Veja 3 motivos urgentes para proteger o tatu-galinha antes que ele “suma do mapa”

Autor: Redação Revista Amazônia

Pouca gente nota sua presença, mas o tatu-galinha está entre os grandes heróis anônimos dos ecossistemas brasileiros. Apesar do nome curioso e da aparência modesta, esse pequeno mamífero é um engenheiro natural dos solos e desempenha um papel fundamental na saúde das florestas. Porém, silenciosamente, ele está desaparecendo — vítima do desmatamento, da caça e da negligência. Se nada for feito, o Brasil pode perder mais do que uma espécie: pode perder um aliado invisível da vida.

A importância ecológica do tatu-galinha

O tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), também conhecido como tatu-de-nove-bandas, é um dos tatus mais comuns das Américas. Mas essa “comumidade” é ilusória. Apesar de sua ampla distribuição geográfica, a espécie vem sofrendo com a fragmentação de habitat, atropelamentos e a caça ilegal em várias regiões do Brasil.

Esses pequenos escavadores são verdadeiros jardineiros da natureza. Suas tocas servem de abrigo para dezenas de outras espécies, desde serpentes até pequenos roedores e insetos. Além disso, sua alimentação baseada em insetos e larvas ajuda a controlar populações de pragas naturalmente.

Proteger o tatu-galinha é, portanto, preservar uma cadeia de vida muito mais ampla — algo que ainda passa despercebido para a maioria das pessoas.

1. Engenheiro do solo que promove biodiversidade

O primeiro grande motivo para proteger o tatu-galinha está debaixo da terra. Ao cavar suas tocas, ele modifica fisicamente o ambiente subterrâneo, criando micro-habitats usados por outras espécies. Um único buraco pode abrigar mais de 80 tipos de organismos diferentes.

Essas tocas ainda ajudam no escoamento da água da chuva, diminuindo a erosão e auxiliando no equilíbrio hídrico dos solos. Em áreas degradadas, elas funcionam como núcleos de regeneração ecológica, favorecendo o crescimento de plantas nativas.

Ou seja, onde há tatu-galinha, há solo fértil e diversidade biológica florescendo.

2. Indicador ambiental que sinaliza desequilíbrio

O desaparecimento do tatu-galinha de determinadas regiões deve ser encarado como um alerta vermelho. A presença dele é sinal de que o ambiente ainda está funcional. Quando essa espécie desaparece, normalmente há por trás um histórico de devastação: perda de floresta, uso excessivo de agrotóxicos, ou poluição do solo e da água.

Além disso, o tatu-galinha tem hábitos noturnos e discretos, o que o torna um excelente bioindicador. Em pesquisas de campo, sua ausência serve de termômetro ecológico. Não por acaso, estudos mostram que em muitas regiões da Amazônia e do Cerrado, os avistamentos desse animal caíram drasticamente nos últimos anos.

Salvar o tatu-galinha é, portanto, sinalizar que ainda é possível reverter o colapso ambiental em curso.

3. Proteger o tatu-galinha é proteger nossa própria saúde

Outro ponto urgente envolve um aspecto pouco discutido: a relação entre os tatus e a saúde pública. Embora o tatu-galinha já tenha sido injustamente estigmatizado por sua associação com a hanseníase, a verdade é que o maior risco não está no animal em si, mas no desequilíbrio ambiental provocado pelo ser humano.

Quando destruímos os habitats naturais, encurtamos a distância entre humanos e espécies silvestres, o que aumenta a probabilidade de zoonoses — doenças transmitidas de animais para pessoas. Manter o tatu-galinha em seu ambiente natural, com equilíbrio e espaço, é uma forma de evitar esse tipo de risco.

Além disso, o controle natural de insetos realizado por ele é um aliado silencioso no combate a pragas agrícolas e vetores de doenças, como mosquitos transmissores de dengue e febre amarela.

O que pode ser feito na prática

A boa notícia é que ainda há tempo para agir. A criação de corredores ecológicos, a fiscalização da caça ilegal e a educação ambiental nas comunidades rurais são medidas urgentes e viáveis. Além disso, iniciativas de ciência cidadã que envolvam observação de fauna e monitoramento voluntário podem ajudar a mapear as áreas onde a espécie ainda sobrevive.

Outras ações importantes incluem:

  • Incentivar a proteção de nascentes e matas ciliares, onde o tatu costuma se abrigar;

  • Promover a restauração de áreas degradadas com espécies nativas;

  • Inserir o tatu-galinha em campanhas de educação ambiental, destacando seu papel ecológico.

Mais do que proteger um animal, é sobre garantir o funcionamento saudável dos ecossistemas que sustentam a vida no planeta.

Um símbolo discreto de resistência

Proteger o tatu-galinha é escolher enxergar além da superfície. É valorizar um animal que, apesar de não ter a imponência de um felino ou o carisma de um primata, carrega consigo a sabedoria silenciosa dos que constroem, escavam, equilibram e regeneram.

É preciso resgatar o encantamento com o que é simples, mas essencial. E, talvez, aprender com ele: seguir cavando, mesmo quando o mundo parece alheio ao nosso esforço.

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