O Governo Federal anunciou, nesta segunda-feira em Brasília, o lançamento do AgroAmigo nas regiões Norte e Centro-Oeste. O programa, que já impacta a agricultura familiar no Nordeste, passa a contar com um reforço de R$ 1 bilhão proveniente do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). O objetivo é claro: ampliar o alcance do microcrédito rural e oferecer condições de crescimento a milhares de agricultores de baixa renda.

A medida foi articulada pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, em resposta a uma determinação direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defende políticas públicas capazes de reduzir desigualdades sociais e regionais.
O crédito como instrumento de transformação
O AgroAmigo é mais do que um programa financeiro: é um passo estratégico para combater a pobreza, gerar renda e estimular a produção de alimentos em pequena escala. Destinado a agricultores familiares com renda anual de até R$ 50 mil, o programa se apresenta como alternativa para quem historicamente teve pouco acesso a crédito rural.
O financiamento pode ser aplicado em ações fundamentais para a sobrevivência e expansão da agricultura familiar, como a construção de reservatórios e armazéns, instalação de sistemas de irrigação, recuperação de pastagens, aquisição de matrizes e reprodutores, além da montagem de pequenas agroindústrias. Também inclui o custeio de insumos, como sementes, adubos e rações.
Com juros de apenas 0,5% ao ano e prazos de até três anos para pagamento, o programa prevê ainda bônus de adimplência de até 40%. Outro diferencial é que não exige garantias tradicionais: os recursos são pagos diretamente aos fornecedores dos insumos ou equipamentos, o que assegura a aplicação correta do crédit
O desenho do programa reconhece as especificidades e vulnerabilidades de diferentes perfis dentro da agricultura familiar. Mulheres podem acessar até R$ 15 mil; jovens, até R$ 8 mil; e homens, até R$ 12 mil. Dessa forma, uma mesma família pode somar até R$ 35 mil em crédito, desde que cada integrante esteja inscrito no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF).
Essa segmentação busca valorizar grupos historicamente menos favorecidos, incentivando a permanência de jovens no campo e fortalecendo o papel das mulheres na produção agrícola.

Um programa que já mostra resultados
Embora a expansão oficial para Norte e Centro-Oeste tenha sido anunciada agora, o AgroAmigo já vinha sendo testado desde dezembro de 2024. Nesse período até julho de 2025, foram assinados mais de 12,8 mil contratos, somando R$ 150,7 milhões em investimentos.
Estados como Pará, Acre e Amazonas concentram a maior parte dos contratos. Os números mostram a força da demanda reprimida e confirmam que há um vasto campo de oportunidades para o microcrédito rural nessas regiões.
Segundo Waldez Góes, o impacto social vai além do crédito. “É fundamental que a Amazônia e o Centro-Oeste vivenciem os efeitos positivos que o Nordeste já conhece. Esse tipo de financiamento integra as famílias ao processo de desenvolvimento do país”, afirmou o ministro.
O AgroAmigo, operacionalizado em parceria com a Caixa Econômica Federal, simboliza uma mudança de paradigma. Tradicionalmente, os fundos constitucionais de financiamento eram destinados a grandes projetos e empresas. Agora, parte significativa desses recursos é redirecionada a agricultores familiares — responsáveis por cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.
Mais do que liberar crédito, a iniciativa busca transformar vidas. Famílias que antes dependiam de atravessadores ou enfrentavam longas filas em bancos agora podem acessar financiamento simples, rápido e com juros simbólicos. O crédito vira ferramenta de inclusão social, econômica e produtiva.
Ao levar o AgroAmigo para Norte e Centro-Oeste, o governo não apenas amplia o alcance do programa, mas também fortalece a agricultura familiar como pilar estratégico de segurança alimentar e de combate à fome. Em um cenário de mudanças climáticas e desigualdades persistentes, iniciativas como essa se tornam centrais para o futuro do desenvolvimento sustentável no Brasil.
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