O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a COP30, que ocorrerá em novembro de 2025 em Belém (PA), será “a COP da verdade”. A afirmação foi feita durante uma cerimônia com diplomatas nesta segunda-feira (20), e resume o tom que o governo brasileiro pretende imprimir à conferência: menos discursos, mais resultados.

Para Lula, o evento marca o momento de separar promessas de ação efetiva. O presidente desafiou os líderes mundiais a demonstrarem “a seriedade de seu compromisso com o planeta”, cobrando avanços concretos na redução das emissões globais de gases de efeito estufa e na implementação das metas previstas no Acordo de Paris, firmado em 2015.
A fala ocorre a menos de um mês do início da conferência, organizada sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e da Casa Civil da Presidência da República. A expectativa é reunir representantes de 196 países e celebrar dez anos do Acordo de Paris, um marco no esforço internacional para conter o aquecimento global.
O Brasil quer dar o exemplo
Durante o discurso, Lula reforçou que o Brasil foi o segundo país a apresentar sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) — documento que estabelece as metas nacionais de mitigação e adaptação climática. O compromisso brasileiro prevê reduzir entre 59% e 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 e eliminar o desmatamento ilegal no mesmo período.
Segundo o presidente, essa meta reflete não apenas a ambição climática do país, mas também um imperativo moral: “Quem tem a Amazônia precisa liderar pelo exemplo”, afirmou. Lula tem reiterado que a Amazônia deve ser vista não como um entrave ao desenvolvimento, mas como o centro de uma nova economia verde, capaz de gerar emprego, renda e inovação tecnológica sem destruir florestas.
O Acordo de Paris, firmado em 2015, exige que todos os países apresentem e atualizem periodicamente suas NDCs. O prazo para a entrega das metas climáticas encerrou-se em setembro, e, de acordo com o presidente, “muitos países ainda não apresentaram suas contribuições, o que demonstra falta de compromisso com a gravidade da crise climática”.

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A justiça climática no centro do debate
Lula destacou que a justiça climática deve ser um dos eixos centrais da COP30. A expressão, frequentemente citada por ele desde sua volta à presidência, sintetiza a ideia de que os países historicamente mais responsáveis pela poluição global precisam arcar com a maior parte dos custos da transição ecológica. Para o presidente, “não se pode tratar de forma igual os desiguais”.
O Brasil tem defendido que o financiamento climático — especialmente o apoio a países em desenvolvimento — deve ser prioridade nas negociações. O tema será discutido tanto na COP30 quanto na Pré-COP30, programada para ocorrer em Brasília nos dias 13 e 14 de outubro de 2025. O encontro preparatório buscará alinhar posições entre governos e avançar em acordos sobre as metas nacionais antes da conferência principal em Belém.
Belém, palco simbólico da transição
A escolha de Belém, capital paraense, como sede da COP30, tem um peso simbólico e político. Será a primeira vez que a conferência da ONU sobre clima ocorrerá em plena Amazônia, a maior floresta tropical do planeta e uma das regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas.
A realização do evento na região amazônica é vista pelo governo como uma oportunidade de mostrar que o Brasil está comprometido com uma transição justa, em que desenvolvimento e preservação caminhem juntos. Além disso, será uma chance de atrair investimentos para o bioma e valorizar o conhecimento tradicional de povos indígenas e comunidades locais.
A “COP da verdade”
Ao chamar a COP30 de “COP da verdade”, Lula busca imprimir um tom de cobrança e transparência às negociações. O presidente argumenta que, passados dez anos do Acordo de Paris, é hora de transformar promessas em resultados concretos. “Não é mais tempo de discursos bem-intencionados. É tempo de provar que os compromissos climáticos não são apenas retórica diplomática”, afirmou.
A fala reflete a tentativa do Brasil de se posicionar novamente como liderança global em meio ambiente, papel que o país já desempenhou em momentos históricos, como a Rio-92 e a COP21, em Paris. Agora, com o olhar do mundo voltado para Belém, Lula aposta que a conferência poderá redefinir o futuro da política climática mundial.







































