Exame vai auxiliar no rastreamento do câncer do colo do útero; contribuições podem ser feitas até o dia 17 de janeiro

O câncer do colo do útero é um dos mais comuns e letais entre as mulheres brasileiras, sendo responsável por cerca de 8 mil mortes por ano no país. A principal causa dessa doença é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), um vírus que pode ser transmitido por contato sexual e que pode provocar lesões precursoras do câncer.

Para prevenir e tratar esse tipo de câncer, é essencial que as mulheres realizem periodicamente o exame de rastreamento, que consiste na coleta de células do colo do útero para análise em laboratório. O método mais utilizado atualmente é o papanicolau, que detecta as alterações celulares causadas pelo HPV.

No entanto, o papanicolau tem algumas limitações, como a baixa sensibilidade, a dependência da qualidade da amostra e a subjetividade na interpretação dos resultados. Por isso, muitas mulheres podem ter resultados falso-negativos, ou seja, não serem diagnosticadas com o HPV mesmo estando infectadas, e correrem o risco de desenvolver o câncer.

Uma alternativa mais eficaz e precisa é o teste molecular, que identifica diretamente o DNA do HPV na amostra coletada. Esse teste tem uma sensibilidade superior a 90%, o que significa que ele consegue detectar quase todos os casos de infecção pelo HPV. Além disso, o teste molecular é mais rápido, mais padronizado e menos propenso a erros humanos.

O teste molecular já é utilizado em vários países desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, Austrália e países da Europa, como parte do programa de rastreamento do câncer do colo do útero. Os estudos mostram que esse teste reduz significativamente a incidência e a mortalidade pela doença, pois permite o diagnóstico precoce e o tratamento adequado das lesões causadas pelo HPV.

No Brasil, o teste molecular ainda não faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS), mas isso pode mudar em breve. O Ministério da Saúde, por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), emitiu um parecer preliminar favorável à incorporação do teste molecular como meio de detecção do HPV para rastreamento do câncer do colo do útero no SUS.

A Conitec considerou que o teste molecular é mais custo-efetivo do que o papanicolau, pois permite um intervalo maior entre os exames, reduz a necessidade de repetições e diminui os custos com o tratamento do câncer. A Conitec também avaliou que o teste molecular tem um impacto positivo na qualidade de vida das mulheres, pois aumenta a confiança no resultado, diminui a ansiedade e facilita o acesso ao serviço de saúde.

Para que o teste molecular seja incorporado ao SUS, é necessário que a sociedade civil participe da consulta pública aberta pelo Ministério da Saúde até o dia 17 de janeiro de 2024. A consulta pública é uma forma de garantir a transparência e a participação social no processo de decisão sobre a incorporação de novas tecnologias no SUS. Qualquer pessoa pode acessar a plataforma Participa + Brasil e enviar sua opinião, sugestão ou crítica sobre o teste molecular para HPV.

A incorporação do teste molecular para HPV no SUS pode representar um avanço histórico na prevenção e no controle do câncer do colo do útero no Brasil, beneficiando milhões de mulheres que dependem do sistema público de saúde. Essa é uma oportunidade única de salvar vidas e promover a saúde da população feminina.