Poucos sons são tão familiares quanto o latido de um cachorro. Para muitos tutores, esse é o jeito mais claro que o animal encontra de se expressar. Mas quando os latidos se tornam excessivos, podem gerar dúvidas, incômodos e até problemas de convivência com vizinhos. O que pouca gente sabe é que, por trás de cada tipo de latido, existe uma mensagem. Aprender a interpretá-la é o primeiro passo para compreender melhor seu companheiro de quatro patas e reduzir o excesso de ruídos no dia a dia.

Por que os cachorros latem tanto
Os cães descendem de lobos, mas desenvolveram habilidades de comunicação próprias ao longo da domesticação. O latido, que é pouco usado entre lobos, tornou-se uma das principais ferramentas do cachorro para interagir com humanos e outros animais. Ele late para avisar, pedir, expressar alegria ou até demonstrar frustração.
O problema surge quando o tutor não entende esses sinais, o que pode levar a interpretações equivocadas. Em alguns casos, o excesso de latidos também é sintoma de tédio, ansiedade ou falta de estímulos adequados.
Latido de alerta
Um dos mais fáceis de reconhecer é o latido de alerta. Ele costuma ser forte, repetitivo e em tom grave. É a forma que o cachorro encontra de avisar que algo está acontecendo: a campainha tocou, um estranho se aproximou ou houve um barulho inesperado. Esse comportamento é instintivo e faz parte do papel de guardião que muitos cães assumem.
Embora natural, o excesso de latidos de alerta pode se tornar um problema em áreas urbanas. Nesse caso, é importante ensinar o animal a parar quando o tutor sinaliza que está tudo bem.
Latido de saudade ou ansiedade
Cães que ficam muito tempo sozinhos tendem a latir de forma aguda, contínua e até chorosa. Esse tipo de latido é típico de animais com ansiedade de separação. Eles sentem falta do tutor e não sabem lidar com o vazio deixado pela ausência.
Para reduzir esse comportamento, é essencial proporcionar enriquecimento ambiental: brinquedos interativos, petiscos escondidos pela casa e até a companhia de outro animal podem ajudar. Além disso, treinar o cachorro para lidar com momentos de solidão de forma gradual é uma estratégia eficaz.
Latido de excitação e alegria
Quando o tutor chega em casa, pega a guia para passear ou oferece um brinquedo, o cachorro pode soltar latidos curtos, rápidos e alegres. Esse é o latido da empolgação, geralmente acompanhado de abanar o rabo, pular e correr de um lado para o outro.
Esse tipo de comunicação é positivo, mas pode ser controlado se estiver muito intenso. Ensinar o cachorro a sentar e esperar calmamente antes de receber atenção é uma forma de equilibrar a alegria sem transformar o momento em um festival de barulho.
Latido de tédio
Cães que não gastam energia suficiente, física ou mental, tendem a latir simplesmente para se distrair. Esses latidos são espaçados, mas persistentes, e podem durar longos períodos. O tutor que não oferece caminhadas regulares, brinquedos e estímulos variados contribui para esse comportamento.
Nesses casos, a solução é aumentar a rotina de atividades. Caminhadas mais longas, treinos de obediência, jogos de busca e até sessões de socialização com outros cães ajudam a reduzir o excesso de latidos por tédio.
Latido de frustração ou pedido
Quando o cachorro quer algo — como comida, brinquedo ou atenção —, ele pode emitir latidos insistentes, geralmente olhando diretamente para o tutor. Esse comportamento pode ser reforçado involuntariamente quando o tutor cede ao pedido.
Para evitar que o latido vire uma “moeda de troca”, é importante recompensar apenas comportamentos tranquilos. Ignorar os latidos de pedido e oferecer o que o cachorro deseja quando ele estiver calmo é um treino simples, mas eficiente.
O papel do tutor na interpretação dos latidos
Entender o que cada tipo de latido significa é fundamental para agir de forma correta. Muitas vezes, o excesso não é apenas uma questão de comportamento, mas de comunicação falha. Se o tutor aprende a ouvir e responder adequadamente, o cachorro se sente compreendido e tende a diminuir a frequência de latidos.
Além disso, cada animal tem particularidades. Alguns cães são naturalmente mais “falantes”, como os das raças Beagle, Spitz Alemão e Schnauzer. Outros são mais silenciosos, mas podem latir bastante em situações específicas.
Como ajudar o cachorro a latir menos
Ofereça atividades físicas diárias: Caminhadas, corridas e brincadeiras ajudam a gastar energia acumulada.
Invista em brinquedos interativos: Eles estimulam o cérebro do cachorro e reduzem o tédio.
Treine comandos de silêncio: Ensinar o cachorro a parar de latir quando solicitado é possível com paciência e recompensas.
Crie uma rotina estável: Animais que sabem o que esperar do dia a dia tendem a ser mais tranquilos.
Evite broncas excessivas: Repreender sem entender o motivo do latido pode aumentar a ansiedade. Prefira treinar e redirecionar o comportamento.
Quando procurar ajuda profissional
Se o cachorro late demais e nada parece resolver, pode ser hora de buscar auxílio especializado. Adestradores, veterinários comportamentalistas e até consultas com profissionais de enriquecimento ambiental podem identificar causas específicas e sugerir soluções personalizadas.
Em alguns casos, o excesso de latidos pode estar ligado a problemas de saúde, como dores ou desconfortos. Por isso, descartar causas médicas é sempre o primeiro passo.
Um novo olhar sobre os latidos
No fim das contas, o latido é apenas uma linguagem. Quando o tutor aprende a interpretá-la, o convívio se torna mais harmonioso e o cachorro passa a ser visto não como um incômodo, mas como um ser que busca se expressar.
Cada latido é uma oportunidade de entender melhor o que o animal precisa. Seja alerta, pedido, alegria ou tédio, todos têm algo em comum: são convites para fortalecer o vínculo entre humano e cachorro.
Aprender a ouvir é a chave para transformar o excesso de barulho em diálogo — e para descobrir que, atrás de cada latido, existe sempre um recado de carinho, confiança e conexão.
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