Nesta quinta-feira, durante os trabalhos da COP30, a Conferência volta sua atenção para as pessoas: saúde, educação, cultura, justiça, integridade da informação, direitos humanos, trabalhadores e o equilíbrio ético global. Adaptar-se a um clima que muda rapidamente implica mais do que reduzir emissões — significa proteger vidas, reforçar sistemas e enfrentar desigualdades.
Logo no início dos debates, assume destaque o lançamento do Plano de Ação de Belém para a Saúde (BHAP), promovido pelo Brasil em parceria com a World Health Organization (OMS). Esse plano marca um momento decisivo para colocar a saúde no centro da adaptação climática mundial: pretende fortalecer a vigilância de riscos, ampliar capacidades locais e impulsionar a inovação para proteger comunidades vulneráveis.
Em paralelo, a agenda da educação ganha visibilidade com a Mesa-Redonda Ministerial sobre Educação Verde, organizada pelo UNESCO e pelo governo brasileiro. A proposta é explorar como escolas, professores e sistemas de ensino preparam sociedades para viver em um mundo mais quente, tornando a adaptação um projeto coletivo de aprendizagem, conhecimento e justiça.
Esses dois eixos — saúde e educação — não são temas isolados: são âncoras de uma abordagem mais ampla que coloca o desenvolvimento humano, o saber e a equidade na linha de frente da adaptação climática. A mensagem é clara: se não fortalecermos vidas em salas de aula, clínicas e comunidades, a ação climática não será completa.
Outro ponto central do dia é o financiamento. A adaptação nos setores de saúde e educação requer recursos, cooperação internacional e investimentos alinhados aos sistemas resilientes. Bancos multilaterais, fundos climáticos e parceiros de desenvolvimento são convocados a realinhar seus fluxos para reforçar saúde, educação e a equidade no enfrentamento do clima.
A programação do dia dará visibilidade a uma série de painéis e eventos, começando cedo pela manhã. No segmento “Dia da Justiça, Clima e Direitos Humanos” serão realizadas sessões como o “Diálogo entre Magistrados sobre o Judiciário e a Justiça Climática” e “Juízes e Clima: Perspectivas do Sistema da ONU, Academia, Instituições Financeiras Multilaterais e ONGs Ambientais”. A expectativa é de que o poder judiciário — com representantes como a Supremo Tribunal Federal (STF) — participe ativamente no processo de responsabilização e implementação da futura Declaração de Belém dos Juízes sobre Mudança do Clima.
Local: Sala de Eventos Especiais 1 – São Francisco e Sala de Eventos Especiais 2 – Madeira. Horário: 9h00-19h00.
Logo após, das 9h00 às 12h00, haverá o evento de alto nível “Reunião Ministerial de Saúde e Clima: O Plano de Ação de Belém para a Adaptação do Setor de Saúde às Mudanças Climáticas”. Nesse espaço serão debatidas estratégias para preparar os sistemas de saúde à crescente incidência de riscos relacionados ao clima — ondas de calor, epidemias, insegurança alimentar e outros impactos que já se fazem sentir.
Local: Plenário 2 – Tocantins, Área E, Zona Azul.

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Às 12h30, o foco muda para a contabilidade de carbono: a ISO e o GHG Protocol apresentarão juntos áreas prioritárias para cooperação internacional, com o objetivo de aprimorar sistemas de contabilidade de carbono e garantir comparabilidade e interoperabilidade.
Local: Sala de Ação 6, Áreas Temáticas da Agenda de Ação.
Na parte da tarde, às 15h00, acontece a mesa-redonda sobre “Arquitetura Tropical: Do Patrimônio à Ação”. Trata-se de repensar construções e edifícios em clima tropical — o setor de edificações pode responder por até 42 % das emissões globais de CO₂ — e explorar como o design tropical, baseado na Modernismo Tropical, pode gerar comunidades de baixo carbono e sensíveis ao clima. Participam arquitetos como Marcelo Joulia, Marcelo Rosenbaum, Natalia Figueredo e David Fontcuberta, com moderação de Paula Szejnfeld Sirkis.
Local: AquaPraça. Horário: 15h00-16h00.
Simultaneamente das 15h00 às 18h00, a Presidência da COP30, a United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) e a ACE – Action for Climate Empowerment promovem o evento “Empoderando uma Sociedade Informada e Engajada para uma Ação Climática Eficaz”. Sob o Programa de Trabalho de Glasgow e dentro do tema da integridade da informação, o diálogo reunirá governos, juventude, educadores, comunicadores e sociedade civil para explorar como garantir que a ação climática se apoie em uma informação confiável e acessível.
Local: Plenário Tocantins.
Das 15h30 às 18h30 realiza-se a Mesa-Redonda Ministerial de Alto Nível sobre Educação Verde da COP30, organizada pelo Ministério da Educação do Brasil em cooperação com a UNESCO. A discussão gira em torno de como a educação — desde currículo até avaliações e alfabetização climática — pode ser mobilizada como ferramenta de adaptação e transformação.
Local: Plenário 2 – Tocantins, Área E, Zona Azul.
Às 17h30 começa o painel “Integridade da Informação e Ação Climática no Brasil: Sinergias entre Governo e Sociedade Civil”. Este evento marca o lançamento de ferramentas e resultados de uma rede temática dedicada à integridade da informação sobre mudanças climáticas — envolvendo o Rede Pela Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas (RPIIC) e ministerialmente coordenado pelos ministérios brasileiros. O objetivo é colocar a transparência, a participação e a qualidade da informação como pré-condições para uma ação climática legítima e eficaz.
Local: Pavilhão do Brasil na Zona Verde, Sala Jandair. Horário: 17h30-18h30.
Ei, às 18h00, segue o “Diálogo Climático de Belém com Povos Indígenas”, organizado pela Presidência da COP30 e pela UNFCCC. Representantes indígenas das sete Regiões Socioculturais da ONU terão breves intervenções, seguidas por moderação conjunta com a Presidência da COP30 e a Secretaria Executiva da UNFCCC. A meta é fortalecer a incorporação dos conhecimentos, valores e prioridades indígenas no esforço climático global.
Local: Sala de Reuniões 17, Área E. Horário: 18h00-19h00.
Em síntese, o quarto dia da COP30 reafirma que adaptação climática não é apenas técnica ou ambiental — é humana. É garantir que a saúde dos povos seja preservada, que a educação abra caminhos para sociedades resilientes, que a justiça e os direitos humanos avancem lado a lado com a ciência e que a informação, os trabalhadores e a cultura recebam a atenção que merecem. Neste dia, a COP30 conecta o urbano e o local, o sistema e a comunidade, o saber e a ação — com um claro compromisso: “Ninguém será deixado para trás”.











































