O tamanduá-bandeira, um dos animais mais icônicos do Cerrado brasileiro, é uma verdadeira máquina de caça quando se trata de localizar e consumir cupins e formigas. Apesar de possuir visão limitada, esse mamífero conseguiu, ao longo da evolução, desenvolver um conjunto impressionante de estratégias sensoriais e comportamentais que o tornam extremamente eficiente na busca por alimento.
Neste artigo, vamos explorar os mecanismos que permitem ao tamanduá-bandeira encontrar seus insetos favoritos com tanta precisão, mesmo com um sentido da visão pouco desenvolvido. Você vai entender o papel essencial do olfato, da audição e até da anatomia especializada desse animal na sobrevivência em seu habitat natural.
O olfato extremamente sensível do tamanduá-bandeira
O tamanduá-bandeira possui um olfato cerca de 40 vezes mais sensível que o de um ser humano. Isso significa que, mesmo a longas distâncias, ele é capaz de identificar o cheiro de ninhos de cupins e trilhas de formigas. Essa habilidade é essencial em ambientes densos e variados, como o Cerrado, onde a visão não é a melhor forma de localizar pequenas presas no solo.
Os receptores olfativos presentes no focinho são altamente desenvolvidos e funcionam como um verdadeiro radar químico. Ao caminhar com a cabeça próxima ao chão, o tamanduá detecta mudanças sutis no cheiro da terra, que podem indicar a presença de colônias subterrâneas.
Audição aguçada para detectar movimentos
Embora menos conhecida que o olfato, a audição também desempenha um papel importante na detecção de presas. O tamanduá-bandeira é capaz de ouvir os sons sutis produzidos por formigas e cupins movimentando-se dentro dos ninhos ou em fileiras sobre galhos e troncos.
Essa sensibilidade auditiva ajuda o animal a identificar a localização exata do ninho antes de usar suas garras longas e poderosas para romper a estrutura do formigueiro ou cupinzeiro. Além disso, ele pode evitar colônias vazias ou inativas, economizando energia e tempo durante a busca por alimento.
A língua longa e pegajosa do tamanduá-bandeira: sua arma secreta
Após localizar a colônia, o tamanduá-bandeira utiliza sua língua comprida, que pode atingir até 60 centímetros, para capturar os insetos. Coberta por uma substância pegajosa produzida pelas glândulas salivares, a língua funciona como um rodo que arrasta centenas de formigas ou cupins por segundo para dentro da boca do animal.
Com movimentos rápidos e repetitivos — cerca de 160 por minuto —, o tamanduá consegue consumir milhares de insetos em poucos minutos. Esse mecanismo de alimentação é extremamente eficiente, principalmente em ambientes onde há grande concentração de colônias.
Garras especializadas para romper ninhos
O tamanduá-bandeira não tem dentes, mas compensa essa ausência com um par de garras afiadas nas patas dianteiras. Com elas, ele abre ninhos duros de cupins ou escava formigueiros em troncos de árvores e no solo. Essas garras também servem para defesa, sendo capazes de causar sérios ferimentos a predadores.
O animal costuma usar apenas uma das patas dianteiras de cada vez para escavar, enquanto equilibra-se com as outras e com a cauda robusta, o que mostra um alto grau de adaptação motora.
Visão limitada, mas não inútil
Embora a visão do tamanduá-bandeira seja considerada fraca, ela não é completamente ineficaz. Ele consegue perceber movimentos amplos e distinguir áreas com mais ou menos luz, o que é útil para orientação geral no ambiente. A visão é usada principalmente para detectar grandes obstáculos ou predadores, mas não é o principal sentido durante a alimentação.
Comportamento estratégico e economia de energia
O tamanduá-bandeira também mostra um comportamento bastante inteligente ao alternar os locais de alimentação, evitando explorar repetidamente o mesmo ninho. Isso permite que as colônias se recuperem e garante fonte de alimento constante. Além disso, ele não destrói completamente os ninhos, mas apenas o suficiente para se alimentar, demonstrando uma interação equilibrada com o ecossistema.
Sua movimentação lenta e silenciosa evita alarme nas colônias, e sua postura de caminhada — com os dedos enrolados para proteger as garras — reduz o impacto no solo, tornando sua aproximação ainda mais furtiva.
O tamanduá-bandeira é um especialista do Cerrado e de outros biomas
Embora seja comumente associado ao Cerrado, o tamanduá-bandeira também pode ser encontrado em outras regiões da América do Sul, como o Pantanal, a Caatinga e partes da Amazônia. Sua capacidade de adaptação a diferentes tipos de vegetação e clima está diretamente ligada à sua estratégia alimentar baseada no olfato e na audição, que independe da visibilidade do ambiente.
Mesmo com visão limitada, o tamanduá-bandeira se mantém como um predador especializado e eficiente. Sua combinação de sentidos aguçados, anatomia adaptada e comportamento estratégico o transforma em uma peça fundamental do equilíbrio ecológico.
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