Brasília abre a Pré-COP30 e prepara o palco global para a Cúpula do Clima em Belém


Brasília se transforma, nestes dias 13 e 14 de outubro, em centro diplomático do planeta. A capital federal recebe a Pré-COP30, última grande etapa preparatória para a conferência do clima das Nações Unidas (ONU), que será sediada em novembro na cidade de Belém (PA).

Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Com a presença de cerca de 500 representantes de 50 países, o encontro é considerado estratégico para alinhar as posições políticas e técnicas que estarão em jogo durante a COP30, a mais importante cúpula ambiental do mundo.

O evento foi aberto oficialmente nesta segunda-feira (13), no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), com a participação do presidente em exercício Geraldo Alckmin, ministros de Estado, negociadores internacionais e lideranças ambientais.

Mais do que um encontro técnico, a Pré-COP é um termômetro político que antecipa o tom das negociações que ocorrerão em Belém. É nesse momento que se costuram alianças, se reduzem tensões e se desenham os compromissos que definirão o futuro da ação climática global.

O encontro que define o espírito da COP30

A série de debates em Brasília ocorre em um contexto decisivo. O mundo atravessa uma fase de tensão entre ambição e realidade: embora o Acordo de Paris estabeleça metas claras para limitar o aquecimento global, poucos países têm cumprido suas promessas de redução de emissões.

Durante a Pré-COP30, as discussões se concentram em quatro eixos centrais: financiamento climático, transição energética, adaptação às mudanças do clima e preservação da biodiversidade. Esses temas serão determinantes para orientar o rumo da conferência em Belém e avaliar se o mundo ainda está no caminho para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.

Um dos pontos mais sensíveis é o financiamento climático, ou seja, como garantir que países em desenvolvimento tenham recursos suficientes para investir em energias limpas e adaptação aos impactos da crise ambiental. Na pauta também estão mecanismos para acelerar a descarbonização das economias, fortalecer a cooperação científica e ampliar o papel dos bancos multilaterais no apoio à transição verde.

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Diplomacia em movimento: Brasil no centro do debate

O governo brasileiro atua nesta etapa como mediador e anfitrião, em sintonia com sua função de presidir a COP30. O país busca reforçar seu papel como articulador do diálogo entre Norte e Sul globais, aproximando economias avançadas e países emergentes em torno de soluções conjuntas.

A presença de Geraldo Alckmin na cerimônia de abertura simboliza o compromisso político do Brasil com uma agenda ambiental que une diplomacia, economia e desenvolvimento sustentável. O encontro conta ainda com a participação de ministros e representantes de países-chave, além de observadores das Nações Unidas e de organismos internacionais ligados ao clima e à energia.

A Pré-COP30 também serve como espaço de bastidores para avançar em negociações sobre as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — os compromissos que cada país apresenta à ONU para reduzir emissões e se adaptar aos impactos climáticos. Até o último dia 10 de outubro, 62 das 196 nações signatárias da Convenção do Clima haviam submetido suas novas metas.

Mas grandes emissores, como China e Índia, ainda não oficializaram seus planos, uma ausência que preocupa observadores internacionais e pode influenciar o ritmo das negociações em Belém.

De Brasília a Belém: a jornada até a COP30

A COP30, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro, será a primeira conferência climática sediada na Amazônia e presidida pelo Brasil. O evento é visto como uma oportunidade histórica para reposicionar o país como protagonista nas negociações ambientais globais e projetar um modelo de desenvolvimento baseado na bioeconomia e na justiça climática.

O sucesso da Pré-COP30 é essencial para garantir que as discussões em Belém avancem em direção a resultados concretos. Mais do que acordos técnicos, o que está em jogo é a capacidade coletiva de restaurar a confiança entre os países e de transformar compromissos diplomáticos em ação real.

Ao longo das duas décadas de história das conferências do clima, poucos momentos foram tão simbólicos: a Amazônia, antes tratada como cenário da crise, agora se apresenta como ponto de partida para uma nova política planetária, mais inclusiva, solidária e ancorada na cooperação entre os povos.