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BID, Dinamarca, Noruega e Suécia anunciam US$ 800 milhões para energia limpa na Amazônia e América Central

Um novo capítulo na cooperação internacional para o clima e a energia sustentável começou nesta sexta-feira (7), durante a COP30, em Belém. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) assinou uma carta de intenções com o Impact Fund Denmark, a Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad), e a Agência Sueca de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Sida), estabelecendo uma nova garantia de crédito estimada em US$ 800 milhões para impulsionar projetos de energia limpa na Amazônia e na América Central.

O acordo, descrito por especialistas como um modelo de financiamento climático inovador, ampliará a capacidade de empréstimos do BID em dois programas estratégicos: Amazônia Sempre e América en el Centro. A iniciativa busca acelerar o acesso à eletricidade sustentável, modernizar redes de transmissão, incentivar o transporte de baixa emissão e ampliar soluções de cozinha limpa, ao mesmo tempo em que fortalece economias locais e cria empregos verdes.

Uma nova arquitetura para o financiamento climático

Para o presidente do Grupo BID, Ilan Goldfajn, a parceria com Dinamarca, Noruega e Suécia representa “um avanço concreto para a transição energética justa e inclusiva na região”. Ele destacou que os mecanismos de garantia — que reduzem o risco para investidores — permitem ao banco mobilizar recursos privados em escala sem depender apenas de fundos públicos.

“Com esse financiamento inovador, estamos fortalecendo a segurança energética e o crescimento inclusivo na Amazônia e na América Central. Essa é a terceira parceria com a Sida e a primeira com o Impact Fund Denmark e a Norad — uma união que amplia a resiliência e abre novas possibilidades de cooperação”, afirmou Goldfajn.

As garantias de transferência de risco já provaram sua eficácia. Em 2021, uma operação de US$ 100 milhões entre o BID e a Sida viabilizou recursos para projetos de resiliência climática e igualdade de gênero na Bolívia, Colômbia e Guatemala. Três anos depois, um segundo acordo de US$ 250 milhões liberou US$ 469 milhões adicionais para iniciativas do programa Amazônia Sempre.

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Placas Energia Solar – Agencia Brasil

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Dinamarca, Noruega e Suécia ampliam papel global

Para Lars Bo Bertram, CEO do Impact Fund Denmark, o novo acordo é “um exemplo de como instrumentos financeiros inteligentes podem multiplicar resultados reais”. Segundo ele, as garantias se tornam “catalisadores poderosos da ação climática”, pois ajudam a desbloquear investimentos onde o capital tradicional não chega.

A Noruega, parceira histórica da conservação amazônica por meio do Fundo Amazônia, também reforçou seu papel. O primeiro-ministro Jonas Gahr Støre lembrou que a região é uma das mais carentes em acesso à energia e que essa nova cooperação “terá efeitos positivos para as pessoas, o meio ambiente e o desenvolvimento econômico”.

Da Suécia, Kjell Forsberg, diretor-geral adjunto da Sida, destacou que a colaboração com o BID “demonstra como instrumentos financeiros inovadores podem multiplicar impactos e alinhar investimentos às metas climáticas globais”.

Conexão Amazônia – América Central

Os programas Amazônia Sempre e América en el Centro estão no centro da estratégia regional do BID. O primeiro atua em oito países amazônicos, integrando conservação da biodiversidade, transição energética e desenvolvimento sustentável. O segundo busca fortalecer a resiliência da América Central, Panamá e República Dominicana, destravando o potencial econômico da região com base em sustentabilidade.

Durante a COP30, o BID realiza mais de 80 eventos temáticos, entre eles exposições no Pavilhão do Grupo BID, na Casa BID, e na Estação AMAZÔNIA SEMPRE, instalada no Museu Paraense Emílio Goeldi. O banco busca mobilizar ao menos US$ 6 bilhões em novos programas para enfrentar as lacunas no financiamento de um desenvolvimento mais verde, justo e resiliente.

A proposta é clara: usar inovação financeira para mudar a geografia do investimento climático, canalizando recursos para as regiões e populações que historicamente ficaram à margem da transição energética global.

Como destacou Goldfajn, “a COP30 é um marco não apenas para discutir compromissos, mas para mostrar que a Amazônia pode ser também um laboratório de soluções — e não apenas um símbolo de urgência”.

SERVIÇO:
AGRIZONE – Mais de 400 eventos na programação
QUANDO: 10 a 21 de novembro*
ONDE: Embrapa Amazônia Oriental* (Embrapa Amazônia Oriental – Tv. Dr. Enéas Pinheiro, s/n – Marco, Belém).
MAIS INFORMAÇÕES: https://www.cnabrasil.org.br/

Casa BNDES transforma o Complexo dos Mercedários em polo cultural da COP30

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) inaugura neste sábado (8) a Casa BNDES na COP30, no histórico Complexo dos Mercedários, em Belém (PA). O espaço, aberto ao público de 9 a 21 de novembro, será um dos principais pontos culturais da conferência climática, oferecendo uma programação gratuita de cinema, arte e experiências imersivas que conectam sustentabilidade, diversidade e identidade amazônica.

A cerimônia de abertura contará com a presença do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, da vice-governadora do Pará, Hanna Ghassam, do reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva, e da diretora socioambiental do banco, Tereza Campello.

Mais do que uma casa temporária, o espaço propõe uma leitura sensorial da Amazônia contemporânea — onde arte, ciência e ancestralidade se encontram. O Complexo dos Mercedários, um dos ícones do patrimônio arquitetônico de Belém, ganha nova vida com instalações multimídia, projeções e mostras audiovisuais que evidenciam a força simbólica da floresta e dos povos que a habitam.

Cinema e territórios

Entre os destaques da programação está o CineCOP BNDES, festival que exibe mais de 30 filmes nacionais e internacionais que dialogam com os temas da conferência. As sessões acontecem diariamente a partir das 15h, explorando narrativas sobre a floresta, os rios e as comunidades amazônicas.

A principal atração será a pré-estreia nacional do longa “Tainá e os Guardiões da Amazônia – Em Busca da Flecha Azul”, com a presença do elenco e da cantora Fafá de Belém, que dá voz a um dos personagens. O festival pretende ser um encontro entre linguagens e gerações, mostrando como o cinema pode inspirar consciência ambiental e pertencimento.

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Foto: Marcus Passos/g1 Pará

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Afluentes e realidades virtuais

A Casa BNDES também abriga a exposição inédita “Afluentes: Caminhos e Histórias do Fundo Amazônia”, que apresenta fotos, vídeos e relatos de projetos apoiados pelo fundo ao longo de 17 anos. A mostra evidencia a diversidade de iniciativas que unem desenvolvimento sustentável e protagonismo comunitário na região.

Ao final do percurso expositivo, o visitante encontra a Experiência VR Amazônia Viva, primeiro filme em realidade virtual do cineasta Estêvão Ciavatta, que conduz o público por uma viagem em 360° pelas margens do Rio Tapajós. Outra atração, a Experiência VR Caatinga, revela a beleza e a resiliência do bioma nordestino, destacando a sabedoria popular que transforma a aridez em poesia e vida.

Arte, mitos e ancestralidade

No Foyer do Auditório, a mostra “Lendas da Amazônia: Arte e Ancestralidade”, assinada pelo artista Nelson Nabiça, reúne esculturas inspiradas em personagens míticos como Curupira, Mapinguari e Iara. As obras formam um circuito de guardiões da floresta que mistura tradição oral, escultura contemporânea e um olhar crítico sobre a relação entre natureza e cultura.

O projeto inclui ainda o espaço Casa das Luzes, com projeções mapeadas na fachada do edifício histórico, além de oficinas, rodas de conversa, peças de teatro, seminários e debates com artistas, cientistas e lideranças indígenas.

Cultura e sustentabilidade como legado

Para o BNDES, a Casa BNDES na COP30 é um convite a repensar a Amazônia como território de inovação cultural e climática. O espaço pretende aproximar o público das experiências apoiadas pelo banco e pelo Fundo Amazônia, reforçando o papel da arte como mediadora entre saberes, memórias e futuros possíveis.

O acesso ao local será gratuito, das 15h às 22h, sujeito à lotação. O credenciamento para a cerimônia de abertura pode ser feito neste link. Mais informações estão disponíveis no hotsite oficial da Casa BNDES e na Agência de Notícias do BNDES.

Durante os dias da COP30, o Complexo dos Mercedários se tornará um dos corações culturais da conferência — um ponto de encontro entre cinema, biodiversidade e imaginação amazônica.

Serviço:
Casa BNDES na COP 30
Evento: Cerimônia de abertura, dia 8, às 17h30. Para convidados e imprensa*
Endereço: Complexo dos Mercedários (Prédio da antiga Alfândega)
Boulevard Castilhos França, s/n – Bairro Campina, Belém-PA
(Entre Rua da Indústria e Tv. Frutuoso Guimarães. Acesso em frente ao estacionamento da Estação das Docas)
Link para credenciamento: https://forms.office.com/r/cPBSZG9VGu?origin=lprLink

Marinha do Brasil assume papel estratégico na COP30 em Belém

Enquanto Belém se prepara para receber líderes de 191 países durante a 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), o papel da Marinha do Brasil ganha destaque na complexa engrenagem logística e de segurança que sustenta o evento. Com cerca de três mil militares mobilizados, a instituição atua em coordenação com o Ministério da Defesa e as demais Forças Armadas, sob o comando do Comando Operacional Conjunto “Marajoara”, criado especialmente para garantir a tranquilidade e a eficiência das operações durante a conferência.

A missão é monumental: proteger autoridades, assegurar a navegação nos rios amazônicos, garantir suporte logístico e responder rapidamente a qualquer eventualidade, em uma das regiões mais desafiadoras do planeta. A operação, batizada de “Marajoara”, demonstra a capacidade da Marinha de atuar de forma integrada e estratégica em um território de dimensões continentais, onde a floresta e os rios são as principais vias de comunicação.

O efetivo da Marinha está distribuído em quatro Grupos-Tarefa (GTs) que formam a Força Naval Componente (FNC). O primeiro, GT Comando e Controle, tem como base o Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico, a maior embarcação militar da América do Sul. Embarcado em Belém, o Atlântico abriga o centro de operações da FNC, contando com estrutura hospitalar completa e quatro aeronaves de emprego conjunto, capazes de realizar evacuações médicas e missões de reconhecimento.

Outro núcleo essencial é o GT Ribeirinho, formado por cerca de 500 militares e 50 viaturas, que atua na proteção de pontos estratégicos como os portos de Outeiro, Miramar e Belém, além de subestações elétricas da Eletronorte e da Equatorial Energia. Sua presença reforça a segurança terrestre em áreas consideradas sensíveis e vitais para o funcionamento da infraestrutura regional.

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Imagem: Marinheiro Malheiros
Fonte: Agência Marinha de Notícias

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Nos rios Pará e Guamá, a Marinha mantém o GT Fluvial, composto por 12 navios e 27 embarcações menores, encarregado de patrulhas, inspeções navais e escoltas. Essa presença garante a livre navegação e o monitoramento das vias fluviais amazônicas, assegurando um ambiente seguro para as delegações internacionais e a população local. O GT Apoio Logístico, por sua vez, integra o Hospital Naval de Belém, a Base Naval de Val-de-Cães e o Centro de Intendência da Marinha em Belém, que oferecem suporte sanitário, de manutenção e de abastecimento durante todo o evento.

Para o Contra-Almirante Antonio Braz de Souza, comandante da Força Naval Componente, a operação representa “o braço da Marinha neste grande esforço conjunto das Forças Armadas, coordenado pelo Ministério da Defesa”. Ele destaca que o trabalho é integrado com o Exército Brasileiro, a Força Aérea Brasileira e os órgãos de segurança pública, com foco na proteção de áreas estratégicas e na pronta resposta a emergências.

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Fonte: Agência Marinha de Notícias

Essa integração é simbolizada pela estrutura do Comando Operacional Conjunto “Marajoara”, sediado na Base Aérea de Belém, que reúne capacidades marítimas, terrestres e aéreas sob um comando unificado. Mais de sete mil militares participaram da cerimônia de apronto operacional, realizada em 29 de outubro, em uma demonstração pública de prontidão e coordenação interforças. O evento marcou o início formal das atividades conjuntas para a COP30, incluindo treinamentos especializados em defesa cibernética, antiaérea e NBQR (nuclear, biológica, química e radiológica).

Para o General de Exército José Ricardo Vendramin Nunes, comandante do Comando Conjunto, a operação “é expressão concreta da união de esforços entre Marinha, Exército e Força Aérea, em parceria com as forças de segurança pública”. Ele destacou o compromisso coletivo de garantir a estabilidade e a segurança de um evento que colocará novamente a Amazônia sob os holofotes do mundo.

Mais do que uma missão de proteção, a Operação Marajoara é um exercício de presença do Estado brasileiro em uma região estratégica e sensível. Ao reforçar a soberania nacional e a interoperabilidade das Forças Armadas, a iniciativa projeta a imagem de um país capaz de conciliar segurança, diplomacia e sustentabilidade — três pilares indispensáveis ao sucesso da COP30.

Como resume o Almirante Braz, “a Marajoara é a demonstração da capacidade da Marinha de projetar poder, integrar esforços e servir ao Brasil onde for necessário — da selva às águas interiores, com profissionalismo e espírito de missão”. Em Belém, a Marinha do Brasil não apenas garante segurança: ela reafirma o compromisso do país com a paz, a cooperação e o futuro da Amazônia.

Arte amazônica colore a COP30 com guarda-chuvas sustentáveis

Na contagem regressiva para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, a ser realizada em Belém em 2025, a arte amazônica ganha protagonismo por meio de uma iniciativa que une criatividade, sustentabilidade e valorização cultural. O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) lançou o projeto “Belém, Faça Sol ou Faça Chuva!”, uma ação simbólica que transforma guarda-chuvas em suportes de expressão artística e ambiental.

A proposta é simples e poderosa: distribuir guarda-chuvas ilustrados por artistas da Amazônia, transformando um objeto cotidiano em uma galeria móvel a céu aberto. Durante os dias da conferência, essas peças circularão por pontos estratégicos da cidade, colorindo ruas e eventos oficiais da COP30, enquanto convidam o público à reflexão sobre o papel da arte e da cultura na construção de um futuro climático mais justo e sustentável.

O projeto é estruturado em três coleções temáticas que exploram diferentes dimensões da floresta e de seus significados. “Raízes do Futuro” homenageia as árvores sagradas e medicinais, símbolos da ancestralidade e da sabedoria dos povos da floresta. Essa coleção convida o olhar a reconhecer a floresta não apenas como recurso natural, mas como abrigo, refúgio e fonte de conhecimento.

A segunda série, “Frutos do Amanhã”, celebra os frutos nativos da Amazônia — como o açaí, o cupuaçu e o buriti — e evoca a potência da bioeconomia e da cultura alimentar regional. Nesses desenhos, cada semente é tratada como um gesto de regeneração e continuidade, refletindo a força de um território capaz de criar alternativas sustentáveis de desenvolvimento.

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Belém – Agência Pará

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Por fim, “Pegada de Bicho” dá protagonismo aos animais amazônicos, representando-os como parte essencial da vida urbana e natural. Das margens dos rios aos becos de Belém, a fauna amazônica aparece reinterpretada como uma presença viva, pulsante e sensível, que resiste e convive com o cotidiano humano.

As ilustrações que compõem o projeto foram criadas por cinco artistas de diferentes regiões da Amazônia: Hadna Abreu, Winny Tapajós, Bonikta, Kambô e Natália Lobo. Cada um trouxe consigo um universo simbólico particular, inspirado em suas vivências, memórias e territórios. O resultado é uma coleção que mistura linguagens visuais contemporâneas com referências culturais profundas, compondo uma verdadeira cartografia emocional da Amazônia.

Além do valor estético e simbólico, o projeto reflete um compromisso concreto com a sustentabilidade. Os guarda-chuvas são confeccionados com tecido produzido a partir da reciclagem de garrafas PET, e cada unidade reutiliza, em média, sete garrafas plásticas. Essa escolha reduz o descarte de resíduos e reforça a importância da economia circular — uma pauta que dialoga diretamente com os debates centrais da COP30 sobre transição ecológica e consumo responsável.

Ao unir arte, funcionalidade e consciência ambiental, a iniciativa reafirma o papel do IBRAM como articulador de práticas que conciliam inovação, responsabilidade e valorização da diversidade cultural brasileira. O projeto também se insere em uma estratégia mais ampla de engajamento social e educativo da entidade, que busca aproximar o setor mineral das discussões sobre sustentabilidade, clima e comunidades locais.

A presença do IBRAM na COP30 conta com o apoio de importantes empresas do setor, que compartilham do compromisso com a transição sustentável: Alcoa, Anglo American, AngloGold Ashanti, BHP, CBA, CBMM, COPELMI, Kinross, Mineração Taboca, Mosaic, Norsk Hydro, Samarco e Vale.

“Belém, Faça Sol ou Faça Chuva!” é mais do que um projeto de arte urbana — é um gesto poético e político. Ao converter um simples guarda-chuva em veículo de expressão coletiva, a iniciativa convida à sensibilização estética e ambiental, lembrando que proteger o planeta é também um ato de imaginação e beleza. A cada cor e traço, as obras espalhadas pela cidade reiteram a mensagem que guiará a COP30: a Amazônia é mais do que um bioma — é um horizonte de futuro.

A Região Metropolitana de Belém e a bioeconomia como projeto de desenvolvimento regional

Há quase dois anos, em 11 de novembro de 2023, a cidade de Belém foi escolhida para sediar a 30ª edição da conferência de clima da Organização das Nações Unidas, a COP30 — batizada nacionalmente como a COP da Floresta. Diferentemente de outras versões realizadas em capitais latino-americanas, Belém assume um papel singular: não apenas palco diplomático, mas também símbolo de uma nova economia para a Amazônia.
A localização não é mero detalhe. A escolha de Belém, uma metrópole histórica da região Norte e, ao mesmo tempo, periférica dentro das dinâmicas do capitalismo brasileiro, busca posicionar o Brasil como protagonista na construção de uma agenda global para a emergência climática. Aproximadamente 60 % do bioma amazônico está em solo brasileiro — e essa condição torna o país peça-chave no tabuleiro internacional das emissões de gases-efeito estufa.

Para que esse papel se transforme em desenvolvimento concreto para a região, porém, é preciso mais do que sediar a conferência: é preciso desenhar um projeto de desenvolvimento regional que conecte crescimento econômico, preservação da floresta tropical e inclusão social. É nesse contexto que a bioeconomia entra no centro da estratégia.
O conceito de bioeconomia — que, no âmbito da Amazônia, se aproxima de cadeias produtivas endógenas, baseadas em sociobiodiversidade, extrativismo sustentável, comunidades tradicionais e tecnologia — ganha força como modelo quase absoluto de desenvolvimento na região. 
Na prática, isso significa valorizar produtos florestais não-madeireiros, sistemas agroflorestais, biotecnologias, agregação de valor no território e retenção de renda local, tudo isso reduzindo emissões e mantendo a floresta em pé.

20250925192452-GF00024973-F00447956-400x267 A Região Metropolitana de Belém e a bioeconomia como projeto de desenvolvimento regional
Ag. Pará

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Dentro dessa agenda, a Região Metropolitana de Belém (RMB) aparece como peça estratégica. Como um centro urbano que conecta terras, rios, comunidades tradicionais e mercados, ela pode funcionar como “âncora produtiva e de comercialização” para a bioeconomia amazônica. A cidade pode mediar entre o que é produzido na floresta e o que chega aos mercados nacionais e internacionais.
Mas esse papel demanda superação de desafios históricos. Por décadas, o agroextrativismo amazônico foi negado como instrumento de desenvolvimento regional pelas políticas metropolitana e urbana, que muitas vezes privilegiaram modelos industriais externos ao bioma. Agora, a aposta é diferente: utilizar os recursos disponíveis para a COP30 para reformular o ecossistema de inovação da RMB em direção à bioeconomia.

Dois projetos exemplares ilustram essa mudança de rumo. O primeiro é o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, localizado nos antigos galpões do Porto Futuro II, em Belém — concebido como polo tecnológico, de pesquisa e de empreendedorismo vinculado à sociobiodiversidade amazônica. O segundo é o Distrito de Inovação e Bioeconomia de Belém, que propõe integrar a recuperação do Centro Histórico da cidade com fomento a startups, tecnologia e soluções urbanas alinhadas à bioeconomia.
Esses dois vetores — inovação e bioeconomia — são parte essencial da estratégia para que Belém não seja apenas a “cidade da COP”, mas sim um polo estrutural de desenvolvimento verde para a Amazônia.

No entanto, a interrogação permanece: e depois da COP, o que resta? Quando os holofotes se apagarem em dezembro, será a continuidade do compromisso que definirá se a RMB realmente se transformará. A história social e espacial da Amazônia mostra que Belém sempre atuou como mediadora: entre os territórios florestais e os mercados externos. O novo projeto exige que esse papel seja modificado — de mediador distante para protagonista local.
Restam dúvidas sobre o grau de comprometimento do Estado brasileiro, em todas as esferas, com uma agenda de desenvolvimento regional que realmente reposicione a Amazônia dentro do capitalismo brasileiro de forma menos desigual. Se essa aposta for de fato executada, a RMB poderá se tornar um laboratório de bioeconomia, onde floresta, comunidade e inovação se entrelaçam em um único modelo de futuro.

Mais de 84 mil estabelecimentos extrativistas na Amazônia Legal seguem sem energia elétrica, revela estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente

Um novo mapeamento pioneiro da sociobioeconomia na Amazônia Legal aponta uma realidade que incomoda: mais de 84 000 unidades produtivas extrativistas — compostas por agricultores familiares, comunidades tradicionais e produtores da floresta — estão totalmente desconectadas da energia elétrica. O estudo “Mapeamento da sociobioeconomia: bases para políticas de inclusão energética na Amazônia Legal”, lançado pelo IEMA em novembro de 2025, cruzou dados de produção vegetal, atividades agroextrativistas e acesso à energia nos nove estados que compõem a Amazônia Legal, construindo uma radiografia da exclusão energética e seus impactos.

O levantamento recupera números expressivos e simbólicos. Nos estados de Roraima, Amazonas e Pará, os índices de estabelecimentos extrativistas sem acesso à energia elétrica são de aproximadamente 74%, 66% e 45%, respectivamente. No total, acredita-se que essas unidades representem milhares de famílias que dependem da floresta para viver, produzir e conservar — e que, pelo simples fato de não ter luz, enfrentam barreiras para agregar valor, processar produtos e desenvolver cadeias sustentáveis.

Produção que planta esperança, mas esbarra na infraestrutura

O estudo destaca que a produção extrativista vegetal nessa região movimenta cerca de 600 mil toneladas por ano — cerca de 73% da produção nacional do setor. Itens como açaí (≈450 mil toneladas), babaçu (≈77 mil toneladas) e castanha-do-Brasil (≈27 mil toneladas) lideram esse cenário. No entanto, a falta de energia elétrica de qualidade impede que muitos produtores se beneficiem plenamente desse rendimento: sem eletrificação adequada, falta maquinário, refrigeração, conectividade, e até escoamento da produção se torna mais caro ou inviável.

A correlação entre produção extrativista e exclusão elétrica revela que comunidades ribeirinhas ou em acessos fluviais são fortemente penalizadas — muitas vezes isoladas de malhas rodoviárias ou ferroviárias, o que soma à vulnerabilidade estrutural. O estudo ainda mostra baixa diversidade produtiva: em muitos municípios, 113 núcleos concentram-se em apenas um produto; outros 118 em dois. Isso evidencia a urgência de políticas que vão além de “dar luz” — é preciso fortalecer cadeias produtivas, logística, assistência técnica e inovação territorial.

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Inclusão energética como vetor da sociobioeconomia

Para o IEMA, esse cenário reforça que “só levar luz não é suficiente”. Como afirma o diretor-executivo André Luis Ferreira, “a Amazônia precisa de energia e potência… é necessário uma energia elétrica de qualidade para garantir o acesso a direitos básicos”. Em outras palavras: o acesso à energia precisa estar integrado à inclusão produtiva, à conservação da floresta em pé e à justiça social.

Esse desenho de política pública exige olhar multidimensional: dados precisos — e o estudo mapeia justamente essa falta de informação —, infraestrutura de escoamento, logística, acesso à internet, suporte técnico para extrativistas e agricultores familiares. O relatório indica ainda que o atual Censo Agropecuário registra apenas presença/ausência de eletricidade, mas não considera potência, frequência ou finalidade da energia — o que dificulta planejamentos eficazes.

Caminhos recomendados para transformar o retrato

O mapeamento identifica ações estratégicas: revisão do Censo Agropecuário em 2025-26 para acompanhar realidade produtiva da floresta; integração de dados territoriais com planejamento energético; expansão do programa Luz para Todos para atender a demandas produtivas e não apenas residenciais; fomento a Arranjos Produtivos Locais (APLs) em cadeias extrativistas; investimento em logística fluvial e digital; e assistência técnica especializada para comunidades tradicionais.

A implicação vai além: trata-se de reconhecer que a sociobioeconomia — modelo produtivo que une floresta, comunidades e renda — depende de energia elétrica funcional. Garantir a “floresta em pé” passa por permitir que quem vive da biodiversidade tenha plena capacidade de produzir, agregar valor, sustentar seus territórios e participar da economia global.

Desigualdades que persistem e urgência de ação

Os dados gráficos trazem outro alerta: quase metade dos estabelecimentos extrativistas sem energia elétrica no Pará acumulam mais de 28 500 unidades. Municípios como São Gabriel da Cachoeira (AM) e Cametá (PA) registram mais de quatro mil unidades cada, demonstrando que a vulnerabilidade é territorialmente concentrada.

Além disso, a ausência de infraestrutura energética compromete diretamente direitos constitucionais das comunidades — como saúde, educação, conectividade, processamento de alimentos e economia local — e impede que o Estado e a sociedade alcancem a meta de infraestrutura de base que permita o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

O estudo do IEMA é uma chamada de alerta e de oportunidade. Ele mostra que a Amazônia Legal não pode ser vista apenas como reserva ambiental ou fronteira produtiva — ela é também lar de milhares de produtores extrativistas que dependem da energia elétrica para transformar seus recursos em riqueza e bem-viver. A inclusão energética, quando integrada à valorização da sociobiodiversidade, se revela um vetor de equidade, economia e conservação.

As políticas públicas que não levarem essa conexão em conta correm o risco de continuar replicando desigualdades históricas, desconectando comunidades das suas próprias capacidades. Mas se respondidas com estratégia, dados e ambição, as recomendações desse relatório podem transformar áreas de exclusão em territórios de produção sustentável — e permitir que a Amazônia, além de floresta em pé, seja fonte de renda, inclusão e justiça.

ONU Mulheres pede ação climática com igualdade de gênero na COP30

Na COP30, em Belém, a ONU Mulheres transformou o debate climático em uma pauta de justiça e equidade. A organização chamou governos e negociadores a fortalecer o elo entre políticas ambientais e igualdade de gênero, defendendo que o combate à crise climática só será efetivo se incluir as mulheres em todas as suas dimensões — da mitigação ao financiamento.

No centro das discussões está o novo Plano de Ação de Gênero (GAP), marco da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) que orienta como a perspectiva de gênero deve ser integrada à governança climática global. O documento, criado em 2017 e atualizado em 2019, será revisado durante a conferência para definir metas e compromissos da próxima década.

A ONU Mulheres alerta que, diante do agravamento da emergência climática e da crescente resistência a direitos das mulheres em várias partes do mundo, o novo GAP precisa ser transformador, inclusivo e dotado de recursos reais. Mais do que uma diretriz, o plano deve funcionar como ferramenta de responsabilização e transparência — um instrumento capaz de garantir que cada decisão climática considere também os impactos sociais e de gênero.

Igualdade de gênero como eixo da transição climática

A mensagem central da ONU Mulheres é clara: a igualdade de gênero não é uma questão acessória, mas estratégica. Sem a plena participação das mulheres, especialmente aquelas que vivem nas regiões mais vulneráveis, não haverá justiça climática nem eficácia nas metas do Acordo de Paris.

A organização defende que o novo GAP reconheça e apoie a diversidade das mulheres que sustentam a resiliência climática: indígenas, quilombolas, agricultoras familiares, trabalhadoras rurais, defensoras ambientais e jovens lideranças. São elas que, em seus territórios, preservam saberes e práticas ancestrais fundamentais para a conservação de ecossistemas e a adaptação às mudanças do clima.

Um GAP robusto deve, portanto, garantir recursos financeiros específicos, dados desagregados por gênero, metas mensuráveis e mecanismos claros de monitoramento. O objetivo é transformar compromissos políticos em resultados concretos — desde o acesso das mulheres ao crédito e à terra até sua presença nos espaços de decisão e formulação de políticas climáticas.

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Divulgação – ONU Mulheres

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Uma ferramenta para medir o progresso

Durante a COP30, a ONU Mulheres e o Kaschak Institute for Social Justice for Women and Girls lançam o Gender Equality and Climate Policy Scorecard, ferramenta inédita que avalia o grau de integração de gênero nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) de cada país.

A primeira edição da análise examinou 32 NDCs apresentadas até setembro de 2025, observando seis dimensões: segurança econômica, trabalho de cuidado não remunerado, saúde, violência de gênero, participação e liderança, e transversalização da perspectiva de gênero. O resultado é um retrato global das lacunas e dos avanços nessa agenda.

O Scorecard revelou que a maioria dos países ainda trata a questão de gênero de forma limitada, restrita à adaptação e a ações pontuais. Áreas cruciais, como mitigação de emissões, perdas e danos ou financiamento climático, seguem sem incorporar plenamente o papel e as necessidades das mulheres. Para a ONU Mulheres, esses dados mostram a urgência de políticas mais estruturadas e orçamentos com recorte de gênero — um passo essencial para transformar intenções em impacto.

Mobilização e protagonismo feminino

Além do campo técnico, a COP30 também se tornou um palco de mobilização social. A ONU Mulheres vem apoiando a participação de redes feministas, organizações de base e lideranças de comunidades tradicionais em todo o processo preparatório e nas negociações. O objetivo é ampliar vozes, conectar experiências e fortalecer a incidência política das mulheres nas decisões sobre o futuro climático.

Em um contexto global de retrocessos em direitos humanos e aumento da polarização, o engajamento da sociedade civil é visto como um escudo democrático. As mulheres, que historicamente estiveram à margem dos espaços de poder, agora ocupam um lugar estratégico na definição das soluções. Elas trazem visões de mundo, prioridades e práticas que tornam a transição ecológica mais justa e sustentável.

Ao unir igualdade de gênero e ação climática, a ONU Mulheres propõe uma mudança de paradigma: não basta adaptar o planeta ao novo clima; é preciso reconstruir estruturas sociais e econômicas com equidade, solidariedade e justiça.

A COP30, realizada em Belém, marca um momento simbólico para o Brasil e para o mundo. No coração da Amazônia, onde a floresta e os direitos humanos se entrelaçam, o chamado é claro — sem as mulheres, não há futuro climático possível.

Embrapa leva ciência e inovação à primeira Agrizone da história das COPs

A ciência brasileira vai ocupar o centro do palco na COP30, em Belém (PA), com a inauguração da Agrizone, o primeiro espaço dedicado à agricultura e à inovação sustentável em uma conferência do clima da ONU. A iniciativa marca um momento histórico: pela primeira vez, o setor agropecuário ganha protagonismo dentro do evento global que discute o futuro do planeta.

De 13 a 16 de novembro, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apresentará ao mundo um conjunto de tecnologias, cultivares, publicações e produtos desenvolvidos ao longo de décadas de pesquisa científica. O espaço, batizado de “Casa das Agriculturas”, vai reunir desde experimentos de campo até experiências sensoriais que conectam ciência, cultura e biodiversidade amazônica.

Um marco para a agricultura na agenda climática

A Agrizone nasce ao lado da tradicional Blue Zone (área diplomática) e da Green Zone (sociedade civil), consolidando um novo eixo de diálogo dentro da COP. O conceito é ampliar o entendimento de que a agricultura — em suas múltiplas formas — é parte essencial da solução climática, e não apenas fonte de emissões.

“A Agrizone é um espaço para mostrar que a produção de alimentos no Brasil é guiada por ciência, inovação e responsabilidade ambiental”, afirma Ana Euller, diretora-executiva de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa. “É uma vitrine viva de soluções brasileiras para o planeta.”

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Divulgação – Embrapa

Lançamentos e tecnologias sustentáveis

Durante os dias 13 e 16 de novembro, a Embrapa realizará dois dias de lançamentos oficiais que destacam o papel da pesquisa agropecuária no combate às mudanças climáticas. Entre as novidades está o Protocolo Carne Baixo Carbono, que define critérios para rastreabilidade e redução de emissões na pecuária, integrando manejo sustentável, recuperação de pastagens e eficiência produtiva.

Outro destaque é o baralho educativo de espécies florestais brasileiras, criado em parceria com o Sirrade (Sistema de Informação e Restauração de Áreas Degradadas e Espécies Nativas). Voltado ao público infantil e escolar, o material apresenta de forma lúdica a diversidade da flora nacional, estimulando a educação ambiental desde cedo.

A instituição também lançará novas cultivares de feijão, soja, arroz e milho, fruto de anos de melhoramento genético para maior produtividade e menor impacto ambiental. Na fronteira digital, o aplicativo AgroTAG MFE (Manejo Florestal Extrativista) permitirá que produtores da Amazônia registrem dados de manejo, acompanhem indicadores de sustentabilidade e acessem mercados diferenciados para produtos como açaí, castanha, babaçu e andiroba.

Um espaço para todas as agriculturas

A Agrizone vai muito além da tecnologia. O pavilhão celebra a diversidade das agriculturas brasileiras — familiar, indígena, quilombola, ribeirinha, extrativista e empresarial — em um mesmo território de diálogo. Cada área será representada com vitrines vivas, painéis e demonstrações práticas de sistemas agroflorestais, tratamento de água, manejo integrado de aves e hortaliças e tecnologias sociais de saneamento rural.

O visitante poderá vivenciar a Capoeira do Black, uma instalação sensorial que recria sons, aromas e texturas da floresta amazônica dentro do pavilhão. O espaço combina arte e ciência para despertar o senso de pertencimento à biodiversidade brasileira.

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Divulgação – Embrapa

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Gastronomia, cultura e conhecimento compartilhado

O sabor também será protagonista. A Agrizone oferecerá feiras de alimentos regionais, degustações e cooking shows com chefs paraenses e amazônicos, que demonstrarão a riqueza da culinária local — do açaí fresco ao tucupi, do jambu à castanha-do-pará. “O alimento é o ponto de encontro entre ciência, cultura e sustentabilidade”, diz Ana Euller. “Cada prato é resultado de pesquisa, tradição e trabalho coletivo.”

Além das exposições e experiências, haverá lançamentos de livros técnicos e educativos, rodas de conversa sobre bioeconomia, e apresentações artísticas que unem saber popular e inovação tecnológica. A proposta é traduzir a pesquisa agropecuária em experiências acessíveis e sensoriais para todos os públicos.

Entrada gratuita e acesso digital

A Agrizone funcionará de 10h às 18h, com entrada gratuita. Visitantes podem se credenciar pelo site www.embrapa.br/cop30/agrizone ou pelo aplicativo Agrizone, disponível para dispositivos móveis. O cadastro dá acesso à programação completa, vídeos e conteúdos interativos sobre as tecnologias apresentadas.

Com 52 anos de história e mais de mil tecnologias transferidas ao campo, a Embrapa reafirma na COP30 sua missão de unir ciência e sustentabilidade. Em um mundo que busca uma nova relação entre produção e natureza, a Agrizone surge como símbolo do Brasil que produz com conhecimento, diversidade e responsabilidade ambiental.

Brasil propõe fundo global para garantir florestas tropicais em pé

O Brasil quer transformar a preservação das florestas tropicais em uma operação financeira sólida, duradoura e capaz de gerar retorno econômico. A proposta, batizada de Tropical Forests Forever Fund (TFFF) — Fundo para Florestas Tropicais para Sempre — está sendo articulada pelo governo brasileiro como um novo mecanismo global de financiamento climático. O objetivo é simples, mas ambicioso: criar uma fonte permanente de recursos para manter em pé as florestas tropicais, as maiores aliadas do planeta na contenção do aquecimento global.

A iniciativa nasce após o impasse da COP29, realizada no Azerbaijão, onde a comunidade internacional não conseguiu definir um novo fluxo financeiro para ajudar países em desenvolvimento a lidar com as mudanças climáticas. Esperava-se, na ocasião, um compromisso de US$ 1,3 trilhão anuais, mas o acordo fechado ficou restrito a US$ 300 bilhões até 2030, valor considerado insuficiente diante da escala da crise.

Frustrado o avanço nas negociações, o Brasil decidiu agir por conta própria — e de modo criativo. O TFFF propõe um modelo híbrido entre política ambiental e mercado financeiro, capaz de gerar lucros para investidores e, ao mesmo tempo, financiar ações de conservação. A proposta foi apresentada a países-chave durante as discussões preparatórias da COP30, que ocorre em Belém (PA), e começa a ganhar adesão de governos e instituições multilaterais.

Um mecanismo inovador de financiamento verde

Na prática, o fundo funcionaria como uma aplicação global de longo prazo. Países ricos — entre eles França, Noruega, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Alemanha — fariam um aporte inicial de US$ 25 bilhões, provenientes de suas reservas cambiais. Normalmente, esse capital é investido em títulos do Tesouro dos Estados Unidos, considerados os ativos mais seguros do mundo. O TFFF, porém, ofereceria a mesma rentabilidade, mas com impacto ambiental positivo: o dinheiro seria movimentado em aplicações mais rentáveis, e todo o excedente seria destinado à proteção das florestas tropicais.

A expectativa é de que o volume de transações alcance US$ 125 bilhões, multiplicando por cinco o valor inicial investido. O modelo cria um círculo virtuoso em que o capital financeiro, em vez de apenas gerar dividendos, passa a sustentar serviços ecossistêmicos vitais para o planeta — como o sequestro de carbono, a regulação climática e a preservação da biodiversidade.

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Reprodução

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Uma coalizão das florestas

Embora o Brasil seja o idealizador do fundo, o projeto se apoia em uma ampla rede de nações que abrigam florestas tropicais. Estão entre as parceiras República Democrática do Congo, Indonésia, Malásia, Colômbia e Gana — países que, junto com o Brasil, detêm a maior parte das florestas tropicais remanescentes do planeta. A participação dessas nações é essencial para definir critérios de aplicação dos recursos e garantir que o dinheiro beneficie diretamente os territórios que mais contribuem para o equilíbrio climático global.

O fundo é também uma tentativa de corrigir uma assimetria histórica: enquanto países desenvolvidos foram os principais emissores de gases de efeito estufa, as nações tropicais continuam arcando com o custo da preservação ambiental. Ao transformar a conservação em um ativo econômico global, o TFFF propõe uma nova lógica — em que quem protege também é remunerado.

Condições e compromissos

Para ter acesso aos recursos, os países receptores precisarão cumprir uma série de exigências. Será necessário comprovar planos de combate ao desmatamento com resultados mensuráveis, manter sistemas robustos de monitoramento florestal e criar instâncias de governança participativa, incluindo lideranças indígenas e comunidades tradicionais.

Essas salvaguardas visam evitar o risco de “greenwashing” e garantir que o dinheiro público e privado se traduza em resultados ambientais concretos. A presença de conselhos formados por representantes locais, por exemplo, é vista como um avanço no desenho de políticas climáticas mais inclusivas e transparentes.

O papel do Brasil

Com a maior floresta tropical do mundo e mais de 60% da Amazônia em seu território, o Brasil se posiciona como protagonista natural do debate climático. O país tem buscado se consolidar como líder entre as nações tropicais e mediador entre o Norte e o Sul globais, defendendo uma governança climática mais equitativa.

O TFFF reflete essa estratégia: uma proposta pragmática e inovadora que pretende unir finanças, ciência e política para garantir a floresta em pé e recompensar quem protege. Em um mundo que busca soluções viáveis para conter o aquecimento global, o fundo surge como um símbolo de que preservar pode — e deve — ser também um bom negócio.

Por que o Brasil acredita que ele pode mudar o jogo climático com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)

O Brasil propôs ao mundo un dispositivo financeiro novo, audacioso e com ambição estruturante: o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, conhecido pela sigla TFFF (em inglês “Tropical Forests Forever Facility”). A ideia é simples na essência, poderosa na escala. Em vez de depender exclusivamente de doações públicas e onerosas, o modelo busca criar um fundo de investimento global que remunera quem investe e, ao mesmo tempo, presta conta aos países que abrigam florestas tropicais — gerando renda sustentável para quem conserva a floresta em pé.

O mecanismo surgiu em resposta a uma constatação: países ricos e investidores já tentaram financiar florestas tropicais por meio de doações ou créditos de carbono, mas os fluxos eram imprevisíveis, insuficientes e muitas vezes não alcançavam escalas compatíveis com a urgência climática. O Brasil, que possui cerca de um terço das florestas tropicais do planeta, assumiu a liderança de propor uma saída nova: transformar a preservação florestal em modelo econômico de longo prazo, com participação privada, governança internacional e resultados mensuráveis.

Como o TFFF vai funcionar

O desenho do TFFF prevê que um montante inicial de recursos públicos — cerca de US$ 25 bilhões — seja combinado com captações no mercado financeiro, sobretudo por investidores privados, para formar um “endowment” (fundo patrimonial) de cerca de US$ 125 bilhões. Esse capital seria investido em instrumentos financeiros conservadores, gerando rendimento anual. Desse rendimento, parte é devolvida aos investidores com retorno adequado, e o excedente é canalizado aos países tropicais que mantêm e/ou ampliam suas florestas.

Os países elegíveis — mais de 70 em princípio — receberiam pagamentos em função de quanta floresta mantiverem de pé e como comprovarem, por meio de monitoramento e critérios claros, que não apenas estão evitando o desmatamento, mas investindo em conservação e restauração. O modelo inova ao priorizar “floresta em pé” (standing forest) e recompensas por desempenho, e não simplesmente compensar desmatamento evitado.

Além disso, o TFFF impõe salvaguardas sociais e ambientais: comunidades indígenas e locais devem ser beneficiadas diretamente e participar da governança; o pagamento depende de transparência, boas práticas de monitoramento e verificação externas.

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Por que esse mecanismo interessa

Há três razões principais pelas quais o TFFF atrai atenção — e porque o Brasil o coloca como peça central da sua agenda climática.

  1. Escala e previsibilidade: mercados voluntários de carbono e doações florestais têm receitas oscilantes e insuficientes. O TFFF propõe um fluxo estável, de larga escala, que os países podem considerar como renda regular por conservação.

  2. Alinhamento com justiça socioambiental: ao incorporar comunidades indígenas e tradicionais como parte integrante — destinando percentuais significativos dos recursos para essas populações — o mecanismo busca corrigir uma falha histórica dos programas de conservação.

  3. Integração floresta+economia: florestas tropicais deixariam de ser vistas como obstáculo à produção para se tornarem ativos financeiros estratégicos. O TFFF aposta que conservar pode ter retorno econômico real — transformando hectares em valor.

Desafios e incógnitas

Apesar das inovações, o TFFF enfrentará obstáculos significativos. Primeiro, levantar US$ 125 bilhões exige compromisso firme de governos, investidores e filantropos — e embora países como Reino Unido, Noruega, Alemanha, Emirados Árabes Unidos estejam em discussão, encaixar o aporte total não é trivial.

Segundo, a governança e a verificação são complexas: como garantir que o pagamento ocorra apenas para quem efetivamente conserva, como lidar com riscos de reversão (desmatamento futuro), como estruturar multas ou deduções por perda de floresta. Alguns estudos já questionam se os cálculos de retorno por hectare são realistas.

Terceiro, articulá-lo no contexto de soberanias nacionais e políticas ambientais de cada país exige que o mecanismo respeite legislações, identidades locais e economias diversas — e que a floresta em pé seja valorizada em escala global.

O papel do Brasil

Para o Brasil, o TFFF representa uma oportunidade estratégica. Como país que abriga a imensa Floresta Amazônica e demais biomas tropicais, sediando a COP30 em Belém, o mecanismo eleva seu protagonismo na agenda climática. A iniciativa também se conecta ao seu plano de transformação ecológica — o Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica — colocando desenvolvimento, justiça social e meio ambiente como vetores integrados.

Ao propor que a floresta parada produza valor e que os países que a conservam sejam compensados, o Brasil abre caminho para que conservação e produção não sejam inimigos — mas partes do mesmo processo de transição para uma economia de baixo carbono.

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre não é apenas mais um mecanismo de financiamento climático — ele busca redesenhar a forma como o mundo remunera a preservação ecológica e coloca a floresta tropical no centro da economia global do clima. Se bem implementado, pode transformar áreas verdes em fluxos financeiros, comunidades locais em protagonistas e países tropicais em beneficiários de um novo paradigma. O desafio está lançado, mas o Brasil aposta que essa virada será indispensável para alcançar os objetivos climáticos e assegurar que a floresta continue sendo parte viva do planeta — e não apenas recordação.

Brasil pode elevar cobertura florestal em 8 milhões de hectares até 2035

O Brasil tem nas mãos uma oportunidade rara: reverter a antiga trajetória de desmatamento e, até 2035, não apenas estancar a perda de florestas, mas efetivamente ampliar a cobertura verde do país. Um levantamento recente da coalizão de instituições formada pelo Instituto Arapyaú, Instituto Itaúsa, Indústria Brasileira de Árvores – Ibá, Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Imazon, Amazônia 2030, CEBDS e Uma Concertação para a Amazônia revela que o Brasil poderia passar de cerca de 517 milhões de hectares de florestas para aproximadamente 525 milhões até 2035 — um ganho líquido de 8 milhões de hectares, o equivalente à área de duas Suíças.

Esse cenário de expansão verde depende, no entanto, de uma conjunção de ações públicas e privadas: restauração de florestas nativas, plantios industriais bem planejados, silvicultura e sistemas produtivos integrados que não compitam com as terras destinadas à agricultura. O estudo destaca que, ao contrário de um dilema “floresta ou alimento”, é viável crescer em produção agropecuária e, ao mesmo tempo, ampliar a cobertura florestal — um fator estratégico para alterar o papel do Brasil no equilíbrio climático global.

A premissa subjacente é simples e profunda: em escala global, as florestas funcionam como um dos mecanismos mais eficazes para capturar gases de efeito estufa. O Brasil, que concentra cerca de 40% das florestas tropicais do planeta, conforme o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), carrega um papel decisivo nessa equação.

O estudo aponta dois trajetos possíveis para 2035. No primeiro — o cenário de base — o país manteria os níveis atuais de desmatamento e estratégias de restauração cresceriam pouco, resultando em quase nenhuma mudança líquida de carbono e uma provável pequena perda de estoque florestal. No segundo — o cenário “potencial” —, em que se atingem metas de desmatamento zero previstas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira, e combinam-se esforços de restauração e silvicultura, seria possível não só manter, mas expandir o estoque de carbono em cerca de 1% — algo sem precedentes para o país.

Analiticamente, esse avanço exige uma mudança de paradigma: ver a floresta não apenas como “terra não usada” ou “obstáculo à produção”, mas como ativo econômico e climático estratégico. O relatório sugere que florestas públicas (unidades de conservação, terras indígenas) e privadas (reservas legais, Áreas de Preservação Permanente) dependem de um novo modelo de remuneração — que pague por evitar desmatamento, por proteger o que já existe e por restaurar o que foi degradado. Nesse contexto, o projeto do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) do governo brasileiro surge como uma peça-chave.

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Marcelo Camargo/Agência Brasil

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As projeções são bastante explícitas: no cenário mais otimista, a restauração saltaria de 600 mil hectares em 2025 para 15 milhões em 2035, e a silvicultura industrial de 17 milhões para 29 milhões de hectares. O plantio direto passaria de 10 milhões para 16 milhões de hectares, sobretudo em áreas degradadas que hoje servem como pasto de baixa produtividade.

Em suma, o estudo entrega uma mensagem clara: o Brasil pode abrir uma “trilha de recuperação” para suas florestas — um caminho que ligue conservação, produção, restauração e justiça socioambiental. E fazê-lo com realismo técnico, já que as iniciativas necessárias estão em andamento — resta apenas ampliar, escalar e conectar.

Essa virada não é apenas ambiental, mas também simbólica e política. No momento em que o país sediará a COP30 em Belém, e que debates globais se concentram nas soluções baseadas na natureza, o Brasil pode assumir a condição de potência florestal. Isso significa que não é apenas “país com floresta” — mas pode se tornar “país que transforma floresta em solução climática”.

Se o mundo assistir à Amazônia como fonte de crise, o Brasil pode mostrar que essa floresta — longe de ser excluída da produção ou da economia — pode se tornar sua maior vantagem estrutural no século XXI. E mais ainda: pode transformar hectares preservados e restaurados em estabilidade climática, em biodiversidade funcional, em economia da floresta de pé e em segurança para as próximas gerações.

Para que isso se concretize, serão essenciais políticas públicas diligentes, cooperação internacional, financiamento privado consistente, inovação em restauração e silvicultura, e, acima de tudo, a convicção de que floresta importa — não apenas para quem mora sob suas copas, mas para o mundo inteiro.

O reflorestamento que une Google e Amazônia: a Mombak no centro da nova economia do carbono

O Google acaba de firmar seu maior acordo de remoção de carbono, apostando na restauração da floresta amazônica por meio da startup brasileira Mombak. O contrato marca uma virada na estratégia climática da gigante da tecnologia e sinaliza como o Brasil vem se tornando o epicentro da nova economia verde.

O acordo, anunciado durante a COP30 em Belém, prevê a compensação de 200 mil toneladas métricas de CO₂, quatro vezes mais do que o projeto-piloto iniciado em 2024. O valor não foi divulgado, mas o movimento reflete um padrão: empresas de tecnologia estão redobrando esforços para neutralizar as emissões de seus data centers, cada vez mais vorazes em energia devido à expansão da inteligência artificial.

A floresta como infraestrutura climática

Para o Google, reflorestar é mais do que compensar carbono — é investir na tecnologia mais antiga e eficiente de captura natural: a fotossíntese. “A forma mais segura e comprovada de retirar carbono da atmosfera é deixar as árvores fazerem o seu trabalho”, afirmou Randy Spock, chefe de créditos e remoção de carbono da empresa.

A Mombak, parceira brasileira do projeto, tem uma abordagem direta: transformar pastagens degradadas em floresta nativa, recriando ecossistemas amazônicos e restaurando biodiversidade. Segundo o cofundador e CEO Gabriel Silva, a empresa quer demonstrar que é possível conciliar retorno ambiental, social e econômico em grande escala. “Por muito tempo, o mercado de carbono foi dominado por projetos de baixa qualidade e pouca transparência. Nossa missão é redefinir esse padrão”, afirmou.

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Fuga para a qualidade

Nos últimos anos, o mercado global de créditos de carbono tem enfrentado uma crise de credibilidade. Modelos como o REDD+, que remuneram a preservação de áreas ameaçadas de desmatamento, foram abalados por denúncias de fraudes e vínculos com atividades ilegais. O Google, que evita esse tipo de crédito, buscou na Mombak uma alternativa tangível e rastreável.

O contrato reforça o movimento que vem sendo chamado de “fuga para a qualidade”: empresas dispostas a pagar mais caro por compensações ambientalmente rigorosas e verificáveis. Enquanto créditos convencionais podem custar menos de US$ 10 por tonelada, os projetos de reflorestamento nativo da Mombak alcançam entre US$ 50 e US$ 100, refletindo padrões científicos mais exigentes.

A coalizão pela credibilidade

A escolha da Mombak não foi isolada. O Google é um dos fundadores da Symbiosis Coalition, uma aliança que reúne também Meta, Microsoft, Salesforce, McKinsey & Company e, mais recentemente, Bain & Company e REI Co-op. O grupo se comprometeu a contratar mais de 20 milhões de toneladas de compensações baseadas na natureza até 2030, respeitando critérios de durabilidade, transparência e benefícios sociais.

De acordo com Julia Strong, diretora-executiva da Symbiosis, o Brasil é hoje o país com mais projetos em avaliação pela coalizão — e o da Mombak é o primeiro a atingir todos os parâmetros científicos exigidos. Isso reforça a posição brasileira como líder global em soluções naturais de mitigação climática, alinhando-se à agenda do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, lançado pelo governo federal durante a COP30.

A floresta como ativo estratégico

A aposta do Google é também um reconhecimento de que o reflorestamento é uma tecnologia de “baixo risco e alto impacto”. Embora a empresa tenha investido mais de US$ 100 milhões em iniciativas de captura de carbono inovadoras — da dissolução acelerada de rochas à captura direta de CO₂ do ar —, nenhuma delas rivaliza em escala e custo-benefício com o poder regenerativo da floresta tropical.

Por trás da decisão, está também um cálculo geopolítico e reputacional: investir na Amazônia é investir na credibilidade climática global. Com o Brasil assumindo papel central nas negociações ambientais e sediando uma COP voltada às florestas, a parceria entre Google e Mombak se torna um símbolo do novo paradigma em que tecnologia, natureza e economia convergem para o mesmo propósito.

Em um mercado onde a demanda por créditos confiáveis supera amplamente a oferta, a Amazônia emerge como o laboratório natural dessa nova era. E startups como a Mombak provam que o futuro verde pode ser, também, um bom negócio.

Belém se abre ao mundo: programação gratuita durante a COP 30

A brisa do rio Amazonas, os tambores que ressoam pela periferia, as luzes que iluminam o casario colonial e as pessoas que caminham entre manguezais e praças. De 6 a 14 de novembro de 2025, a cidade de Belém emerge não apenas como palco diplomático da COP30, mas como pulsação cultural onde arte, diversidade e sustentabilidade se encontram e celebram a Amazônia de forma vibrante.

Enquanto líderes mundiais se reúnem para discutir metas e balanços globais, a cidade abre suas praças, teatros e museus para traduzir o clima em ritmo, cor, visão e pertença. O que está em jogo é mais do que o corte de emissões ou o financiamento climático: é a necessidade de tornar visível que a crise ambiental tem rosto humano, raízes locais e uma multiplicidade de vozes guardiãs da floresta, das águas, dos saberes tradicionais.

A programação gratuita que a prefeitura lança contém essa ambição. Na Feira do Açaí, a batucada afro-amazônica tomará conta da noite de 7 de novembro com a “Batucada da Consciência”: samba, batuque, ancestralidade — lembrando que numa metrópole à beira do rio, o tempo se mede também pela cadência dos tambores. Em 10 de novembro, dentro do museu de arte local, a exposição “VAZIO sobre TERRA” estreia, provocando reflexões sobre meio ambiente e ancestralidade, enquanto ao lado, na Casa das Onze Janelas, uma experiência interativa mistura arte, ciência e sustentabilidade marinha. Ainda no dia 10, o público infantil será convidado a assistir “Pássaro Junino Tucano, o Guardião dos Saberes da Floresta”, um espetáculo que valoriza a cultura popular e os saberes indígenas, lembrando que a infância e a floresta também pertencem à discussão climática.

Em 11 de novembro, a tela do cinema se abre para a Mostra Pan-Amazônica, no Cine Líbero Luxardo, caminhada visual pela diversidade da região. E à noite, a festa da Casa NINJA Amazônia reúne música, ativismo e resistência: desde o artista local Felipe Cordeiro a DJs convidados, celebrando o momento com requinte e propósito. A semana se encerra em 13 de novembro com o tradicional Cortejo do Cordão do Peixe-Boi e o grupo indígena Surarás do Tapajós, lembrando poeticamente que o rio, a tradição e o corpo coletivo caminham juntos rumo a uma “justiça climática”.

Esses eventos gratuitos não são mera ornamentação diante de um summit global. Eles oferecem corpo físico à promessa de incluir cultura, território e sociedade nas decisões sobre o clima. Belém se coloca em evidência, e não apenas como local de recepção de delegados, mas como anfitriã de uma mobilização que busca dar concretude à ideia de que “clima” não é só aquecimento, política ou economia: é justiça, memória, arte e comunidade.

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Cidade de Belém sede da COP30 – divulgação/reprodução

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Ao mesmo tempo, o topo da cidade cultural se complementa com a cena noturna privada: bares como Bar Na Maré e Casa Apoena, o Espaço Discos ao Léo e o Space Club prometem atrações com ingresso, reforçando que a cidade vive a COP 30 de dia e de noite, nos palcos públicos e privados.

Essa vivência por toda a cidade ajuda a transformar a capital paraense de um mero ponto de encontro diplomático para uma arena experencial de engajamento, de popularização do debate climático e de conexão entre local e global. Visitantes da conferência, moradores, artistas e coletivos verão que o futuro a que nos referimos nas cabeças de governo já se cria nas ruas, salas de espetáculo e ritualizações culturais.

Mais do que assistir o summit, Belém convida a participar. A programação gratuita opera como ponte entre o salão da conferência e a calçada da cidade. E nessa ponte, a Amazônia aparece em sua própria voz: expressando ancestralidade, valorizando diversidade, celebrando sustentabilidade e desafiando a imaginar um futuro que não apenas contenha o aquecimento global, mas também amp­lifique a força dos territórios locais, dos corpos, das memórias e da arte que cresce junto com o rio.

Enquanto os painéis e plenárias preparam a nova era de metas climáticas, a rua ecoa: arte, dança, som, filme e ritual. Belém mostra que, quando o tema é o planeta, a paisagem natural se encontra com a cidade, a cultura se encontra com a política e cada corpo indígena, ribeirinho, periférico, pode estar no centro da conversa. E assim, entre tambores e projeções, Belém se torna destino do mundo e palco de resistência imaginada para além dos números.

Arte e sustentabilidade: concurso nacional premia fotos que mostram um Brasil mais limpo

A fotografia pode mudar a forma como enxergamos o mundo — e também a maneira como cuidamos dele.
No dia 11 de novembro, às 11h, a Praça da Bandeira, em Belém (PA), recebe a Cerimônia de Abertura e Premiação do Concurso de Fotografia Limpa Brasil 2025, uma iniciativa do Ministério da Cultura e da Transpetro que une arte, sustentabilidade e engajamento social.

O concurso, de alcance nacional, reconhece fotógrafos e projetos que registraram ações de limpeza e conservação ambiental realizadas durante o Dia Mundial da Limpeza.
As imagens premiadas estarão em exposição aberta ao público, revelando histórias reais de pessoas que, em diferentes regiões do país, transformaram pequenos gestos em grandes mudanças.


Cerimônia de Abertura e Premiação

Data: 11 de novembro de 2025
Horário: 11h
Local: Praça da Bandeira, Belém (PA)

Durante a cerimônia, serão apresentados os vencedores das categorias do concurso e exibidas as fotografias premiadas, que mostram a força da arte como ferramenta de conscientização.
A programação contará também com a presença de representantes do Ministério da Cultura, da Transpetro e de instituições parceiras ligadas ao meio ambiente, além dos artistas finalistas.


Mutirão de Limpeza – Da inspiração à ação

Para transformar a mensagem das imagens em prática, o Movimento Limpa Brasil promove um Mutirão de Limpeza, no mesmo local, no dia 14 de novembro, às 8h30.

O convite é aberto a todos que desejam participar de uma manhã de ação comunitária, cidadania e sustentabilidade.
O mutirão propõe mostrar, na prática, que um Brasil mais limpo começa com atitudes individuais e coletivas — e que o cuidado com o meio ambiente também é uma forma de arte.

Data: 14 de novembro de 2025
Horário: 8h30
Local: Praça da Bandeira, Belém (PA)


Sobre o Concurso Fotografia Limpa Brasil

O Concurso Fotografia Limpa Brasil 2025 nasceu com o objetivo de estimular a consciência ambiental por meio da fotografia, valorizando iniciativas que unem estética, educação e ação ecológica.
Aberto a participantes de todo o país, o concurso recebeu imagens que retratam mobilizações em praias, rios, parques, praças e comunidades, revelando o compromisso coletivo pela limpeza urbana e pela preservação dos ecossistemas.

O regulamento completo está disponível em:
🔗 concursonacional.limpabrasil.org/regulamento


Um convite à inspiração e ao cuidado

Mais do que uma premiação, o Concurso Fotografia Limpa Brasil é um movimento de transformação.
Ao registrar e celebrar ações que cuidam do planeta, a iniciativa mostra que a arte pode ser uma ferramenta poderosa para inspirar mudança.

“Celebrar o Dia Mundial da Limpeza é mais do que recolher resíduos — é despertar consciência, multiplicar boas práticas e reconhecer quem faz a diferença”, afirma a organização do projeto.

Veja as fotos vencedoras

https://www.instagram.com/p/DQXca30jVMh/?img_index=2

O futuro já começou: jovens do mundo todo se unem na COP30 para agir pelo clima

A juventude será protagonista na COP30, e o protagonismo começa com o Mutirão das Juventudes — uma agenda intensa e diversa que tomará Belém de 10 a 20 de novembro, conectando jovens de todo o mundo em torno da ação climática, justiça social e regeneração do planeta.

Organizado pelo Pacto das Juventudes pelo Clima (PYCC) e parceiros, o mutirão traz uma série de painéis, fóruns, plenárias e atividades culturais tanto nas zonas oficiais da COP (Azul e Verde) quanto em espaços públicos da capital paraense.
A programação destaca o papel das juventudes na construção de políticas ambientais e no enfrentamento das crises climáticas a partir de múltiplas vozes — indígenas, quilombolas, periféricas, urbanas e rurais.

https://www.instagram.com/p/DOrbE7yjdoJ/


Destaques da Agenda das Juventudes na COP30

10 de novembro – Abertura: diálogo e representatividade

A programação começa com duas conversas essenciais:

  • 15h – Diálogo com Juventudes nas Constituintes

  • 16h30 – Diálogo com Delegações das Partes
    Ambos na Sala de Eventos Especiais 4 – Zona Azul, com foco em aproximar as juventudes das negociações formais e incluir suas demandas nos processos da COP.


11 de novembro – Fórum Climático de Juventudes

O Fórum Climático de Juventudes, às 14h, na Sala MR16 – Zona Azul, reúne lideranças jovens de diversos países para discutir estratégias de engajamento, participação e governança climática.
É o principal espaço de articulação do grupo dentro da COP30.


12 de novembro – Evento de Alto Nível das Juventudes

Às 10h50, no Pavilhão da Infância e Juventude (Zona Azul), acontece o Evento de Alto Nível das Juventudes, que colocará jovens líderes frente a tomadores de decisão internacionais.
À tarde, o Fórum Climático de Juventudes segue às 14h na Sala MR16, ampliando o debate sobre políticas de mitigação e adaptação com foco intergeracional.


13 de novembro – Mutirão COP30: dia inteiro de ação e cultura

O dia 13 será inteiramente dedicado ao Mutirão das Juventudes, no Complexo Turístico Ver-o-Rio (Umarizal).
A programação inclui:

  • 10h – Mesa: Juventudes no enfrentamento ao racismo ambiental, no Pavilhão Círculo dos Povos – Zona Verde

  • 19h – Batalha do Conhecimento: We Make Tomorrow, na UFPA – Campus Básico/Orla (Portão 2)

  • 18h – Plenária Mundial das Juventudes, na Cidade das Juventudes (Curro Velho)

O dia será marcado por debates, arte, música e expressão política, em uma celebração do papel da juventude amazônica e global.


14 de novembro – Fórum Climático de Juventudes

Às 14h, o Fórum retorna à Sala MR16 – Zona Azul, com foco em cooperação internacional, transição justa e soluções locais lideradas por jovens.


17 de novembro – Juventudes na Agenda de Ação

O dia traz duas atividades de peso:

  • 9h – Mesa: Juventudes na Agenda de Ação, na Sala de Eventos Especiais 3 – Zona Azul

  • 10h – Mesa: Das vozes à ação – crianças moldando o futuro da liderança climática, no Pavilhão da Infância e Juventude – Zona Azul

A programação reforça o papel da educação e da inovação como pontes entre gerações.


18 de novembro – Justiça climática e novas lideranças

  • 10h – Mesa: Justiça Climática para as Juventudes e Infâncias Brasileiras, no Plenário 2 – Zona Azul
    Tema: perspectivas sobre raça, gênero, deficiência e territórios no enfrentamento da crise climática.

  • 16h15 – Fórum Climático de Juventudes, no Pavilhão Brasil – Auditório Uruçu (Zona Verde)


19 de novembro – Mutirão da educação e transição energética

Encerrando a programação, o Mutirão volta com foco na ação coletiva e transição justa:

  • 11h15 – Mesa: Fortalecimento da ação coletiva pela Educação Ambiental e Climática, no Pavilhão Belém+10 – Zona Verde

  • 16h30 – Roda de conversa “Transição para longe dos fósseis: o amanhã não está à venda”, no Pavilhão Balanço Ético Global – Zona Azul

O encerramento propõe uma reflexão sobre o papel das juventudes na construção de alternativas energéticas e modelos de desenvolvimento compatíveis com o futuro climático.


Juventudes em movimento pela ação climática

A agenda das juventudes na COP30 é mais do que uma sequência de debates — é um ato político e coletivo.
Os encontros representam o esforço de uma geração que busca participar das decisões globais sobre o clima e influenciar os rumos da transição ecológica.

O Mutirão das Juventudes também simboliza o poder da Amazônia como espaço de inovação social, resistência e liderança climática.

“Não se trata apenas de falar sobre o futuro, mas de construí-lo agora — com as juventudes no centro da solução climática”, destacam os organizadores do Pacto das Juventudes pelo Clima.


Serviço

Evento: Mutirão das Juventudes – Agenda PYCC na COP30
Período: 10 a 19 de novembro de 2025
Locais: Zonas Azul e Verde da COP30, UFPA, Ver-o-Rio e Curro Velho, em Belém (PA)
Organização: Pacto das Juventudes pelo Clima (PYCC) e parceiros

Vozes de jovens da Amazônia para as metas climáticas nacionais

A organização Palmares Laboratório‑Ação (Palmares Lab) está prestes a lançar uma cartilha construída a partir das vozes de crianças e jovens de diferentes territórios do Brasil. Sob o lema “Eu não quero herdar um planeta morto”, o material surge como parte da campanha #NossaDecisãoClimática, e será apresentado ao governo como contribuição para a atualização da meta climática nacional do país, no contexto da COP30 que acontecerá em Belém.

A cartilha é fruto de um processo de escuta iniciado em 2024, em que jovens até 30 anos, morando majoritariamente no Pará (54 %), mas também em estados como Bahia e São Paulo, foram convidados a relatar como veem a crise climática, quais impactos sentem em suas vidas e como gostariam de participar das decisões que moldarão o futuro. Essas narrativas, oficinas e entrevistas revelaram que esses jovens não querem apenas ser ouvidos: querem ocupar a posição de protagonistas nas soluções e políticas para o clima.

A escolha da data e local do lançamento — durante a Conference of Youth (COY), evento preparatório à COP30 — reforça o simbolismo: enquanto muitos adultos negociam metas e estratégias, uma nova geração já se posiciona como parte ativa dos processos. A cartilha propõe recomendações concretas ao governo brasileiro para que a revisão da NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) inclua de fato experiências, propostas e realidades de jovens, principalmente daqueles que vivem em periferias, nas florestas ou em comunidades tradicionais.

No cenário nacional, o Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 53% até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050. Mas já se discute que a meta para 2035 seja mais ambiciosa. A cartilha da Palmares Lab – resultado de um formulário com 73 respostas de jovens – chega justamente no momento em que o país será a sede da COP30 em novembro de 2025, em Belém (PA). Trata-se de um esforço de apontar que as decisões climáticas não são apenas abstratas ou distantes, mas dizem respeito a quem vive hoje e habitará amanhã.

Arquivo-Palmares-400x389 Vozes de jovens da Amazônia para as metas climáticas nacionais
Divulgação

SAIBA MAIS: Caso de incêndio em van de delegação estrangeira acende alerta de segurança na COP30

Um dos pontos que emergem com força no documento é o impacto cotidiano da crise climática: jovens relatam que, em suas comunidades, secas prolongadas, chuvas extremas e perdas agrícolas prejudicam a produção de alimentos e encarecem a cesta básica. Esse elo direto entre clima, alimentação e justiça social revela que, para muitos, a mudança climática não é uma previsão para o futuro — ela já está em curso, e atinge de modo desproporcional populações como indígenas, ribeirinhos, quilombolas, negras e periferizadas. Esses são justamente grupos que historicamente têm tido pouca voz nas formulações de políticas públicas.

Ao apresentar essas propostas à agenda nacional, a Palmares Lab reafirma seu compromisso com a educação climática, com a participação cidadã e com a formação de lideranças jovens capazes de atuar transformando seu território. O conceito de “justiça climática” – que liga sustentabilidade ambiental à equidade social, territorial e intergeracional – guia a iniciativa. Afinal, é impossível pensar em futuro climático sem considerar quem vive hoje, quem será afetado e como incluir essas pessoas nas decisões.

O lançamento da cartilha não é apenas um evento simbólico, mas um convite: para que o Estado, a sociedade civil e o setor privado escutem, dialoguem e construam políticas que reflitam a realidade de quem mora nas margens, nas florestas, nas favelas. É um passo para que a frase “herdar um planeta morto” seja substituída por “construir juntos um planeta vivo”.

Acesse o documento pré-aprovado na íntegra: https://revistaamazonia.com.br/wp-content/uploads/2025/11/npcs-cartilhas-para-aprovacao-com-alguns-ajustes-2.pdf

SERVIÇO
Lançamento da Cartilha “Nossa Decisão Climática” na Conference of Youth (COY 2025)
Data: 7 de novembro de 2025
Hora: 11 horas
Local: Sala Room Tatá (UFPA, campus Guamá)

Caso de incêndio em van de delegação estrangeira acende alerta de segurança na COP30

Uma van que seria utilizada por uma delegação da Indonésia durante a COP30, em Belém, foi incendiada na madrugada de quarta-feira (5) no bairro do Guamá, zona urbana da capital paraense. O veículo, estacionado em frente à casa do proprietário, foi parcialmente destruído pelas chamas, que atingiram toda a parte dianteira. Ninguém ficou ferido.

O caso ocorreu por volta das 2h30 da manhã, na passagem Nossa Senhora de Fátima, segundo relataram moradores. O veículo havia sido contratado para transportar representantes estrangeiros durante atividades paralelas à conferência do clima.
O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas, segundo testemunhas, as chamas foram controladas por vizinhos antes da chegada da equipe.


Investigação em andamento

A Polícia Civil do Pará informou que o incêndio está sendo tratado como ato criminoso, mas descartou qualquer relação direta com a COP30.
Em nota, a corporação afirmou que “a ocorrência não teve envolvimento com a prestação dos serviços”, e que o proprietário da van havia sido contratado para atuar durante o evento, mas o ataque ocorreu fora da área de atividades oficiais.

O caso foi registrado na Seccional do Guamá, e testemunhas estão sendo ouvidas. Peritos foram acionados para identificar as causas e possíveis autores do crime.

Moradores chegaram a mencionar, de forma preliminar, que o incêndio poderia estar ligado à ação de grupos criminososcontrários à presença da conferência na região, mas a polícia reforçou que não há indícios que sustentem essa hipóteseaté o momento.

A CNN Brasil tenta contato com a embaixada da Indonésia para confirmar se o episódio provocou qualquer alteração na agenda da delegação no Pará.


Belém em alerta para segurança durante a COP30

Com a chegada de delegações internacionais, organizações ambientais e líderes globais à capital paraense, a segurança pública foi reforçada em toda a cidade.
O governo do Pará mobilizou operações conjuntas da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros, além de apoio das forças federais, com foco especial em áreas próximas ao Parque da Cidade, onde estão localizadas as zonas oficiais da COP30.

O evento, considerado um dos maiores já realizados na Amazônia, exige um monitoramento contínuo nas vias de acesso, hotéis e pontos estratégicos da região metropolitana.
As autoridades afirmam que o sistema de segurança foi dimensionado para garantir a integridade das delegações e da população local durante todo o período da conferência.

Quer entender a COP30? Curso gratuito em Belém ensina tudo sobre o clima e o futuro do planeta

Durante a COP30, o Observatório do Clima oferece um programa especial de aprendizado para quem quer compreender o que realmente está em jogo nas negociações climáticas.
O Cursinho ABC do Clima, parte da programação da Central da COP, traz aulas abertas e gratuitas sobre os principais temas ambientais da atualidade — das origens do aquecimento global às soluções para enfrentar a crise climática.

As atividades acontecem sempre às 14h, no Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA), localizado na Praça da República (Av. Presidente Vargas, s/n, bairro Campina), em Belém (PA).
A participação é mediante inscrição prévia, e todos os cursistas receberão certificado de participação.

Mais do que um curso, o projeto é um convite à ação: democratizar o conhecimento climático e mostrar que entender o problema é o primeiro passo para transformá-lo.


Programação completa do Cursinho ABC do Clima

11 de novembro – O que é COP e o que é a NDC

A aula de abertura explica o que é a Conferência das Partes (COP), o que significam as NDCs (metas climáticas nacionais) e quais os avanços e desafios das últimas três décadas de negociações climáticas.
Convidada: Karen Suassuna, estrategista em clima e desenvolvimento sustentável e presidente do Conselho do ClimaInfo.


12 de novembro – Por que o planeta está aquecendo

Entenda de forma clara os conceitos básicos sobre o aquecimento global: o que é o efeito estufa, como ele saiu do equilíbrio e o papel das emissões humanas nesse processo.
Convidada: Patrícia Pinho, bióloga e diretora adjunta de pesquisa do IPAM.


13 de novembro – Impactos das mudanças climáticas nas nossas vidas

O clima muda — e a vida das pessoas também. A aula mostra como enchentes, secas e ondas de calor se tornam mais intensas e como as desigualdades sociais e o racismo ambiental ampliam seus efeitos.
Convidada: Jurema Werneck, médica e diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil.


14 de novembro – Inimigos do clima: o petróleo e o desmatamento

Por que o petróleo e o desmatamento são os maiores desafios da agenda climática?
A aula traz uma análise direta sobre as consequências desses setores para o aquecimento global e os riscos para o futuro da Amazônia.
Convidadas: Anália Ramos Barreto, diretora executiva do Instituto Mapinguari, e Mirela Coelho, engenheira e facilitadora do GT Clima e Energia do Observatório do Clima.


17 de novembro – Como enfrentar as mudanças climáticas

Nem todas as soluções climáticas são o que parecem.
Aqui, o público vai aprender a diferenciar as falsas promessas das medidas realmente eficazes, e entender o que significa “mitigação” no contexto climático.
Convidados: Adriana Ramos, secretária-executiva do Instituto Socioambiental, e Felipe Barcellos, engenheiro do Instituto de Energia e Meio Ambiente.


18 de novembro – Como se adaptar ao novo clima

A crise climática já é uma realidade — agora é hora de aprender a se adaptar.
A aula aborda o conceito de adaptação climática e apresenta exemplos práticos de como cidades e comunidades podem se preparar para os novos desafios.
Convidados: Suely Araújo, ex-presidente do IBAMA, e Mateus Fernandes, especialista em justiça climática.


19 de novembro – Quem vai pagar a conta

Quem deve arcar com os custos da crise climática?
Este encontro trata do financiamento climático, explicando como recursos públicos e privados podem ser usados para reduzir desigualdades e reparar danos.
Convidadas: Adriana Pinheiro, assessora política do Observatório do Clima, e Alessandra Cardoso, economista e pesquisadora do Inesc.


20 de novembro – Biodiversidade e vida na terra e no oceano

A aula de encerramento mostra como o clima e a biodiversidade estão profundamente conectados — e por que proteger florestas, rios e mares é vital para a sobrevivência de todas as espécies.
Convidado: Carlos Rittl, doutor em Ciências Biológicas e diretor de políticas públicas da Wildlife Conservation Society.


Materiais de apoio

Os participantes terão acesso a materiais exclusivos para aprofundar o aprendizado:

  • EUNICE – Um guia ilustrado sobre a crise climática

  • Almanaque do Clima

  • Acordo de Paris: Guia para os perplexos

  • Álbum de figurinhas Central da COP30


Inscrições

As inscrições estão abertas e são gratuitas.
Basta preencher o formulário disponível aqui para garantir a vaga e o certificado.

Local: Instituto de Ciências da Arte (ICA/UFPA) – Praça da República, Av. Presidente Vargas, s/n, Campina, Belém (PA)
Horário: sempre às 14h


Conhecimento como ferramenta de ação

O Cursinho ABC do Clima traduz a ciência para o cotidiano, conectando a COP30 às pessoas comuns.
É uma oportunidade única de compreender o clima de forma acessível, prática e inspiradora — e de descobrir como cada um pode fazer parte da mudança.

TETO Brasil leva prêmio global por inovação social com o projeto Moradia Resiliente

A vitória da TETO Brasil no Smart City Award 2025, durante o Smart City Expo World Congress, em Barcelona, marcou um momento histórico para as iniciativas de inovação social na América Latina. O projeto Moradia Resiliente, premiado na categoria Living and Inclusion, foi reconhecido entre as principais soluções urbanas do planeta por sua abordagem que une sustentabilidade, tecnologia e justiça social para enfrentar a crise habitacional e climática.

O reconhecimento internacional não veio apenas por sua execução técnica, mas pela força de um conceito: construir moradias seguras e sustentáveis em territórios vulneráveis não é apenas uma necessidade social — é um caminho para enfrentar as mudanças climáticas com equidade. A iniciativa nasceu dentro da rede latino-americana TECHO, e integra a coalizão global Race to Resilience, da ONU, e o movimento Roof Over Our Heads, voltado para soluções habitacionais inclusivas e adaptativas.

Um projeto nascido da força coletiva

A Moradia Resiliente é resultado de uma colaboração profunda entre comunidades, voluntários e parceiros institucionais que compartilham a convicção de que moradia digna é um direito, não um privilégio. Mais do que erguer casas, o projeto fortalece vínculos, mobiliza jovens e impulsiona o protagonismo comunitário em regiões onde a exclusão social e os riscos climáticos se sobrepõem.

Nos assentamentos informais da Amazônia, do Nordeste e das periferias urbanas, a TETO atua lado a lado com famílias que vivem em áreas de alta vulnerabilidade ambiental. A partir dessa escuta ativa e da experiência prática das comunidades, foram desenvolvidos modelos de habitação que combinam materiais acessíveis, desenho modular, ventilação natural e eficiência energética. Cada unidade construída representa não apenas abrigo, mas também um laboratório de inovação social e climática.

QUISSAMA-DIA1-MARIA-29 TETO Brasil leva prêmio global por inovação social com o projeto Moradia Resiliente
Divulgação

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Tecnologia com propósito social

A proposta da Moradia Resiliente vai além da construção física. Ela propõe um novo paradigma de urbanismo inclusivo, onde tecnologia e sustentabilidade estão a serviço das pessoas. As casas são projetadas para resistir a eventos climáticos extremos, como enchentes e ondas de calor, cada vez mais frequentes em regiões vulneráveis do Brasil. Os processos são replicáveis, de baixo custo e envolvem capacitação local — o que garante autonomia às comunidades e reduz a dependência de soluções externas.

Ao combinar inovação tecnológica com engajamento social, o projeto reafirma que a verdadeira transformação urbana nasce da escuta das periferias. A TETO demonstra que políticas de adaptação climática podem — e devem — começar nos territórios historicamente marginalizados, onde os efeitos da crise climática são mais severos.

Um Brasil mais resiliente rumo à COP30

O reconhecimento internacional chega em um momento estratégico. Em novembro de 2025, Belém sediará a COP30, conferência global do clima das Nações Unidas. E é justamente nesse cenário que a TETO Brasil reforça seu papel como referência em soluções de adaptação climática baseadas em equidade social. O projeto Moradia Resiliente se posiciona como um modelo prático de ação climática que alia direitos humanos, inovação e sustentabilidade.

Segundo a equipe da TETO, cada moradia construída é um ato político e simbólico: representa a possibilidade de um futuro em que ninguém precise viver sobre um chão de terra batida. O prêmio recebido em Barcelona é, portanto, mais do que um troféu — é um chamado à ação. Um lembrete de que a resiliência urbana nasce das pessoas e se consolida na solidariedade.

Com essa conquista, o Brasil inscreve seu nome entre as referências globais em soluções climáticas inclusivas, mostrando que o desenvolvimento sustentável passa, antes de tudo, pela justiça social e pela dignidade de cada família.

Ciência sobre as águas da Amazônia: barco-laboratório parte rumo à COP30 com missão inédita

Uma jornada científica inédita começou a cruzar os rios da Amazônia neste mês de novembro. A bordo do barco-laboratório “Roberto Santos Vieira”, pesquisadores do Programa de Monitoramento de Água, Ar e Solos do Amazonas (ProQAS/AM) estão realizando um estudo de fôlego sobre os impactos da urbanização na qualidade das águas amazônicas — um levantamento que promete contribuir diretamente com os debates da COP30, conferência climática da ONU que terá início em Belém, no próximo dia 10.

A expedição é uma iniciativa da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com financiamento do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e patrocínio do Grupo Atem, empresa amazonense que também construiu a embarcação. Trata-se de uma operação científica de grande porte: 18 profissionais, entre tripulantes e pesquisadores, seguem pelo rio Amazonas em uma rota que conecta as capitais Manaus (AM) e Belém (PA), com paradas para coleta de amostras em oito cidades ribeirinhas — Itacoatiara, Parintins, Juruti, Santarém, Alter do Chão, Monte Alegre, Gurupá e Breves.

Um diagnóstico das águas amazônicas

Com quatro laboratórios embarcados, o “Roberto Santos Vieira” permite análises em tempo real. A missão busca identificar como o crescimento urbano, o despejo de resíduos e outras atividades humanas estão interferindo na qualidade da água ao longo do curso do Amazonas. O objetivo é comparar dados coletados antes e depois das áreas urbanas, medindo o impacto direto da presença humana sobre os ecossistemas aquáticos.

O professor Sérgio Duvoisin Júnior, coordenador e criador do ProQAS, explica que a iniciativa quer transformar dados científicos em ferramenta de conscientização e política pública. “Queremos mostrar, com evidências, o que está acontecendo com as águas da Amazônia. Monitorar é proteger. A floresta em pé depende de rios saudáveis”, afirma.

Criado dentro do Grupo de Pesquisa em Química Aplicada à Tecnologia (GP-QAT/UEA), o ProQAS é hoje um programa estratégico para o monitoramento ambiental do Amazonas. Além de água, o projeto também realiza análises de solos e sedimentos, mede a qualidade do ar na Grande Manaus e investiga os efeitos de aterros e lixões nos 62 municípios do estado.

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O papel do setor privado no avanço científico

O Grupo Atem, um dos maiores conglomerados de combustíveis e logística do Norte do Brasil, é o patrocinador e idealizador da embarcação. Para o CEO da empresa, Fernando Aguiar, o apoio à pesquisa expressa uma mudança de paradigma no relacionamento entre setor produtivo e meio ambiente. “Investir em iniciativas como o ProQAS é mais do que uma decisão estratégica — é um compromisso com o presente e o futuro da Amazônia. Nosso papel vai além do valor econômico: envolve responsabilidade ambiental, diálogo com a sociedade e promoção do conhecimento científico”, afirma.

Com atuação nas áreas de distribuição de combustíveis, transporte fluvial e rodoviário, refino e construção naval, o Grupo Atem vem ampliando sua presença em ações de sustentabilidade e inovação. O apoio ao barco-laboratório reforça uma visão de desenvolvimento que integra tecnologia, ciência e compromisso socioambiental.

Laboratório flutuante na COP30

Durante a COP30, o “Roberto Santos Vieira” se transformará em palco de divulgação científica. Ancorado na Marina Club de Belém, o barco sediará palestras, visitas guiadas e encontros com pesquisadores, autoridades e o público. Parte das apresentações ocorrerá na Universidade Federal do Pará (UFPA) e na Zona Verde da conferência, espaço voltado a debates abertos e atividades interativas, em parceria com a Defensoria Pública da União (DPU).

A expectativa é que os primeiros resultados da expedição sejam apresentados ainda nos primeiros dias do evento, oferecendo um retrato atualizado das pressões que a Amazônia sofre e apontando caminhos para políticas de preservação mais eficazes.

Em uma década marcada por extremos climáticos, a viagem do “Roberto Santos Vieira” é um símbolo do encontro entre ciência e ação. A pesquisa não busca apenas medir dados, mas transformar a percepção global sobre o papel vital da Amazônia na regulação do clima. Da nascente à foz, os rios da floresta agora falam com mais força — e suas vozes ecoarão no centro das decisões mundiais sobre o futuro do planeta.