A Luta Nacional Contra a Poluição Atmosférica

Autor: Redação Revista Amazônia

Por exemplo, em São Carlos, uma cidade no interior do estado de São Paulo, a poluição atmosférica tem sido uma preocupação crescente. Um estudo recente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) revelou que 35 mortes prematuras a cada 100 mil habitantes poderiam ser evitadas todos os anos se as emissões de material particulado na atmosfera fossem adequadas às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso equivale a um total de 90 mortes anuais.

A Origem da Poluição

A qualidade do ar é determinada pela quantidade de poluentes presentes na atmosfera. Entre eles estão o monóxido de carbono, dióxido de enxofre, ozônio, compostos orgânicos voláteis e os materiais particulados. Estes últimos são gotículas (exceto a água pura) ou partículas sólidas em suspensão no ar, como fumaça de incêndios florestais e agrícolas e poeira proveniente de caldeiras, fábricas e veículos.

O estudo da UFSCar identificou a queima de biomassa como uma das principais fontes de partículas lançadas na atmosfera na região. Embora a queima da palha de cana-de-açúcar para facilitar a colheita manual já tenha sido proibida no Estado de São Paulo devido ao seu impacto na poluição atmosférica, a incineração de biomassa, que inclui a cana e outras substâncias de origem vegetal ou animal, não foi. Além disso, a queima da cana não foi proibida em outros estados.

O Impacto na Saúde

As consequências da alta concentração de poluentes no ar para a saúde são conhecidas de quem vive nas grandes cidades: ressecamento das mucosas e da pele, irritações nos olhos e no nariz, uma série de complicações respiratórias e, no longo prazo, até mesmo morte por doenças crônicas.

Os pesquisadores da UFSCar usaram ferramentas estatísticas e caracterização química de amostras em laboratório para determinar que, na cidade de São Carlos, tradicional produtora de cana-de-açúcar, a queima de biomassa representa 27% do material particulado atmosférico. Outras fontes são a ressuspensão do solo (28%) e as emissões veiculares associadas a aerossóis secundários, ou seja, partículas formadas na atmosfera a partir de gases ou outras partículas (18%).

A Necessidade de Mudança

“É importante lembrar que os valores de material particulado determinados não excederam os limites estabelecidos pela legislação estadual ou brasileira, mas ultrapassaram, sim, as recomendações mais atuais da OMS”, afirma Roberta Cerasi Urban, professora do Departamento de Química da UFSCar e coordenadora do estudo.

Se as emissões fossem reduzidas ao nível recomendado pela OMS, aproximadamente 35 mortes prematuras para cada 100 mil habitantes da cidade poderiam ser evitadas anualmente. Isso mostra a importância de políticas públicas eficazes para combater a poluição atmosférica e proteger a saúde da população.

Durante as análises, os cientistas envolvidos no projeto encontraram ainda uma surpresa entre os materiais lançados ao ar: compostos químicos provenientes de fungos (arabitol e manitol, álcoois de açúcar utilizados como reserva de energia por fungos e, portanto, considerados biomarcadores da presença de esporos de fungos no material particulado) em quantidades consideráveis, o que também pode causar impactos na qualidade do ar e na saúde da população. Os pesquisadores ainda não determinaram as espécies de fungos, porém, sabe-se que eles podem ser emitidos durante a queima de biomassa e a erosão do solo, entre outros.

A luta contra a poluição atmosférica em São Carlos é um exemplo da necessidade de ações concretas para proteger a saúde pública e o meio ambiente. A esperança é que estudos como este possam informar políticas públicas eficazes e promover mudanças positivas.


Edição atual da Revista Amazônia

Assine nossa newsletter diária