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Brasileiros estão multiplicando o lírio-do-amazonas com 6 truques caseiros e enchendo vasos de flores sem gastar nada

Você já reparou como o lírio-do-amazonas, com suas flores brancas elegantes e folhas largas de verde intenso, chama atenção até mesmo em ambientes simples? Não é à toa que essa planta tropical tem ganhado cada vez mais espaço nos lares brasileiros. O que poucos sabem é que o lírio-do-amazonas pode ser multiplicado de forma caseira, sem gastar quase nada, garantindo vasos sempre cheios e floridos. Donos de casa e jardineiros amadores estão descobrindo seis truques simples para fazer a planta se reproduzir com rapidez, mantendo o charme e a força dessa espécie.

Lírio-do-amazonas: o segredo da multiplicação natural

O lírio-do-amazonas, também conhecido como Eucharis grandiflora, é uma planta bulbosa, o que significa que sua multiplicação acontece principalmente a partir dos bulbos que se formam embaixo da terra. Com cuidados básicos e observação, é possível acelerar esse processo e transformar um único vaso em um pequeno jardim tropical. O melhor de tudo é que a planta não exige muita experiência: basta seguir alguns passos simples para ter flores sempre renovadas.

Separação dos bulbos irmãos

O truque mais eficaz para multiplicar o lírio-do-amazonas é a divisão de bulbos. Com o tempo, a planta-mãe começa a produzir pequenos bulbos laterais que ficam escondidos na terra. Retirar a planta com cuidado do vaso e separar esses “filhotes” permite criar novas mudas. Basta replantar cada bulbo em um recipiente com solo fértil e úmido, garantindo espaço para crescer.

Essa técnica não só aumenta a quantidade de plantas, mas também melhora a saúde da original, que volta a florescer com mais vigor.

Uso de vasos largos e rasos

Outro detalhe importante é o tipo de vaso escolhido. Vasos muito estreitos limitam a expansão dos bulbos, enquanto vasos largos, mesmo que não sejam muito fundos, estimulam a produção de novas brotações. Quanto mais espaço para as raízes se espalharem, maior a chance de surgirem mudas adicionais.

Além disso, a planta tende a criar uma aparência de touceira, enchendo o vaso com várias hastes florais ao mesmo tempo.

Reaproveitamento da água de cozimento

Um truque caseiro curioso que tem feito sucesso entre jardineiros é o uso da água de cozimento de legumes ou arroz como adubo líquido. Rica em minerais, essa água fria é despejada no vaso e ajuda no fortalecimento dos bulbos. O resultado é uma planta mais nutrida e com maior capacidade de se multiplicar naturalmente.

Essa prática, além de econômica, evita o desperdício de recursos da cozinha.

Adição de húmus de minhoca

O húmus de minhoca é um dos segredos mais eficazes para quem quer multiplicar o lírio-do-amazonas rapidamente. Ele melhora a qualidade do solo, aumenta a retenção de água e fornece nutrientes essenciais. Ao misturar húmus na terra do vaso, os bulbos se desenvolvem mais saudáveis, criando condições ideais para a emissão de novas mudas.

É uma forma simples e natural de fortalecer a planta sem depender de fertilizantes químicos caros.

Controle da luminosidade

Embora seja uma planta que gosta de ambientes iluminados, o lírio-do-amazonas não tolera sol direto nas horas mais quentes. O excesso de luz pode ressecar o solo e atrapalhar o desenvolvimento dos bulbos. O truque é posicionar o vaso em locais de meia-sombra, onde receba luz suave pela manhã ou no fim da tarde.

Esse cuidado evita estresse na planta e garante que ela concentre energia no crescimento e na multiplicação.

Poda estratégica das folhas secas

Por fim, um truque muitas vezes ignorado é a poda das folhas velhas e secas. Quando elas permanecem no vaso, consomem energia que poderia ser usada pelos bulbos para gerar novas brotações. Ao retirar regularmente as folhas que já cumpriram seu ciclo, o jardineiro redireciona a força da planta para a criação de mudas e flores.

Esse cuidado simples ajuda a manter o vaso bonito e cheio por mais tempo.

O encanto de um vaso cheio de flores tropicais

Adotar esses seis truques caseiros não apenas multiplica o número de mudas de lírio-do-amazonas, como também transforma a experiência de cultivar a planta. Cada novo broto que aparece no vaso é sinal de que a natureza responde positivamente aos cuidados.

Muitos brasileiros relatam a satisfação de ver seus vasos se enchendo de flores brancas perfumadas, trazendo frescor e elegância para salas, varandas e jardins. Mais do que estética, o cultivo do lírio-do-amazonas representa um gesto de conexão com o meio ambiente, já que cada planta multiplicada é resultado de reaproveitamento e dedicação.

No fim, o que poderia parecer apenas uma prática de jardinagem se torna uma lição de paciência, sustentabilidade e gratidão. Multiplicar o lírio-do-amazonas não exige dinheiro, mas sim atenção e carinho. É esse olhar cuidadoso que transforma pequenos vasos em verdadeiros espetáculos de vida.

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Governo amplia lista de descontos no crédito rural familiar

Pequenos agricultores de várias regiões do Brasil ganharam um reforço importante para enfrentar as oscilações do mercado. O governo ampliou neste mês de setembro a lista de produtos contemplados com bônus de desconto no pagamento de parcelas de crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ao todo, foram incluídas 20 novas culturas em diferentes estados, abrindo espaço para que mais famílias tenham acesso ao benefício.

Entre os produtos que passaram a integrar a lista estão alimentos de grande presença na mesa dos brasileiros, como açaí, banana, laranja, feijão e mandioca, além de itens estratégicos como alho, cebola, trigo e cana-de-açúcar. Produtores de múltiplas culturas em dez estados também foram contemplados, incluindo agricultores que trabalham com leite, milho e raízes tradicionais como o cará (inhame).

Essa medida faz parte do Programa de Garantia de Preço para a Agricultura Familiar (PGPAF), criado para proteger agricultores familiares contra quedas de preço no mercado. Quando os valores pagos pelos produtos caem abaixo do preço mínimo de garantia estabelecido, o programa compensa a diferença por meio de descontos aplicados diretamente nas parcelas ou na liquidação das operações de crédito rural contratadas pelo Pronaf.

Como funciona o desconto

Os percentuais são definidos mensalmente e variam de acordo com a oscilação entre o valor de mercado e o preço de garantia. O cálculo é feito com base nos preços médios de agosto, levantados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e validados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).

Na prática, isso significa que o agricultor pode pagar menos no financiamento rural, em proporção ao impacto que sentiu com a queda do preço de seu produto. É uma forma de evitar que perdas de mercado inviabilizem a produção ou prejudiquem a renda das famílias.

Este mês, por exemplo, os agricultores de cará no Paraná terão o maior bônus: desconto de 59,52%. Já os produtores de cana-de-açúcar da Bahia ficam com o menor índice, 0,47%. Apesar das diferenças, o objetivo é o mesmo: dar suporte ao produtor diante da instabilidade econômica.

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Quem entra e quem sai da lista

Assim como alguns produtos entraram no benefício, outros deixaram de ser contemplados neste ciclo. Saíram da lista a batata-doce, o arroz no Tocantins, a banana em Tocantins, Santa Catarina e Goiás, a cana-de-açúcar no Maranhão e o mel de abelha no Piauí e no Rio Grande do Sul.

Essas mudanças refletem a lógica do PGPAF, que atualiza mensalmente a lista de acordo com o comportamento dos preços no mercado, garantindo que o bônus chegue a quem realmente precisa em cada momento.

A agricultura familiar responde por boa parte da produção de alimentos que chegam à mesa dos brasileiros. O segmento garante diversidade de culturas, movimenta economias locais e é uma das bases da segurança alimentar no país. Programas como o Pronaf e o PGPAF buscam reduzir as vulnerabilidades dessa atividade, que está exposta tanto a riscos climáticos quanto a oscilações de mercado.

Ao oferecer descontos em crédito, o governo cria um mecanismo de respiro financeiro para os agricultores. Isso ajuda não apenas a preservar a renda das famílias, mas também a manter a oferta de alimentos acessíveis à população.

Especialistas apontam que políticas como essa ganham ainda mais relevância em um contexto de mudanças climáticas, quando a produção rural se torna mais suscetível a perdas. A combinação de crédito acessível, proteção de preços e incentivo a boas práticas agrícolas fortalece a resiliência da agricultura familiar, permitindo que o setor continue desempenhando seu papel central na economia e na vida cotidiana do país.

A lista atualizada de produtos com bônus de desconto vale entre 10 de setembro e 9 de outubro de 2025 e pode ser consultada no Diário Oficial da União.

Proprietários de gatos estão evitando obesidade e riscos sérios com esses 6 sinais de alerta imediato

Quem convive com gatos sabe: um felino ativo, com brilho no olhar e corpo ágil, é sinônimo de saúde. Mas a obesidade em gatos vem crescendo silenciosamente, e muitos tutores só percebem quando os riscos já estão batendo à porta. O excesso de peso não é apenas uma questão estética; ele está diretamente ligado a problemas cardíacos, diabetes, articulares e até à redução da expectativa de vida. A boa notícia é que existem sinais claros que ajudam a identificar quando o gato está em perigo — e agir cedo pode mudar completamente a trajetória do seu companheiro.

Gatos e os sinais de alerta que salvam vidas

O primeiro passo é entender que gatos não demonstram desconforto de forma explícita. Muitas vezes, um simples hábito diferente pode ser um aviso importante. Detectar cedo esses sinais é o que separa um gato saudável de um futuro de complicações sérias.

1. Alterações no apetite e na sede

Um dos sinais mais comuns de que a obesidade está chegando é o aumento descontrolado de apetite. O gato começa a pedir comida fora de hora, mia insistentemente perto do pote ou até rouba restos da mesa. Esse comportamento não pode ser tratado como “fofura”. Além disso, a sede em excesso pode indicar que o organismo já está em desequilíbrio, abrindo espaço para doenças como diabetes felina. O tutor atento observa não apenas a quantidade de ração consumida, mas também se a água some rapidamente do bebedouro.

2. Falta de disposição para brincar

Quem tem gatos sabe que até os mais tranquilos gostam de perseguir bolinhas, subir em arranhadores ou explorar a casa. Quando um gato começa a rejeitar brincadeiras, preferindo passar horas deitado, é sinal de alerta. Esse sedentarismo é um dos principais gatilhos para o acúmulo de gordura e compromete músculos e articulações. O que parecia apenas “preguiça” pode ser o início de uma rotina perigosa.

3. Dificuldade de locomoção

Outro sinal visível é a dificuldade em pular em móveis que antes eram facilmente alcançados. O sofá parece alto demais, a janela já não é mais acessada e até a escada se torna um desafio. Esse limite físico acontece porque o excesso de peso pressiona ossos e articulações, causando dor e restringindo movimentos. É um alerta claro de que a saúde está sendo comprometida.

4. Mudanças no pelo e na higiene

O gato é um animal extremamente higiênico. Quando o tutor percebe que ele já não alcança determinadas áreas do corpo, deixando o pelo embaraçado, sujo ou oleoso, é sinal de que a obesidade está atrapalhando até mesmo a rotina de cuidados. Além de comprometer a estética, essa dificuldade abre portas para inflamações de pele e infecções. O pelo sem brilho e a falta de autolimpeza são sinais imediatos de atenção.

5. Alterações respiratórias e roncos dos gatos

Se o gato começa a roncar alto enquanto dorme ou apresenta respiração ofegante após movimentos simples, o excesso de gordura pode estar pressionando a caixa torácica. Esse é um dos sintomas mais preocupantes, pois mostra que o sistema respiratório já está sofrendo sobrecarga. Em casos graves, a obesidade felina pode evoluir para insuficiência respiratória ou problemas cardíacos.

6. Aumento perceptível da circunferência abdominal

Por fim, o sinal mais visível: a barriga arredondada e pesada. Embora alguns gatos naturalmente tenham um abdômen mais flácido, o tutor percebe quando há uma mudança significativa no formato corporal. Observar o animal de cima ajuda: se a cintura desapareceu e o corpo parece “cilíndrico”, o risco de obesidade é real. Essa alteração deve levar o tutor a buscar ajuda veterinária imediatamente.

Como agir ao identificar os sinais

Detectar os sinais é apenas o início. A ação rápida pode salvar a saúde do gato. O primeiro passo é marcar uma consulta veterinária para avaliar peso, estado geral e possíveis doenças associadas. Depois, é necessário ajustar a dieta: ração de qualidade, porções controladas e horários fixos fazem diferença. A introdução de brinquedos interativos, como comedouros lentos e túneis, estimula o movimento e reduz o estresse.

Outro ponto crucial é a paciência. Assim como nos humanos, a perda de peso em gatos deve ser gradual para evitar colapsos metabólicos. O tutor deve acompanhar a evolução com atenção e não cair na tentação de oferecer petiscos em excesso como forma de compensação emocional.

O impacto do ambiente no comportamento felino

Vale destacar que o ambiente doméstico influencia diretamente no risco de obesidade. Apartamentos pequenos sem estímulos, ausência de arranhadores e falta de janelas para observar a rua tornam o gato mais sedentário. Criar circuitos com prateleiras, oferecer brinquedos de caça e reservar alguns minutos do dia para brincar com o felino fazem diferença. O tutor presente não apenas fortalece o vínculo, mas também preserva a saúde física e mental do animal.

Mais do que estética, é sobre qualidade de vida

A obesidade em gatos não deve ser tratada como um detalhe. É uma doença silenciosa, com consequências graves e irreversíveis quando ignorada. Reconhecer os sinais de alerta imediato é a forma mais eficaz de intervir cedo e garantir que o gato viva não apenas mais, mas melhor.

Ao final, todo tutor deseja o mesmo: ver o companheiro saltando, brincando, com pelos brilhantes e ronronando de satisfação. Prestar atenção ao corpo e ao comportamento do gato é uma forma de amor que vai muito além do prato cheio.

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Alface pode sumir dos campos abertos com o avanço do calor

A alface, hortaliça presente diariamente na mesa dos brasileiros, pode se tornar uma raridade no país durante o verão nas próximas décadas. Um estudo conduzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, alerta que as mudanças climáticas devem comprometer o cultivo em campo aberto até o final do século, especialmente em um cenário de aquecimento acelerado.

Segundo a pesquisa, mesmo em uma projeção considerada otimista, entre 2071 e 2100, quase 98% do território nacional apresentará risco climático alto ou muito alto para a produção de alface em áreas abertas durante o verão. Já no cenário pessimista, em que as emissões de gases de efeito estufa continuariam crescendo, praticamente todo o país se tornaria inviável para o cultivo.

O dilema da alface em um clima em transformação

O engenheiro-agrônomo Fábio Suinaga, pesquisador da Embrapa Hortaliças, lembra que a alface é uma planta que depende de temperaturas amenas e umidade equilibrada para germinar e crescer. As sementes exigem menos de 22°C para iniciar o ciclo, mas os verões projetados para as próximas décadas podem ultrapassar facilmente os 40°C em grande parte do Brasil.

Os efeitos desse calor excessivo vão além da dificuldade de germinação. Entre eles estão o florescimento precoce, que compromete a qualidade e o padrão comercial, e a chamada queima de borda ou tipburn, uma desordem causada pela deficiência de cálcio nas folhas. Com isso, a hortaliça pode ganhar um sabor amargo e perder valor de mercado.

ilustracao_2_-_divulgacao_embrapa-400x283 Alface pode sumir dos campos abertos com o avanço do calor

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Cenários climáticos em números

A análise da Embrapa utilizou projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, além de dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

No cenário otimista, que prevê algum controle nas emissões globais, as temperaturas médias do planeta podem subir de 2°C a 3°C até 2100. Nesse caso, quase 80% do território nacional estaria sob risco alto, e 17% sob risco muito alto para o cultivo de alface no verão.

No cenário pessimista, em que as emissões seguiriam crescendo sem freio, as temperaturas médias poderiam alcançar até 4,3°C acima dos níveis históricos. O resultado seria dramático: quase 90% do território com risco muito alto, e apenas pequenas faixas do Sul e do litoral mantendo condições minimamente adequadas.

Estratégias de adaptação

O engenheiro-ambiental Carlos Eduardo Pacheco, também da Embrapa, destaca que a pesquisa tem um papel estratégico: antecipar impactos e permitir que agricultores busquem alternativas. Para ele, o debate não pode mais se restringir à mitigação do aquecimento, mas precisa incluir medidas de adaptação urgentes.

Nesse sentido, a Embrapa desenvolve cultivares mais resistentes ao calor, como a alface BRS Mediterrânea, que completa seu ciclo mais rapidamente, reduzindo o tempo de exposição a condições adversas. A instituição também pesquisa variedades com raízes mais vigorosas, capazes de aproveitar melhor água e nutrientes.

Além disso, os chamados ambientes protegidos, como estufas, devem se tornar cada vez mais comuns. Hoje, a maior parte da alface no Brasil é cultivada em campo aberto, mas esse modelo tende a perder viabilidade diante das temperaturas projetadas.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção nacional de alface somava 671,5 mil toneladas em 2017, com São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais entre os principais produtores. Já os dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), mostram que apenas em agosto de 2025 as Centrais de Abastecimento (Ceasas) movimentaram 4,6 mil toneladas da hortaliça.

Esses números reforçam a importância econômica da alface para pequenos e médios agricultores, além do impacto direto para o consumidor, que pode enfrentar aumento de preços e menor oferta no futuro.

O estudo da Embrapa serve de alerta: as mudanças climáticas já não são um problema distante. Elas estão prestes a alterar a forma como produzimos e consumimos alimentos básicos. No caso da alface, símbolo da salada cotidiana, o desafio será combinar ciência, inovação genética e novos sistemas produtivos para que ela não se torne um luxo restrito às prateleiras de poucos.

Carajás guarda milhões de toneladas de carbono vital

As florestas do Mosaico de Carajás, no sudeste do Pará, revelam uma dimensão pouco visível a olho nu: elas guardam um verdadeiro tesouro climático. Com 800 mil hectares, o equivalente a 800 mil campos de futebol, essa imensa área abriga cerca de 600 milhões de toneladas de dióxido de carbono, armazenados tanto na vegetação quanto no solo superficial. É como se toda a frota de 140 milhões de carros populares movidos a gasolina ficasse um ano inteiro fora de circulação.

Esses números fazem parte do estudo “Inventário de emissões e remoções de carbono devido às mudanças de uso da terra”, conduzido por uma equipe multidisciplinar do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITV DS), reunindo engenheiros civis, florestais, biólogos e especialistas em computação.

Carbono oculto nas árvores gigantes

Um dos resultados mais impressionantes é a capacidade de cada hectare de floresta aberta, na Floresta Nacional de Carajás, armazenar até 1.100 toneladas de CO2. Metade do peso seco de uma árvore é carbono, e as florestas tropicais, ricas em árvores de grande porte, funcionam como cofres naturais que aprisionam esse gás.

O levantamento mostra que apenas 1% das árvores concentra até um terço de todo o carbono presente na vegetação. Entre essas espécies monumentais estão o cinzeiro (Erisma uncinatum), a timborana (Marlimorimia psilostachya) e a emblemática castanheira (Bertholletia excelsa), que podem ultrapassar os 40 metros de altura e mais de dois metros de diâmetro.

A pesquisa também revela o outro lado da história. Ao longo de 36 anos, a bacia hidrográfica do rio Itacaiúnas perdeu 40% de seus estoques de carbono em razão do desmatamento e do uso inadequado do solo. Isso significa mais de 1,2 milhão de toneladas de CO2 liberadas na atmosfera, ampliando os impactos do aquecimento global.

Essa bacia cobre 42 mil km² e inclui dez municípios do sul e sudeste do Pará: Água Azul do Norte, Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado dos Carajás, Marabá, Parauapebas, Piçarra, São Geraldo do Araguaia, Sapucaia e Xinguara.

Por outro lado, imagens de satélite mostram que as áreas que resistiram à devastação coincidem com zonas de proteção, como as unidades de conservação sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com a Vale, além de terras indígenas.

Essa proteção remonta ao Projeto Grande Carajás, lançado nos anos 1980, que previa a conciliação entre exploração mineral e conservação de florestas. Embora ocupem menos de um terço da bacia, essas áreas concentram mais da metade do carbono que ainda permanece estocado.

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Reprodução

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Valor além do carbono

O estoque de carbono é apenas um dos muitos valores que a floresta em pé oferece. Mantê-la preservada significa também conservar a biodiversidade, proteger recursos hídricos, manter o solo fértil e reduzir o risco de desastres naturais.

No campo econômico, os ativos vão além do mercado de créditos de carbono. A floresta impulsiona a bioeconomia, o ecoturismo e a geração de emprego e renda, além de fornecer insumos fundamentais à alimentação e à cultura de povos originários e comunidades tradicionais.

“A pesquisa reforça a importância das florestas intactas para a mitigação das mudanças climáticas, mas também a urgência em recuperar ecossistemas degradados”, explica Rosane Cavalcante, pesquisadora do ITV DS. Segundo ela, a situação da bacia do Itacaiúnas funciona como um alerta para outras regiões da Amazônia, especialmente as que ainda enfrentam forte pressão de desmatamento.

Em outras palavras, preservar é fundamental, mas restaurar é igualmente urgente. Afinal, cada hectare protegido ou recuperado representa não só toneladas de carbono a menos na atmosfera, mas também um futuro mais resiliente para a Amazônia e para o planeta.

Belém acelera obras e se transforma às vésperas da COP30

A setenta dias de sediar a COP30, Belém vive uma corrida contra o tempo que já começa a mostrar resultados concretos. A capital paraense, escolhida para receber a maior conferência climática do planeta, passa por uma metamorfose urbana que vai muito além da preparação para o evento. Com obras que ultrapassam 90% de execução em diferentes frentes, a cidade se redesenha para acolher milhares de visitantes e, ao mesmo tempo, deixar um legado histórico para sua população.

O investimento, superior a R$ 4 bilhões apenas do Governo Federal, está reconfigurando aeroportos, terminais hidroviários, portos, canais, parques, vias urbanas e até os símbolos mais tradicionais da cultura local. “As obras estão dentro do cronograma e se aproximam da reta final. Belém está cada vez mais pronta para receber delegações de todo o mundo”, destaca Valter Correia, secretário extraordinário para a COP30.

Portas de entrada renovadas

A chegada à cidade já não será a mesma. No Aeroporto Internacional de Belém, visitantes encontrarão um terminal ampliado, áreas de embarque modernizadas, pista renovada e melhor acessibilidade, além de uma praça de alimentação redesenhada. As intervenções, 95% concluídas, prometem transformar a experiência inicial de quem pisa na capital amazônica.

Os portos e terminais também acompanham essa mudança. O Terminal Hidroviário Internacional já concluiu mais de três quartos da construção dos armazéns 9 e 10, enquanto o Terminal Turístico Hidroviário da Tamandaré ganha novo píer e estação com capacidade para 500 passageiros, facilitando a rota até o Marajó e outras ilhas. Já no Terminal Portuário de Outeiro, a reforma prevê a recepção de dois navios que servirão como hotéis flutuantes durante a conferência.

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Aeroporto recebeu R$ 470 milhões em investimentos e já tem 95% das obras concluídas

Obras que mudam a rotina da cidade

Se as frentes de mobilidade e recepção internacional impressionam, os projetos de macrodrenagem representam um impacto ainda mais profundo na vida cotidiana. A Bacia do Tucunduba, segunda maior da capital, já tem 83% das obras concluídas. Dos 11 canais previstos, sete foram entregues e os demais estão em fase final, com previsão de encerramento em novembro.

Outros pontos críticos da cidade também passam por requalificação. Nos canais Benguí e Marambaia, a drenagem já alcança 91% de execução. Além de combater alagamentos históricos, as obras incluem redes de água e esgoto, pontes, passarelas, praças e melhorias na mobilidade urbana.

O saneamento, por sua vez, ganha reforço no Sistema de Esgotamento Sanitário do Ver-o-Peso, com 4.100 metros de rede coletora e 300 ramais domiciliares.

Ver-o-Peso em nova fase

Nenhum símbolo traduz mais Belém que o Ver-o-Peso, e sua requalificação é um capítulo à parte. O maior mercado a céu aberto da América Latina recebe um investimento de R$ 66 milhões, sendo R$ 11,2 milhões destinados apenas ao sistema de esgoto. Com 90% das obras concluídas, a feira já conta com novas coberturas, estruturas metálicas restauradas e vidros substituídos.

No Mercado do Peixe, as bancadas históricas darão lugar a modernas estruturas em aço inox, sem perder o estilo original. O objetivo é conciliar preservação cultural com melhores condições de higiene e segurança.

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Feira do Ver-o-Peso teve uma modernização completa, melhorando a segurança e o conforto de feirantes e visitantes. Foto: Rafael Medelima

Parques lineares e mobilidade

A revitalização de áreas verdes também ganha destaque. O Parque Linear da Doca, praticamente pronto, transformou a paisagem com ciclovias, quiosques, mirantes, passarelas, academia ao ar livre e o plantio de 200 árvores. O Parque Linear da Tamandaré, previsto para setembro, segue o mesmo caminho, com ciclovias, playground, drenagem e paisagismo.

Já na mobilidade urbana, a requalificação da Rua da Marinha é o exemplo mais emblemático: 3,5 km de ampliação e duplicação que interligam seis bairros, passando de duas para seis faixas e impactando diretamente o trânsito diário.

Um legado que vai além da COP30

As obras mostram que Belém não está apenas se preparando para um evento global, mas para uma nova etapa de sua própria história. O esforço de modernização vai deixar como herança uma cidade mais integrada, acessível e sustentável. Para os moradores, significa não apenas infraestrutura renovada, mas também o fortalecimento da autoestima de viver em uma capital que se prepara para o futuro.

Famílias estão deixando o banheiro sempre cheiroso sem desinfetante forte com esses 5 macetes simple

Manter o banheiro sempre cheiroso parece missão impossível para muita gente, especialmente quando produtos caros e cheios de químicos não entregam o resultado prometido. Mas algumas famílias descobriram truques simples, acessíveis e totalmente eficazes que transformam o ambiente sem recorrer ao desinfetante forte. A sensação de frescor constante não só impressiona as visitas, como também deixa a rotina da casa mais leve e agradável.

Banheiro sempre cheiroso com truques fáceis

O segredo para um banheiro sempre cheiroso não está em borrifar aromatizantes industriais a cada hora. Na prática, os resultados vêm de pequenas mudanças de hábito e uso de ingredientes comuns que eliminam odores na raiz, ao invés de apenas mascarar o problema. Esses macetes já circulam entre donas de casa, e muitos leitores que testaram garantem que a diferença é imediata.

Vinagre como aliado invisível

O vinagre branco é um campeão quando o assunto é neutralizar odores. Basta colocar um copo com vinagre em um cantinho discreto do banheiro e deixar agir durante a noite. Ele suga os cheiros indesejados e, pela manhã, o espaço parece mais limpo mesmo sem faxina pesada. O melhor é que, ao contrário do que muitos imaginam, o cheiro forte do vinagre desaparece rapidamente.

Truque do bicarbonato no ralo

Outra dica é usar bicarbonato de sódio nos ralos. Muitas vezes, é dali que vem o mau cheiro persistente. Polvilhe duas colheres no ralo e despeje um pouco de água quente. A reação elimina bactérias, dissolvendo sujeiras acumuladas e prevenindo odores desagradáveis. Esse cuidado simples pode ser repetido semanalmente sem esforço.

Toalhas e tapetes bem cuidados

Um erro comum é ignorar toalhas e tapetes de banheiro. Mesmo lavados, eles podem acumular umidade e gerar mau odor. O truque é secar as peças sempre ao sol e evitar que fiquem enroladas ou esquecidas úmidas no canto. Algumas famílias colocam gotinhas de óleo essencial de lavanda ou eucalipto no enxágue final, o que garante perfume duradouro.

Plantas que purificam o ar

Ter uma planta no banheiro pode parecer ousado, mas faz toda a diferença. Espécies resistentes à umidade, como lírio-da-paz e espada-de-são-jorge, ajudam a purificar o ar e deixam o ambiente mais fresco naturalmente. Além de funcionais, elas dão charme e tornam o espaço mais acolhedor.

Potinhos de bicarbonato com essência

Um último macete é preparar pequenos potinhos com bicarbonato de sódio e algumas gotas de essência de sua preferência. Eles funcionam como mini aromatizadores naturais, absorvendo odores e liberando fragrância suave. Espalhe dois ou três recipientes pelo banheiro e note como o ar fica leve sem o cheiro artificial dos sprays prontos.

Ter um banheiro sempre cheiroso não exige gastar fortunas nem conviver com produtos químicos que irritam a pele e o nariz. São detalhes cotidianos que, quando aplicados juntos, constroem uma atmosfera agradável, dando aquela sensação de cuidado e bem-estar a cada vez que alguém entra no espaço.

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Donas de casa estão aplicando 5 cuidados de Feng Shui no bambu da sorte e relatando mudanças imediatas na prosperidade e na energia do lar

Logo nas primeiras palavras, o bambu da sorte já desperta a curiosidade: será que uma simples planta pode influenciar a energia de um lar inteiro? Histórias reais mostram que, quando cultivado com alguns cuidados de Feng Shui, esse verde elegante se transforma em um verdadeiro ímã de prosperidade, equilíbrio e boas oportunidades. Muitas donas de casa relatam mudanças visíveis após adotarem práticas simples no dia a dia.

Cuidados de Feng Shui com o bambu da sorte

De acordo com o Feng Shui, o bambu da sorte é um símbolo poderoso de crescimento e renovação. No entanto, não basta apenas colocá-lo em um canto qualquer da casa. Pequenos detalhes fazem toda a diferença para que ele realmente atraia boas energias. A seguir, você vai descobrir quais são esses passos e como aplicá-los sem mistério.

Escolha do local ideal

O posicionamento é o primeiro fator para ativar o poder do bambu. Feng Shui recomenda que ele esteja em áreas ligadas à prosperidade, como a entrada da casa, sala de estar ou até próximo ao escritório. Muitas pessoas afirmam que, ao colocar o bambu perto da porta de entrada, a energia de quem chega se transforma, trazendo leveza e até oportunidades inesperadas.

Uso da água como fonte de energia

Por ser uma planta cultivada em água, a troca regular é essencial. No Feng Shui, a água simboliza a fluidez da vida e das finanças. Se ela estiver limpa e em movimento, significa prosperidade em constante renovação. Trocar a água duas vezes por semana, de preferência filtrada, é um gesto simples que abre espaço para abundância.

Número de hastes e seu significado

Esse é um detalhe que muitas donas de casa só descobriram depois: o número de hastes influencia diretamente a energia atraída. Três hastes representam felicidade, cinco estão ligadas à saúde, e oito simbolizam prosperidade. Não é coincidência que as pessoas que ajustaram o número de hastes relatem sentir mais harmonia ou até avanços no trabalho e nas finanças.

A força dos laços vermelhos e dourados

Outro cuidado de Feng Shui que se tornou quase obrigatório é amarrar fitas vermelhas ou douradas no bambu da sorte. O vermelho simboliza proteção contra energias negativas, enquanto o dourado remete à riqueza. Pequenos detalhes decorativos como esses potencializam a energia da planta, além de deixá-la ainda mais bonita na decoração.

Iluminação equilibrada e longe de excessos

Embora seja resistente, o bambu não deve ficar exposto a sol direto nem em locais completamente escuros. Feng Shui ensina que o equilíbrio da luz é reflexo do equilíbrio interno da família. Ambientes iluminados de forma suave, sem extremos, ajudam a manter não só o bambu saudável, mas também a harmonia do lar.

A experiência das famílias

Muitas famílias que começaram a aplicar esses cuidados relatam mudanças quase imediatas: melhora no humor, ambiente mais leve e até pequenas vitórias financeiras. Há relatos de contas sendo pagas com mais facilidade, oportunidades surgindo no trabalho e uma sensação geral de proteção. É como se o bambu se tornasse um lembrete diário de que prosperidade também depende de atenção aos detalhes.

Ao observar esses cuidados, o bambu da sorte deixa de ser apenas uma planta ornamental e passa a ser uma ferramenta viva de equilíbrio. Quem aplica o Feng Shui no dia a dia descobre que, muitas vezes, a energia de casa influencia mais do que imaginava em cada área da vida.

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Famílias estão evitando problemas com tatus usando 3 passos fáceis

Quem já se deparou com buracos misteriosos no quintal ou plantas reviradas sabe que problemas com tatus podem transformar o jardim em um verdadeiro campo de batalha. Apesar de pequenos e aparentemente inofensivos, esses animais podem causar estragos sérios no solo, prejudicar raízes e até comprometer a segurança de pisos e gramados. A boa notícia é que muitas famílias estão descobrindo formas práticas de lidar com a situação sem precisar recorrer a medidas extremas.

Problemas com tatus: por que eles aparecem no seu quintal

A primeira coisa a entender é que os tatus não surgem por acaso. Eles são atraídos por alimentos escondidos no solo, como insetos, minhocas e larvas. O problema é que, ao cavar para se alimentar, eles acabam criando buracos profundos que deixam a grama irregular e expõem raízes de plantas mais sensíveis. Em áreas rurais, o impacto pode ser ainda maior, já que os túneis atrapalham o cultivo de hortas e podem até desestabilizar pequenas estruturas.

Sinais de que há um tatu por perto

Nem sempre é fácil flagrar o animal em ação, já que ele é noturno e bastante arisco. Porém, alguns sinais são claros: buracos estreitos em formato de cone, pequenas trilhas no gramado e a presença de formigueiros revirados. Em casas próximas a áreas verdes, os indícios aparecem de forma rápida, e a repetição constante dos buracos revela que o tatu já adotou aquele quintal como território de caça.

Maneiras de proteger o solo sem agredir o animal

Muitas famílias estão descobrindo alternativas seguras para afastar os tatus sem precisar causar dano. Uma das mais eficazes é investir em barreiras físicas, como telas enterradas a alguns centímetros da terra, impedindo que o animal escave. Outra prática comum é aplicar soluções naturais com odores fortes, como pimenta ou alho, que funcionam como repelentes. Além disso, manter o gramado limpo e reduzir a presença de insetos no solo diminui o atrativo para o tatu.

Os 3 passos mais fáceis que fazem diferença

O que realmente está chamando atenção é a simplicidade dos métodos que têm funcionado. O primeiro passo é identificar os pontos de entrada do animal e reforçar esses locais com barreiras físicas. O segundo é adotar repelentes naturais, aplicando-os em áreas estratégicas do jardim. Por fim, o terceiro passo é manter o ambiente menos convidativo, cuidando da saúde do solo e controlando a população de insetos. Essa combinação tem se mostrado eficiente, permitindo que famílias convivam em paz com a presença da fauna sem comprometer o quintal.

Quando chamar ajuda profissional

Em alguns casos, mesmo seguindo os passos básicos, os tatus podem insistir em voltar. Nessas situações, especialistas em controle de fauna podem avaliar o cenário e indicar medidas adicionais. Muitas vezes, o simples redirecionamento do animal para outra área é suficiente para resolver o problema sem precisar eliminá-lo. O mais importante é garantir a proteção do espaço sem desrespeitar o ciclo natural da espécie.

Conviver com a natureza exige equilíbrio, e lidar com os tatus não é diferente. Ao adotar medidas simples e respeitosas, famílias conseguem proteger seus quintais e, ao mesmo tempo, manter a harmonia com o ambiente.

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O céu que cultiva, como os satélites estão redesenhando o futuro da agricultura familiar

No alto, a centenas de quilômetros da terra batida onde nascem os alimentos que abastecem metade do planeta, orbitam silenciosamente máquinas que veem o que os olhos não alcançam. São satélites, centenas deles, vasculhando campos, medindo a umidade do solo, prevendo pragas, desenhando mapas invisíveis de produtividade. Não é ficção científica, tampouco tecnologia futurista. É presente. E mais do que inovação agrícola, trata-se de uma escolha política.

A agricultura digital, durante muito tempo, pareceu privilégio dos grandes, máquinas guiadas por GPS, sensores sofisticados, plataformas exclusivas para megaempreendimentos. Mas isso está mudando. E está mudando com velocidade.

Um paradoxo resiste no coração do debate: os que produzem alimentos para bilhões ainda são, em muitos lugares, os mais vulneráveis à fome e à pobreza. Pequenos agricultores, cerca de 500 milhões deles,  cultivam um terço do que o mundo consome, mas seguem presos a ciclos de incerteza, apostando colheitas contra secas inesperadas, chuvas que não vêm, pragas que se espalham antes de serem vistas.

Nesse cenário desigual, os satélites surgem como uma chance de reequilibrar o jogo. Não por sua novidade, mas por sua capacidade de antecipar. Um agricultor que antes plantava pela tradição, hoje pode receber orientações baseadas em décadas de dados climáticos. Um mapa de umidade pode dizer quando regar. Um alerta via SMS pode avisar sobre pragas em tempo hábil. Informações que antes estavam nas mãos de corporações agora podem, com boa vontade política e infraestrutura mínima, chegar ao bolso de quem mais precisa.

Na Índia, por exemplo, sistemas de monitoramento por satélite já estão dobrando a renda de pequenos produtores. Na América Latina, ferramentas geoespaciais otimizam o uso da água em regiões cada vez mais secas. Em países da África, a combinação entre análise remota e financiamento móvel está liberando crédito para milhões de agricultores sem histórico bancário. O impacto real dessa revolução digital está, enfim, deixando os laboratórios para tocar o chão.

A integração entre agricultura de precisão e agricultura de sobrevivência já acontece, e não são raras as iniciativas bem-sucedidas. A Cropin, na Índia, orienta mais de sete milhões de agricultores com recomendações sobre semeadura, irrigação e controle de pragas. A Kilimo, na Argentina, usa dados de evapotranspiração por satélite para reduzir em até 30% o uso de água sem sacrificar produtividade. No Quênia e na Nigéria, a Apollo Agriculture vai além: entrega análise remota, crédito, insumos e suporte técnico num só pacote, pelo celular.

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O que todas essas experiências têm em comum não é apenas a tecnologia. É a estrutura que a sustenta. Governos que tornam públicos os dados de observação da Terra; agências de desenvolvimento que capacitam os agricultores a usar essas informações; empresas que constroem pontes entre o campo e o digital, respeitando as limitações locais, da conectividade precária à baixa escolaridade.

E aqui entra o ponto central: o desafio da democratização dos dados. Porque não basta que a tecnologia exista. É preciso decidir quem acessa, quem entende e, sobretudo, quem controla essa inteligência. A pergunta mais urgente talvez não seja como usar os satélites, mas quem se beneficia do que eles veem.

Agricultores à margem digital correm o risco de serem excluídos de suas próprias decisões produtivas. Se plataformas privadas concentram os dados sobre solos, safras e produtividade, o pequeno produtor pode se tornar apenas um elo operacional em uma cadeia que extrai mais do que devolve. A promessa de empoderamento pode se transformar, sutilmente, em uma nova dependência.

É por isso que a governança dos dados importa. Porque não estamos falando apenas de ferramentas técnicas, mas de uma nova forma de soberania. Ter acesso às informações que orientam as escolhas de cultivo, de irrigação e de mercado é, no século XXI, tão essencial quanto o acesso à terra ou à água.

A agricultura por satélite já está mudando o presente. Mas seu futuro dependerá menos das órbitas e mais das escolhas aqui embaixo. Governos, ONGs, startups e comunidades rurais precisam decidir juntos como tornar essa inteligência coletiva e acessível. Porque o céu já está olhando. Resta saber se vamos transformar esse olhar em parceria, ou em vigilância.

A tecnologia, sozinha, não reduz desigualdades. Mas pode, se bem conduzida, ser o canal mais eficaz para reimaginar um campo mais justo, mais eficiente e mais resiliente. Nesse sentido, os satélites deixam de ser apenas instrumentos científicos e se tornam, discretamente, agentes políticos orbitando em torno de uma pergunta fundamental: a quem pertencem os dados que alimentam o mundo?

O que acontece quando a floresta perde a voz? A USP descobriu e os dados são perturbadores

Se a Amazônia fosse uma orquestra, o desmatamento seria o silêncio imposto aos seus instrumentos principais. Uma nova pesquisa da Universidade de São Paulo mostra que essa floresta, longe de ser apenas um símbolo verde no mapa, vem sofrendo uma transformação profunda: está ficando mais quente, mais seca e, talvez o mais grave, menos capaz de se proteger.

Pela primeira vez, cientistas brasileiros conseguiram medir com precisão o impacto combinado do desmatamento e das mudanças climáticas globais sobre o clima da Amazônia. O estudo, publicado na revista Nature Communications, cobre 35 anos de dados — de 1985 a 2020 — e revela que não estamos apenas perdendo árvores. Estamos perdendo um sistema climático inteiro, que regula chuvas, umidade, temperaturas e equilíbrios ecológicos em escala continental.

De tudo que os pesquisadores descobriram, talvez o mais impressionante seja a proporção do estrago: quase três quartos da queda nas chuvas da estação seca são resultado direto do desmatamento. A floresta, que antes convocava as chuvas, agora é incapaz de sustentar os próprios ciclos hídricos. E nas regiões mais impactadas, a temperatura subiu até dois graus. Não por causa de fenômenos distantes, mas porque a cobertura vegetal foi destruída aqui mesmo.

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O que acontece sem as florestas?

Luiz Augusto Toledo Machado, físico da USP e colaborador do Instituto Max Planck, diz que o estudo conseguiu distinguir os efeitos locais dos impactos provocados pelas emissões globais. As mudanças climáticas, impulsionadas principalmente pela poluição do Hemisfério Norte, também estão em ação. Mas é o desmatamento no território brasileiro que está amplificando a crise. Uma espécie de fatura ambiental interna que o país está começando a pagar com secas severas, colapsos agrícolas e perda de resiliência ecológica.

A floresta, segundo os pesquisadores, sofre mais nos primeiros cortes. Os efeitos climáticos mais intensos ocorrem nos estágios iniciais do desmatamento, entre 10% e 40% de cobertura perdida. E o Brasil já ultrapassou essa faixa. Desde 1985, a Amazônia brasileira perdeu cerca de 14% de sua vegetação nativa, uma área de 553 mil km². A principal causa? A conversão em pastagens.

Mas por que isso importa agora, em 2025? Porque estamos vendo, em tempo real, os sinais de um sistema que começa a falhar. Secas mais longas, chuvas fora de época, incêndios que se multiplicam com facilidade. A estação seca, que vai de junho a novembro, já mostra sinais de prolongamento. E os chamados “rios voadores” — massas de vapor que partem da floresta para abastecer outras regiões — estão se tornando menos vigorosos.

Ao usar dados de sensoriamento remoto, classificações do MapBiomas, medições de gases de efeito estufa e simulações de clima, os cientistas mapearam um panorama que não é apenas técnico. É profundamente humano. Trata-se de entender como uma floresta tropical, a maior e mais biodiversa do planeta, está sendo empurrada para um ponto de inflexão. E como essa mudança local se conecta a tudo: à agricultura no Sudeste, à disponibilidade de água no Cerrado, à estabilidade climática de um continente.

Os pesquisadores também mostraram que o aumento de gases como o dióxido de carbono e o metano foi esmagadoramente impulsionado por emissões globais. Mas há um paradoxo amargo: ao desmatar, o Brasil reduz a capacidade da própria Amazônia de absorver esses gases. É como sufocar quem ainda poderia respirar por nós.

Essa pesquisa chega num momento emblemático. Em novembro, Belém receberá a COP30 — a maior conferência climática do mundo. O estudo da USP não é apenas uma advertência. É um convite à lucidez. Um chamado para olhar para dentro antes de apontar o dedo para fora.

A floresta ainda fala. Mas sua voz está ficando rouca. E talvez essa seja a última chance de ouvi-la com clareza.

 

Sem mudança radical nas prioridades de financiamento, insegurança alimentar e perda de biodiversidade irão piorar, alerta novo relatório sobre a transformação dos sistemas alimentares

Documento propõe redirecionar subsídios nocivos e ampliar, com urgência, o financiamento climático direto aos pequenos produtores, especialmente no Sul Global.

Durante o Fórum do Comitê Permanente de Finanças das Nações Unidas, que discute caminhos para acelerar a ação climática e a resiliência por meio de sistemas alimentares e agrícolas sustentáveis, movimentos do Sul Global reunidos no Grupo de Trabalho sobre Alimentação e Agricultura da Campanha Global por Justiça Climática (DCJ) divulgaram um novo relatório de discussão: “Financiando a Transformação dos Sistemas Alimentares: Mobilizando o Financiamento Climático para Sistemas Equitativos, Humanizados e Agroecológicos”.

O documento traz uma crítica contundente à arquitetura global de financiamento climático no setor agrícola, revelando o desequilíbrio entre o discurso e a prática. Apesar de os pequenos agricultores sustentarem a base da segurança alimentar global, apenas 2,5% do financiamento climático público é destinado à agricultura — e ainda menos, 1,5%, vai para práticas verdadeiramente sustentáveis.

Enquanto isso, subsídios continuam a fluir para a agricultura industrial em larga escala, fortalecendo um modelo de produção que intensifica as emissões de gases de efeito estufa, degrada o meio ambiente, impõe sofrimento animal e amplia o abismo entre o agronegócio corporativo e os pequenos produtores. O relatório alerta: sem essa mudança radical nas prioridades de financiamento, a insegurança alimentar irá piorar, a perda de biodiversidade vai acelerar, e os pequenos produtores, já na linha de frente dos impactos climáticos, ficarão sem meios de adaptação.

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Reprodução

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Para evitar esse cenário, o relatório defende a reformulação imediata dos fluxos financeiros globais. O financiamento climático voltado à agricultura deve priorizar doações (e não empréstimos), ser descentralizado e acessível diretamente aos pequenos produtores, com ênfase nas mulheres agricultoras, que desempenham papel essencial na resiliência comunitária. Além disso, todo subsídio governamental que alimenta práticas agrícolas prejudiciais deve ser urgentemente desviado para apoiar a transição agroecológica.

A análise reforça que, longe de serem meras reformas técnicas, essas mudanças são condição necessária para o que o grupo define como “transição justa”: um modelo de produção de alimentos que respeite os limites ecológicos do planeta, promova justiça social, bem-estar animal e soberania alimentar.

Climate finance for agriculture is woefully insufficient, with only a fraction reaching the smallholders. Instead, subsidies continue to fuel intensification – propping up industrial animal agriculture that drives emissions, entrenches poor animal welfare, and deepens inequality. We urgently need to redirect these harmful subsidies toward equitable, humane, and sustainable food systems. The UNFCCC must mirror the Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework’s commitment to eliminate at least $500 billion in harmful incentives annually, while scaling up support for positive ones. This is the only way to secure a just and sustainable future for people, animals, and the planet.”
Tricia Croasdell, Global CEO, World Animal Protection

We call for the scaled-up and immediate provision of grants-based climate finance for the agriculture sector, and directly into smallholders’ hands. Without this, we are damning the Global South to hunger and the ravaging impacts of the climate crisis.”
Pang Delgra, Asian Peoples’ Movement on Debt and Development

O relatório ainda reforça que mecanismos da UNFCCC devem garantir esse financiamento sem intermediação de bancos multilaterais de desenvolvimento ou do setor privado, permitindo acesso direto aos recursos para aqueles que estão na linha de frente da produção de alimentos e da crise climática. A agroecologia, defendem os autores, deve deixar de ser exceção marginal e passar a ocupar o centro das estratégias climáticas globais.

 

Chuvas que falham e estiagens que duram mais na região Norte

A dinâmica do clima amazônico sempre foi complexa. Os rios voadores, a umidade vinda do Atlântico e a energia da floresta formam um sistema intrincado. Agora, esse sistema está sob pressão. O aquecimento global intensifica eventos extremos e desloca padrões de chuva. O efeito se soma a fatores regionais como desmatamento e queimadas. O resultado é um regime mais irregular e imprevisível.

Relatórios internacionais já apontam esse caminho. O IPCC reúne evidências de maior frequência de extremos em várias regiões tropicais. Na Amazônia, estudos nacionais reforçam a tendência de chuvas mais concentradas e estiagens prolongadas. A incerteza cresce em escalas locais. Ainda assim, a direção geral é clara.plataforma_cobertura-1500x742 Chuvas que falham e estiagens que duram mais na região NorteAlém do aquecimento, o uso da terra altera os fluxos de umidade. Menos floresta significa menos evapotranspiração. Assim, a atmosfera recebe menos vapor d’água e perde parte da “reciclagem” que alimenta a chuva. Pesquisas brasileiras mostram esse vínculo entre cobertura vegetal e precipitação. Para se aprofundar, veja painéis do MapBiomas e séries do INPE.

Como a chuva está mudando ao longo do ano

O Norte do Brasil sempre teve um período chuvoso bem marcado, especialmente entre o fim do ano e o primeiro semestre. Essa marcação não desapareceu. Porém, o desenho mudou. Chove mais forte em menos janelas de tempo. Em seguida, os intervalos secos ficam maiores. Em muitos municípios, isso significa alagamentos em um mês e falta d’água no outro.

aumenta-a-probabilidade-de-retorno-de-la-nina-no-segundo-semestre-deste-ano-1707592041485_1024-400x281 Chuvas que falham e estiagens que duram mais na região NorteHá uma combinação de forças atuando ao mesmo tempo. O aquecimento do Atlântico tropical altera a Zona de Convergência Intertropical. O El Niño e a La Niña seguem relevantes, mas sua “assinatura” encontra um pano de fundo mais quente. A variabilidade natural continua presente. Contudo, a base climática mudou e torna cada oscilação mais intensa.

Relatórios e painéis técnicos nacionais, como os da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, trazem dados de vazões e precipitação com leitura setorial. Pesquisadores de universidades amazônicas também registram novas janelas de risco. Já organismos internacionais, como a Organização Meteorológica Mundial, oferecem diagnósticos globais úteis para comparação.

Secas mais severas e rios sob estresse

As secas tendem a durar mais. Isso pressiona diretamente os grandes rios, como Negro, Solimões, Amazonas, Madeira, Tapajós, Xingu e Tocantins. Em muitos trechos, a navegação fica comprometida. Comunidades ribeirinhas perdem mobilidade, renda e acesso a serviços. O transporte de cargas encarece. Produtos ficam mais escassos em regiões isoladas. A pesca sofre. A água para consumo humano e para os ecossistemas fica mais disputada.

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Entenda as causas da seca extrema na Amazônia

Quando o nível de um rio cai demais, a qualidade da água piora. A diluição de poluentes diminui. Lagos e igarapés desconectam. Em áreas urbanas, o estresse chega aos sistemas de captação. Órgãos de gestão hídrica reportam cada vez mais episódios críticos. Na base de informações técnicas, a Hidroweb reúne séries históricas de estações fluviométricas que ajudam a entender tendências locais.

Há efeitos ecológicos também. Seca intensa aumenta a mortalidade de árvores suscetíveis ao estresse hídrico. O risco de incêndios florestais cresce muito. A floresta queima mais fácil quando o solo está seco e ventos quentes circulam por áreas desmatadas. Esse ciclo libera mais carbono na atmosfera. O processo retroalimenta o aquecimento e a irregularidade das chuvas.

Chuvas intensas e picos de cheias com danos maiores

As cidades amazônicas foram desenhadas para um clima do passado. Agora, tempestades curtas e volumosas testam a infraestrutura. O resultado são alagamentos, deslizamentos de encostas urbanas e perdas econômicas. Pontes, vicinais e estradas sofrem erosões e quedas de barreiras. Quem vive nas áreas de várzea encara levas de cheias fora do calendário esperado.

Isso não ocorre apenas no meio urbano. Nas áreas rurais, a chuva intensa compacta solo desprotegido e carrega sedimentos para os cursos d’água. Pequenos agricultores perdem roçados. A mandioca apodrece. A colheita de açaí atrasa. Famílias ribeirinhas precisam reconstruir o que a água levou. É um impacto que soma clima e vulnerabilidade socioeconômica.

Planos de contenção de risco ajudam. Perfis técnicos e materiais da Defesa Civil orientam ações locais. Guias de cidades resilientes, como os da plataforma da ONU para Redução de Risco de Desastres, trazem referências úteis. O desafio é adaptar essas recomendações à realidade ribeirinha e florestal.

O papel do desmatamento na mudança do regime de chuvas

Desmatar não afeta apenas a biodiversidade. Afeta também a água que cai do céu. Uma floresta madura transpira milhões de litros por hectare ao longo do ano. Essa umidade forma nuvens e alimenta a chuva mais adiante. Quando a vegetação é removida, a reciclagem enfraquece. A atmosfera fica mais seca. O risco de estiagem sobe em escalas regionais.

Desmatamento-1-1-1500x677 Chuvas que falham e estiagens que duram mais na região NorteEsse efeito é documentado em estudos de modelagem e observações de satélite. Para quem trabalha com dados, séries do TerraBrasilis do INPE mostram trajetórias de desmatamento. Plataformas como o MapBiomas Brasil permitem cruzar uso do solo e regimes hídricos. Juntas, essas fontes ajudam a orientar políticas públicas.

Como isso impacta a vida de quem mora na região

  • Saúde Mais calor e ar seco ampliam doenças respiratórias. Alagamentos elevam risco de leptospirose e outras enfermidades ligadas à água contaminada.
  • Energia Hidrelétricas dependem de vazões estáveis. Secas longas reduzem geração e elevam a chance de uso de termelétricas. A conta fica mais cara.
  • Alimentos A produção regional perde previsibilidade. Atrasos de plantio e colheita se tornam comuns. A pesca sofre com variações de nível e temperatura da água.
  • Transporte Rios rasos limitam embarcações. Estradas sofrem com lama ou poeira extrema. O custo logístico cresce e impacta o preço final.
  • Cultura Festas, calendários ribeirinhos e rotinas tradicionais se adaptam a um clima menos confiável. O cotidiano muda.

Observação e dados para decisões mais rápidas

Sem dados, a gestão do risco vira adivinhação. A rede de estações meteorológicas e fluviométricas precisa de manutenção e expansão. Séries abertas permitem prever cheias e estiagens com antecedência. Isso salva vidas e reduz perdas econômicas. Plataformas públicas já oferecem boa parte do necessário.

Para monitorar o tempo e o clima, acompanhe o INMET e o CPTEC. Para hidrologia, consulte Hidroweb e painéis da ANA. Informações globais do Copernicus e do NOAA trazem contexto mais amplo para previsões sazonais.

Adaptação com soluções locais e ciência aplicada

Nenhuma solução isolada resolve tudo. O caminho passa por um conjunto de ações coordenadas. A seguir, um roteiro prático e adaptável.

Planejamento urbano com base em risco real

  • Zonas de alagamento mapeadas Atualize cartas de risco com base em cheias recentes. Integre ocupação do solo, drenagem e cotas de rio em sistemas geográficos municipais.
  • Drenagem inteligente Canais, bacias de detenção e pavimentos permeáveis reduzem picos de cheia. Soluções baseadas na natureza funcionam melhor com manutenção comunitária.
  • Habitação em áreas seguras Programas habitacionais devem priorizar cotas livres de inundação. Incentive retrofit resiliente em bairros existentes.

Gestão hídrica para secas mais longas

  • Reservatórios estratégicos Pequenos reservatórios e sistemas de captação de chuva garantem abastecimento em estiagens.
  • Uso eficiente Setores público, comercial e doméstico precisam de metas claras de economia. Campanhas simples fazem diferença.
  • Alertas antecipados Protocolos de emergência devem disparar quando vazões atingirem limites críticos.

Produção rural e florestal mais resiliente

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  • Sistemas agroflorestais Integração de árvores melhora microclima, retém água e diversifica renda. Há guias práticos em redes como a Embrapa Agrofloresta.
  • Manejo do fogo Queima controlada requer plano e capacitação. Monitoramento por satélite ajuda a prevenir incêndios acidentais. Consulte o Programa Queimadas do INPE.
  • Seguro rural e socorro rápido Instrumentos financeiros amortecem perdas e aceleram a retomada.

Conservação como infraestrutura de chuva

  • Florestas em pé Manter cobertura nativa é uma política hídrica. Ela sustenta a reciclagem de umidade e as chuvas adiante.
  • Restauração de áreas degradadas Corredores ecológicos e APPs recuperadas reconectam ciclos de água.
  • Proteção de nascentes Nascentes preservadas garantem vazões mínimas em períodos críticos.

Mitigação com foco em emissões e economia regional

Adaptar é essencial. Reduzir emissões também. A economia do Norte pode ganhar competitividade com transição energética e bioeconomia. Valor agregado em cadeias florestais, manejo sustentável e inovação em produtos da sociobiodiversidade geram renda e protegem a floresta. O BNDES e organismos internacionais oferecem linhas e parcerias para projetos de baixo carbono. Boas práticas de mensuração, reporte e verificação são importantes nesse caminho.

Para entender compromissos e metas globais, consulte documentos da Convenção do Clima da ONU. Para conhecer oportunidades em financiamento climático, acompanhe plataformas de dados e avaliações independentes como a Climate Policy Initiative.

Comunicação de risco com linguagem que chega às pessoas

A linguagem técnica é necessária, mas não pode ser barreira. Boletins devem ser curtos, visuais e frequentes. Em dia de alerta, a mensagem precisa ser simples e direta. Use mapas com pontos de referência conhecidos. Avise como agir. Diga onde buscar ajuda. Em seguida, faça balanços públicos. A confiança nasce da transparência.

Modelos e guias práticos estão em repositórios abertos. Organismos internacionais como a UNICEF e a OMS oferecem materiais sobre comunicação de risco para saúde e eventos extremos. Adapte ao contexto ribeirinho e urbano amazônico.

Ciência cidadã e tecnologia acessível como aliadas

Moradores conhecem os sinais do rio e do céu. Valorizar esse saber é estratégico. Aplicativos comunitários podem registrar níveis de rios, focos de fogo, qualidade da água e eventos de chuva. Esses dados locais conversam com satélites e estações. A junção melhora alertas e dá precisão às respostas da Defesa Civil.

Ferramentas abertas ajudam a começar. O QGIS permite montar mapas de risco sem custo de licença. Serviços como o Google Earth Engine facilitam análises com imagens históricas. Repositórios da NASA e do ESA fornecem séries remotas de alta qualidade.

Financiamento e governança com foco em resultados

Projetos de adaptação precisam de metas claras e indicadores de impacto. Cada real investido deve reduzir perdas futuras. É vital integrar municípios, estados e União em planos plurianuais. Fundos climáticos e parcerias privadas podem ampliar a escala. Experiências internacionais mostram que cada dólar preventivo economiza múltiplos em resposta a desastres.

Para estruturar projetos, guias do Banco Mundial e do Banco Asiático de Desenvolvimento trazem metodologias úteis. No Brasil, acompanhe editais e programas do FINEP e do CNPq para pesquisa aplicada.

Roteiro de ação para agora

  1. Mapear vulnerabilidades Identifique bairros, comunidades e cadeias produtivas mais sensíveis a cheias e secas.
  2. Fortalecer monitoramento Integrar dados de estações, satélites e ciência cidadã em um painel municipal aberto.
  3. Criar protocolos de resposta Definir gatilhos de alerta e rotas de evacuação com comunicação clara.
  4. Investir em infraestrutura natural Proteger florestas, nascentes e margens de rios como parte do sistema hídrico.
  5. Estimular inovação Apoiar soluções locais de água, energia e produção resiliente com crédito e compra pública.
  6. Educar e engajar Campanhas permanentes em escolas, rádios comunitárias e redes sociais com linguagem simples.

Perguntas frequentes para compartilhar com a comunidade

O que mudou de fato

A distribuição de chuva ficou mais irregular. Há mais dias sem precipitação e janelas curtas com chuva intensa. As secas duram mais. As cheias chegam fora do padrão histórico.

Isso vai piorar sempre

O futuro depende do que fazemos agora. Com mitigação e adaptação, é possível reduzir danos. A ciência mostra cenários diferentes conforme as emissões e as políticas adotadas.

Como cada pessoa pode ajudar

  • Evitar descarte irregular que entope drenagens urbanas.
  • Valorizar e defender áreas verdes locais.
  • Participar de redes de alerta comunitário e treinamentos de defesa civil.
  • Economizar água e energia no dia a dia.

Leituras e fontes confiáveis para acompanhar

A Amazônia sempre foi escola de adaptação. Povos ribeirinhos, indígenas e comunidades urbanas aprenderam a ler sinais do céu e do rio. Agora, o quadro é novo. As mudanças climáticas aceleram extremos e aumentam riscos. A resposta precisa ser coletiva, rápida e justa. Com informação de qualidade, soluções baseadas na natureza e inovação social, é possível proteger vidas e fortalecer a economia regional.O segredo está em planejar antes do próximo evento extremo. Não basta reconstruir depois. É hora de antecipar, reduzir vulnerabilidades e transformar a gestão da água em política central do desenvolvimento amazônico. A floresta em pé e as cidades resilientes são duas faces da mesma estratégia.
Participe Divulgue alertas oficiais em seus grupos locais. Apoie brigadas comunitárias. Ajude a mapear pontos de risco no seu bairro. Procure programas municipais de adaptação e cobre medidas. Se você é gestor público, priorize orçamento para prevenção. Se você é pesquisador, conecte dados com as necessidades das comunidades. Se você é empreendedor, leve inovação para água, energia e logística resiliente.Quer transformar essa informação em ação concreta na sua cidade ou comunidade ribeirinha Envie suas dúvidas e conte casos locais. Vamos reunir fontes, dados e exemplos práticos para um guia sob medida.Conheça metas climáticas globais e traga a conversa para o território. A força da Amazônia está nas pessoas que a constroem todos os dias.

Cultura e clima se encontram no edital da Central da COP em Belém

A COP30 não será apenas um encontro de diplomatas e negociadores. Em Belém, a conferência também se abre para a arte e a cultura como caminhos para compreender e comunicar a crise climática. A Central da COP, iniciativa do Observatório do Clima, lançou um edital para selecionar artistas, coletivos e organizações culturais do Pará e da Amazônia Legal que queiram integrar a programação paralela do evento.

As atividades vão ocupar dois espaços emblemáticos da capital paraense: o Instituto de Ciências da Arte (ICA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Teatro Waldemar Henrique, cedido pela Fundação Cultural do Pará. Entre 10 e 21 de novembro, os locais se transformarão em palcos de performances, peças, exibições audiovisuais e outras expressões que unam cultura e reflexão ambiental.

Um edital para transformar a crise em narrativa coletiva

O edital foi lançado no dia 22 de agosto e permanece aberto até 21 de setembro, às 23h59. Podem participar artistas maiores de 18 anos residentes no Pará há pelo menos dois anos, organizações sem fins lucrativos com sede na Amazônia Legal e coletivos culturais mesmo sem CNPJ — desde que indiquem uma pessoa física como responsável legal.

A proposta vai além de preencher a agenda cultural da COP30. A ideia é estimular reflexões sobre como a crise climática afeta modos de vida, territórios e identidades culturais. A comissão de seleção dará prioridade a projetos apresentados por mulheres, pessoas negras, integrantes da comunidade LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência e membros de comunidades tradicionais.

Esse recorte reflete um princípio central: a diversidade não é apenas critério de inclusão, mas elemento essencial para construir narrativas que expressem a pluralidade da Amazônia e suas relações com o mundo.

up_143_99374ed3-8118-dbb1-2049-411b3e836439-400x266 Cultura e clima se encontram no edital da Central da COP em Belém
Divulgação – Agência Pará

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O apoio financeiro varia de acordo com o porte da proposta. Exibições de filmes e performances podem receber até R$ 1,5 mil, enquanto peças teatrais com até seis artistas podem chegar a R$ 6 mil. Para grupos de fora de Belém, haverá um adicional de R$ 1 mil destinado a custear deslocamentos, embora transporte e alimentação não sejam cobertos.

Não há número fixo de vagas. A seleção dependerá da qualidade das propostas e da disponibilidade de orçamento. A comissão avaliadora levará em conta critérios como clareza conceitual, viabilidade técnica, relevância estética, coerência e representatividade.

Após a realização das atividades, os selecionados deverão apresentar um relatório final, acompanhado de registros fotográficos ou audiovisuais, além de lista de participantes. O regulamento completo, bem como formulários de inscrição, estão disponíveis no site da Central da COP.

Cultura como linguagem da transformação

Ao propor que a arte dialogue com o clima, a Central da COP reafirma uma convicção: nem todos os debates sobre a crise ambiental precisam ser técnicos ou científicos. A arte pode oferecer caminhos de sensibilização, traduzindo em sons, imagens e narrativas as urgências de um planeta em transformação.

Esse olhar amplia o escopo da COP30, mostrando que a conferência não pertence apenas aos gabinetes de negociação, mas também às ruas, aos palcos e às comunidades. Cada obra artística selecionada será, ao mesmo tempo, um gesto de resistência e um convite à imaginação coletiva de futuros possíveis.

Mais do que distribuir recursos, o edital afirma um compromisso com a equidade e a representatividade. Em uma Amazônia marcada por tensões sociais e ambientais, a oportunidade dada a artistas de diferentes origens sinaliza um reconhecimento: é impossível pensar soluções climáticas sem ouvir as vozes daqueles que já vivem os impactos da mudança do clima em seu cotidiano.

Assim, o programa cultural da COP30 se torna também um espaço de disputa de narrativas. Ao lado das negociações diplomáticas, a Central da COP abre caminho para que a arte dê corpo e emoção à urgência climática. Em novembro, Belém não será apenas sede de uma conferência internacional: será palco de uma experiência coletiva que une política, cultura e esperança.

Acesse aqui a inscrição: https://forms.gle/KjgCbqyhEFbV8TPd9

Novo modelo de desenvolvimento para frear a perda de biodiversidade na Amazônia

Durante anos, o Brasil acompanhou com uma espécie de anestesia estatística o avanço do desmatamento na Amazônia. Relatórios anuais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tornaram-se rotina nos noticiários, trazendo números que, por vezes, pareciam mais frios que a realidade que descreviam. Mas por trás de cada quilômetro quadrado de floresta suprimida, esconde-se um mundo em extinção. A floresta queimada não é apenas um dado perdido no satélite: é uma coleção de vidas, árvores, aves, primatas, insetos, micro-organismos, e saberes, modos de viver, possibilidades de futuro.

Em 2004, foram mais de 26 mil km² desmatados. Uma área superior à de estados como Alagoas ou Sergipe, reduzida a cinzas. À primeira vista, esses dados podem parecer apenas uma confirmação do que já se suspeita, o desmatamento segue, persistente, alimentado por interesses econômicos de curto prazo. Mas um estudo conduzido pelos pesquisadores Ima Célia Guimarães Vieira, José Maria Cardoso da Silva e Peter Mann de Toledo tentou quantificar o que realmente se perde quando a floresta cai. Estimativas apontam para a destruição de algo entre 1,1 e 1,4 bilhão de árvores em apenas um ano. Ao lado disso, cerca de 50 milhões de aves e mais de dois milhões de primatas foram afetados. Uma devastação em escala que supera, em muito, o impacto do tráfico ilegal de fauna, frequentemente retratado como o maior vilão da biodiversidade brasileira.

Esses números, ainda que impressionantes, são apenas a superfície de uma questão muito mais profunda. O que se esvai com a floresta nativa não é apenas a vida biológica. Vai-se, também, o potencial medicinal de compostos ainda desconhecidos, a estabilidade dos ciclos hídricos regionais, o equilíbrio climático, os saberes tradicionais de comunidades que vivem em simbiose com o ambiente. Vai-se o futuro.

Diante desse cenário, os autores do estudo não se limitam à denúncia. Avançam uma proposta concreta: zerar o desmatamento na Amazônia. Uma ideia que, à primeira vista, pode parecer radical ou utópica. Mas, examinada com mais cuidado, revela-se estratégica, técnica e politicamente exequível, desde que haja vontade coletiva. O cerne da proposta está na construção de territórios sustentáveis, uma abordagem que integra conservação ambiental, desenvolvimento econômico, inclusão social e respeito à diversidade cultural da região.

O conceito de território sustentável rompe com a dicotomia entre preservar e produzir. Ele propõe mosaicos de uso da terra onde diferentes atividades — agroecologia, manejo florestal, turismo de base comunitária, pesquisa científica, educação ambiental — coexistem e se retroalimentam. É um modelo que reconhece as especificidades ecológicas e sociais de cada sub-região amazônica e busca soluções localizadas, mas articuladas por uma lógica comum: a manutenção dos processos ecológicos e da dignidade humana.

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Para tanto, os pesquisadores propõem seis estratégias na Amazônia:

  1. Expansão e descentralização do sistema regional de ciência, tecnologia e inovação (CT&I): O conhecimento precisa estar enraizado no território. Instituições científicas devem ser fortalecidas nas cidades do interior, com a atração de pesquisadores, infraestrutura adequada e redes colaborativas. A ciência não pode continuar concentrada em poucos polos urbanos.
  2. Gestão eficaz das áreas protegidas e Terras Indígenas (TIs): Unidades de conservação e TIs são as barreiras mais efetivas contra o avanço do desmatamento. Mas para funcionarem, precisam de orçamento, pessoal, infraestrutura e, sobretudo, segurança política. A descontinuidade dessas políticas tem sido um dos principais entraves à sua eficácia.
  3. Conversão de terras públicas não destinadas em áreas protegidas: Aproximadamente 600 mil km² de terras públicas na Amazônia permanecem sem destinação formal. Transformá-las em Unidades de Conservação ou Terras Indígenas é um passo essencial para evitar grilagem, especulação e desmatamento futuro.
  4. Aumento da proteção em áreas privadas: Cerca de 1,6 milhão de km² da floresta amazônica estão em propriedades privadas. Programas de incentivo econômico para manter as reservas legais e áreas de proteção permanente, bem como a promoção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), são fundamentais.
  5. Recuperação e uso eficiente de áreas degradadas: Áreas já alteradas devem ser reocupadas com tecnologias sustentáveis. Projetos-piloto de agroflorestas, sistemas silvipastoris e outras formas de produção regenerativa demonstram que é possível conciliar produtividade com restauração.
  6. Melhoria dos mecanismos de governança: A Amazônia exige um modelo de governança que respeite sua diversidade. Isso implica integrar políticas setoriais, garantir financiamento sustentado, fortalecer os espaços de participação local e reconhecer o protagonismo dos povos originários e comunidades tradicionais.

Essa visão integrada da gestão territorial parte do reconhecimento de que o atual modelo de desenvolvimento está falido. O discurso da Amazônia como “fronteira do progresso” serviu a interesses exógenos — grandes empreiteiras, mineradoras, latifundiários — que jamais devolveram à região o equivalente às riquezas extraídas. Os indicadores sociais dos estados amazônicos continuam entre os piores do país, enquanto a floresta segue tombando.

O desafio é enorme, mas o tempo é curto. A meta estabelecida pelo Brasil de zerar o desmatamento até 2030 não será cumprida com boas intenções e retórica ambiental. Será preciso um pacto nacional que envolva governos, setor produtivo, comunidade científica e sociedade civil. Será preciso, acima de tudo, coragem política.

Como lembram os autores do estudo, estabelecer territórios sustentáveis é uma tarefa complexa, que exige continuidade, visão de longo prazo e colaboração global. Mas é também uma oportunidade histórica de redesenhar os fundamentos da economia e da governança na região. E, quem sabe, de oferecer ao mundo uma alternativa concreta ao colapso ecológico em curso.

A Amazônia não é o último obstáculo ao progresso. Ela é a primeira condição de um futuro possível.

Belém recebe Fórum Carbono Neutro 2025 como aquecimento para a COP-30

Belém se prepara para se tornar, em 2025, um dos epicentros do debate climático mundial. A cidade, escolhida para sediar a COP-30 no ano seguinte, já começa a respirar o ritmo intenso das agendas ambientais que marcam a contagem regressiva para a conferência. Nesse cenário, o Fórum Carbono Neutro 2025, marcado para 23 de setembro, surge como um dos principais encontros de reflexão e mobilização do país em torno da transição energética e da sustentabilidade.

Realizado na sede da Fecomércio-PA, o evento é considerado o maior do gênero no Brasil e reunirá lideranças empresariais, especialistas, representantes do poder público e da sociedade civil para discutir caminhos concretos rumo a uma economia de baixo carbono. A iniciativa integra a Semana Internacional das Energias Renováveis, Sustentabilidade e Meio Ambiente, que acontece de 23 a 25 de setembro, também em Belém, e agrega outros dois encontros estratégicos: o Fórum Amazônia e o Fórum GD Norte.

A escolha da capital paraense não é apenas geográfica, mas simbólica. A Amazônia, palco de tensões e soluções climáticas, ocupa o centro das atenções mundiais em tempos de urgência ambiental. “O Fórum tem como missão projetar a região como protagonista no debate global, antecipando discussões que certamente ganharão força na COP-30”, explicam os organizadores.

Durante a programação, temas como neutralidade de carbono, bioeconomia, inovação tecnológica e financiamento verde estarão no centro das mesas de debate. A proposta é articular visões locais e internacionais, mostrando como a floresta, as cidades amazônicas e o setor produtivo podem se alinhar a uma agenda de transição justa e inclusiva.

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Além de conteúdo técnico, o evento também cumpre um papel político e simbólico: consolidar Belém como espaço de convergência entre ciência, políticas públicas e mercado. A expectativa é de que os encontros tragam não apenas diagnósticos, mas também compromissos e parcerias que contribuam para acelerar a adaptação e a mitigação das mudanças climáticas.

Com a proximidade da COP-30, iniciativas como o Fórum Carbono Neutro se tornam fundamentais para preparar os atores nacionais e regionais que estarão na linha de frente das negociações internacionais. O que está em jogo não é apenas a vitrine amazônica para o mundo, mas a oportunidade de reposicionar o Brasil como liderança climática e inovadora na área de energias renováveis.

O evento, portanto, se propõe a ser mais que um encontro setorial: é um laboratório de ideias e soluções que dialogam com o futuro imediato. Nele, a Amazônia deixa de ser apenas território em disputa e se transforma em plataforma de inovação, apontando alternativas viáveis para a reconciliação entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas diretamente no site oficial do Fórum. A participação é gratuita, mas as vagas são limitadas.

Para se inscrever e acompanhar a programação completa, acesse:
👉 www.forumcarbononeutro.com.br

Créditos de plástico, a aposta para equilibrar o jogo entre resina reciclada e plástico virgem

Derivado do petróleo, o plástico carrega um duplo estigma: é um dos principais emissores de CO₂ e também o poluidor mais persistente de mares e rios. Mas interromper sua produção de forma abrupta é inviável em um mundo que consome embalagens e derivados em escala exponencial. Diante desse impasse, surge um mecanismo financeiro ainda pouco conhecido no Brasil, mas que já movimenta cifras milionárias em outros países: os créditos de plástico.

Inspirados no mercado de carbono, eles funcionam como certificados de impacto. Sempre que uma quantidade de plástico é coletada ou reciclada, cooperativas, catadores e recicladoras podem transformar esse volume em créditos, depois vendidos a empresas que precisam compensar resíduos que não conseguem recolher por conta própria. É uma forma de monetizar a cadeia da reciclagem e, ao mesmo tempo, de equilibrar a balança entre a resina reciclada, mais cara, trabalhosa e tributada, e a resina virgem, produzida diretamente a partir do petróleo.

Para Bruno Idler, CEO da Wise Plásticos, um dos pioneiros no setor, o mecanismo ajuda a corrigir uma distorção antiga: “O produto reciclado nunca cai de preço no mesmo ritmo que o virgem, o que derruba a competitividade da cadeia reciclada.” A lógica é simples: se uma recicladora recebe 500 dólares por tonelada em créditos, pode vender sua resina a preços mais baixos, ampliando a margem de competitividade diante da resina virgem.

A experiência da Polibalbino, recicladora de Guarulhos, mostra como isso se traduz em realidade. Com os 21 mil créditos que emitiu pela certificadora internacional Verra, a empresa ergueu uma nova planta de reciclagem, ampliando sua capacidade de 800 para 1.300 toneladas por mês e gerando mais 50 empregos. “É um serviço ambiental sem pagamento ambiental”, resume o fundador Cláudio Balbino, lembrando que ainda paga impostos como se sua resina fosse produzida a partir de petróleo.

O modelo é respaldado por leis brasileiras, como o decreto nº 11.413/2023, que regulamenta a logística reversa, e pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, em vigor desde 2010. Internacionalmente, os créditos podem ser certificados por entidades como a Verra, que já atua no mercado de carbono. Hoje, apenas três empresas brasileiras possuem créditos de plástico certificados pela instituição, em um universo global de 28.

Os preços variam bastante: de 100 a 1.000 dólares por tonelada, dependendo do tipo de projeto. Iniciativas mais “nobres”, como ONGs que retiram plástico diretamente do oceano, costumam alcançar os valores mais altos. Em comparação, créditos de energia renovável giram em torno de 2 dólares por tonelada e os de restauração florestal, cerca de 50 dólares. A discrepância mostra que o plástico se tornou um ativo disputado — e que a crise de poluição global pode acelerar sua valorização.

O Brasil, com mais de 3 mil lixões ativos e quase 80 milhões de toneladas de resíduos urbanos gerados por ano, aparece como um terreno fértil para o setor. A coleta seletiva ainda é precária e a taxa de reciclagem segue baixa, sob o argumento recorrente de falta de viabilidade financeira. Nesse contexto, os créditos de plástico funcionam como um subsídio indireto, injetando recursos em uma cadeia socialmente relevante e historicamente subfinanciada.

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Casa da FlexStone construída no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá – UFPa , tecnologia fez sumir o equivalente a 300 mil garrafas pet.

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Mas o entusiasmo convive com dilemas. O fracasso recente das negociações da ONU para aprovar um tratado global do plástico mostrou como países produtores de petróleo e petroquímicos resistem a cortar a produção de resina virgem, deslocando a responsabilidade para a gestão de resíduos. O risco é que os créditos virem apenas um alívio reputacional para grandes empresas, sem reduzir de fato a dependência do plástico novo.

Para defensores do modelo, no entanto, o mercado pode amadurecer com rapidez maior do que o de carbono, que levou quase três décadas para se consolidar após o Protocolo de Quioto. Gabriel Ruske, da EcoCircle, vê nos créditos uma oportunidade de mercado diante do impasse diplomático: “Se não há acordo entre nações, sobra para iniciativas privadas darem o tom.”

Há também quem enxergue nos créditos uma ponte: não a solução definitiva, mas um mecanismo de transição capaz de remunerar catadores, financiar inovação em reciclagem e aumentar a competitividade da resina reciclada. Como lembra Juliana Rolla, CEO do grupo Oma, “assim como o carbono, ele não pode ser considerado a única solução ou única fonte de receita”.

Enquanto microplásticos já se acumulam nos corpos humanos e o debate sobre seus impactos na saúde ganha espaço, os créditos de plástico parecem destinados a crescer. O desafio será garantir que eles não virem apenas uma moeda verde de fachada, mas um instrumento real para transformar a forma como consumimos, produzimos e descartamos.

Nesse horizonte, tecnologias como a FlexStone surgem como alternativas estratégicas: em vez de apenas compensar, elas mostram como transformar resíduos plásticos em novos materiais de valor agregado, fortalecendo a economia circular. Se os créditos são um passo para financiar a reciclagem, soluções como o FlexStone podem ser o salto para mudar a lógica do plástico em sua origem. Mais informações em brita.eco.br.

Revista Amazônia de setembro “explorando o potencial do carbono azul e a resiliência da floresta”

Esta edição da Revista Amazônia reúne pesquisas e reportagens que mostram a complexidade e a esperança em torno do maior bioma tropical do planeta. Os textos conectam descoberta científica, tecnologia aplicada, restauração ecológica e desafios reais de gestão territorial. O tom é de urgência responsável, focado em caminhos possíveis para conservar e recuperar a floresta sem perder de vista as populações que dela dependem.

05 Revista Amazônia de setembro "explorando o potencial do carbono azul e a resiliência da floresta"

Restauração e práticas baseadas na ciência

O dossiê sobre onde e com quais espécies reflorestar a Amazônia mostra como zoneamentos topoclimáticos podem orientar projetos de restauração com maior chance de sucesso. O trabalho traz mapas e recomendações práticas para alinhar restauração, bioeconomia e geração de renda para comunidades locais.

06 Revista Amazônia de setembro "explorando o potencial do carbono azul e a resiliência da floresta"Em sintonia, a matéria sobre o novo centro de pesquisas Capoeira destaca o esforço coletivo para recuperar áreas degradadas. O centro reúne universidades, instituições públicas e redes locais para transformar conhecimento em ação no terreno.

Mudanças climáticas e padrões hidrológicos

Vários artigos desta edição revelam que o clima da Amazônia está mudando de forma marcada. Estudos publicados aqui mostram aumento de chuvas em parte da floresta durante a estação seca e, ao mesmo tempo, mudanças extremas na sazonalidade das precipitações registradas em anéis de crescimento de árvores. Essas descobertas ajudam a mapear riscos e adaptar políticas.

01 Revista Amazônia de setembro "explorando o potencial do carbono azul e a resiliência da floresta"

Outra investigação chama atenção para a interação entre desmatamento e clima. A análise mostra que a perda de floresta reduz chuvas e eleva temperaturas na estação seca, o que agrava secas e eventos extremos. Esse conjunto de evidências reforça a necessidade de ações simultâneas de proteção e restauração.

Ameaças atuais e cenários territoriais

Dados de monitoramento confirmam que apenas dez municípios concentraram quase 30% do desmatamento na janela mais recente. Mapas e rankings presentes na matéria ajudam a identificar áreas críticas onde políticas de proteção e fiscalização podem ter maior impacto imediato.

03 Revista Amazônia de setembro "explorando o potencial do carbono azul e a resiliência da floresta"Além do desmatamento, a degradação por queimadas e extração deixou sinais claros de fragilidade. O salto na degradação observado no último ano é um alerta para estratégias de resposta rápida que priorizem paisagens e comunidades vulneráveis.

Tecnologia, ciência e inovação na floresta

Avanços tecnológicos aparecem como ferramentas de conservação. A inteligência artificial permitiu identificar mais de 600 castanheiras em tempo recorde, reduzindo custos e ampliando o alcance de inventários florestais. Em outra reportagem, técnicas de contagem por imagens aéreas revelaram milhares de tartarugas em áreas de nidificação, demonstrando como métodos modernos podem revolucionar o monitoramento de vida selvagem.

07 Revista Amazônia de setembro "explorando o potencial do carbono azul e a resiliência da floresta"Também trazemos estudos sobre diversidade de espécies e sequestro de carbono. Pesquisas mostram que florestas mais diversas estocam mais carbono, o que reforça a ideia de restauração com múltiplas espécies em vez de plantios monoespecíficos.

Soluções baseadas em natureza e pequenos experimentos com grande alcance

Relatos sobre restauração de áreas úmidas e experimentos com sistemas agroflorestais demonstram ganhos rápidos para clima e resiliência à seca. Projetos pequenos e bem orientados podem produzir efeitos locais importantes e servir como modelos para escala.

04 Revista Amazônia de setembro "explorando o potencial do carbono azul e a resiliência da floresta"

Iniciativas inovadoras e simples também aparecem na revista, como o uso de baldes plásticos para transformar viveiros em mini estufas para mudas de castanheira. Essas soluções de baixo custo mostram que a inovação pode vir de práticas locais e replicáveis.

Cientistas, comunidades e políticas

A edição reforça uma mensagem recorrente: a ciência é essencial, mas sem a participação dos povos da floresta, comunidades locais e políticas públicas integradas, as soluções não terão alcance. A defesa da biodiversidade, o fortalecimento de redes científicas e a integração entre conhecimento tradicional e tecnologia são destacados como caminhos inevitáveis.

08 Revista Amazônia de setembro "explorando o potencial do carbono azul e a resiliência da floresta"Por fim, os textos da edição dialogam com a agenda que começa a ganhar atenção global, entre elas os debates que serão colocados na COP 30 em Belém. As evidências reunidas ajudam a construir argumentos técnicos para que restauração, proteção e financiamento climático avancem de forma justa e eficaz.

Leia também nesta edição

  • Onde e com quais espécies reflorestar a amazônia com base na ciência
  • Aumento das chuvas na estação seca em partes da floresta amazônica
  • Dez municípios concentram quase 30% do desmatamento na amazônia nos últimos 12 meses
  • Anéis de crescimento de árvores revelam mudanças extremas na sazonalidade de chuvas na amazônia
  • Aproveitando o potencial da ação climática e da conservação da biodiversidade
  • A preservação da biodiversidade na amazônia
  • Inteligência artificial identifica mais de 600 castanheiras nativas em tempo recorde na amazônia
  • A floresta amazônica é mais resiliente do que se supõe
  • Baldes plásticos viram mini estufas e inovam o cultivo de castanheira
  • Crescimento surpreendente de plantas com moléculas de metabolismo animal
  • Florestas tropicais nas américas estão lutando para acompanhar as mudanças climáticas
  • Benefícios de áreas úmidas restauradas para o clima e a resiliência à seca após apenas um ano

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Pelo do Persa: 7 dicas práticas pra manter ele impecável sem sofrimento

Quem já conviveu com um gato Persa sabe que a beleza dessa raça vem acompanhada de um desafio: o cuidado diário com o pelo longo e volumoso. Não é raro ouvir tutores reclamando de nós, queda excessiva ou até dificuldade em manter a pelagem brilhante. A verdade é que o Persa exige rotina, paciência e alguns truques que evitam sofrimento tanto para o gato quanto para o dono. Mais do que estética, cuidar do pelo desse felino é uma questão de saúde, já que nós mal tratados podem se transformar em feridas e incômodos.

Persa: rotina de escovação que evita nós

O segredo para manter o pelo impecável está na escovação diária. Gatos Persas têm subpelo denso, o que facilita o surgimento de nós. Quanto mais tempo você demora para escovar, mais doloroso será desfazer os embaraços depois. O ideal é separar de 5 a 10 minutos por dia para a tarefa, sempre com escovas próprias para gatos de pelo longo. Escovar devagar, em movimentos suaves, transforma o cuidado em um momento de vínculo. Muitos tutores relatam que o gato passa a gostar da rotina quando associada a carinho e recompensas.

Banho na medida certa

Ao contrário do que muitos imaginam, o banho não deve ser frequente em gatos Persas. A recomendação é dar banho apenas quando o pelo está visivelmente oleoso ou sujo. Em média, a cada 40 a 60 dias já é suficiente. O truque é usar shampoos específicos para gatos de pelo longo, que limpam sem ressecar. Após o banho, a secagem deve ser feita com secador em temperatura morna, sempre mantendo distância para não assustar o gato. Esse processo é essencial, pois deixar o pelo úmido favorece o surgimento de fungos e nós.

Alimentação que reflete no pelo

Não adianta cuidar só por fora se o Persa não estiver bem nutrido. Uma alimentação de qualidade, rica em proteínas e ácidos graxos, influencia diretamente na saúde da pelagem. Rações premium específicas para raças de pelo longo são a melhor escolha. Elas trazem nutrientes que reduzem a queda e mantêm o brilho. Suplementos de ômega 3 e 6, recomendados por veterinários, também são aliados poderosos. Muitos tutores notam diferença em poucas semanas depois de ajustar a dieta.

Hidratação e ambiente adequado

O pelo do Persa sofre em ambientes muito secos. Isso aumenta a chance de queda e ressecamento. Uma dica prática é usar umidificadores em períodos de clima seco, principalmente em regiões com ar-condicionado constante. O gato, além de se sentir melhor, terá a pelagem mais macia. Outro cuidado é garantir que ele tenha sempre acesso a água fresca e em abundância. Hidratação é fundamental para manter tanto a pele quanto os fios saudáveis.

Corte higiênico e manutenção

Nem todo tutor consegue manter o pelo do Persa impecável apenas com escovação. Por isso, o corte higiênico é uma alternativa prática. Feito geralmente em regiões como barriga, patas e próximo à cauda, evita que o pelo acumule sujeira. Esse corte pode ser feito a cada dois ou três meses em pet shops especializados. Além de facilitar a limpeza, ajuda o gato a se sentir mais confortável. Importante: jamais tente tosar totalmente o Persa em casa, pois isso pode machucar a pele delicada.

Truque contra bolas de pelo

Um problema clássico de gatos de pelo longo são as bolas de pelo ingeridas durante a autolimpeza. Elas podem causar vômitos e até obstruções intestinais. Para prevenir, além da escovação, é indicado oferecer rações ou petiscos específicos que ajudam na eliminação natural desses pelos. Outra dica é usar malte veterinário, que age como lubrificante e facilita a passagem do pelo pelo sistema digestivo. Essa simples prática evita sofrimento para o gato e preocupação para o tutor.

Paciência e adaptação gradual

Talvez o truque mais importante seja a paciência. Muitos gatos Persas não gostam de cuidados de imediato, principalmente se já tiveram experiências negativas. A adaptação precisa ser gradual. Comece com escovações curtas, recompense com petiscos e vá aumentando o tempo aos poucos. Transformar o momento em uma experiência positiva é a chave para evitar sofrimento. Com consistência, o gato passa a associar o cuidado com carinho e atenção.

Persa como símbolo de elegância

Não é exagero dizer que o Persa é um dos gatos mais icônicos do mundo. Seu pelo longo e sedoso é um dos maiores atrativos, mas só se mantém bonito com cuidados constantes. Mais do que aparência, cuidar da pelagem é também cuidar da saúde e bem-estar.

Criando uma rotina leve

O segredo para não transformar a manutenção do pelo em uma tarefa cansativa é incluir os cuidados na rotina, de forma leve. Um minuto de escovação aqui, outro ali, e quando você perceber, o Persa estará com o pelo sempre brilhante sem esforço acumulado.

O elo entre estética e afeto

Manter o pelo impecável não deve ser visto apenas como estética. É uma forma de estreitar laços. Cada escovação é um convite para criar conexão, cada banho bem feito é sinônimo de conforto. No fim, o resultado vai além da aparência: é o reflexo de um cuidado diário que se transforma em afeto.

Cuidar de um gato Persa é um exercício de disciplina, mas também de amor. Ao aplicar essas sete dicas, você evita sofrimento, previne problemas de saúde e garante que seu companheiro esteja sempre com a pelagem que o consagrou como um dos felinos mais admirados do mundo.

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Mutirão Global quer transformar a COP30 em movimento de cura do planeta

Na Semana do Clima do Panamá, a presidência da COP30 apresentou uma proposta que vai além das negociações formais: a criação de um Mutirão Global pelo Clima. A ideia, liderada pelo embaixador André Corrêa do Lago, atual presidente da conferência, busca mobilizar a sociedade civil internacional para que compromissos climáticos se transformem em ações concretas nos territórios.

A iniciativa parte de uma convicção: enfrentar a crise climática não é tarefa restrita a governos ou fóruns diplomáticos, mas um esforço coletivo que precisa permear escolhas cotidianas, tecnologias, culturas e modos de vida.

Do discurso à ação cotidiana

Segundo Ana Toni, diretora executiva da conferência, a noção de “mutirão” conquistou adesão porque transmite a força da colaboração com objetivos comuns. Ela ressalta que a ação climática não pode se limitar às duas semanas anuais da conferência, mas deve ser vivida diariamente — desde a escolha do transporte e da energia em casa até decisões de consumo e voto.

O conceito de Mutirão Global, apresentado na primeira carta ao mundo do embaixador Corrêa do Lago, foi defendido também por Túlio Andrade, chefe de Estratégia e Alinhamento da COP30. Para ele, a proposta pode criar uma verdadeira cadeia de mobilização, conectando plataformas, recursos e tecnologias em torno da missão de limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Andrade sublinha que mais do que uma visão brasileira, o mutirão simboliza um pacto humano de cooperação, prosperidade e comunidade.

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Reprodução

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Sabedoria ancestral e força local

A narrativa coletiva ganha ainda mais profundidade quando entrelaçada ao conhecimento indígena. O ativista Eric Terena, do povo Terena do Mato Grosso do Sul, descreveu o Mutirão como um movimento espiritual de cura da Terra. Para ele, trata-se de reconectar consciências às raízes da floresta, seguindo o ensinamento dos anciãos de que cuidar da natureza é também cuidar da humanidade.

Exemplos práticos desse espírito já estão em curso. Em Queimados, no Rio de Janeiro, a comunidade conseguiu encerrar uma década de alagamentos com ações coletivas. O caso, relatado por Lenon Medeiros, diretor da Visão Coop, mostra como soluções locais podem nascer da inteligência comunitária. Medeiros defende que os territórios sabem o que fazer, mas precisam de recursos e redes de apoio para multiplicar experiências bem-sucedidas em diferentes contextos sociais.

Redes internacionais de inovação

A mobilização proposta pela COP30 dialoga também com experiências de outros continentes. O indiano Sanjay Purohit, do Centre for Exponential Change (C4EC), destacou iniciativas conjuntas de cinco organizações em seu país, que atuam em áreas como agricultura sustentável, infraestrutura resiliente, biocombustíveis e inteligência artificial. Para ele, a ação climática precisa ser impulsionada por redes locais articuladas globalmente, com apoio de infraestrutura pública digital que permita engajamento contínuo.

Essa dimensão científica e inovadora também esteve presente no painel conduzido por Maria Augusta Arruda, diretora do Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBio-CNPEM). A instituição tem papel estratégico em integrar diferentes áreas do conhecimento para construir soluções que dialoguem com a transição energética e a bioeconomia.

Um chamado à cooperação

O debate ainda reuniu nomes como Irene Suárez Pérez (Global Optimism), Antonia Gawel (Google), Sam Shang (Instituto Santa Fé), Paulo Durrant (Breakthrough Agenda), Shankar Maruwada (Fundação EkStep), Fabro Steibel (ITS Rio), Iñaki Goñi (ISWE Foundation), Sujith Nair (Foundation for Interoperability in Digital Economy) e Anit Mukherjee (Research Foundation America).

A diversidade de vozes ilustra que o desafio climático exige articulação entre ciência, tecnologia, ancestralidade, empresas, governos e movimentos sociais. O Mutirão Global emerge, assim, como uma narrativa capaz de aproximar universos distintos em torno de um mesmo objetivo: transformar compromissos diplomáticos em práticas concretas de cuidado com o planeta.

Mais do que uma metáfora, o mutirão se propõe a ser uma metodologia de ação que une pessoas, territórios e saberes. Como sintetizou Eric Terena, trata-se de um chamado espiritual e político à cura da Terra — uma tarefa que só será possível quando todos se reconhecerem como parte da mesma comunidade planetária.