Produtos da Amazônia ganham rota direta para a China pelo Porto de Santana


O Porto de Santana, no Amapá, passou a integrar uma nova rota marítima que conecta diretamente a Amazônia à região da Grande Baía, na China. A primeira viagem já está em andamento, segundo o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), que enviou uma comitiva à cidade chinesa de Zhuhai para acompanhar as negociações. A iniciativa promete reduzir em até 30 dias o tempo de transporte de mercadorias, diminuir custos logísticos e ampliar a presença de produtos brasileiros no mercado asiático.

Companhia Docas de Santana por: Ronny Miranda

O acordo nasceu a partir do diálogo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, que intensificou as relações comerciais entre Brasil e China. Com isso, o Porto de Gaolan, em operação há duas décadas, abriu neste ano a nova conexão com Santana e também com Salvador, consolidando os dois portos como hubs estratégicos para o escoamento de grãos, minério, carne bovina, celulose e outros produtos.

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Porto Zhuhai – Agência Pará

De acordo com o CEO da empresa Zhuhai Sino-Lac Amazônia, Marcius Nei Santos, o primeiro navio partiu de Zhuhai e deve atracar no Amapá ainda em agosto, enquanto um segundo embarque está previsto para setembro. A expectativa é que, com a nova rota, a viagem entre Santana e a China leve de 30 a 35 dias — um tempo muito inferior aos atuais 90 a 180 dias gastos pelos portos do Arco Norte.

A delegação brasileira também conheceu a infraestrutura da plataforma comercial em Zhuhai, equipada com armazéns refrigerados, áreas para congelados, carga seca e dois prédios exclusivos para o Brasil, com capacidade para receber até 150 empresas interessadas em atuar diretamente no mercado chinês. O ministro Waldez Góes destacou que a parceria com a Província de Guangdong abre caminho para diversificar exportações, fortalecer a bioeconomia e estimular o desenvolvimento regional.

Para o professor Tiago Luedy, pesquisador da Universidade Federal do Amapá (Unifap), a rota representa uma oportunidade inédita para o estado. Segundo ele, o corredor logístico deve impulsionar a exportação de produtos locais e colocar o Amapá em posição de destaque no comércio internacional. “Inicialmente, a operação começa com um navio a cada dois meses, mas a frequência pode aumentar conforme a demanda. Além disso, a redução do tempo de viagem pode gerar uma economia de cerca de 30% nos custos”, avalia.

A nova conexão marítima surge em um contexto de reconfiguração do comércio global, marcado por tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e chineses, o que torna a aproximação entre a Ásia e a América do Sul ainda mais estratégica.

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