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Mutirão Global quer transformar a COP30 em movimento de cura do planeta

Na Semana do Clima do Panamá, a presidência da COP30 apresentou uma proposta que vai além das negociações formais: a criação de um Mutirão Global pelo Clima. A ideia, liderada pelo embaixador André Corrêa do Lago, atual presidente da conferência, busca mobilizar a sociedade civil internacional para que compromissos climáticos se transformem em ações concretas nos territórios.

A iniciativa parte de uma convicção: enfrentar a crise climática não é tarefa restrita a governos ou fóruns diplomáticos, mas um esforço coletivo que precisa permear escolhas cotidianas, tecnologias, culturas e modos de vida.

Do discurso à ação cotidiana

Segundo Ana Toni, diretora executiva da conferência, a noção de “mutirão” conquistou adesão porque transmite a força da colaboração com objetivos comuns. Ela ressalta que a ação climática não pode se limitar às duas semanas anuais da conferência, mas deve ser vivida diariamente — desde a escolha do transporte e da energia em casa até decisões de consumo e voto.

O conceito de Mutirão Global, apresentado na primeira carta ao mundo do embaixador Corrêa do Lago, foi defendido também por Túlio Andrade, chefe de Estratégia e Alinhamento da COP30. Para ele, a proposta pode criar uma verdadeira cadeia de mobilização, conectando plataformas, recursos e tecnologias em torno da missão de limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Andrade sublinha que mais do que uma visão brasileira, o mutirão simboliza um pacto humano de cooperação, prosperidade e comunidade.

Aquecimento-global-abaixo-de-15oC-e-a-diferenca-entre-vida-e-morte-1-400x281 Mutirão Global quer transformar a COP30 em movimento de cura do planeta
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Sabedoria ancestral e força local

A narrativa coletiva ganha ainda mais profundidade quando entrelaçada ao conhecimento indígena. O ativista Eric Terena, do povo Terena do Mato Grosso do Sul, descreveu o Mutirão como um movimento espiritual de cura da Terra. Para ele, trata-se de reconectar consciências às raízes da floresta, seguindo o ensinamento dos anciãos de que cuidar da natureza é também cuidar da humanidade.

Exemplos práticos desse espírito já estão em curso. Em Queimados, no Rio de Janeiro, a comunidade conseguiu encerrar uma década de alagamentos com ações coletivas. O caso, relatado por Lenon Medeiros, diretor da Visão Coop, mostra como soluções locais podem nascer da inteligência comunitária. Medeiros defende que os territórios sabem o que fazer, mas precisam de recursos e redes de apoio para multiplicar experiências bem-sucedidas em diferentes contextos sociais.

Redes internacionais de inovação

A mobilização proposta pela COP30 dialoga também com experiências de outros continentes. O indiano Sanjay Purohit, do Centre for Exponential Change (C4EC), destacou iniciativas conjuntas de cinco organizações em seu país, que atuam em áreas como agricultura sustentável, infraestrutura resiliente, biocombustíveis e inteligência artificial. Para ele, a ação climática precisa ser impulsionada por redes locais articuladas globalmente, com apoio de infraestrutura pública digital que permita engajamento contínuo.

Essa dimensão científica e inovadora também esteve presente no painel conduzido por Maria Augusta Arruda, diretora do Laboratório Nacional de Biociências do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBio-CNPEM). A instituição tem papel estratégico em integrar diferentes áreas do conhecimento para construir soluções que dialoguem com a transição energética e a bioeconomia.

Um chamado à cooperação

O debate ainda reuniu nomes como Irene Suárez Pérez (Global Optimism), Antonia Gawel (Google), Sam Shang (Instituto Santa Fé), Paulo Durrant (Breakthrough Agenda), Shankar Maruwada (Fundação EkStep), Fabro Steibel (ITS Rio), Iñaki Goñi (ISWE Foundation), Sujith Nair (Foundation for Interoperability in Digital Economy) e Anit Mukherjee (Research Foundation America).

A diversidade de vozes ilustra que o desafio climático exige articulação entre ciência, tecnologia, ancestralidade, empresas, governos e movimentos sociais. O Mutirão Global emerge, assim, como uma narrativa capaz de aproximar universos distintos em torno de um mesmo objetivo: transformar compromissos diplomáticos em práticas concretas de cuidado com o planeta.

Mais do que uma metáfora, o mutirão se propõe a ser uma metodologia de ação que une pessoas, territórios e saberes. Como sintetizou Eric Terena, trata-se de um chamado espiritual e político à cura da Terra — uma tarefa que só será possível quando todos se reconhecerem como parte da mesma comunidade planetária.

Siamês: 6 motivos que explicam por que ele não desgruda do tutor

Quem convive com um gato Siamês logo percebe que ele não é como os outros felinos independentes que costumam se contentar com um cantinho só deles. O Siamês é diferente: segue o tutor pela casa, mia quando não vê companhia e até tenta participar das atividades do dia a dia. Esse comportamento desperta curiosidade — afinal, por que essa raça é tão grudada?

Siamês: um felino com personalidade única

Entre as raças de gatos, o Siamês é considerado um dos mais comunicativos e sociáveis. Sua ligação intensa com os humanos vem de fatores históricos, emocionais e até genéticos. Não se trata apenas de “manha” ou excesso de carência; existe uma explicação para cada detalhe dessa proximidade.

1. Herança de sociabilidade

O Siamês foi domesticado há séculos em templos da Tailândia, onde era considerado um gato sagrado e vivia sempre próximo a monges e famílias reais. Essa convivência próxima com humanos acabou reforçando características de sociabilidade na raça. Hoje, mesmo em apartamentos modernos, o instinto de estar ao lado do tutor continua forte.

2. Necessidade de estímulo constante

Essa é uma raça muito ativa e inteligente, que precisa de estímulos para não se entediar. Ao acompanhar o tutor em tarefas diárias, o Siamês encontra distração e interação. Quando o tutor não está disponível, eles podem apresentar sinais de ansiedade e até destruir objetos da casa para aliviar a frustração.

3. Forte apego emocional

Enquanto muitas raças de gatos são mais desapegadas, o Siamês desenvolve laços emocionais profundos. Ele não enxerga o tutor apenas como “provedor de comida”, mas como parte do seu núcleo de convivência. Por isso, pode seguir a pessoa até no banheiro ou dormir na cama todos os dias. É quase uma relação de dependência afetiva.

4. Comunicação intensa

O Siamês é conhecido pelo miado característico e constante, usado para chamar atenção e interagir. Esse comportamento é um reflexo da sua necessidade de contato. Para ele, “falar” com o tutor é uma forma de manter proximidade e reforçar o vínculo. Quem convive com um Siamês costuma sentir que o gato entende até pequenas rotinas da casa e responde de acordo.

5. Sensibilidade ao ambiente

Gatos dessa raça percebem com facilidade mudanças no ambiente ou no humor do tutor. Se a pessoa está triste, o Siamês tende a ficar mais próximo; se está feliz, participa das brincadeiras. Essa sensibilidade aumenta a necessidade de ficar colado em quem ele considera referência de segurança e afeto.

6. Tendência a ansiedade de separação

Justamente por essa ligação forte, o Siamês pode sofrer mais quando fica sozinho. Muitos tutores relatam que ao chegar em casa encontram miados insistentes ou objetos revirados. Essa ansiedade de separação reforça a imagem de que o gato “não desgruda”, já que ele busca recuperar o tempo perdido assim que o tutor retorna.

Como lidar com esse apego

Embora seja encantador ter um gato tão próximo, também é importante criar estratégias para que ele não desenvolva dependência excessiva. Brinquedos interativos, arranhadores e prateleiras para escalar ajudam a estimular a independência. Além disso, dedicar alguns minutos diários a brincadeiras direcionadas pode reduzir a ansiedade.

Um companheiro para todas as horas

O comportamento do Siamês pode parecer exagerado para quem está acostumado com gatos mais reservados, mas para os apaixonados por essa raça, essa proximidade é justamente o charme. Eles não apenas convivem, mas participam ativamente da vida da família, tornando-se quase uma sombra afetuosa que acompanha o tutor em cada passo.

Viver com um Siamês é entender que sua independência tem limites e que, por trás dos miados insistentes e da companhia constante, existe um felino que encontrou na presença humana o centro da sua felicidade.

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Mutirão ambiental no Amazonas conecta agricultores à conservação e ao futuro sustentável da floresta

No coração da Amazônia, agricultores familiares deram um passo decisivo para unir produção rural e preservação ambiental. Entre os dias 25 de agosto e 4 de setembro, um mutirão realizado em Manaus atendeu 251 produtores e registrou 85 novas inscrições no Projeto Floresta+ Amazônia, iniciativa que oferece pagamento por serviços ambientais a quem mantém a floresta em pé.

A ação, conduzida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), aconteceu no Centro de Monitoramento Ambiental de Áreas Protegidas (CMAAP), em Manaus. O objetivo foi aproximar agricultores de políticas públicas que aliam regularização fundiária, segurança jurídica e incentivos econômicos à conservação.

Um dos principais serviços oferecidos foi a atualização do Cadastro Ambiental Rural (CAR), requisito fundamental para a participação em programas de incentivo, como o Floresta+ Amazônia. Para o diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, o CAR representa muito mais do que um registro burocrático.

“O CAR é uma ferramenta de planejamento ambiental e econômico. Ele permite integrar informações sobre propriedades rurais e fortalece as estratégias de conservação e combate ao desmatamento”, explicou.

No Amazonas, o Ipaam atua como executor local do Floresta+ Amazônia, orientando os agricultores sobre o processo de inscrição e garantindo que famílias em diferentes regiões tenham acesso aos benefícios.

Pagamento por manter a floresta em pé

A coordenadora do projeto no estado, Júlia Linhares, reforça que a inscrição no programa é uma oportunidade de transformar a proteção da floresta em uma fonte de renda. “O agricultor passa a receber pagamentos pela manutenção da vegetação nativa em suas terras, o que estimula a conservação sem comprometer sua subsistência”, destacou.

Essa lógica de valorização da floresta como ativo econômico é essencial para enfrentar a pressão do desmatamento. Em vez de enxergar a derrubada de árvores como única alternativa de ganho, o agricultor é incentivado a preservar e, ao mesmo tempo, a melhorar sua qualidade de vida.

O impacto desse trabalho já é percebido em comunidades tradicionais. Pedro Maia, presidente da Associação de Agricultores e Agricultoras do Assentamento PA Água Branca do Uberê, vive há 25 anos na Gleba Puraquequara, uma área florestal que ainda se mantém bem conservada entre a Reserva Florestal Adolpho Ducke e uma área pertencente ao Exército Brasileiro.

“É uma satisfação trazer meus colegas para participar de um serviço tão importante. O registro dos lotes garante segurança e nos ensina a preservar e manter a floresta em pé”, disse Maia. Hoje, 38 famílias assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ocupam a área, aguardando a conclusão da regularização fundiária.

Ipaam_Publico-atendido-no-mutirao_Foto_Ipaam-Divulgacao-04-09-2025-1024x768-1-400x300 Mutirão ambiental no Amazonas conecta agricultores à conservação e ao futuro sustentável da floresta
Ipaam – Divulgação

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Políticas ambientais que fazem diferença

O Projeto Floresta+ Amazônia, criado pelo MMA em parceria com o Pnud e com recursos do Fundo Verde para o Clima (GCF), é um dos principais instrumentos de valorização da floresta no Brasil. Na modalidade Conservação, ele destina pagamentos diretos a pequenos produtores e proprietários de imóveis rurais de até quatro módulos fiscais que preservam vegetação nativa.

A proposta se insere em uma agenda global de combate às mudanças climáticas. O mecanismo de pagamentos por serviços ambientais (PSA) é reconhecido internacionalmente como ferramenta eficaz para reduzir emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, fortalecer comunidades locais.

A experiência do mutirão realizado em Manaus mostra como políticas públicas podem ganhar escala quando unidas ao engajamento comunitário. Mais do que números, os 251 agricultores atendidos representam famílias que agora têm maior acesso a direitos, segurança fundiária e renda vinculada à conservação.

Em um estado onde a pressão sobre a floresta é constante, iniciativas como essa são vitais para consolidar um modelo de desenvolvimento que respeite os limites ambientais. O mutirão evidencia que o futuro sustentável da Amazônia não será escrito apenas em gabinetes de Brasília ou em fóruns internacionais: ele nasce no campo, no diálogo com quem vive da terra e depende diretamente dela.

O que o Brasil pode aprender com a proteção da nascente dos Três Rios na China

Há vinte anos, a China lançou um conceito que transformou sua maneira de lidar com a relação entre economia e meio ambiente: “águas límpidas e montanhas verdejantes são tão valiosas quanto montanhas de ouro e prata”. Hoje, esse princípio se tornou uma política de Estado e encontrou no Parque Nacional de Sanjiangyuan, no sul da província de Qinghai, seu maior laboratório. É lá, no alto do Planalto Tibetano, que nascem os rios Yangtze, Amarelo e Lancang (Mekong), responsáveis por sustentar a vida de milhões de pessoas na Ásia.

O governo chinês entendeu cedo que proteger essas nascentes era proteger o futuro de todo um continente. Em 2021, durante visita à região, o presidente Xi Jinping reforçou essa ideia ao declarar que cuidar da ecologia local é “uma questão de grande importância nacional”. A frase ganha peso diante do fato de que mudanças climáticas já afetam a região, conhecida como o “Terceiro Polo da Terra” pela grande concentração de gelo e água doce fora da Antártida e do Ártico.

O Parque Nacional de Sanjiangyuan foi criado justamente para responder a essa ameaça. A experiência chinesa mostra que é possível conciliar conservação, desenvolvimento sustentável e melhoria de condições de vida. A região, antes pressionada pela exploração predatória, agora vê aumento da cobertura vegetal, recuperação de espécies nativas e novas oportunidades econômicas em torno do turismo ecológico e da gestão ambiental.

E por que isso interessa ao Brasil? Porque aqui também temos “torres de água” que sustentam milhões de pessoas. A Amazônia, o Cerrado e até áreas da Mata Atlântica cumprem papel semelhante ao de Sanjiangyuan, alimentando rios que regulam o clima e garantem água e energia para grande parte da população. No entanto, enquanto a China avança em políticas integradas de proteção, nós ainda convivemos com o desmatamento ilegal, a grilagem de terras e a poluição crescente dos nossos cursos d’água.

2831ae2a3ca788f4ecbd849c1b505ca7-400x271 O que o Brasil pode aprender com a proteção da nascente dos Três Rios na China
Região de Sanjiangyuan/ China – Reprodução

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Imagine se tratássemos o Aquífero Guarani ou a nascente do Rio São Francisco com o mesmo status que os chineses deram a Sanjiangyuan. O impacto seria enorme: segurança hídrica, redução de conflitos pelo uso da água e fortalecimento de comunidades locais como protagonistas da preservação. A lógica de curto prazo, que muitas vezes guia decisões econômicas no Brasil, daria lugar a uma visão de longo prazo que valoriza o equilíbrio entre desenvolvimento e natureza.

Há lições diretas a serem absorvidas. Primeiro, a de que conservação não é obstáculo ao progresso, mas condição para ele. Segundo, a de que a gestão integrada de parques nacionais pode gerar riqueza não apenas em biodiversidade, mas também em turismo, pesquisa científica e inovação em tecnologias verdes. Terceiro, que dar protagonismo às comunidades locais é chave para o sucesso, exatamente o que já se mostra em experiências brasileiras, como em reservas extrativistas na Amazônia.

Celebrar os 20 anos do conceito chinês é, portanto, também uma oportunidade de reflexão para o Brasil. Se a China conseguiu transformar um princípio ecológico em política nacional, por que não podemos adotar a mesma ousadia?

Enquanto aqui muitas vezes discutimos preservação como um custo, Sanjiangyuan prova que ela pode ser um investimento de altíssimo retorno. Lá, montanhas verdejantes e águas límpidas não são apenas paisagens bonitas: são riqueza real, sustentando economias inteiras e garantindo qualidade de vida às futuras gerações. O Brasil, dono de alguns dos maiores patrimônios hídricos e florestais do mundo, não pode se dar ao luxo de continuar tratando seus recursos naturais como se fossem infinitos.

Em tempos de crise climática, olhar para o exemplo chinês é também olhar para o espelho. A defesa das nascentes dos Três Rios é um lembrete de que o futuro se constrói agora. E talvez esteja na hora de o Brasil assumir que suas florestas, rios e aquíferos são tão valiosos quanto qualquer jazida de ouro ou campo de petróleo.

Startup aposta em tecnologia compacta para reuso de água

Nos centros urbanos, as lavanderias são parte essencial do cotidiano, mas escondem um problema silencioso: a enorme dependência do uso da água. Seja em operações domésticas, hospitalares, industriais ou hoteleiras, o recurso aparece entre os principais custos e também como um dos maiores desafios ambientais do setor.

O dilema, no entanto, começa a ganhar novos contornos com a chegada da Project Aqui, uma startup criada em 2023 por dois jovens engenheiros ambientais formados na Faculdade de Tecnologia da Unicamp (FT-Unicamp), Emmanuel Caponi e Igor Oliveira. Movidos pela constatação de que os sistemas de reuso de água disponíveis no mercado são caros e exigem grandes espaços físicos, eles decidiram investir em uma solução compacta, de fácil instalação e mais acessível.

A proposta rapidamente ganhou fôlego: a empresa nasceu com a missão de desenvolver tecnologias para o tratamento de efluentes e o reuso de água, atendendo um setor que gasta alto com o recurso e que enfrenta limitações estruturais para modernizar suas operações.

Do projeto acadêmico à empresa

Caponi conta que a ideia surgiu ao perceber a dificuldade de lavanderias em implantar sistemas de grande porte. O alto custo do metro quadrado em áreas urbanas inviabilizava, muitas vezes, a instalação desses equipamentos. Com Oliveira, iniciou pesquisas para reduzir o tamanho dos sistemas e, após comprovar a eficiência da tecnologia, transformaram a iniciativa em negócio.

A virada empreendedora foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), por meio do programa PIPE Start, que oferece suporte a empresas de base tecnológica em estágio inicial. O financiamento de R$ 93 mil viabilizou salários, treinamento, aquisição de equipamentos e, principalmente, pesquisas com potenciais clientes. Ao conversar com 20 a 25 lavanderias, os fundadores descobriram que 70% delas têm na conta de água sua principal despesa. Como a maioria está instalada em áreas urbanas e não dispõe de grandes espaços físicos, o potencial de mercado para soluções compactas mostrou-se evidente.

Com esse respaldo, a Project Aqui foi aceita no programa de incubação da Incamp, a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp, e instalou-se no prédio Núcleo do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, gerido pela Agência de Inovação Inova Unicamp. Hoje, a equipe já conta com quatro integrantes e segue aprimorando suas soluções.

Em paralelo à estruturação da empresa, a startup firmou um acordo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) com a Unicamp, sob liderança do professor Renato Falcão, da FT. O objetivo é criar um reator de leito cerâmico ativado por ozonização, tecnologia capaz de remover corantes presentes nos efluentes das lavanderias. Esses resíduos têxteis, além de escurecer a água, impedem a passagem da luz e afetam diretamente a vida aquática.

A proposta do novo reator é inovadora por ser eficiente, de menor custo, compacto e ainda aproveitar resíduos da própria indústria cerâmica. “É um tipo de filtro que pode fazer diferença para o setor, atendendo às exigências legais e ao mesmo tempo sendo economicamente viável”, explica Oliveira.

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Divulgação

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Exigências regulatórias e pressão econômica

As regras ambientais são rigorosas. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) define parâmetros para o descarte de efluentes por meio das resoluções 357/2005 e 430/2011. Uma das prioridades é justamente a remoção de corantes. O descumprimento dessas normas pode gerar penalidades legais e custos adicionais para as empresas.

Mas a questão vai além da legislação: quanto mais poluída a água descartada, maior o valor cobrado pelas companhias de saneamento para tratá-la. Em outras palavras, o tratamento eficiente reduz tanto riscos jurídicos quanto custos diretos com a operação.

A Project Aqui surge, portanto, em um momento estratégico, unindo inovação científica, empreendedorismo jovem e pressão crescente por soluções ambientais. Em um setor que movimenta milhões de litros de água por mês, adotar sistemas compactos e acessíveis de reuso pode ser o diferencial competitivo entre estagnar ou prosperar.

Mais do que uma startup, a empresa simboliza uma mudança de paradigma: transformar passivos ambientais em oportunidades de inovação. Num país em que a água é cada vez mais cara e escassa, soluções como essa deixam de ser apenas uma vantagem e passam a ser questão de sobrevivência para os negócios.

OptiClimb é o ferramenta que mudou os voos da Azul

A aviação é um dos setores mais pressionados a encontrar soluções para reduzir emissões de carbono e, ao mesmo tempo, manter sua eficiência operacional. Nesse contexto, a Azul Linhas Aéreas tem se destacado ao adotar, de forma pioneira no Brasil, o sistema OptiClimb, desenvolvido pela SITA, empresa global de tecnologia para o setor aéreo.

A ferramenta completou um ano e meio de uso em agosto, transformando decolagens em operações mais econômicas e ambientalmente responsáveis. O princípio do sistema é simples, mas seus impactos são expressivos: antes do voo, os pilotos inserem dados como peso da aeronave, rota e condições meteorológicas. Com base nessas informações, o software calcula o perfil de subida mais eficiente para cada situação, reduzindo o consumo de combustível justamente na fase em que ele costuma ser mais intenso.

Na prática, a tecnologia tem gerado resultados distintos de acordo com o modelo de aeronave. Nos jatos Embraer, a economia média é de 36 quilos de querosene de aviação por decolagem. Já nos Airbus A320, o ganho chega a 77 quilos. Ao se considerar a malha completa da companhia, a economia ultrapassa milhares de litros de combustível todos os meses, com reflexo direto na redução de emissões de dióxido de carbono.

De acordo com a Azul, o OptiClimb já evitou, em um ano e meio, a emissão de 28 milhões de toneladas de CO₂. Para se ter uma dimensão, esse volume de gases equivaleria a ocupar cerca de 15,3 bilhões de metros cúbicos de ar – o suficiente para encher mais de 6,1 mil piscinas olímpicas. É uma estatística que transforma dados técnicos em uma visão concreta do benefício ambiental.

Eficiência que soma economia e consciência

A inovação não é apenas uma ferramenta de sustentabilidade, mas também um ativo de eficiência operacional. A aviação comercial lida com margens de lucro estreitas, e a economia de combustível é um fator crucial para manter competitividade. O vice-presidente de Operações da Azul, Daniel Tkacz, ressalta que iniciativas como essa reforçam a ideia de que eficiência e consciência ambiental caminham juntas: “É uma tecnologia que nos ajuda a voar de forma mais consciente, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.”

O ganho se traduz em redução de custos, mas também em reforço à reputação da empresa junto a clientes e investidores, cada vez mais atentos ao compromisso de grandes companhias com práticas ESG (ambientais, sociais e de governança).

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A adoção do OptiClimb também reflete a parceria entre a Azul e a SITA, que fornece soluções tecnológicas para companhias aéreas e aeroportos em mais de 200 países. Para a SITA, o caso brasileiro é um exemplo concreto de como inovação pode transformar não apenas o setor aéreo, mas também contribuir para os compromissos globais de combate à crise climática.

Shawn Gregor, presidente da SITA nas Américas, destacou que o sucesso da implementação reforça a visão da empresa: “Essa conquista demonstra como a tecnologia pode transformar a aviação de maneira sustentável e eficiente. O compromisso da SITA é apoiar o setor na busca por operações mais inteligentes, fluidas e com menor impacto ambiental.”

O futuro da aviação sustentável

Embora soluções como o OptiClimb não sejam a resposta definitiva para o desafio da descarbonização da aviação, representam passos importantes na jornada. Combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), eletrificação de aeronaves e novas tecnologias de propulsão ainda estão em desenvolvimento ou possuem custos proibitivos. Enquanto isso, ferramentas que otimizam processos já existentes mostram-se como aliados imediatos.

Ao ampliar a eficiência de cada voo, a Azul se posiciona não apenas como operadora de transporte aéreo, mas como agente ativo na transformação da indústria. A lógica é clara: se cada decolagem for um pouco mais sustentável, o impacto somado em escala global pode ser enorme.

O desafio para o setor aéreo continuará sendo equilibrar inovação, custos e urgência climática. A Azul mostra que esse equilíbrio é possível e que investir em tecnologia pode ser uma das formas mais rápidas de reduzir a pegada ambiental, sem comprometer a competitividade.

Brics no Rio: a hora de assumir a liderança climática global

Com a aproximação da COP30 em Belém, marcada para novembro, a reunião da Cúpula do Brics nos dias 6 e 7 de setembro, no Rio de Janeiro, ganha um peso estratégico que vai muito além das questões econômicas e comerciais. Após avanços tímidos na Conferência de Bonn e um resultado desastroso para os países em desenvolvimento na COP29, em Baku, cresce a pressão para que o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul finalmente assuma a dianteira na agenda climática internacional.

O atual contexto geopolítico é de retração da liderança dos Estados Unidos e de instabilidade global, um cenário que deixa o multilateralismo enfraquecido. Diante disso, os Brics surgem como atores capazes de preencher o vácuo e oferecer respostas práticas para a crise climática. A especialista em política internacional do Greenpeace Brasil, Camila Jardim, ressalta que a posição do Brasil é particularmente estratégica, já que o país preside simultaneamente o Brics e a COP30, além de ter comandado o G20 no ano anterior.

O financiamento climático em foco

Um dos pontos mais aguardados desta cúpula é a possível aprovação de um documento sobre financiamento climático, elaborado recentemente por representantes de alto nível do fórum. Se endossado, será a primeira manifestação conjunta dos Brics no contexto das negociações do clima, sinalizando um avanço importante.

A expectativa é que o grupo não apenas assine esse compromisso, mas também inaugure uma nova postura diante da emergência climática. Segundo Jardim, o mundo precisa de muito mais liderança por parte do Brics, sobretudo após o impasse sobre financiamento que marcou Bonn e o fracasso das negociações em Baku. Esse tema, central para os países em desenvolvimento, deverá retornar com força na COP30.

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Destruição causadas pela cheia do Rio Taquari, no município de Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul – Reprodução

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Clima e justiça social

Para o Greenpeace, a crise climática não pode ser tratada como pauta paralela, mas como eixo integrador das negociações multilaterais. Questões como combate à fome, desenvolvimento econômico e pacificação de conflitos, que figuram entre as prioridades históricas do Brics, simplesmente não são viáveis em um planeta que se aproxima do colapso climático.

Jardim reforça que a agenda climática deve ser vista como a liga que sustenta o multilateralismo. Sem um planeta habitável, não há comércio internacional estável, nem justiça social ou crescimento econômico possível. Essa perspectiva insere o debate climático não como obstáculo, mas como condição para qualquer outro avanço global.

A pauta dos oceanos

Outro tema que pode emergir nas discussões da cúpula é a proteção dos oceanos, especialmente frente à ameaça da mineração em alto-mar e à poluição plástica. Os países do Brics estão no centro desses debates, e suas decisões têm peso no futuro da governança oceânica.

Mariana Andrade, coordenadora de Oceanos do Greenpeace Brasil, lembra que o oceano deve ser tratado como pilar da diplomacia climática e da cooperação internacional, principalmente por seu papel na subsistência das populações mais vulneráveis do Sul Global. Permitir a exploração predatória das profundezas marinhas, segundo ela, seria trair os princípios do multilateralismo que os Brics dizem defender.

Andrade defende que o Brasil, anfitrião da cúpula, precisa dar exemplo ratificando o Tratado Global dos Oceanos e impulsionando um acordo global sobre plásticos mais ambicioso. A pressão também deve recair sobre os demais membros do Brics para que sigam esse caminho.

A encruzilhada do Brics

A reunião do Rio de Janeiro se desenha como um teste decisivo. De um lado, há a oportunidade histórica de se colocar como força global de liderança climática. De outro, existe o risco de repetir encontros anteriores, em que a pauta ambiental foi relegada a segundo plano.

Se o Brics quiser mostrar relevância no cenário internacional, precisará ir além da retórica e assumir compromissos concretos, especialmente no financiamento climático e na proteção dos oceanos. O momento exige coragem política para enxergar a crise climática não como ameaça isolada, mas como eixo que atravessa todas as dimensões do desenvolvimento e da justiça global.

A COP30 em Belém será a próxima grande arena de negociações, mas o tom pode ser definido já no Rio de Janeiro. O mundo observa os Brics e espera mais do que declarações de intenção: aguarda sinais de liderança capazes de reposicionar o multilateralismo em torno da questão mais urgente do nosso tempo — a sobrevivência climática.

Prisão na Bahia expõe rede milionária de tráfico de animais

Um dos maiores nomes do tráfico de animais silvestres no Brasil foi finalmente detido em Salvador, após mais de duas décadas de atuação criminosa. O homem, cujo nome não foi divulgado, liderava uma organização responsável por movimentar ilegalmente centenas, e até milhares, de aves, em esquemas que envolviam preços exorbitantes, chegando a R$ 80 mil por exemplar.

A prisão ocorreu durante a Operação Fauna Protegida, coordenada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), com apoio da Polícia Civil e da Polícia Militar. A ação foi realizada na capital baiana e também no município de Mascote, no extremo sul do estado. O trabalho é resultado de uma investigação detalhada que apura crimes de tráfico de animais silvestres, maus-tratos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro.

O grupo comandado pelo suspeito estruturava uma rede de captura, transporte e venda de aves como estevão, canário, papa-capim, chorão e trinca-ferro. Espécies raras e de canto valorizado eram comercializadas em mercados clandestinos por valores que alcançavam cifras dignas de coleções de luxo.

Com longa ficha criminal, o traficante já havia sido flagrado com cargas gigantescas, como uma apreensão de 1.575 pássaros e centenas de jabutis. No entanto, essa foi a primeira vez que acabou preso por crimes de maior alcance, incluindo associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Núcleos bem definidos

As investigações revelaram que a organização funcionava como uma empresa ilegal, com clara divisão de funções em quatro núcleos:

  1. Captores e fornecedores – responsáveis pela caça clandestina e pelo acondicionamento dos animais em áreas rurais da Bahia, em condições precárias.

  2. Transportadores – encarregados de levar as aves até os pontos de venda, submetendo-as a jornadas extenuantes e maus-tratos.

  3. Gestores financeiros – o núcleo que movimentava os lucros obtidos com o crime por meio de contas bancárias usadas para disfarçar a origem do dinheiro.

  4. Receptadores – situados principalmente em Salvador, compravam os animais para revenda, mantendo ativo o mercado paralelo.

Essa engrenagem, segundo o MP-BA, permitia que o tráfico funcionasse de forma organizada e lucrativa, dificultando a atuação das autoridades.

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MPBA/Divulgação

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Dezenas de animais em sofrimento

Durante o cumprimento dos mandados, os policiais encontraram dezenas de galos em situação de maus-tratos, criados para competições ilegais de rinha. O episódio expõe não apenas o comércio clandestino, mas também a crueldade sistemática imposta a diferentes espécies.

Além da prisão do líder, a operação resultou em um mandado de prisão preventiva contra um dos principais fornecedores da quadrilha e em quatro mandados de busca e apreensão em endereços ligados à organização criminosa.

A promotora de Justiça de Meio Ambiente, Aline Salvador, destacou que a operação representa uma resposta firme às práticas que degradam a biodiversidade e violam direitos fundamentais dos animais. Segundo ela, a ação reforça o papel do estado em proteger a fauna como parte essencial de um meio ambiente saudável e equilibrado.

Agora, as investigações prosseguem com foco na coleta de provas adicionais e na formalização da denúncia criminal por crimes de tráfico e maus-tratos de animais, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Mais do que um episódio policial, a prisão do traficante na Bahia lança luz sobre a dimensão do comércio ilegal de fauna no Brasil. Estimulado pela demanda por aves raras e pelo alto valor no mercado clandestino, esse tipo de crime movimenta milhões de reais, gera sofrimento em escala e ameaça diretamente a biodiversidade.

A Operação Fauna Protegida mostra que, com integração entre órgãos de investigação e segurança, é possível desarticular estruturas criminosas que pareciam intocáveis. O caso também chama atenção para a necessidade de políticas permanentes de fiscalização, educação ambiental e combate às redes de exploração da fauna, evitando que novas organizações ocupem o espaço deixado pela prisão desse líder.

Territórios sustentáveis: uma solução amazônica para os biomas do Brasil

À medida que o mundo se prepara para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá em novembro em Belém, a Amazônia volta a ocupar o centro do debate global. Mais do que um tema simbólico na agenda climática, a região pode se tornar o berço de um modelo inovador de desenvolvimento: a criação de territórios sustentáveis, proposta que busca integrar conservação ambiental e prosperidade socioeconômica.

Segundo os pesquisadores Ima Vieira (Museu Paraense Emílio Goeldi) e José Maria Cardoso (Universidade de Miami), a Amazônia reúne condições únicas para inaugurar esse projeto, que pode futuramente ser expandido para outros biomas brasileiros. A ideia, defendida em artigos científicos e agora em debates públicos, parte de um princípio simples e transformador: é preciso equilibrar duas infraestruturas — a ecológica e a socioeconômica.

A infraestrutura ecológica representa os serviços prestados pelos ecossistemas — desde a regulação climática até a fertilidade dos solos e a disponibilidade de água. Já a infraestrutura socioeconômica reúne os sistemas criados pelas sociedades humanas para transformar esses serviços em bens e oportunidades. O desafio é articular esses dois eixos de forma a gerar riqueza sem destruir a base natural que sustenta a vida.

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Reprodução – Ag. Pará

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O projeto dos territórios sustentáveis não surge do zero. Em artigo publicado na revista Trends in Ecology & Evolution, Vieira e Cardoso detalham um conjunto de medidas capazes de impulsionar esse modelo. Entre elas, estão a expansão e descentralização do sistema regional de ciência, tecnologia e inovação; a gestão eficiente das áreas protegidas e das Terras Indígenas (TIs); a transformação de terras públicas ainda não destinadas em Unidades de Conservação (UCs) e TIs; a ampliação das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs); além da recuperação de áreas degradadas e da modernização dos mecanismos de governança territorial.

A proposta prevê a criação de 85 territórios sustentáveis somente na Amazônia brasileira, com potencial de se tornar um programa nacional. Isso permitiria a formulação de políticas públicas em escala sistêmica, indo além de iniciativas isoladas ou setoriais. Para funcionar, o projeto depende de uma cultura política voltada para o trabalho colaborativo entre diferentes níveis de governo, comunidades locais e instituições científicas, sempre com foco em microrregiões e mesorregiões.

Experiências já existentes mostram que esse caminho é possível. A gestão por bacias hidrográficas em diferentes estados brasileiros e o Macrozoneamento da Amazônia Legal são exemplos de políticas que superam as barreiras das divisões político-administrativas tradicionais. Essas iniciativas oferecem visões mais integradas dos territórios, levando em conta conflitos socioambientais reais e permitindo decisões de longo prazo.

Os cientistas enfatizam que a construção de territórios sustentáveis depende de mais do que instrumentos de planejamento. É essencial ampliar os investimentos em ciência, tecnologia e inovação e, sobretudo, articular o conhecimento acadêmico com os saberes dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. Essa troca fortalece a governança local e garante que soluções sejam enraizadas nas realidades sociais e culturais da Amazônia.

O uso de técnicas modernas de planejamento sistemático da conservação permite definir com clareza quais áreas devem ser destinadas à proteção ou à restauração, sempre com flexibilidade para se adaptar às necessidades humanas. Em paralelo, os avanços da engenharia oferecem novas formas de reduzir o impacto da infraestrutura socioeconômica, aumentando a eficiência no uso de recursos e de território.

A proposta dos territórios sustentáveis mostra que a Amazônia não precisa ser vista apenas como um bioma ameaçado, mas como um laboratório vivo de soluções globais. A região pode oferecer ao Brasil, e ao mundo, um modelo de desenvolvimento que alia justiça social, inovação tecnológica e proteção ambiental. Mais do que nunca, essa agenda precisa sair do papel e transformar o modo como o país cuida de seus biomas.

Beagle equilibrado: tenha 6 cuidados básicos

O Beagle é um dos cães mais carismáticos que existem. Com seus olhos expressivos, orelhas caídas e energia de sobra, ele conquista famílias em todo o mundo. Mas, apesar da aparência dócil, essa raça exige atenção especial para se manter equilibrada e saudável. Quem pensa que basta dar carinho e comida pode se surpreender: o Beagle tem personalidade forte, instinto caçador e uma energia inesgotável.

Para que ele viva feliz e em harmonia com a família, é essencial adotar alguns cuidados básicos que vão além do óbvio. Aqui estão seis deles que fazem toda a diferença.

1. Gasto de energia diário

O Beagle é um cão extremamente ativo e curioso. Se não tiver oportunidade de gastar energia, pode se tornar destrutivo dentro de casa, roendo móveis, sapatos ou cavando o quintal. Passeios diários de pelo menos 40 minutos são fundamentais.

Além das caminhadas, é recomendável incluir brincadeiras que estimulem o instinto de caça, como buscar bolinhas ou farejar petiscos escondidos. O exercício físico e mental mantém o Beagle mais calmo e menos ansioso.

2. Socialização desde cedo

O Beagle tem tendência a ser sociável, mas isso precisa ser reforçado desde filhote. Quanto mais cedo ele for apresentado a diferentes pessoas, animais e ambientes, mais equilibrado será no futuro.

Sem esse estímulo, pode desenvolver comportamentos indesejados, como latidos excessivos ou dificuldade de convivência com outros cães. A socialização é a chave para que ele se torne um animal confiante e amigável.

3. Alimentação controlada

Um dos maiores desafios para quem cria um Beagle é lidar com sua gula. Essa raça adora comer e tem facilidade para ganhar peso. O excesso de comida pode levar à obesidade e a problemas de saúde, como disfunções articulares e cardíacas.

O segredo está em oferecer rações de qualidade, na quantidade adequada, e evitar ceder sempre aos olhares pidões. Petiscos podem ser usados como reforço positivo no adestramento, mas com moderação.

4. Limites e adestramento

Por ser inteligente e teimoso, o Beagle precisa de limites claros. O adestramento básico — como ensinar a sentar, esperar e andar sem puxar — deve começar cedo e ser reforçado constantemente.

A raça responde muito bem ao reforço positivo, ou seja, recompensas como petiscos ou elogios sempre que executa um comando corretamente. A disciplina é essencial para evitar que o Beagle se torne um cão desobediente e difícil de lidar.

5. Cuidados com a saúde

Manter um Beagle equilibrado também passa por cuidar da saúde física. Vacinação em dia, vermifugação e visitas regulares ao veterinário são indispensáveis.

As orelhas longas e caídas exigem atenção especial, pois acumulam umidade e podem desenvolver otites. Limpezas semanais ajudam a prevenir inflamações. Além disso, é importante monitorar os dentes, já que o acúmulo de tártaro é comum na raça.

6. Companhia e afeto

Por fim, o Beagle é um cão que não gosta de ficar sozinho por longos períodos. Ele é muito apegado à família e pode desenvolver ansiedade de separação se passar muito tempo sem companhia.

Reservar momentos para brincar, dar carinho e interagir faz parte do cuidado diário. Esse afeto fortalece o vínculo e ajuda a manter o Beagle equilibrado emocionalmente.

O lado humano do convívio com um Beagle

Ter um Beagle é aceitar viver ao lado de um cão cheio de energia e personalidade. Os cuidados que ele exige não devem ser vistos como um fardo, mas como parte da relação de troca entre tutor e animal. Quanto mais atenção e disciplina, mais o Beagle retribui com amor, lealdade e companheirismo.

Cada passeio, cada treino e cada gesto de cuidado é um investimento na saúde e no equilíbrio de um cachorro que, apesar de ser pequeno, tem um coração enorme e disposição sem fim.

Uma escolha que exige responsabilidade

Antes de adotar ou comprar um Beagle, é importante saber que ele não é um cão para pessoas muito sedentárias ou que passam o dia fora. Ele precisa de companhia, rotina e estímulos constantes.

Ao oferecer esses seis cuidados básicos, você garante não só a saúde do seu cão, mas também uma convivência harmoniosa dentro de casa. O Beagle pode ser desafiador em alguns momentos, mas sua alegria e fidelidade fazem todo o esforço valer a pena.

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Áreas protegidas impulsionam renda sustentável e fortalecem comunidades no Pará

O Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, é um convite para refletir sobre a importância da maior floresta tropical do mundo e o papel estratégico da Amazônia para o clima, a biodiversidade e a cultura dos povos que nela vivem. No Pará, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) tem assumido protagonismo ao mostrar que conservar a floresta pode ser também um motor de desenvolvimento sustentável.

A instituição administra diversas Unidades de Conservação, articulando proteção ambiental com iniciativas que fortalecem a bioeconomia e o ecoturismo. Para o presidente do órgão, Nilson Pinto, a conservação não se limita a manter árvores em pé: é uma estratégia que valoriza as riquezas naturais do Estado e gera oportunidades para comunidades locais.

A Floresta Estadual de Faro, no oeste paraense, tornou-se exemplo de como turismo e conservação podem caminhar juntos. Segundo o analista de planejamento em turismo do Ideflor-Bio, Deoclécio Júnior, o contato dos visitantes com a fauna e a flora desperta consciência ambiental e cria experiências educativas. Ao mesmo tempo, o manejo controlado das atividades turísticas favorece a fiscalização do território, envolvendo os próprios moradores tradicionais na gestão compartilhada.

Esse modelo transforma os habitantes locais em guardiões da floresta, capazes de coibir práticas ilegais e reforçar a cultura da preservação. O ecoturismo, nesse contexto, não é apenas uma fonte de renda, mas um mecanismo de defesa da Amazônia.

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Área de proteção ambiental no Pará – Reprodução

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Bioeconomia e o ciclo da castanha-do-pará

Outro exemplo está na Floresta Estadual do Trombetas, que abrange os municípios de Oriximiná, Óbidos e Alenquer. Ali, a economia gira em torno da coleta da castanha-do-pará, atividade que movimenta mercados e protege os castanhais nativos.

Para a presidente da Associação Mista Agrícola Extrativista dos Moradores da Comunidade do Jamaracaru e Região (Acaje), Sidiane Sampaio, a coleta de sementes une renda e conservação. O trabalho comunitário garante a regeneração natural da floresta e fortalece a identidade extrativista.

A inovação também vem das mulheres extrativistas que produzem biojoias a partir de matérias-primas como coco babaçu, semente de cumaru e castanha. Esses produtos carregam não apenas valor econômico, mas também cultural, traduzindo em arte a relação ancestral com a floresta.

Conhecimento ancestral e protagonismo indígena

Na Terra Indígena Alto Rio Guamá, a conservação se fortalece com o trabalho da Associação das Mulheres Indígenas do Gurupi (AMIG). Lideradas pelas mulheres da etnia Tembé, as ações unem saberes tradicionais ao extrativismo sustentável.

Segundo Jalva Braga, analista do Ideflor-Bio que apoiou a criação do projeto, a floresta fornece os recursos para a vida cotidiana e para a confecção de produtos que carregam a identidade cultural do povo Tembé. A coleta de sementes, além de sustentar a produção artesanal, contribui para recuperar áreas degradadas e manter o território vivo.

Essas sementes são utilizadas tanto em processos de restauração florestal quanto em biojoias e artefatos rituais, que reafirmam a espiritualidade e a resistência cultural indígena. A renda obtida reforça a autonomia das mulheres e a preservação de práticas tradicionais.

As iniciativas apoiadas pelo Governo do Pará mostram que áreas protegidas não precisam ser vistas como entraves ao desenvolvimento. Pelo contrário, podem gerar renda, educação ambiental e fortalecimento cultural.

A bioeconomia e o ecoturismo revelam-se caminhos estratégicos para que a floresta permaneça em pé, enquanto garante bem-estar para quem dela depende. O futuro da Amazônia passa por iniciativas como essas, que unem ciência, tradição e políticas públicas na construção de um modelo de prosperidade sustentável.

ONU cobra ação urgente de países para reduzir emissões na COP30

ONU pressiona países a apresentarem novos planos climáticos antes da COP30 Com a aproximação do prazo final, principal autoridade climática da ONU cobra metas ambiciosas e ações urgentes para conter o aquecimento global Com menos de um mês até o prazo final, a Organização das Nações Unidas intensificou a pressão sobre os países para que apresentem seus novos compromissos nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa, conhecidos como NDCs, da sigla em inglês, e metas de adaptação climática. A exigência visa garantir que essas contribuições sejam avaliadas a tempo e incluídas no relatório-síntese que servirá de base para as negociações da COP30, marcada para novembro, em Belém do Pará. Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), alertou que essas metas nacionais são “a melhor defesa” diante da crise climática global. Em carta enviada a quase 200 países nesta quarta-feira (3), Stiell apelou por planos “fortes” e ambiciosos. Segundo ele, além de fundamentais para o clima, esses compromissos têm potencial para impulsionar o crescimento econômico e elevar padrões de vida no século XXI. Até agora, menos de 30 países apresentaram seus novos planos climáticos. Grandes emissores como China, Índia e União Europeia ainda não oficializaram suas metas. O atraso preocupa, já que o relatório de avaliação global da ONU precisa ser finalizado até o fim de setembro, para consolidar o panorama das ações previstas até 2030 e 2035. A expectativa é que esse documento oriente os debates na COP30, especialmente quanto às medidas necessárias para limitar o aquecimento global a 1,5°C — objetivo central do Acordo de Paris. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência deste ano, já se prepara para possíveis embates diplomáticos sobre a ambição das metas. Em meio ao impasse, Stiell incentivou os líderes mundiais a anunciarem seus compromissos durante um evento de alto nível convocado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, agendado para 24 de setembro em Nova York. Fontes da UNFCCC esperam uma onda de submissões nas próximas semanas, à medida que o prazo se aproxima. No entanto, a União Europeia corre o risco de chegar de mãos vazias ao encontro, em meio a divergências internas sobre como aprovar sua meta climática para 2040 — ponto de partida para os novos compromissos até 2035. Uma votação estava prevista para 18 de setembro entre os ministros do Meio Ambiente do bloco, mas a França defende que a discussão suba ao nível de chefes de Estado, o que pode atrasar ainda mais a definição.

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Logo da Organização das Nações Unidas (ONU) – Divulgação

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A China, maior emissora do planeta atualmente, afirmou que atualizará suas metas climáticas ainda neste outono. Já a Indonésia indicou que pretende apresentar seu novo NDC antes do encontro em Nova York. Stiell reforçou, em sua carta, que os planos climáticos não são apenas “palavras no papel”. Eles representam oportunidades concretas de modernização das economias nacionais, criação de empregos e atração de investimentos no setor de energia limpa. Segundo o dirigente da ONU, países que apresentarem NDCs robustos estarão em vantagem para colher os frutos da transição energética global. Durante visitas a algumas das maiores economias do mundo neste ano, Stiell ouviu de líderes empresariais que há uma pressão crescente sobre os governos para adotar políticas climáticas mais ambiciosas, tanto por questões ambientais quanto por interesse estratégico. O cenário é desafiador. Apesar do compromisso assumido no Acordo de Paris, a maioria dos países ainda não cumpriu a promessa de atualizar seus NDCs até 2025. A avaliação da ONU, prevista para ser divulgada antes da COP30, será um termômetro do quanto o mundo avançou — ou retrocedeu — em sua luta coletiva contra a catástrofe climática. Em paralelo, o clima não espera. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, e os dez anos mais quentes da história ocorreram na última década. Eventos extremos como tempestades torrenciais, ondas de calor, incêndios florestais e secas intensas tornaram-se mais frequentes e devastadores, impactando economias e vidas humanas em todos os continentes. Enquanto isso, os Estados Unidos — historicamente, o maior emissor de gases de efeito estufa — demonstram sinais de retração em seu compromisso climático, o que aumenta a responsabilidade dos demais países em manter o ímpeto das negociações. A COP30, sediada pela primeira vez na Amazônia brasileira, carrega o peso simbólico e político de ser o fórum onde o mundo poderá — ou não — redefinir sua rota rumo à estabilidade climática. A janela de tempo é curta. E o relógio climático, implacável.

Bioeconomia brasileira ganha novo marco para valorizar saberes tradicionais e fortalecer repartição de benefícios

O Brasil deu um passo decisivo na valorização da sua sociobiodiversidade e no reconhecimento de saberes transmitidos por povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares. A recente Resolução nº 47/2025 do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen) inaugura um novo capítulo na relação entre ciência, indústria e populações locais, ao criar um banco de dados de referência sobre Conhecimentos Tradicionais Associados (CTA) e ao estabelecer um mecanismo de consulta voluntária para identificar provedores legítimos desses conhecimentos.

Mais do que uma medida administrativa, trata-se de um avanço regulatório que pode consolidar um ambiente mais justo, transparente e confiável para a inovação científica e tecnológica no Brasil. Ao reconhecer o valor dos saberes tradicionais e garantir mecanismos de repartição de benefícios, o país reafirma seu protagonismo internacional na agenda da bioeconomia e do regime de Acesso e Repartição de Benefícios (ABS).

O que está em jogo

O Brasil é o país com a maior biodiversidade do planeta. Essa riqueza natural é acompanhada por uma impressionante sociobiodiversidade, formada por centenas de povos indígenas, comunidades ribeirinhas, quilombolas, extrativistas e agricultores familiares.

Esses grupos não apenas vivem em íntima relação com seus territórios, mas acumulam, ao longo de gerações, um acervo de saberes sobre plantas medicinais, alimentos, manejo de ecossistemas, rituais e práticas culturais que revelam soluções valiosas para desafios contemporâneos.

Esse conjunto de saberes é conhecido legalmente como Conhecimento Tradicional Associado (CTA) ao patrimônio genético. Em outras palavras, não se trata apenas da biodiversidade em si, mas da forma como populações humanas aprenderam a utilizá-la, domesticá-la e preservá-la.

Da floresta para o laboratório

O potencial do CTA é imenso. A indústria farmacêutica, por exemplo, já reconhece que grande parte de seus compostos ativos têm origem em práticas tradicionais. O mesmo vale para alimentos funcionais, cosméticos naturais e biotecnologia.

Porém, esse potencial muitas vezes foi explorado sem reconhecimento ou compensação justa para as comunidades detentoras desses saberes — um fenômeno conhecido como biopirataria.

Para evitar que isso se repita, a legislação brasileira sobre patrimônio genético e CTA exige que qualquer pesquisa ou exploração comercial que utilize esses saberes tenha um cadastro no SisGen (Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado) e preveja repartição de benefícios.

O desafio das fontes secundárias

Um dos maiores entraves para pesquisadores e empresas sempre foi identificar a origem dos conhecimentos tradicionais quando eles são obtidos em fontes secundárias — como artigos científicos, livros, inventários, filmes ou até mesmo em feiras populares.

A lei brasileira estabelece que, mesmo nesses casos, é preciso buscar o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CPI) de pelo menos um provedor legítimo do conhecimento. Mas, na prática, a ausência de registros sistematizados dificultava o processo e gerava insegurança jurídica.

É aí que a Resolução nº 47/2025 traz uma inovação: ao criar um banco de dados de referência, o CGen permitirá que pesquisadores e empresas consultem previamente se determinado conhecimento já possui provedor identificado. Essa consulta é voluntária, mas, ao optar por ela, o usuário terá respaldo oficial em caso de questionamentos futuros. O prazo máximo para resposta é de 60 dias.

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SisGen: inovação brasileira reconhecida

O Brasil já era considerado inovador no campo do ABS por ter criado o SisGen, uma plataforma eletrônica autodeclaratória que simplificou o processo de registro e acompanhamento de projetos que utilizam patrimônio genético e CTA.

Com a nova resolução, o país aprofunda esse modelo, reforçando a rastreambilidade e a segurança jurídica. “A criação do banco de dados vai reduzir inconsistências nos cadastros e dar mais previsibilidade para quem deseja inovar a partir da biodiversidade brasileira, sem abrir mão da justiça com as comunidades que mantêm esses saberes vivos”, explica Luiz Marinello, advogado especialista em direito ambiental e bioeconomia.

A Convenção sobre Diversidade Biológica

Esse avanço também coloca o Brasil em sintonia com os compromissos internacionais assumidos desde a Rio-92, quando foi criada a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).

A CDB estabeleceu três objetivos centrais:

Conservar a diversidade biológica;

Assegurar o uso sustentável de seus componentes;

Garantir a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos e conhecimentos associados.

O Brasil foi um dos primeiros signatários e, desde então, construiu um marco regulatório robusto. O novo banco de dados de CTA é visto como um passo decisivo para fortalecer a implementação prática desses compromissos.

O peso da biodiversidade brasileira

A relevância do Brasil nessa agenda não é pequena. Segundo dados da Embrapa Territorial, apenas 30% do território nacional é ocupado por agricultura, pastagens e florestas plantadas. O restante corresponde a vegetação nativa preservada, grande parte em áreas habitadas por comunidades tradicionais e povos indígenas.

Esse território funciona como um enorme repositório de saberes ancestrais. Conhecimentos sobre plantas medicinais, por exemplo, já inspiraram pesquisas que resultaram em medicamentos modernos. Outros estudos mostram como práticas de manejo tradicionais ajudam a manter a fertilidade do solo e a diversidade de espécies — lições cada vez mais valiosas diante da crise climática.

A falta de financiamento ainda é barreira

Apesar de todo esse potencial, a bioeconomia baseada em CTA ainda enfrenta uma limitação central: o financiamento insuficiente. Relatório da Climate Policy Initiative (CPI) mostra que apenas 2% dos recursos privados e públicos destinados a financiamento climático no Brasil vão para uso da terra e agricultura regenerativa.

No campo global, a situação também não é muito diferente. Enquanto setores como energia e transporte atraem a maior parte do capital verde, o agro e a bioeconomia ficam em segundo plano, mesmo sendo fundamentais para enfrentar a dupla crise climática e alimentar.

Especialistas defendem que a segurança jurídica trazida pela Resolução nº 47/2025 pode ajudar a destravar investimentos, já que reduz riscos regulatórios e aumenta a confiança de investidores internacionais.

Impactos práticos para comunidades

Para os povos indígenas e comunidades tradicionais, a criação de um banco de dados de referência pode significar maior reconhecimento e acesso a benefícios concretos.

A legislação brasileira prevê que a repartição de benefícios pode se dar de forma monetária (com royalties, por exemplo) ou não monetária (como apoio a projetos comunitários, capacitação ou transferência de tecnologia).

“Mais do que garantir dinheiro, o que está em jogo é assegurar que essas comunidades sejam reconhecidas como coprodutoras de conhecimento e não apenas como fornecedoras de recursos naturais”, explica Juliana Zamboni, advogada especializada em bioeconomia.

O papel da ciência

A Resolução nº 47/2025 também fortalece a colaboração entre ciência e saberes tradicionais. Pesquisadores que antes hesitavam em registrar projetos por medo de cometer equívocos terão agora um instrumento oficial de consulta.

Isso deve ampliar o número de parcerias entre universidades, centros de pesquisa e comunidades locais. Exemplos já existem: na Amazônia, estudos sobre o uso tradicional de plantas medicinais vêm inspirando pesquisas em fitoterapia e novos medicamentos. Em comunidades quilombolas, práticas agrícolas tradicionais têm orientado projetos de agricultura regenerativa.

Brasil como referência internacional

Ao conjugar proteção jurídica, inovação regulatória e valorização cultural, o Brasil se consolida como referência internacional no campo do ABS. Outros países de alta biodiversidade, como Indonésia e Índia, também avançaram em marcos regulatórios, mas a criação de um banco de dados de CTA com consulta oficial é vista como uma inovação brasileira.

Essa liderança é particularmente importante às vésperas da COP30, que acontecerá em novembro em Belém. O evento deve colocar a bioeconomia amazônica no centro das atenções globais, e o novo marco regulatório será uma das vitrines do Brasil.

O desafio daqui em diante

O sucesso da Resolução nº 47/2025 dependerá de sua implementação efetiva. Será preciso garantir que o banco de dados seja alimentado de forma precisa, que as consultas sejam respondidas dentro do prazo e que as comunidades tenham participação ativa em sua gestão.

O risco é que, sem recursos adequados ou sem governança participativa, a resolução vire apenas mais uma boa iniciativa no papel.

No entanto, se bem implementada, pode ser o ponto de virada para transformar a relação entre ciência, indústria e comunidades no Brasil.

“Estamos diante de uma oportunidade histórica de mostrar que a valorização do conhecimento tradicional não é apenas uma questão de justiça cultural, mas também uma estratégia de inovação e competitividade para o país”, resume Marinello.

Banco Mundial financia projeto para salvar florestas do Pará

O estado do Pará, guardião de uma das porções mais estratégicas da Amazônia, será palco de uma nova iniciativa internacional de conservação e desenvolvimento sustentável. O Banco Mundial aprovou um projeto que pretende proteger florestas no Baixo Xingu, região onde se encontram não apenas áreas de grande biodiversidade, mas também comunidades indígenas, quilombolas e unidades de conservação.

A cidade de Altamira é um dos marcos desse território, que reúne realidades complexas: riqueza ambiental, culturas tradicionais e pressões crescentes vindas do avanço de atividades econômicas predatórias. Ao aprovar esse financiamento, o Banco Mundial não apenas libera recursos, mas também sinaliza que a preservação da Amazônia deixou de ser um tema periférico e se consolidou como prioridade global.

O projeto terá aporte de cerca de 8,5 milhões de dólares, aproximadamente 46 milhões de reais, e é resultado de uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Governo do Pará. Também participam da iniciativa o Serviço Florestal Brasileiro, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Fundação Getulio Vargas (FGV).

A proposta é ambiciosa: aprimorar o uso da terra em mais de 11 milhões de hectares, beneficiar diretamente seis mil pessoas e reduzir em 2,4 milhões de toneladas as emissões de gases de efeito estufa. Em outras palavras, trata-se de uma tentativa de equilibrar a preservação da floresta com a melhoria das condições de vida das populações locais.

O projeto está organizado em cinco eixos de atuação. O primeiro é a gestão e conservação das áreas naturais, fundamental para garantir a integridade dos ecossistemas. O segundo é a sociobioeconomia, que busca estimular cadeias produtivas baseadas em recursos florestais manejados de forma sustentável — como açaí, castanha e óleos vegetais. O terceiro eixo envolve território e políticas públicas, reforçando instrumentos de governança local e de ordenamento territorial. A quarta frente foca em educação e comunicação, reconhecendo que a transformação depende também da mudança cultural e da valorização dos saberes tradicionais. Por fim, a quinta linha de ação trata de gestão e monitoramento, etapa essencial para medir resultados, corrigir falhas e ampliar impactos positivos.

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Reprodução – Ag. Brasil

As Nações Unidas já destacaram a relevância da Amazônia na regulação do clima global e na garantia de meios de subsistência para milhões de pessoas. Nesse contexto, iniciativas como a do Baixo Xingu não podem ser vistas apenas como projetos regionais. Elas têm alcance muito mais amplo, já que contribuem para o cumprimento de metas climáticas internacionais e fortalecem a imagem do Brasil como protagonista ambiental.

No entanto, a execução de iniciativas desse porte não está livre de desafios. É preciso articular diferentes níveis de governo, integrar órgãos públicos e organizações da sociedade civil, além de garantir que os recursos cheguem efetivamente às comunidades mais vulneráveis. A história da Amazônia mostra que boas intenções nem sempre se traduzem em transformações concretas, especialmente quando há pressões econômicas ligadas ao desmatamento ilegal e à grilagem de terras.

Ainda assim, o projeto aprovado representa uma oportunidade ímpar. Ele pode se tornar um laboratório de políticas públicas inovadoras, capazes de conciliar conservação e desenvolvimento. Se for bem-sucedido, terá o potencial de servir de modelo para outras regiões amazônicas e até para países que enfrentam dilemas semelhantes em suas florestas tropicais.

Mais do que números, o que está em jogo é a possibilidade de redesenhar o futuro da Amazônia. A combinação de recursos financeiros internacionais, gestão integrada e valorização das populações locais aponta para um caminho em que a floresta em pé vale mais do que devastada. O Baixo Xingu, com toda sua diversidade e complexidade, pode se tornar símbolo dessa transformação.

Brasil prepara decreto para impulsionar reciclagem de plásticos

O Brasil começa a dar passos mais firmes em direção a uma economia circular, buscando reduzir o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, fortalecer a indústria nacional de reciclagem. O governo federal prepara um decreto que deverá incentivar a reciclagem de plásticos, em uma tentativa de prolongar o ciclo de vida de materiais e diminuir o desperdício de recursos naturais.

O anúncio foi feito pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, durante a entrega de dez caminhões destinados à Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal e Entorno, em Brasília. A ação integra o programa Coopera+, lançado em maio pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao MDIC, que tem como foco estruturar e fortalecer a cadeia de reciclagem no país.

O programa vai além da entrega de equipamentos. Ele representa uma mudança de visão: reciclar não é apenas uma questão ambiental, mas também um motor de desenvolvimento econômico e inclusão social. Cooperativas, catadores e pequenas empresas passam a ser vistos como peças-chave em uma engrenagem que pode gerar emprego, renda e inovação, ao mesmo tempo em que enfrenta a crise climática.

Outro movimento estratégico do governo foi feito pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), que elevou para 18% a alíquota do imposto de importação sobre resíduos de papel, plástico e vidro. A medida busca reduzir a dependência de materiais reciclados importados e estimular o mercado interno. “É uma decisão que valoriza os recicláveis produzidos no Brasil e reduz os impactos nocivos desses materiais no meio ambiente”, destacou Alckmin.

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Fernando Frazão/Agência Brasil

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A estratégia, portanto, é dupla: ampliar a capacidade da reciclagem no país e tornar mais vantajoso o aproveitamento dos resíduos gerados internamente. Trata-se de um esforço para transformar o que antes era descartado como lixo em insumo de valor econômico, com potencial de fortalecer a indústria nacional.

Um exemplo do avanço nesse setor é a plataforma Recircula Brasil, criada pela ABDI em parceria com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). A ferramenta permite rastrear todo o caminho percorrido pelos plásticos reciclados, oferecendo mais transparência e confiabilidade para empresas, consumidores e órgãos de fiscalização. Essa rastreabilidade também facilita a adoção de compromissos ambientais e aumenta a competitividade de empresas brasileiras no mercado global.

Os dados mais recentes da Abiplast indicam que a reciclagem mecânica de plástico pós-consumo atingiu 25% em 2022, o que representa mais de 1 milhão de toneladas processadas. O crescimento foi de 9% em relação a 2021, mostrando que há um campo fértil para ampliar ainda mais esses números, desde que haja políticas consistentes e apoio à infraestrutura de coleta e processamento.

Apesar desse avanço, o índice ainda está distante do potencial nacional. O Brasil é um dos maiores consumidores de plástico do mundo, mas ainda recicla menos da metade do que países líderes no setor, como Alemanha ou Japão. O desafio é grande, mas a conjunção de novas políticas públicas, maior organização da cadeia produtiva e inovação tecnológica pode transformar essa realidade.

Ao mesmo tempo, a agenda de reciclagem dialoga diretamente com a preparação do país para eventos globais de sustentabilidade, como a COP30, que será realizada em Belém. Mostrar resultados concretos na gestão de resíduos sólidos fortalece a imagem internacional do Brasil e abre espaço para novos investimentos verdes.

Mais do que um decreto, o que está em jogo é uma mudança cultural: reconhecer o valor do resíduo, investir em soluções inovadoras e criar condições para que a economia circular deixe de ser promessa e se torne prática cotidiana. Ao alinhar políticas fiscais, incentivos industriais e ações de inclusão social, o país dá sinais de que pode transformar um problema ambiental em oportunidade de desenvolvimento.

Amazônia aqueceu 2 °C em 35 anos, aponta pesquisa da USP

A Amazônia brasileira vem enfrentando transformações profundas que já podem ser medidas com clareza científica. Um estudo coordenado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), publicado na revista Nature, analisou 35 anos de dados de desmatamento, chuvas e temperatura para compreender como a devastação da floresta e as mudanças climáticas globais estão alterando o coração verde do planeta.

O levantamento mostra um quadro alarmante: entre 1985 e 2020, a temperatura da floresta aumentou 2 graus Celsius, e o período de estiagem se intensificou. O desmatamento sozinho responde por 74,5% da redução das chuvas e por 16,5% do aumento da temperatura nos meses de seca. A floresta, que já funcionava como reguladora do ciclo hidrológico e receptora de umidade oceânica, agora vive sob forte estresse ambiental.

Uma floresta sob a lupa

Para dimensionar os impactos, os cientistas dividiram o território da Amazônia em 29 blocos de análise, cada um com 300 km por 300 km. Essa escala permitiu acompanhar fenômenos climáticos de grande porte, como sistemas de chuvas, sem perder a precisão. O mapeamento da rede MapBiomas, com resolução de 30 metros, foi essencial para cruzar informações de vegetação, precipitação e temperatura ao longo do tempo.

Os resultados revelam um alerta: mantendo-se o ritmo atual de desmatamento e as emissões globais de gases de efeito estufa, a região pode enfrentar extremos climáticos ainda mais severos já em 2035. Hoje, a perda média da cobertura vegetal é de 19%, mas há áreas com até 80% da superfície desmatada.

“Não existe margem segura para ampliar a exploração. Empreendimentos como grandes minas ou usinas podem desequilibrar vastas áreas do bioma”, afirmou Marco Franco, professor do Instituto de Astronomia da USP e autor principal do artigo. Segundo ele, embora os pesquisadores evitem o termo “ponto de não retorno”, não há dúvidas de que a Amazônia já ultrapassou um limiar de segurança.

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Reuters/Ueslei Marcelino

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Consequências já visíveis

A seca na região aumenta, em média, 12 dias a cada década. Essa mudança afeta não apenas o clima, mas também setores produtivos. “Isso já tem sido sentido, por exemplo, na safrinha, uma particularidade do nosso agronegócio, que tem registrado quedas em várias áreas do bioma”, explicou Franco.

Os impactos começam a se manifestar mesmo em níveis relativamente baixos de supressão. Perdas entre 10% e 40% da vegetação nativa levam a quedas acentuadas nas chuvas e aumentos locais de temperatura. Depois desse ponto, o impacto adicional diminui, mas reflorestar torna-se cada vez mais difícil.

Desmatamento versus clima global

Um dos aspectos mais importantes da pesquisa foi separar o peso do desmatamento local e das emissões globais na transformação da floresta. O estudo mostrou que a precipitação anual na estação seca caiu cerca de 21 milímetros por ano, sendo 15,8 mm atribuídos ao desmatamento. A temperatura máxima aumentou 2 °C no período, e pouco mais de 16% desse aumento se deveu à perda florestal.

Essa relação, no entanto, varia regionalmente. Na Amazônia oriental, onde a vegetação permanece mais preservada, a elevação da temperatura é quase toda atribuída a emissões industriais externas, vindas de países como Estados Unidos e China. Já no sudeste do bioma, em áreas como Santarém (PA), o desmatamento e as mudanças climáticas globais têm peso semelhante, e os efeitos da seca são ainda mais severos.

Cooperação e responsabilidade

Para Luiz Machado, professor que coordenou parte do levantamento, a principal contribuição da pesquisa é oferecer parâmetros claros de mensuração. “Agora conseguimos sentar com governos e apontar responsabilidades. Sabemos qual é o impacto do desmatamento brasileiro e qual é a influência das emissões globais”, afirmou.

Os dados servirão também para que outras áreas da ciência, como a biologia, investiguem impactos sobre espécies e territórios específicos. O próximo passo do grupo será projetar cenários até o ano 2100, considerando diferentes trajetórias de desmatamento e emissões globais.

Segundo dados do MapBiomas, a Amazônia brasileira perdeu 14% de sua vegetação nativa entre 1985 e 2023, área equivalente ao território da França. A expansão de pastagens segue como principal vetor da devastação, e mesmo com a redução das taxas de desmatamento nos últimos anos, o fogo e a pressão agrícola continuam sendo ameaças permanentes.

O estudo deixa claro que a Amazônia já sente o peso combinado da devastação local e da crise climática global. Mais do que números, trata-se de um aviso de que a sobrevivência da floresta – e de todos que dela dependem – será definida pelas escolhas feitas agora.

Dia da Amazônia reúne mobilizações rumo à COP30 em Belém

Mobilização pelo Dia da Amazônia reforça chamado para a COP30

A celebração do Dia da Amazônia, nesta sexta-feira (5), ganhou dimensão especial em 2025. Às vésperas da COP30, que será realizada em Belém entre os dias 10 e 21 de novembro, organizações, coletivos e movimentos sociais promoveram mais de 20 atividades em ao menos oito estados. O objetivo foi claro: ampliar a consciência sobre a emergência climática e fortalecer a mobilização para o maior encontro global sobre o futuro do planeta.

O tema deste ano, “Celebrar a Amazônia e os biomas é soberania”, uniu diferentes vozes em torno da ideia de que proteger florestas, povos e territórios não é apenas questão ambiental, mas um princípio de independência nacional. Para os organizadores, soberania significa defender os povos originários, as comunidades tradicionais e, ao mesmo tempo, reconhecer a abundância natural e cultural do país.

“Ao celebrar a Amazônia e todos os biomas, queremos reforçar a potência dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e camponeses, que são referência inclusive para populações urbanas”, destacou a organização do evento.

A pluralidade amazônica em destaque

A diversidade da Amazônia Legal esteve no centro da programação. Como explicou Deuza Brabo, do Coletivo Reocupa, a iniciativa também pretende mostrar que não existe uma única Amazônia, mas múltiplas realidades que coexistem.

“Existem inúmeras Amazônias dentro da Amazônia. A maioria das atividades ocorre em locais públicos para aproximar as comunidades. Com o tema deste ano, a gente pretende mostrar o quanto a Amazônia é potente, mas que há eventos extremos climáticos, de devastação”, disse.

Entre os organizadores também estiveram a Associação Cultural Na Cuia, o Instituto Clima e Sociedade (ICS), o Instituto Mapinguari, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Observatório do Marajó, além de diversos coletivos de juventudes, comunicação popular, direitos humanos e cultura.

6b9d1310-jaguar-panthera-onca-768x511-1-400x266 Dia da Amazônia reúne mobilizações rumo à COP30 em Belém
A onça é grande representante da biodiversidade da fauna amazônica – Reprodução

Belém: centro das mobilizações

Na capital paraense, a programação foi intensa. A Seja Democracia e o Cursinho Popular Ágora organizaram a aula pública “COP30 na Quebrada”, com três estações temáticas. O primeiro debate tratou dos impactos dos megaeventos nas comunidades vulneráveis; o segundo uniu saberes ribeirinhos e ciência climática; e o terceiro, intitulado “Lambe-lambe Poético”, transformou fanzines em intervenções urbanas.

Também em Belém, a Comissão Solidária Vila da Barca promoveu uma feira gastronômica com mulheres formadas no projeto “Roteiro Cozinha Periférica”. Os pratos apresentados concorreram ao prêmio “Cozinha Criativa Periférica”, escolhido pelo público. Além da comida, houve apresentações culturais e ações de economia criativa.

Já o Fórum Paraense de Juventudes trouxe o projeto “Juventudes que Ecoam”, reunindo rodas de conversa, oficinas, filmes e experiências sensoriais. Entre os destaques, o diálogo “Amazônia Is Burning: Um Diálogo entre Clima e Cultura Ballroom” e a vivência cultural “Acarimbolando a Amazônia ao Som da Natureza”.

O MAB, por sua vez, realizou distribuição de mudas e atividades de conscientização na entrada da Universidade Federal do Pará, em Belém.

Mobilizações além do Pará

Em Ananindeua (PA), a Associação Cultural Na Cuia lançou a campanha #ClimaDeVerdade, com rodas de conversa e oficinas contra a desinformação climática.

Em Manaus (AM), a Associação Intercultural de Hip-Hop Urbanos da Amazônia realizou o Festival Grito Rua, no Formigueiro Skate Park. O evento reuniu DJs, batalhas de rima, campeonato de skate e feira criativa, valorizando a cultura como ferramenta de transformação ambiental. Ainda na capital amazonense, o MAB participou do 31º Grito dos Excluídos e Excluídas, marchando contra desigualdades.

Outras capitais também se mobilizaram. Em São Paulo, o MAB organizou o “Sextou em Defesa da Amazônia e da Soberania”, com concentração no Theatro Municipal. Em Porto Velho, o movimento realizou um ato no Baixo Rio Madeira, destacando a resistência amazônica frente às pressões ambientais e sociais.

A programação do Dia da Amazônia em 2025 foi, acima de tudo, um ensaio para a COP30. Cada atividade, seja uma roda de conversa, uma feira gastronômica ou um festival de hip-hop, buscou conectar cultura, ciência e mobilização social em torno de um desafio comum: garantir que a Amazônia siga viva.

Os organizadores lembram que os efeitos das mudanças climáticas já são sentidos no cotidiano das populações e que proteger a floresta não é apenas uma questão regional. É um chamado global.

Inclusão no Marajó: Governo Federal lança edital para projetos que defendem os direitos de pessoas com deficiência

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), por meio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, publicou em 18 de agosto de 2025 o Edital de Chamamento Público nº 5/2025. A iniciativa vai financiar até três projetos voltados à promoção e defesa dos direitos de pessoas com deficiência no Arquipélago do Marajó, no Pará, com investimentos que somam R$ 600 mil.

A chamada pública representa um passo importante para enfrentar as desigualdades históricas da região e garantir o acesso à cidadania e à inclusão de milhares de marajoaras.

Edital nº 5/2025: foco na inclusão social

O edital busca selecionar organizações da sociedade civil (OSCs) com sede no Marajó para desenvolver ações que melhorem a qualidade de vida de pessoas com deficiência. Entidades de outras regiões, como o Instituto AmazôniaTEC, também podem participar, desde que atuem em rede, com uma OSC local como responsável pela proposta principal.

Entre as prioridades do edital estão:

– Promoção da autonomia e da tecnologia assistiva para melhorar a independência das pessoas com deficiência.
– Formação de redes de apoio e grupos de convivência para fortalecer laços comunitários.
– Campanhas de conscientização para combater preconceitos e estigmas.
– Acesso a serviços complementares de saúde, educação, transporte e assistência social.
– Levantamento de dados e diagnósticos de acessibilidade para embasar políticas públicas.
– Participação ativa nas decisões locais, garantindo voz às pessoas com deficiência.

Recursos e prazos para inscrição

O edital disponibiliza R$ 600 mil, divididos entre até três projetos, cada um com teto de R$ 200 mil. As inscrições podem ser feitas até 16 de setembro de 2025 na plataforma Transferegov.br.

Critérios de avaliação das propostas

A seleção será feita por uma comissão técnica, com base em quatro critérios principais:
(A) Ações, metas e indicadores: 4,0 pontos
(B) Adequação aos objetivos do edital: 2,0 pontos
(C) Diagnóstico da realidade local: 2,0 pontos
(D) Capacidade técnica da OSC: 2,0 pontos
Para que uma proposta seja classificada, precisa atingir pelo menos 6 pontos.

77b84e64-56f5-4191-8e90-ae7c3b7ffcbe-400x267 Inclusão no Marajó: Governo Federal lança edital para projetos que defendem os direitos de pessoas com deficiência
Ilha do Marajó – Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Desafios da inclusão no Marajó

O Arquipélago do Marajó, composto por 17 municípios, enfrenta uma série de desafios para a inclusão social. O isolamento geográfico, a falta de infraestrutura, a carência de serviços básicos e as dificuldades logísticas afetam diretamente o acesso de pessoas com deficiência a direitos fundamentais.

Segundo o IBGE, o Pará tem 9,5% da população com algum tipo de deficiência, número acima da média da região Norte. Em Breves, o município mais populoso do arquipélago, mais de 8,6 mil pessoas vivem com algum tipo de deficiência, mas a oferta de equipamentos e serviços adaptados ainda é insuficiente.

Participação em rede fortalece projetos

Uma das grandes novidades do edital é a valorização da atuação em rede. OSCs de fora do Marajó podem participar desde que estabeleçam parceria com uma entidade celebrante local, que será responsável pelo termo de fomento.

Essa estratégia favorece a combinação de forças: OSCs marajoaras contribuem com mobilização comunitária, enquanto entidades externas agregam expertise técnica, tecnologias assistivas e metodologias de impacto.

Tecnologias assistivas como vetor de inclusão

O edital abre espaço para projetos que integrem inovação social e tecnologia assistiva, criando oportunidades para melhorar a autonomia e a qualidade de vida de pessoas com deficiência. Entre as possibilidades de implementação estão:
– Telemedicina e telereabilitação para atendimento remoto.
– Plataformas digitais para mapeamento de acessibilidade.
– Impressão 3D para próteses e adaptações personalizadas.
– Capacitações híbridas para cuidadores, familiares e lideranças comunitárias.
– Desenvolvimento de aplicativos inclusivos para serviços públicos e educação.

Caminhos para uma proposta competitiva

Para aumentar as chances de aprovação, as OSCs devem elaborar um plano de trabalho consistente, priorizando:
1. Diagnóstico detalhado da realidade local.
2. Definição de metas claras e mensuráveis.
3. Estratégias viáveis que respeitem os desafios logísticos.
4. Orçamento realista dentro do limite de R$ 200 mil.
5. Integração com políticas públicas para fortalecer a sustentabilidade do projeto.

Oportunidade de transformação para a região

O Edital nº 5/2025 se apresenta como um divisor de águas para o Arquipélago do Marajó. Além de financiar projetos, cria espaço para que lideranças locais, organizações sociais e parceiros estratégicos construam soluções de longo prazo.

As inscrições estão abertas até 16 de setembro de 2025 e podem ser feitas pelo portal Transferegov.br.

Confira o edital na íntegra: https://revistaamazonia.com.br/wp-content/uploads/2025/09/SEI_5077683_Edital_5.pdf

Passiflora: 4 maneiras de consumir e reduzir a ansiedade

A ansiedade é um dos males mais presentes na vida moderna, e muitas pessoas buscam alternativas naturais para aliviar os sintomas. Entre as opções mais conhecidas está a passiflora, planta medicinal que há séculos é utilizada por suas propriedades calmantes. Popularmente associada ao maracujá, a passiflora reúne substâncias capazes de atuar no sistema nervoso central, promovendo relaxamento e melhorando a qualidade do sono. Mas como consumir essa planta de forma prática e eficaz? Neste artigo, você vai conhecer quatro maneiras seguras de incluir a passiflora na rotina e aproveitar seus benefícios contra a ansiedade.

Por que a passiflora é tão eficaz?

A eficácia da passiflora está ligada à presença de compostos como flavonoides e alcaloides, que ajudam a modular a atividade cerebral. Esses elementos reduzem a agitação, relaxam os músculos e facilitam o sono, sem causar dependência. É por isso que a planta é indicada como alternativa natural a medicamentos ansiolíticos em casos leves de ansiedade e insônia.

Outro diferencial é sua versatilidade: a passiflora pode ser encontrada em forma de cápsulas, chás, extratos e até combinada em fórmulas fitoterápicas. No entanto, seu consumo deve ser orientado por hábitos conscientes, já que mesmo remédios naturais exigem cuidado.

Maneira 1: chá de passiflora

O chá é uma das formas mais tradicionais de consumir a passiflora. Preparado a partir das folhas secas da planta, ele libera os princípios ativos que ajudam a relaxar o corpo. O preparo é simples: basta ferver uma xícara de água, adicionar uma colher de sopa das folhas secas e deixar em infusão por cerca de 10 minutos.

Consumir o chá antes de dormir é uma ótima forma de combater a insônia. No entanto, o efeito pode variar de pessoa para pessoa, sendo necessário manter o hábito por alguns dias para perceber os resultados.

Maneira 2: cápsulas de passiflora

Para quem prefere praticidade, as cápsulas de passiflora são uma excelente opção. Encontradas em farmácias e lojas de produtos naturais, elas concentram o extrato da planta em doses padronizadas, garantindo maior controle sobre a quantidade ingerida.

As cápsulas são especialmente indicadas para pessoas com rotina corrida, que não conseguem preparar chás diariamente. É importante seguir a dosagem recomendada na embalagem ou pelo profissional de saúde, evitando o consumo excessivo.

Maneira 3: extrato líquido

O extrato líquido de passiflora é outra forma bastante eficaz de consumo. Bastam algumas gotas diluídas em água ou suco para sentir os efeitos relaxantes da planta. Esse formato permite ajustar a dose conforme a necessidade, além de ter absorção rápida pelo organismo.

Muitos fitoterapeutas recomendam o extrato líquido para momentos de crise de ansiedade, já que o efeito tende a ser mais rápido em comparação ao chá. No entanto, como qualquer produto concentrado, exige cuidado com a dosagem.

Maneira 4: combinações fitoterápicas

A passiflora também é frequentemente associada a outras plantas medicinais com efeito calmante, como a valeriana, a melissa e a camomila. Essa combinação potencializa os resultados e oferece um suporte mais completo para quem sofre com ansiedade, estresse e insônia.

Essas fórmulas são encontradas em farmácias de manipulação ou em produtos prontos, sempre com indicação de dosagem. O uso combinado deve ser acompanhado por um profissional de saúde, especialmente em casos de uso contínuo.

Cuidados importantes no consumo

Embora a passiflora seja considerada segura, seu consumo deve ser feito com responsabilidade. Pessoas que utilizam medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos precisam de orientação médica para evitar interações. Gestantes, lactantes e crianças também devem consultar um profissional antes de iniciar o uso.

O excesso de passiflora pode causar sonolência excessiva, tontura e até alterações gastrointestinais. Por isso, respeitar a dose indicada é essencial para aproveitar os benefícios sem riscos.

Benefícios além da ansiedade

Além de atuar contra a ansiedade, a passiflora também contribui para melhorar a qualidade do sono, reduzir sintomas de tensão muscular e aliviar dores de cabeça causadas por estresse. Alguns estudos ainda apontam que a planta pode ajudar a controlar a pressão arterial em pessoas com hipertensão leve, graças ao seu efeito relaxante sobre os vasos sanguíneos.

Esses benefícios reforçam a ideia de que a passiflora é uma aliada valiosa no cuidado da saúde de forma natural e acessível.

A importância do estilo de vida

É importante lembrar que nenhuma planta, por si só, é capaz de eliminar a ansiedade. O consumo da passiflora deve ser acompanhado por hábitos saudáveis, como prática de exercícios físicos, alimentação equilibrada e técnicas de respiração ou meditação. Reduzir o excesso de cafeína e manter uma rotina de sono regular também são medidas essenciais para o controle da ansiedade.

Ou seja, a passiflora funciona como um apoio dentro de um conjunto de escolhas que fortalecem o equilíbrio físico e emocional.

Reflexão final

A passiflora é uma das plantas mais eficazes e acessíveis para quem busca formas naturais de reduzir a ansiedade. Seja em forma de chá, cápsulas, extrato líquido ou combinada com outras ervas, ela oferece benefícios reais e seguros quando utilizada corretamente. Mais do que uma alternativa fitoterápica, a passiflora simboliza o poder da natureza em promover saúde e bem-estar. Ao incluir essa planta na rotina com consciência e equilíbrio, você descobre que o cuidado com a mente pode ser simples e profundamente transformador.

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Pará fortalece parques ambientais e valoriza biodiversidade

O Dia da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, é mais do que uma data no calendário: é um convite à reflexão sobre a urgência de preservar o maior bioma tropical do planeta. No Pará, essa missão ganha corpo nos Parques Ambientais mantidos pelo Governo do Estado, espaços que unem conservação da biodiversidade, educação ambiental e turismo sustentável.

Atualmente, cinco municípios paraenses — Belém, Afuá, Monte Alegre, São Geraldo do Araguaia e Almeirim — abrigam unidades que se tornaram referência em preservação e lazer. Os parques são classificados como Unidades de Conservação de proteção integral, o que significa que não é permitido o estabelecimento de moradias dentro de suas áreas. Porém, em torno deles vivem comunidades tradicionais, como ribeirinhos, indígenas e quilombolas, que mantêm uma relação histórica e cultural com esses territórios.

Em Belém, o Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”, administrado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) em parceria com a Organização Social Pará 2000, recebeu mais de 320 mil visitantes apenas no primeiro semestre de 2025. O espaço oferece trilhas ecológicas, esportes de aventura, áreas de convivência, cafeterias e miradouros para contemplação da floresta. Em preparação para a COP30, que acontecerá em novembro na capital paraense, o parque passa por um ciclo de investimentos: construção de um novo Centro de Apoio ao Visitante com museu, auditório, cafés e áreas administrativas, além de melhorias em trilhas, sinalização e pontos de hidratação.

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Trilha ecológica no Parque do Utinga em Belém/ PA – Pedro Guerreiro / Ag. Pará

No Arquipélago do Marajó, o Parque Estadual do Charapucu preserva ecossistemas de várzeas e igapós praticamente intocados. Com áreas nunca exploradas, o parque cumpre papel estratégico ao proteger paisagens singulares e fomentar pesquisas científicas. Também atua como polo de turismo ecológico e de educação ambiental, aproximando visitantes das riquezas naturais do Marajó.

No Baixo Amazonas, o Parque Estadual de Monte Alegre é conhecido mundialmente por suas pinturas rupestres, que revelam fragmentos da história pré-colombiana na região. O local integra a lista do programa internacional 2022 World Monuments Watch, que reconhece patrimônios culturais de relevância global. A combinação de biodiversidade e arqueologia torna o parque uma das mais importantes referências culturais e ambientais da Amazônia.

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Já na região de Carajás, o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, em São Geraldo do Araguaia, destaca-se pela transição entre os biomas Amazônia e Cerrado. Localizado a apenas 20 quilômetros da área urbana, o parque guarda mais de 30 cachoeiras catalogadas, além de paisagens de rara beleza cênica, que fazem dele um atrativo turístico e de preservação ambiental.

Em Almeirim, o Parque Estadual das Árvores Gigantes da Amazônia, criado em 2024 dentro da Floresta Estadual de Paru, nasceu para proteger um verdadeiro gigante: o angelim-vermelho (Dinizia excelsa), árvore que alcança impressionantes 88,5 metros de altura, considerada a maior da América Latina e uma das maiores do mundo. O anúncio de criação do parque foi feito pelo governador Helder Barbalho, e o espaço simboliza um marco para a proteção da biodiversidade em escala global.

Para Nilson Pinto, presidente do Ideflor-Bio, a criação e gestão desses parques refletem uma estratégia que combina conservação e desenvolvimento sustentável: “O Parque das Árvores Gigantes simboliza um novo capítulo na proteção da nossa biodiversidade, que só será possível com a participação efetiva da sociedade e o trabalho integrado entre poder público e moradores locais”.

Esses cinco parques representam muito mais do que áreas protegidas. Eles são instrumentos de valorização da cultura amazônica, de fomento à pesquisa científica, de lazer saudável e de fortalecimento da economia verde. Em um contexto em que a Amazônia se torna cada vez mais central no debate climático global, a existência e o fortalecimento desses espaços traduzem o compromisso do Pará em alinhar preservação e prosperidade.