Rios contaminados, comunidades desamparadas e um ecossistema em risco. Em Barcarena, Pará, a Hydro Alunorte, uma das maiores refinarias de alumina do mundo, tem deixado um rastro de destruição ambiental e descaso com a vida humana. Desde vazamentos tóxicos até práticas clandestinas, a empresa enfrenta acusações graves que expõem sua negligência. Mas como uma gigante industrial chegou a esse ponto? E o que isso significa para a Amazônia?
Vazamento de 2018: Um alerta ignorado
Em fevereiro de 2018, chuvas intensas em Barcarena revelaram a fragilidade das operações da Hydro Alunorte. Um vazamento de resíduos das bacias de beneficiamento de bauxita contaminou rios locais com metais pesados, como alumínio e chumbo, em níveis alarmantes. O incidente, confirmado pelo Instituto Evandro Chagas, causou danos ambientais devastadores, poluindo fontes de água e prejudicando a pesca, essencial para as comunidades locais.
Como resposta, o Ministério Público Federal (MPF/PA) e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) impuseram um embargo judicial, reduzindo a produção da Hydro a 50% de sua capacidade. Até hoje, a empresa opera sob essa restrição, sem receber novas licenças ambientais, conforme esclarecido pelo MPF em resposta a rumores na mídia local.
Práticas clandestinas: Lucro acima de tudo
As investigações de 2018 revelaram algo ainda mais grave: a Hydro Alunorte utilizava dutos clandestinos para descarregar efluentes não tratados diretamente em rios. Essa prática ilegal, admitida pela empresa após pressão das autoridades, demonstra um desrespeito flagrante às normas ambientais e à saúde das comunidades. Relatórios da Mongabay destacam que esses dutos agravaram a contaminação, colocando em risco a vida de milhares de pessoas.
O descaso não parou por aí. Mesmo após o vazamento, a Hydro tentou minimizar o incidente, negando inicialmente qualquer impacto significativo. Essa postura gerou indignação entre moradores e reforçou a percepção de que a empresa prioriza o lucro em detrimento do meio ambiente e da segurança pública.
Impactos humanos: Comunidades abandonadas
Os vazamentos da Hydro Alunorte não são apenas uma questão ambiental, mas uma tragédia humana. Comunidades ribeirinhas de Barcarena, muitas delas dependentes dos rios para sobrevivência, enfrentam a perda de suas fontes de água potável e pesca. A contaminação por metais pesados representa riscos de longo prazo à saúde, incluindo doenças graves. Como relatado pela World Rainforest Movement, famílias locais foram deixadas sem apoio adequado, enquanto a Hydro continuava suas operações.
Saiba mais- Goldman Sachs rebaixa ações da Norsk Hydro e reduz preço-alvo
Saiba mais- Vazamento de substâncias tóxicas é contido em refinaria da Hydro no Pará
Essa desigualdade ambiental evidencia um padrão: os lucros da mineração beneficiam a empresa, enquanto as comunidades arcam com os custos. A falta de transparência e a demora em adotar medidas corretivas só aprofundam a desconfiança dos moradores.
Respostas insuficientes: Medidas sob pressão
Após o embargo de 2018, a Hydro Alunorte anunciou investimentos em sustentabilidade, como melhorias no tratamento de água e revisões em suas bacias de resíduos. No entanto, essas ações são vistas como respostas reativas, implementadas apenas após multas e pressão pública. A empresa foi penalizada em R$ 20 milhões pelo Ibama, mas sua história de multas não pagas, como os R$ 17 milhões devidos desde 2009, sugere uma relutância em assumir plena responsabilidade, conforme apontado pela Mongabay.
Embora a Hydro prometa metas de redução de emissões e parcerias para reciclagem de resíduos, essas iniciativas não apagam o histórico de negligência. A confiança das comunidades e autoridades permanece abalada, especialmente enquanto o embargo de 50% da produção segue em vigor.
Um chamado à responsabilidade
O caso Hydro Alunorte é um alerta urgente sobre os perigos da mineração desenfreada na Amazônia. A negligência ambiental da empresa ameaça não apenas os ecossistemas, mas também o futuro das comunidades que dependem deles. A Amazônia, um dos últimos bastiões da biodiversidade global, não pode suportar mais desastres causados por práticas corporativas irresponsáveis.
Órgãos como o MPF e o Ibama continuam monitorando a Hydro, mas a pressão da sociedade civil é igualmente crucial. A história da Hydro Alunorte mostra que apenas a vigilância constante pode forçar mudanças reais.
Como você pode ajudar
Quer saber mais sobre o impacto da mineração na Amazônia ou apoiar a luta por justiça ambiental? Visite o Instituto Evandro Chagas para acessar relatórios técnicos ou acompanhe organizações que defendem a sustentabilidade na região. Sua voz pode fazer a diferença na proteção da Amazônia e de suas comunidades.
Você precisa fazer login para comentar.