Quem já conviveu com um Beagle sabe: essa raça tem o faro como sua maior marca registrada. É impossível dar um passeio sem que ele pare a cada esquina para investigar cheiros invisíveis para nós. Esse comportamento, que muitas vezes é visto como teimosia, pode se transformar em uma ferramenta poderosa de treino, capaz de estimular corpo e mente do cachorro de forma divertida. Aproveitar essa habilidade natural é uma das chaves para tornar a convivência com o Beagle mais leve e, de quebra, fortalecer o vínculo com o tutor.

Beagle e o faro como principal característica
Originário da Inglaterra, o Beagle foi criado para caçar em matilhas, acompanhando caçadores durante longos percursos. Sua missão era simples: seguir rastros e localizar presas. Essa função moldou a genética da raça e explica por que até hoje o faro apurado é um traço tão marcante.
Estudos indicam que o olfato de um cão pode ser até 40 vezes mais potente que o de um humano. No caso do Beagle, esse número se traduz em uma curiosidade sem fim. É por isso que eles parecem “cabeça baixa” durante os passeios: cada cheiro é uma história sendo lida em tempo real.
Transformando o faro em brincadeira
Em vez de tentar reprimir esse instinto, uma das melhores formas de treinar o Beagle é usá-lo a seu favor. O olfato pode ser estimulado em atividades lúdicas, que ajudam a gastar energia e ensinam obediência de forma prazerosa.
Uma das técnicas mais simples é o “caça-petisco”. Basta espalhar pequenas recompensas pela casa ou pelo quintal e incentivar o cachorro a encontrá-las. Esse jogo pode ser adaptado em diferentes níveis de dificuldade: no começo, os petiscos ficam visíveis; depois, são escondidos em cantinhos ou até dentro de brinquedos interativos.
Treinos de obediência com faro
Outra forma de usar o faro é durante os comandos básicos. Ao invés de simplesmente pedir “senta” ou “fica”, o tutor pode associar o comportamento a uma recompensa olfativa. Por exemplo: peça para o Beagle esperar enquanto esconde um brinquedo com cheiro familiar. Só depois de obedecer ao comando ele poderá procurar o objeto.
Esse tipo de treino estimula disciplina, mas sem anular a essência exploradora do animal. Pelo contrário: transforma a obediência em algo natural, sempre associado à diversão.
Passeios mais proveitosos
Os passeios são a hora do Beagle se realizar. Em vez de ficar puxando a guia e tentando apressar o cachorro, uma ideia é incorporar paradas planejadas para “sessões de faro”. Escolha áreas seguras, como praças ou parques, e permita que ele explore por alguns minutos antes de retomar a caminhada.
Esse equilíbrio entre caminhar e farejar torna o passeio mais produtivo. O cão volta para casa não apenas cansado fisicamente, mas também satisfeito mentalmente, o que reduz comportamentos indesejados, como destruição de objetos ou latidos excessivos.
Benefícios do treino olfativo
Usar o faro como ferramenta de treino traz uma série de vantagens. Entre elas:
Controle da ansiedade: o Beagle, por ser muito ativo, pode se tornar ansioso quando não gasta energia. Atividades de faro ajudam a aliviar essa tensão.
Estimulação cognitiva: procurar por cheiros exige concentração e estratégia, exercitando a mente do cão.
Fortalecimento do vínculo: as brincadeiras reforçam a confiança e a parceria entre tutor e animal.
Prevenção de problemas de comportamento: um Beagle bem estimulado tende a ser mais calmo e menos destrutivo.
Quando o faro atrapalha
Apesar de ser uma característica incrível, o faro também pode gerar desafios. Muitos tutores se frustram porque o Beagle simplesmente ignora comandos quando encontra um cheiro interessante. Isso é natural e deve ser trabalhado com paciência.
O segredo é não competir com o faro, mas usá-lo a favor do treino. Recompensas olfativas, brinquedos recheáveis e atividades de busca são alternativas para manter o interesse do cão no tutor, mesmo diante de distrações.
A vida mais leve ao lado de um Beagle
Treinar um Beagle pode ser um desafio para quem espera obediência imediata. Essa não é uma raça que “segue ordens” sem questionar. Mas quando entendemos que o faro é parte essencial da sua identidade, a relação muda.
O segredo está em transformar o instinto natural em jogos, rotinas de treino e passeios enriquecedores. O tutor ganha um cão mais equilibrado e feliz, enquanto o Beagle se realiza como explorador nato. É um caminho de paciência, mas também de muitas recompensas — e não apenas para o cão, mas para toda a família.
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