Do plantio à produção do chocolate: Estudos do Instituto Tecnológico Vale buscam contribuir com a melhoria da cadeia produtiva do fruto no Pará
O Brasil é um dos maiores produtores de cacau (Theobroma cacao) e dos mais importantes mercados consumidores de chocolate em todo o mundo. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), o país produziu 805 mil toneladas de chocolate em 2023, o que corresponde a um aumento de 6% na produção, se comparado com o ano anterior.
Com o Dia Nacional do Cacau, comemorado neste mês de março e a proximidade da Páscoa, com os altos volumes de vendas e de consumo de chocolate registrados nesse período do ano, o cacau brasileiro é sempre lembrado e reconhecido pela sua qualidade, história e, mais recentemente, pelas formas ambientalmente responsáveis de cultivo que, na região Norte, buscam preservar a Amazônia.
No Instituto Tecnológico Vale – Desenvolvimento Sustentável (ITV-DS), estudos são desenvolvidos para promover melhorias na produção desse fruto e, consequentemente, poder contribuir com a qualidade do chocolate fabricado no Pará. Dando ênfase aos sistemas agroflorestais, que são junções de plantios de diferentes espécies, as pesquisas nasceram a partir da percepção de que ainda existem lacunas de conhecimento sobre a cadeia produtiva do cacau. Uma delas está relacionada aos processos de polinização do fruto, que envolvem insetos ainda pouco conhecidos e valorizados.
Bactérias e leveduras podem melhorar aroma e sabor do chocolate
Outra contribuição invisível da natureza na cadeia do cacau e que também ainda é pouco estudada é a fermentação das sementes, feita por bactérias e leveduras, durante a produção do chocolate. Por meio desse processo, esses microrganismos contribuem para que o aroma e o sabor do chocolate surjam e se consolidem, sendo uma importante etapa que está interligada e favorece toda a cadeia de produção.
O pesquisador Rafael Valadares explica como são feitas as pesquisas no ITV-DS sobre esse processo tão importante. “Os estudos sobre a fermentação do cacau são conduzidos há aproximadamente três anos. Até o momento, identificamos uma variedade de micro-organismos envolvidos no processo de fermentação do cacau, incluindo bactérias como Saccharomyces, Torulospora, Weissella, Lactobacillus e Acetobacter, entre outros. Estamos explorando a possível contribuição dessas espécies para a qualidade e rendimento do cacau produzido no estado. Cruzamos os dados com o da produção de compostos voláteis para tentar descobrir quais bactérias são responsáveis por aromas de interesse e em quais condições elas ocorrem. Nossos próximos passos incluem aprofundar a compreensão sobre a interação entre os microrganismos e as características finais do cacau fermentado, explorando estratégias para otimizar o processo e melhorar a qualidade do produto final”, diz o estudioso.
Cartilha educativa leva informação aos produtores rurais
Mas não é só dentro dos laboratórios do ITV-DS que a Vale dá suas contribuições para a produção do cacau. Investindo no desenvolvimento socioeconômico das localidades onde atua e aliando a sustentabilidade ao fomento à economia local e regional, a empresa desenvolve projetos e materiais que levam às comunidades oportunidades de desenvolvimento a partir do incremento ao potencial de cada região.
Um exemplo disso foi a elaboração da cartilha “O negócio da Cacauicultura – guia para o produtor rural”, criada pelo ITV, em parceria com o Fundo Vale, para auxiliar e apontar caminhos na melhoria e no aperfeiçoamento da produção do fruto no Pará e no Brasil. A difusão desse conhecimento foi realizada durante a participação do ITV-DS em eventos técnicos e científicos ocorridos em todo o Brasil no ano de 2023.
O material apresenta ao agricultor mecanismos que vão auxiliar na gestão da lavoura cacaueira e mostra, por meio de incrementos na cadeia de valor, o potencial da produção. “Criamos esse material pensando em levar ao agricultor, de maneira bastante didática e acessível, além dos assuntos pertinentes à própria cadeia de valor – que já agregou conhecimento às demais cartilhas desse gênero -, as noções e ferramentas de gerenciamento administrativo do negócio em si, como ferramentas de estratégia e controle financeiro, dentre outros materiais complementares. O objetivo é oferecer ao produtor ferramentas para que ele tenha uma visão ainda mais robusta do negócio e do impacto que pode causar no desenvolvimento do seu município e em seu território de influência”, comenta Rosa Paes, pesquisadora da área de sociobioeconomia do ITV-DS. A cartilha está disponível gratuitamente para download em https://www.itv.org/wp-content/uploads/2023/05/ITV_CARTILHA_CACAU_VERSAO_DIGITAL_2P.pdf
Sobre o ITV-DS
Inaugurado há 14 anos, o Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável, instituição sem fins lucrativos mantida pela Vale, atua como centro de pesquisa multidisciplinar com foco na geração de conhecimento e valor para a Vale e a Amazônia. O ITV-DS busca contribuir com o Pará e o Brasil no desenvolvimento de soluções tecnológicas e científicas para os desafios da cadeia da mineração e da sustentabilidade para as futuras gerações.
Sua atuação é focada em uma postura ativa e inovadora em pesquisa e educação, abrangendo diversas áreas estratégicas. Biodiversidade, serviços ambientais, recursos hídricos, socioeconomia, genômica ambiental, reflorestamento com espécies nativas, recuperação de áreas degradadas, ocupação e uso da terra, mudanças climáticas são apenas alguns dos campos em que o ITV-DS direciona seus esforços.
Hoje, o ITV-DS conta 41 pesquisadores e 139 bolsistas. Atuando desde 2009, o Instituto Tecnológico Vale já investiu R$ 894 milhões em pesquisa, que resultaram no apoio a 225 projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e na publicação de 1.800 documentos científicos.
Ao aliar excelência científica, colaboração interdisciplinar e comprometimento com a sustentabilidade, o Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável desempenha um papel fundamental na promoção do desenvolvimento sustentável da Amazônia e de outras áreas de relevância biológica e socioeconômica. Por meio de iniciativas inovadoras e de alto impacto, o ITV-DS objetiva impulsionar a busca por soluções transformadoras que beneficiem tanto as comunidades locais quanto o meio ambiente, deixando um legado duradouro na região. Para saber mais sobre o ITV-DS, acesse: www.itv.org