áreas urbanas é um sinal de que o ecossistema local está se regenerando. É uma recompensa silenciosa para quem planta árvores, evita o desmatamento e cria espaços mais verdes mesmo em pequenas áreas. E mais do que isso: é uma inspiração para que mais pessoas se engajem na criação de ambientes urbanos que acolham a vida silvestre.

Uma conexão com o passado natural das cidades
Há algumas décadas, a presença dessas aves era comum em vilas arborizadas e bairros com grandes quintais. Com o crescimento desordenado das cidades, o canto sutil do surucuá foi sumindo. Agora, seu retorno pode ser interpretado como um reencontro com uma cidade mais viva, mais verde, mais integrada à natureza.
O Surucuá-de-barriga-amarela e a esperança
Em um mundo de buzinas, prédios e concreto, o retorno de uma ave rara como o surucuá-de-barriga-amarela nos lembra de que ainda há espaço para beleza, equilíbrio e biodiversidade — mesmo em meio à urbanização. Cuidar do nosso pedaço de verde pode parecer pouco, mas é justamente nesses gestos que a natureza encontra caminhos para florescer novamente.
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