Belém (PA) — O Governo do Pará concluiu obras essenciais de drenagem profunda em quatro vias estratégicas do bairro do Marco, em Belém. As interseções entre as avenidas Dr. Freitas, Brigadeiro Protásio, Boulevard e Duque de Caxias ganharam melhorias estruturais que fazem parte dos legados da COP30, programada para novembro de 2025. As intervenções prometem reduzir alagamentos, melhorar a mobilidade urbana e fortalecer a infraestrutura contra eventos de chuva intensa.

Segundo o secretário de Obras Públicas do Pará, Ruy Cabral, as obras não apenas beneficiam quem reside naquela área, mas também quem transita por ela diariamente. “Diminuir os riscos de alagamentos, reduzir danos às vias e melhorar as condições de mobilidade urbana” são metas já visíveis no resultado do serviço.
Os trechos afetados envolvem áreas próximas ao Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) da Polícia Militar, à Vila COP30, ao Aeroporto Internacional de Belém, ao Parque da Cidade e ao Hangar — Centro de Convenções & Feiras da Amazônia. Esses locais compõem parte da malha logística para receber o evento climático, cuja demanda por infraestrutura funcional é grande.
Foram instalados mais de três quilômetros de tubulações de Polietileno de Alta Densidade (PEAD), material resistente à corrosão, que eleva a durabilidade do sistema de drenagem e aumenta a capacidade de vazão de águas pluviais. As redes novas foram integradas aos sistemas existentes, com construção de poços de visita (bueiros) e caixas de inspeção, o que facilita futuras manutenções e evita problemas como refluxo ou acúmulo de água.

Também foi feita a limpeza de bueiros e remoção de entulhos, medida preventiva essencial para evitar obstruções. Após a drenagem, foram aplicados 33.143 metros cúbicos de asfalto para recompor o pavimento das vias impactadas. As calçadas danificadas pelas escavações e obras também foram reconstruídas.
Para Idelbergue Rodrigues, trabalhador informal que circula pela área das obras, a mudança já apareceu: “Qualquer chuvinha já causava alagamento. Isso afetava nossas vendas, o trânsito. Agora ficou muito melhor”, afirma. O alívio é visível no cotidiano, especialmente em dias de chuva fraca, quando antes a água tomava ruas, impedindo passagem de pedestres, motos, veículos.
A ação mobilizou cerca de 150 trabalhadores diretos, atuando ao longo de aproximadamente dois quilômetros de vias, com técnicas específicas de escoramento nas escavações profundas para garantir a segurança entorno das estruturas já existentes. Esse trabalho estruturante insere-se em um conjunto mais amplo de obras que o estado tem realizado para adequar Belém aos impactos climáticos esperados, bem como para deixar uma cidade mais preparada no pós COP30.
Especialistas e autoridades têm destacado esses investimentos em drenagem, saneamento, macrodrenagem e mobilidade urbana como parte de um esforço maior. Belém vem recebendo obras estruturantes nas bacias do Tucunduba, Una, Murutucu e Tamandaré, além da reurbanização de canais em diversos bairros, beneficiando centenas de milhares de pessoas.
Esses projetos expõem uma estratégia clara de adaptação climática: em vez de esperar que enchentes e alagamentos comprometam vidas, bens e serviços, o estado investe em drenagem profunda e infraestrutura resistente. Entretanto, o desafio vai além da obra concluída. Manutenções regulares, operação eficiente dos sistemas de drenagem e comprometimento permanente das gestões públicas serão fundamentais para que esses benefícios se prolonguem.
Com a COP30 à vista, Belém aparece como um laboratório urbano de transformações: as ruas mais secas, o asfalto recém-posto, o tráfego que flui melhor em dias de chuva são sinais visíveis de mudança. Porém, esse legado só se sustenta se for incorporado à rotina da cidade — não apenas como preparação para um evento global, mas como parte de uma política pública contínua de infraestrutura, drenagem, mobilidade e resiliência climática.







































