Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong estão desenvolvendo um sistema de refrigeração inovador que promete transformar a climatização de ambientes. Em vez de usar gases poluentes, como os hidrofluorocarbonetos (HFCs), a tecnologia se baseia em ligas metálicas que trocam calor por meio de deformações mecânicas, um processo conhecido como refrigeração elastocalórica.
Como funciona a refrigeração sem gases
O princípio do sistema é simples, porém altamente eficiente: ao serem comprimidas, certas ligas metálicas liberam calor; quando retornam à forma original, absorvem calor do ambiente. Esse ciclo térmico permite o resfriamento sem o uso de fluidos refrigerantes, eliminando a necessidade dos compressores convencionais presentes nos aparelhos de ar-condicionado atuais.
Avanço sobre um conceito antigo
Embora o conceito de refrigeração elastocalórica exista desde a década de 1980, apenas recentemente os avanços na engenharia de materiais permitiram torná-lo mais viável. A equipe de Hong Kong aprimorou o desempenho energético da tecnologia, alcançando até 48% mais eficiência em comparação com os sistemas tradicionais.
Eficiência com menor impacto ambiental
O desempenho superior se deve à redução das perdas térmicas e à ausência dos ciclos de compressão e expansão de gases. Além disso, a ausência de HFCs torna o sistema muito mais amigável ao meio ambiente, contribuindo com os objetivos de descarbonização do setor de climatização, responsável por uma parcela significativa do consumo global de energia elétrica.
Aplicações versáteis e sustentáveis
Os cientistas acreditam que a nova tecnologia poderá ser usada em diversas áreas, incluindo climatização residencial, ambientes industriais e veículos elétricos. A menor demanda energética e a ausência de substâncias tóxicas tornam o sistema promissor para a mobilidade sustentável e para regiões com restrições ambientais severas.
Desafios técnicos ainda em debate
Apesar do otimismo, o sistema ainda está em fase de testes laboratoriais. A viabilidade comercial depende da superação de obstáculos como a durabilidade dos materiais, os custos de produção e a integração com sistemas de ventilação já existentes. Adaptações na infraestrutura dos edifícios e no design dos aparelhos também serão necessárias.
Colaboração e testes em diferentes cenários
A universidade está realizando testes em parceria com outras instituições chinesas para validar o protótipo em diferentes condições climáticas. Os estudos buscam avaliar o comportamento das ligas metálicas sob variações de temperatura e umidade, além da performance durante longos períodos de operação contínua.
Um passo rumo à climatização sustentável
A refrigeração elastocalórica integra uma nova geração de tecnologias sustentáveis, ao lado de sistemas magnéticos e termoacústicos. Essa inovação surge em resposta à crescente demanda por refrigeração nos centros urbanos e ao impacto ambiental dos sistemas convencionais. Se for bem-sucedida, pode representar uma revolução silenciosa, mas essencial, na forma como resfriamos o mundo.
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