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Cúpula dos Líderes precisa romper o silêncio climático e preparar terreno para a ação na COP30

Belém, cidade que se tornou o centro nervoso das negociações climáticas globais, é palco de um chamado que ecoa do coração da floresta: chegou o momento de agir. O Greenpeace Brasil, ao abrir a Cúpula dos Líderes da COP30, lança uma advertência clara e urgente — o limite de 1,5°C está à beira do colapso, e o planeta não pode mais esperar pela diplomacia morna que tem marcado as conferências internacionais.

A mensagem, transmitida pela diretora-executiva da organização, Carolina Pasquali, não é apenas um apelo, mas um ultimato. Ela lembra que o planeta se aproxima de pontos de inflexão irreversíveis e que a Amazônia, anfitriã simbólica da conferência, corre o risco de atravessar seu próprio ponto de não retorno. “Tudo começa aqui em Belém”, afirma, chamando a atenção para a responsabilidade histórica do Brasil e o papel de seus povos originários, que guardam não apenas a floresta, mas o conhecimento necessário para redesenhar o futuro climático da Terra.

A fala de Pasquali é também um alerta político: a COP30 precisa ser mais que um evento diplomático. É o momento de transformar promessas em decisões concretas e encerrar de vez a era dos combustíveis fósseis — uma mensagem que ecoa além das margens do Guajará, alcançando governos, empresas e instituições financeiras que ainda sustentam um modelo energético ultrapassado.

O chamado à coerência europeia

Do outro lado do Atlântico, o recado do Greenpeace França, representado por Jean-François Julliard, mira diretamente a União Europeia. Ele exige que o bloco recupere o protagonismo climático que marcou o Acordo de Paris. “Precisamos de ações urgentes — não mais conversas ou metas diluídas”, resume.
A crítica é incisiva: enquanto o planeta arde, líderes europeus seguem presos a cálculos eleitorais e concessões à indústria fóssil. O tom da nota aponta que a França e seus parceiros precisam não apenas discursar, mas agir com coerência e assumir sua responsabilidade histórica como grandes emissores. O limite de 1,5°C não é uma meta simbólica — é o divisor entre o caos climático e a sobrevivência planetária.

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A voz do Pacífico e o peso da legalidade

A contundência aumenta com o posicionamento do Greenpeace Austrália-Pacífico, por meio de Shiva Gounden. Sua fala conecta a ciência à ética e à justiça: o limite de 1,5°C, diz ele, é uma linha de vida para as nações insulares ameaçadas pela elevação dos mares. A recente decisão da Corte Internacional de Justiça, que reconheceu a obrigação legal dos países de manter o aquecimento dentro desse limite, dá nova força à cobrança moral e jurídica.

Gounden não poupa palavras ao denunciar a complacência de governos e o poder corrosivo do lobby fóssil. Ele exige o fim imediato de subsídios e isenções fiscais para empresas que lucram com a destruição do planeta. “A responsabilidade moral e política nunca foi tão clara”, reforça, pedindo coragem e humanidade diante do colapso climático.

As exigências de um novo pacto global

O documento apresentado pelo Greenpeace propõe um roteiro de transformação. A organização convoca os líderes da COP30 a adotar um Plano Global de Resposta Climática, capaz de fechar a lacuna entre as metas atuais e o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5°C.
Entre as medidas urgentes estão:

  • A criação de um Plano de Ação Florestal de cinco anos, para frear e reverter o desmatamento até 2030 — compromisso assumido, mas ainda não cumprido, desde a COP28.

  • A ampliação do financiamento climático internacional, com impostos sobre grandes poluidores e mecanismos de transferência de recursos a países em desenvolvimento, em forma de doações e empréstimos de baixo custo.

  • A implementação de uma meta global de adaptação (GGA) baseada na justiça climática, com triplicação do financiamento público até 2030.

Essas demandas colocam em xeque a credibilidade dos líderes. A COP30, realizada no coração da Amazônia, será o termômetro da coragem política mundial. Se a reunião dos chefes de Estado em Belém não for capaz de preparar um terreno sólido para decisões ambiciosas, o planeta avançará inexoravelmente para a era das catástrofes previsíveis.

Belém como fronteira moral

A presença do Greenpeace na Cúpula dos Líderes reforça que a luta climática deixou de ser apenas técnica — é ética, social e civilizatória. A Amazônia, que há séculos resiste à exploração predatória, agora pede reciprocidade. Belém não é apenas uma anfitriã, mas um espelho: o que o mundo fizer (ou deixar de fazer) aqui refletirá em todos os continentes.

Enquanto os líderes discutem, a floresta observa. E dela parte o imperativo que ecoa das vozes indígenas, dos cientistas e das comunidades que vivem na linha de frente da crise: agir agora é o mínimo. O futuro exige urgência, coragem e compromisso.

Fundo POP marca novo ciclo no financiamento do terceiro setor brasileiro

O Fundo POP, primeiro do país voltado exclusivamente ao fortalecimento institucional de organizações periféricas, iniciou os repasses de cerca de R$ 2 milhões para dez Organizações da Sociedade Civil (OSCs) em diferentes regiões do Brasil. A iniciativa representa um marco inédito no campo do investimento social privado, ao colocar o protagonismo das periferias no centro das decisões sobre financiamento e sustentabilidade.

Criado em parceria entre o Instituto ACP (IACP) — organização filantrópica que busca fortalecer a sociedade civil — e a Iniciativa Pipa, fundada por jovens de periferias com o objetivo de democratizar o acesso a recursos sociais privados, o Fundo POP aposta em um novo modelo de investimento, baseado em confiança, escuta ativa e autonomia das organizações.

Apoio direto e transformação estrutural

Cada uma das dez organizações selecionadas receberá R$ 150 mil, distribuídos ao longo de três anos, além de mentorias e formações voltadas ao fortalecimento institucional. O foco é garantir que as OSCs possam consolidar suas estruturas, ampliar sua atuação e aprofundar o impacto em seus territórios.

O Fundo conta com o apoio de cinco organizações coinvestidoras: Fundação Tide Setubal, Instituto Incube, Humanity United, Instituto Galo da Manhã e Sall Family Foundation.

Para Érika Sanchez Saez, diretora-executiva do Instituto ACP, o Fundo POP surge como resposta às desigualdades históricas no acesso ao investimento social: “Historicamente, as periferias têm lidado com os piores problemas com recursos mínimos. O Fundo POP mostra que é possível fazer diferente — investir na potência dessas organizações é uma escolha estratégica e transformadora”.

O cofundador e diretor-executivo da Iniciativa Pipa, Gelson Henrique, reforça o caráter inovador do modelo: “Não se trata apenas de financiar projetos, mas de apostar na sustentabilidade e na autonomia das organizações de base”.

Logo_COP30_ONU_SEM_LEGENDA-1-400x218 Fundo POP marca novo ciclo no financiamento do terceiro setor brasileiro

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Diversidade territorial e de causas

As dez organizações selecionadas representam a pluralidade das periferias brasileiras — atuando em temas como direitos das mulheres negras, meio ambiente, cultura, justiça socioambiental e segurança alimentar.

Entre elas está o Grupo de Mulheres Negras Malunga, de Goiânia (GO), que trabalha pela inclusão e autonomia das mulheres negras. Para a fundadora Sonia Cleide Ferreira da Silva, o investimento chega em um momento decisivo: “Esses grupos conhecem as realidades locais e têm capacidade de propor soluções efetivas. Apoiar organizações de base é garantir que comunidades historicamente marginalizadas tenham voz”.

No Norte, o Coletivo Mirí, de Castanhal (PA), atua em educação ambiental e pesquisa; e o Movimento Atitude Afro Pará, em Belém (PA), valoriza as culturas afro-brasileiras e a preservação dos saberes ancestrais.

No Nordeste, a Salve Beberibe, de Recife (PE), mobiliza a população em defesa dos rios urbanos e do meio ambiente. Já o Instituto Pau Brasil, de Salvador (BA), promove cultura e desenvolvimento sustentável, com foco nas juventudes e na identidade local.

No Centro-Oeste, o IMUNE-MT – Instituto de Mulheres Negras do Mato Grosso, de Cuiabá (MT), realiza ações afirmativas voltadas ao empoderamento feminino e à luta antirracista. Sua cofundadora Antonieta Costa destaca: “O Fundo POP nos deu condições para olhar o futuro com estratégia, diversidade e continuidade”.

No Sudeste, o Ippê – Instituto para Periferias, no Rio de Janeiro (RJ), trabalha com cultura, educação e segurança alimentar, conectando sociedade civil, poder público e iniciativa privada. Em São Paulo (SP), a Coletiva Emana promove autonomia e fortalecimento feminino por meio da arte e da reconstrução da memória.

No Sul, o MUNTU Artes Negras, de Porto Alegre (RS), e a Fluência Casa Hip Hop, de Caxias do Sul (RS), usam a arte e a cultura como instrumentos de resistência e transformação social.

Um novo paradigma de filantropia periférica

O Fundo POP propõe um modelo de financiamento que rompe com práticas centralizadoras e excludentes, adotando linguagem acessível, seleção horizontal e diálogo direto com os territórios. A ideia é inspirar outros fundos, institutos e fundações a repensarem suas formas de atuação junto às periferias.

“Esperamos que o Fundo POP inspire uma nova geração de financiadores comprometidos com a equidade, a justiça e o protagonismo de quem vive os desafios dos territórios periféricos na pele”, afirma Gelson Henrique.

A iniciativa marca um ponto de virada no investimento social brasileiro: um movimento em direção à autonomia das periferias, ao fortalecimento das OSCs e à construção de um país mais justo, plural e sustentável.

Lula abre a COP30 em Belém e defende “mutirão global” contra a crise climática

A voz da Amazônia ecoou no coração da COP30 nesta quinta-feira (6), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu oficialmente a Cúpula de Líderes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém. Em um discurso simbólico e incisivo, Lula convocou os países a enfrentarem a emergência climática com coragem, justiça e cooperação, defendendo que o planeta precisa de um “mutirão” global para conter o aquecimento da Terra.

Diante de chefes de Estado, delegações internacionais e lideranças indígenas e comunitárias da Amazônia, o presidente celebrou o retorno da convenção climática ao país que sediou, há mais de 30 anos, a Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro. “Os olhos do mundo se voltam para Belém com imensa expectativa. Pela primeira vez, uma COP acontece no coração da Amazônia”, afirmou.

Lula destacou que o simbolismo da floresta como maior patrimônio natural da humanidade deve se converter em ação concreta, com políticas que unam preservação e prosperidade. “Os povos amazônicos vivem diariamente o falso dilema entre desenvolvimento e conservação. Eles têm o direito a uma vida digna e o dever, que já cumprem, de proteger o planeta”, disse.

A “COP da Verdade”

Para o presidente, a COP30 marca um ponto de inflexão no debate climático. Ele classificou o encontro como a “COP da verdade”, na qual os líderes precisam encarar os alertas da ciência e adotar compromissos reais para manter viva a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

“O ano de 2024 foi o primeiro em que a temperatura média da Terra ultrapassou esse limite. Sabemos que os efeitos vão persistir por décadas, mas não podemos abandonar o objetivo do Acordo de Paris”, afirmou Lula, citando dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que projetam um aumento de até 2,5°C até o fim do século caso nada mude.

O presidente alertou que, mantido o atual ritmo de emissões, o mundo pode enfrentar perdas humanas e econômicas severas, conforme o Mapa do Caminho Baku-Belém, documento que orienta os trabalhos desta edição da conferência. “Mais de 250 mil pessoas poderão morrer por ano, e o PIB global pode encolher até 30%. É hora de decidir se teremos coragem e determinação para transformar essa realidade”, enfatizou.

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Fonte: COP30 Brasil 2025

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Justiça climática e desigualdades

Lula relacionou a crise ambiental às desigualdades históricas entre países e dentro das próprias sociedades. “A mudança do clima é resultado das mesmas dinâmicas que fraturaram o mundo entre ricos e pobres. Será impossível contê-la sem enfrentar essas desigualdades”, disse.

Ele defendeu que justiça climática deve andar de mãos dadas com o combate à fome, à pobreza e ao racismo, além da promoção da igualdade de gênero. Para Lula, a transição ecológica não é apenas tecnológica ou energética, mas também social e moral. “A sustentabilidade, para os povos indígenas e comunidades tradicionais, sempre significou viver em harmonia com a Terra. Precisamos aprender com eles”, ressaltou.

O espírito do mutirão

Inspirado na cultura popular brasileira, Lula propôs que o espírito da COP30 seja o de um “mutirão planetário” – um esforço coletivo em torno de um propósito comum. Segundo ele, o combate à mudança climática deve envolver governos, empresas e cidadãos, e não pode ficar restrito aos “salões diplomáticos”.

“As pessoas podem não entender o que são toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição. Podem não saber o que é financiamento climático, mas sabem que nada se faz sem recursos. A mudança climática precisa ser parte das decisões de cada governo e de cada pessoa”, afirmou.

Superar descompassos e olhar para o futuro

Lula também destacou dois descompassos que ameaçam a ação global: a distância entre a diplomacia e o mundo real, e o conflito entre a urgência climática e as disputas geopolíticas. Ele criticou a influência de forças extremistas e a priorização de guerras e rivalidades estratégicas em detrimento do clima.

“O poder de expandir horizontes está em nossas mãos”, disse, citando o povo Yanomami, que acredita caber aos humanos “sustentar o céu para que ele não caia sobre a Terra”. “Temos que empurrar o céu para cima e abraçar um novo modelo de desenvolvimento, mais justo e de baixo carbono.”

Encerrando seu discurso, Lula celebrou o fato de a COP30 ser realizada na Amazônia, agradeceu aos trabalhadores que construíram a infraestrutura do evento e reafirmou que o Brasil quer mostrar ao mundo que desenvolvimento e floresta em pé podem coexistir. “A Amazônia é como a Bíblia: todos sabem que existe, mas cada um a interpreta de um jeito. Queremos que o mundo venha aqui ver, sentir e entender o que ela realmente é.”

A frota que veleja contra o lobby fóssil e atraca em Belém para a COP30

Uma frota de seis veleiros — chamada Flotilla for Change (Flotilha pela Mudança) — e cerca de 50 ativistas de 10 nacionalidades cruzaram o Atlântico para aportar em Belém (PA). A missão: demonstrar que a transição ecológica pode se traduzir também em deslocamentos de baixo carbono e se opor ao domínio das indústrias de combustíveis fósseis no contexto da COP30.

Uma travessia simbólica rumo à Amazônia

Partindo da Nova Zelândia a bordo do veleiro-bandeira Sababa, que navegou 17.500 milhas, a flotilha fez paradas em Santa Cruz de Tenerife e em Mindelo (Cabo Verde) antes de seguir para a Amazônia. Chega como manifesto: se a mobilidade de conferências climáticas costuma estar associada à aviação e alto impacto de carbono, esses veleiros chegam como um “laboratório flutuante” de alternativas.

A ideia é oferecer um contraponto visível à predominância do lobby fóssil dentro da COP. Como afirma a ativista Kathrin Henneberger, ex-membro do parlamento alemão e tripulante da flotilha: “Nós queremos fazer frente à indústria fóssil. Ela estará novamente na Conferência, fará um lobby massivo e por isso é tão importante que o movimento global pela justiça climática também esteja lá.”

Flotilla-for-Change-Foto-Fry-Hopkins-400x533 A frota que veleja contra o lobby fóssil e atraca em Belém para a COP30
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Ciência cidadã, território e diversidade em alto mar

A bordo, a flotilha funciona como base de ciência cidadã, realizando monitoramento de qualidade da água, coleta de dados sobre microplásticos, vida selvagem marinha e questões ligadas à resiliência dos oceanos. A tripulação é intencionalmente diversa: ativistas antirracistas, membros de comunidades LGBTQIA+, cientistas, jovens de várias nacionalidades e delegados de povos do Sul Global — como a ativista Melody Barry‑Yobo de Ogoniland (Nigéria), que liga a luta contra a extração de combustíveis fósseis no Delta do Níger à causa amazônica.

Ao atracar em Belém, essa flotilha representa mais que visibilidade: ela articula uma narrativa alternativa. Em vez de “desenvolvimento” entendido como expansão irrestrita de petróleo, gás ou agronegócio, apresenta outra via: deslocamento limpo, protagonismo de povos afetados e mobilização territorial conectada à justiça climática.

Agenda na COP30: visibilidade e mobilização

Enquanto a COP30 reúne governos, corporações e ONGs em painéis oficiais, a Flotilla prepara sua própria agenda. Está prevista para o período em Belém:

  • De 13 a 14 de novembro: participação na programação da Cúpula dos Povos, no eixo “Territórios Vivos e Maritórios, Soberania Popular e Alimentar”.

  • Dia 14 de novembro: mesa-redonda e sessão de escuta/aprendizagem a bordo do veleiro Rainbow Warrior, atracado na Universidade Federal do Pará (UFPA), Rua Augusto Corrêa, 01.

  • Dia 15 de novembro: adesão à marcha popular de encerramento da Cúpula, fortalecendo a articulação entre ação marítima e mobilização terrestre.

Flotilla-for-Change-Foto-Isabel-Rogers-400x533 A frota que veleja contra o lobby fóssil e atraca em Belém para a COP30
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Um contraponto necessário

O ativismo por meio da flotilha lança uma provocação ao modelo dominante de mobilidade e à representação dos temas climáticos: se grandes corporações e Estados viajam em aviões, fazem painéis e assinam acordos, os povos da floresta, do mar e das margens dessas cadeias veem seus territórios impactados diretamente. A flotilha traz essas vozes ao centro — literalmente acessando o palco da COP30 via água — e exige que as decisões climáticas incluam as consequências para oceanos, territórios costeiros e comunidades tradicionais.

Reflexão final

A chegada da Flotilla for Change a Belém é muito mais do que símbolo: é uma chamada para reconectar a crise climática à mobilidade, à justiça e ao protagonismo dos territórios. Em meio à COP30, onde os debates costumam girar em torno de metas e compromissos, essa frota traz duas mensagens poderosas: primeiro, que a ação climática pode — e deve — sair do circuito convencional e explorar novas linguagens de ativismo; segundo, que a Amazônia, a costa e o Atlântico não são apenas pano de fundo para decisões globais, mas espaços ativos de resistência, alternativas e construção de futuro.

Em um momento de urgência extrema, em que o planeta pede mudanças reais, a flotilha lembra que a travessia pelo mar também é travessia pela esperança. E que, às vezes, navegar contra a corrente é o primeiro passo para virar o rumo da história.

“Vozes que EcoAm”: a Amazônia fala para o mundo na COP30

Quando o mundo volta seus olhos para a Amazônia, é comum pensar num bloco homogêneo, em uma floresta única, uniforme, que responde da mesma forma a todas as políticas e expectativas. Mas a verdade é outra: existem várias Amazônias — com histórias, territórios, culturas e desafios distintos — e é justamente para desdobrar essa diversidade que o Impact Hub Manaus leva à COP30 o evento “Vozes que EcoAm”, uma ponte entre territórios amazônicos e o debate global sobre bioeconomia, clima e desenvolvimento.

O “Vozes que EcoAm” está inserido no programa EcoAm — iniciativa que desde 2024 conecta ecossistemas de impacto nas regiões de Ji-Paraná (RO), Rio Branco (AC) e Tefé (AM). O objetivo é claro: dar voz e visibilidade às realidades locais desses três “sub-Amazônias” e levar ao grande palco da COP30, em Belém (PA), suas demandas, soluções e aspirações. Segundo Washington Silva, responsável pelo programa no Hub, o evento será uma forma de conectar “as demandas, desafios e oportunidades desses territórios com as discussões que acontecerão durante a COP30”.

Em Belém, o momento de articulação está marcado para o dia 12 de novembro, quando o “Vozes que EcoAm – Mapeamento e Oportunidades da Bioeconomia de Ji-Paraná, Rio Branco e Tefé” será realizado na Museu Emílio Goeldi, dentro da programação da estação “Estação Amazônia Sempre” apresentada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No evento será compartilhado o mapeamento da bioeconomia realizado nos três territórios — um diagnóstico que combina escuta participativa, coleta de dados e vontade de definir metas até 2030 — e serão lançadas Cartas Territoriais, documentos que expressam em linguagem própria as visões e reivindicações dessas regiões.

Juliana Teles, co-fundadora do Impact Hub Manaus, resume o raciocínio: “Quando a gente olha para a Amazônia, tende a olhar como se fosse uma coisa só, mas existem várias Amazônias. E quando a gente coloca a lupa sobre esses territórios a gente vê todas as potencialidades e diferenças de cada um.” É justamente essa pluralidade de Amazônias que o programa tenta traduzir em narrativa e ação. Já Marcus Bessa, cofundador da instituição, acrescenta que “apesar de não poderem interferir diretamente nas decisões globais, essas pessoas dos territórios amazônicos serão afetadas por elas — e é importante que saibam como serão afetadas”.

O evento se desenrola em três momentos interligados: “Dos Territórios para a COP”, etapa de escuta e mapeamento; “Os Territórios na COP”, ocasião em Belém de apresentação e engajamento; e “Da COP para os Territórios”, fase de devolutiva, implementação e acompanhamento nos territórios originais. Entre setembro e outubro foram realizadas três encontros pré-COP em cada um dos territórios em questão: Ji-Paraná, Rio Branco e Tefé. Em cada espaço, participantes locais — comunidades, empreendedores, organizações civis — traçaram um diagnóstico conjunto sobre os potenciais da bioeconomia, os gargalos e caminhos de transição.

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A bioeconomia surge como fio condutor desse diálogo. Em uma Amazônia frequentemente pautada pela extração e pela degradação, o movimento que se refere à bioeconomia propõe alternativas sustentáveis, agregação de valor local, protagonismo comunitário e circulação de renda na floresta — combinando o uso de recursos renováveis locais com práticas socioculturais e ambientais que respeitam territórios tradicionais. O mapeamento do Impact Hub Manaus busca justamente coletar indicadores, projetar metas e articulações institucionais até 2030 capazes de impulsionar esse tipo de desenvolvimento.

A função desse mapeamento e das Cartas Territoriais vai além da apresentação: trata-se de mobilização prática e de exigir correspondência entre discurso e realidade. O evento em Belém será oportunidade para levantar investimentos, parcerias e redes de apoio para os territórios mapeados, com o respaldo do programa Amazônia Sempre do BID — uma iniciativa que já mobiliza bilhões de dólares em financiamento para a região e tem entre seus eixos principais a bioeconomia e o fortalecimento institucional.

VOZES-QUE-ECOAM-RIO-BRANCO-CREDITO-TW-FILMES-2-400x267 “Vozes que EcoAm”: a Amazônia fala para o mundo na COP30
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A escolha do Impact Hub Manaus como articulador não é aleatória: a organização atua há anos como catalisador de inovação social, empreendedorismo de impacto e construção de redes colaborativas na Amazônia Legal. Sua missão — conectar pessoas e ideias que “fazem diferente” — encontra na bioeconomia e na COP30 uma plataforma para amplificar voz, território e propósito.

No entanto, o contexto exige também realismo. Levar as “vozes que ecoam da Amazônia” a uma conferência global exige que essas vozes tenham conteúdo, propostas, indicadores e articulação institucional — o que o mapeamento busca entregar. Além disso, converter engajamento em resultados locais exige que as demandas expressem não só reivindicação, mas caminhos que possam ser implementados, monitorados e avalizados — e que sejam incorporados nas agendas de programas, políticas públicas e financiamento.

Ao final, o “Vozes que EcoAm” representa um movimento estratégico: conectar a Amazônia ao mundo, mas mantendo-a como protagonista, não como palco. Trazer a complexidade regional, a diversidade local e a urgência dos impactos climáticos e econômicos para dentro da COP30, de modo que o bioma seja ouvido não como recurso a ser gerido, mas como agente de sua própria transformação.

Estados da Amazônia patinam em metas ambiciosas para zerar o desmatamento até 2030

A meta de zerar o desmatamento na Amazônia Legal até 2030, prevista no âmbito do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), se tornou gargalo crítico na agenda climática brasileira — e um novo estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) revela que, nos governos dos estados da região, a ambição ainda está aquém do necessário.

A proposta brasileira, alinhada ao Acordo de Paris, exige que a destruição das florestas tropicais seja barrada para que o país contribua com as metas globais de temperatura. No entanto, o estudo mostra que a maioria dos estados não definiu metas concretas, ou as que foram definidas resultam em números muito acima do que o governo federal estima como compatível com 2030.

Metas federais, metas estaduais e descompasso real

De acordo com o Imazon, a meta federal de “desmatamento zero” para 2030 — adotada na 5ª fase do PPCDAM — ainda não garante um cenário de derrubada nula. Ela admite que parte das supressões legais poderá ocorrer contanto que seja compensada pela restauração. Ademais, até setembro de 2025 o governo federal ainda não havia divulgado uma estimativa oficial da área de desmatamento legal esperada para 2030. A proposta que veio à consulta pública indicava que a supressão legal deveria cair 50% até 2030 e 75% até 2035, o que resultaria em cerca de 703 km² de desmatamento legal no ano-meta, o que por si só exigiria uma redução de 89% frente à taxa registrada em 2024.

Quando se olha para os estados, o cenário se agrava. A maioria (como Acre, Amapá, Maranhão, Rondônia e Tocantins) não definiu metas específicas para 2030. Em outros casos — como Mato Grosso e Pará —, as metas quantificadas somam ao menos 2.109 km² para 2030, mais de três vezes o valor da estimativa federal de 703 km², o que demonstra descompasso grave. Ainda mais: o Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, bloco que reúne estados da Amazônia para uma coordenação territorial, adotou meta de desmatamento zero total para 2030 e a restauração de 3.000 km², algo mais ambicioso — mas nem mesmo os estados membros alinharam seus documentos a esse compromisso.

d0145e59-f467-4f4a-a065-1d9a4326afe0-Metas-de-Desmatamento-antes-de-2030-400x417 Estados da Amazônia patinam em metas ambiciosas para zerar o desmatamento até 2030

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O impacto das metas insuficientes

Essa falta de alinhamento e ambição traduz-se em riscos concretos. Se os estados continuarem com metas frouxas ou sem cronogramas claros, o Brasil corre o risco de falhar não apenas internamente, mas internacionalmente em cumprir o Acordo de Paris. O estudo ressalta que “a ausência de compromissos estaduais compatíveis … sinaliza uma opção política pela tolerância ao desmatamento”. Imazon

Além disso, o estado que mais aparenta avançar, Mato Grosso, almeja eliminar o desmatamento ilegal e reduzir o total em 90% até 2030 (para 571 km²) — mas para isso precisará quadruplicar sua taxa anual de recuperação de áreas degradadas. Outros estados ainda preveem níveis de derrubada legal acima do dobro da meta federal. O Pará, por exemplo, estima 1.538,3 km² para 2030, um valor que quase quádrupla a referência federal.

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Metas intermediárias e a lacuna para 2030

Não bastasse a meta final de 2030, o estudo destaca que as metas intermediárias (até 2025, 2028) também são frágeis. Alguns estados já cumpriram ou estão no caminho para cumprir suas metas para 2024; outros — como Pará, Roraima, Tocantins e Maranhão — ainda estão longe ou não possuem compromissos claros. Isso fragiliza o horizonte de longo prazo (2050) para neutralidade climática, que foi assumido por quase todos os estados exceto Roraima. Sem etapas concretas para 2030, a meta de 2050 perde consistência.

Recomendações estratégicas

Para enfrentar essas lacunas, o Imazon sugere algumas ações-chave:

  • O governo federal deve oficializar a estimativa de desmatamento legal para 2030 (em km²) e trabalhar junto aos estados para distribuir esse compromisso territorialmente.

  • Os governos estaduais precisam elevar a ambição das metas para antes de 2030 e alinhá-las à meta federal ou ao nível mais exigente do consórcio interestadual.

  • O consórcio interestadual deve intensificar sua coordenação e impulsionar a ambição coletiva para refletir seu próprio objetivo de desmatamento zero.

  • Também é proposta a rastreabilidade da pecuária — via GTAs (Guias de Trânsito Animal) e CAR (Cadastro Ambiental Rural) — como vetor estratégico para estados pressionados pela expansão agropecuária.

Uma reflexão de cenário

Por fim, a análise do Imazon evidencia que o desmatamento na Amazônia já não é apenas uma questão ambiental local, mas um pivô da credibilidade climática do Brasil no mundo. A realização da COP30 em Belém intensifica essa visibilidade. Se os estados não reprimirem a derrubada e não alinharam suas metas a 2030, o país compromete sua posição em fóruns globais e sua capacidade de atrair financiamento climático.

A mensagem é clara: a floresta espera não apenas promessas, mas planos concretos. E a escala das ambições estaduais será o teste — não apenas para o Brasil, mas para o planeta.

Lula e a missão de reduzir o metano: um serviço histórico à Terra

O planeta já não está apenas em alerta — está em colapso. O aquecimento global avança em ritmo acelerado, provocando recordes sucessivos de temperatura, enchentes devastadoras e secas extremas. A crise climática, que durante décadas parecia uma ameaça distante, agora se impõe como realidade cotidiana em todos os continentes.

O Relatório Global de Pontos de Não Retorno 2025, elaborado por 160 cientistas de 23 países, confirma o que a comunidade científica vem advertindo: a humanidade ultrapassou um limiar perigoso. Os recifes de corais de águas quentes — que sustentam um quarto da vida marinha e garantem alimento e renda a quase um bilhão de pessoas — já colapsaram devido ao aquecimento dos oceanos.

O documento alerta também para novos riscos iminentes, como a morte progressiva da Floresta Amazônica e o derretimento irreversível das calotas polares. Trata-se de uma constatação científica, não de alarmismo. A humanidade está à beira de um ponto sem retorno climático, e apenas uma ação rápida e coordenada poderá evitar o pior cenário: o de uma “Terra Estufa”, onde a vida, tal como conhecemos, se tornaria insustentável.

O poder de agir agora: o metano como chave

Entre as medidas mais eficazes para frear esse processo está a redução das emissões de metano, um gás de efeito estufa 84 vezes mais potente que o dióxido de carbono nos primeiros 20 anos após ser liberado na atmosfera. Cortar essas emissões em 45% até 2030 poderia reduzir o aquecimento global de forma imediata, ganhando o tempo necessário para que outras ações — como a proteção da Amazônia e a transição energética — produzam efeito.

Essa é uma oportunidade que o Brasil, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode e deve abraçar. O país possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e um papel estratégico na governança ambiental global. A COP30, que será realizada em Belém, representa o momento ideal para Lula propor uma Aliança de Chefes de Estado pela Redução do Metano, unindo países em torno de metas comuns e medidas concretas.

poluicao-atmosferica-300x194 Lula e a missão de reduzir o metano: um serviço histórico à Terra
Imagem: Tatiana Grozetskaya / Shutterstock.com

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Lições e compromissos globais

O esforço internacional já tem bases sólidas. Em 2020, a Comissão Europeia propôs um acordo vinculante sobre o metano, reforçado pelo Parlamento Europeu no mesmo ano. No ano seguinte, durante a COP26, os Estados Unidos e a União Europeia lançaram o Compromisso Global do Metano (Global Methane Pledge), que hoje conta com o apoio de 159 países. O objetivo: reduzir as emissões globais em 30% até 2030, tomando 2020 como base.

O movimento se fortaleceu em 2024, quando 55 empresas de petróleo e gás — responsáveis por 45% da produção mundial — aderiram à Oil and Gas Decarbonization Charter, um pacto para eliminar a queima rotineira de gás e limitar a intensidade de metano a 0,2%. A China criou sua própria Aliança do Metano no Setor de Petróleo e Gás, e países como México e Colômbia adotaram padrões obrigatórios para controlar as emissões.

Apesar dos avanços, o desafio permanece gigantesco. Estima-se que apenas o setor de petróleo e gás desperdice, por vazamentos e queimas, uma quantidade de metano suficiente para suprir todo o consumo anual de gás da Europa. Esse desperdício não é apenas ambientalmente catastrófico — é também economicamente irracional.

Um pacto à altura do Protocolo de Montreal

Os especialistas Durwood Zaelke e Romina Picolotti, autores do artigo original, lembram que a mobilização global precisa ter a mesma força do Protocolo de Montreal, que nos anos 1980 salvou a camada de ozônio. O tratado foi o único da história a alcançar ratificação universal e é considerado o acordo ambiental mais bem-sucedido já assinado.

O Brasil, ao assumir protagonismo na pauta do metano, poderia escrever um novo capítulo dessa história. A liderança de Lula em temas ambientais, reconhecida desde o Acordo de Paris, dá ao país legitimidade para impulsionar um pacto global que una ciência, economia e política em torno de um mesmo objetivo: desacelerar o colapso climático antes que seja tarde demais.

As tecnologias para capturar e reaproveitar o metano já existem. Os benefícios econômicos são comprovados. O que falta é a decisão política — e, nesse ponto, o papel de Lula pode ser decisivo.

Ao lançar a Aliança de Chefes de Estado pelo Metano durante o segmento de alto nível da COP30, o Brasil não apenas consolidaria sua liderança ambiental, mas também prestaria um serviço histórico à Terra — um gesto capaz de redefinir o futuro do planeta e das próximas gerações.

Concurso de Fotografia e mutirão marcam mobilização pela limpeza Brasil

No dia 11 de novembro de 2025, às 11 horas, a Ministério da Cultura e a Transpetro convidam a sociedade para a cerimônia de abertura e premiação do Concurso de Fotografia Limpa Brasil 2025, que será realizada na Praça da Bandeira. O evento celebra o poder da imagem como ferramenta de mobilização ambiental, apresentando fotografias que retratam ações de limpeza e conservação realizadas durante o Dia Mundial da Limpeza.

A proposta vai além de reconhecer olhares: trata-se de transformar inspiração em ação concreta. Por isso, no dia 14 de novembro de 2025, um mutirão de limpeza será realizado na mesma Praça da Bandeira, com início às 8h30. Assim, a arte se conecta com o gesto coletivo — a fotografia apresenta uma cena, e o mutirão a materializa.

A iniciativa assume várias camadas. Primeiro, ela reforça que conservar o meio ambiente não é apenas tarefa de instituições ou especialistas: pode e deve ser protagonizada pela sociedade em geral. Ao convidar fotógrafos para registrar “limpeza e conservação”, o concurso estimula a visibilidade de práticas que normalmente ficam à margem — mutirões de comunidades, iniciativas escolares, limpezas de rios, praias ou espaços urbanos. Ao mesmo tempo, o mutirão marca que não basta ver: é preciso agir.

A parceria entre o Ministério da Cultura e a Transpetro é também simbólica. A pasta pública da cultura assume que a arte pode e deve fazer parte das transformações sociais e ambientais. A empresa — que atua tradicionalmente em logística de combustíveis — ao apoiar essa iniciativa, demonstra que grandes organizações podem redirecionar parte da visibilidade e dos recursos para causas públicas, reforçando a correlação entre ambiente, sociedade e economia.

A escolha da Praça da Bandeira como palco dos dois eventos — abertura/premiação e mutirão — reforça a dimensão coletiva e pública da convocação. Cenário simbólico e acessível, a praça propicia a participação de cidadãos comuns, fortalecendo a mensagem de que cuidar do Brasil limpo é responsabilidade de todas e todos.

Analisando com olhar crítico, essa mobilização traz informações importantes: primeiro, que a sensibilização ambiental precisa se expressar em múltiplos formatos — a arte da fotografia permite que a realidade se torne visível, que a conservação seja apreciada como gesto estético e valor social. Em seguida, que o passo do visual para o físico — o mutirão — é o que faz a diferença no estado dos lugares. Sem a ação, a conscientização pode ficar apenas no simbólico. E finalmente, a iniciativa mostra que o vínculo entre cultura, ambiente e participação cidadã é cada vez mais estratégico para políticas públicas contemporâneas.

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Integrante do Coletivo Kuikuro de Cinema durante ritual do Kuarup na aldeia Afukuri, no Território Indígena do Xingu (julho 2021) – Foto: Takumã Kuikuro/ Agência Brasil

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Refletindo sobre o papel do concurso, pode-se dizer que ele trabalha em duas frentes: por um lado, valoriza as narrativas positivas — mostrar que existem pessoas, grupos, comunidades engajadas em cuidar do meio ambiente —; por outro, convida à replicação dessas ações em escala. A fotografia funciona como espelho e tutorial: espelho porque reflete o que já foi feito, tutorial porque induz ao que pode ser feito. A premiação afirma que tais práticas merecem reconhecimento.

Por meio da ação sequencial — primeiro a cerimônia de premiação, depois o mutirão — cria-se uma dinâmica de engajamento contínuo. Os laureados no concurso provavelmente inspirarão o público, que no mutirão terá a oportunidade de transformar aquela inspiração em movimento físico. É um ciclo aberto de ver, valorizar, fazer.

A presença da Transpetro como apoiadora é relevante: quando uma empresa de grande porte associa sua marca a causas de limpeza ambiental urbana e comunitária, está enviando uma mensagem de que responsabilidade social e ambiental podem integrar práticas que antes eram desconectadas dos seus negócios. Isso amplia o alcance do evento e permite que ele chegue a públicos mais amplos. A atuação do Ministério da Cultura garante a interlocução com o campo das artes e da participação cidadã, reforçando que cultura, estética e ambiente dividem um mesmo terreno de ação.

Em resumo, o Concurso de Fotografia Limpa Brasil 2025 e o subsequente mutirão de limpeza convocam a sociedade a olhar e agir: ver as imagens é reconhecer que a conservação existe; participar da limpeza é afirmar que o cuidado também está nas mãos de cada parte da comunidade. O convite lançado pela Praça da Bandeira não é apenas para um momento, mas para uma postura — um Brasil mais limpo e sustentável exige visibilidade, mobilização e atitude coletiva.

Hackathon “Crimes Climáticos na Amazônia” convoca inovação para defender floresta e direitos

Em 18 e 19 de novembro de 2025 a cidade de Belém vai se transformar em ponto de encontro de ideias, dados e propósito climático. A Centro de Análise de Crimes Climáticos (CCCA Brasil), em parceria com o Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), abre inscrições gratuitas para o Hackathon “Crimes Climáticos na Amazônia”, uma maratona de inovação voltada a desenvolver soluções que articulem direito, ciências sociais, tecnologia e dados em prol da Amazônia. O evento será realizado no campus Umarizal do CESUPA (Av. Alcindo Cacela, 1523), com cerimônia de premiação marcada para o dia 20 de novembro no Climate Hub da CCCA em Belém.

O tema é urgente e multifacetado: como enfrentar os crimes climáticos — aquelas práticas ilícitas que contribuem para a crise climática — de forma preventiva, emergencial e informativa, a partir das realidades e desafios da Amazônia? Crimes climáticos aqui são entendidos como degradação ambiental relevante, emissão de gases de efeito estufa ou comprometimento de estoques de carbono, em especial quando associados a cadeias extrativas ou ao agronegócio em estado de opacidade.

Mais do que um desafio técnico, o hackathon quer conectar disciplinas: direito, ciências ambientais, engenharia de dados, geografia, jornalismo, políticas públicas e mais. Equipes multidisciplinares terão até seis integrantes para propor protótipos em software aberto que respondam a três eixos principais: Prevenção — detectar e mitigar riscos; Resposta Emergencial — agir rapidamente em situações críticas; e Mapeamento Informativo — oferecer visualizações e indicadores que mostrem o status ambiental de áreas vulneráveis.

A dinâmica prevê inscrição até 13 de novembro de 2025, seleção de até 40 participantes entre 18 e 30 anos, presença obrigatória nos dois dias do evento e entrega de solução final até 19 de novembro às 16h. No dia seguinte, as equipes apresentarão suas propostas perante Comissão Julgadora e a melhor será premiada com R$ 3.000,00. A própria titularidade intelectual dos protótipos permanece com as equipes, enquanto os organizadores recebem licença de cinco anos para fins educacionais e de divulgação.

Esse tipo de iniciativa revela uma mudança de paradigma: antes, a luta contra desmatamento ou extração ilegal era conduzida como desafio isolado; agora ela passa a ter formato de “maratona de inovação climática” onde dados, tecnologia, ciência jurídica e participação social se combinam. No contexto amazônico, isso faz enorme sentido: as florestas enfrentam pressões múltiplas — madeira, mineração, agronegócio — que não se limitam à superfície visível. A apropriação ilegal de recursos, a abertura de vias clandestinas, o transporte sem licenciamento, tudo isso coloca em risco não apenas a floresta, mas comunidades inteiras e o equilíbrio climático regional.

desmatamento-e-queimada-em-floresta-400x266 Hackathon “Crimes Climáticos na Amazônia” convoca inovação para defender floresta e direitos
Bruno Kelly/Amazônia Real/Wikimedia Commons

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Ao olhar para a Amazônia como laboratório de inovação e terreno de disputa, o hackathon propõe fazer algo além de monitorar — propõe agir. “Prevenir, responder e informar” são os três verbos que sintetizam a orientação da chamada pública. Situações emergenciais, como incêndios ou ocupações ilegais, exigem conectividade entre atores: comunidades locais, órgãos ambientais, Ministério Público, tecnologia, ciência de dados. Ferramentas de denúncia rápida, triagem automatizada, visualização geográfica, alertas comunitários: tudo isso está no escopo do desafio.

É tal vez aqui que a interdisciplinaridade se torna vital. Uma ferramenta de mapeamento não se sustenta apenas com dados geoespaciais: é preciso que o direito previsto (licenças, artes de fiscalização, responsabilidade penal) esteja estruturado para encaixar a resposta. E ainda que a ciência dos dados seja usada para antecipar riscos, ela precisa se conectar com conhecimento antropológico, local, histórico — quem vive na Amazônia sabe que os mapas nem sempre captam as nuances das ocupações tradicionais. Por isso equipes com economia, antropologia, comunicação ou geografia são tão bem-vindas quanto aquelas com computação pura.

O hackathon também traça um caminho simbólico: ao ser realizado durante o período da COP30 em Belém, o evento conecta a escala local (Amazônia) à escala global (mudança climática, responsabilidade internacional). Isso sinaliza que os “crimes climáticos” — ainda que muitas vezes invisíveis — são parte da agenda maior da justiça climática, da responsabilização ambiental, da governança global. A iniciativa não se limita a denunciar, mas a empoderar: participantes vão trabalhar em ambientes reais de prototipagem, com mentores, com comunidade local, prestando contas ao território.

Há, claro, desafios. Realizar uma maratona de inovação com software livre, em dois dias, que produza protótipos úteis e aplicáveis não é trivial. Exige estrutura tecnológica, mentoria, dados, conexão com comunidades, instrumentos legais, licenciamento de uso, acesso à internet, boas práticas de equipe. A exigência de originalidade — nada de reutilização de códigos já existentes — enfatiza a inovação, mas também eleva a barreira. Ainda assim, esse tipo de iniciativa está cada vez mais alinhado à lógica de “hackathons de impacto social/climático” que vemos emergindo no mundo.

Para os participantes, isso representa uma oportunidade singular: trabalhar no epicentro da Amazônia, num evento que atrai visibilidade, criar redes de contato, aprender e, possivelmente, ver sua solução ganhar escala ou continuar em pós-hackathon com parceiros. Para o Brasil, é um sinal de que é possível reunir tecnologia, direito, ciência e comunidades para enfrentar realidades complexas — em vez de tratar a Amazônia apenas como vítima, tratá-la também como fonte de inovação.

Em resumo: o Hackathon “Crimes Climáticos na Amazônia” é mais do que uma maratona de codificação ou análise de dados; é uma convocação para pensar e agir em rede, com ferramentas, comunidades e territórios. Ele coloca a Amazônia no centro da agenda tecnológica e climática, e chama jovens, recém-formados e profissionais a contribuir para que os crimes que degradam o clima e a floresta sejam não apenas monitorados, mas prevenidos, contestados e transformados em dados, ações e protótipos que façam diferença.

Mulheres da Amazônia articulam voz e poder no puxirum por justiça socioambiental

No dia 10 de novembro de 2025, entre 13 h e 19 h, o auditório do Universidade Federal do Pará (UFPA) — Campus Guamá, em Belém (PA) — será palco de um encontro singular: o “Puxirum de Mulheres Defensoras da Amazônia”, uma expressão de resistência coletiva que reúne mulheres defensoras dos direitos humanos e socioambientais, lideranças comunitárias, pesquisadoras, estudantes e organizações da sociedade civil em torno de uma missão comum — proteger territórios, garantir justiça socioambiental e afirmar a força das vozes femininas na Amazônia.

O termo “puxirum”, de raízes amazônicas, significa justamente essa articulação comunitária: uma mobilização em que a comunidade trabalha junta, soma saberes, força, cuidado e ação. Na tradição local, o puxirum simboliza um mutirão em que não apenas se produz algo, mas se constrói, se reconstrói, se fortalece o tecido social. É nessa perspectiva que o encontro se coloca: não apenas como evento, mas como espaço de homenagem às mulheres que resistem, de trocas de vivências e de construção de redes de apoio e cuidado.

A partir das 14 h15, após acolhida e mística de abertura, o evento começa com a apresentação das organizações responsáveis e, logo em seguida, a contextualização do encontro. Entre 14h45 e 16h50 realiza-se o puxirum propriamente dito — com rodas de conversa, escuta ativa e partilha de trajetórias. Às 17 h, parte do auditório sai para o cortejo simbólico, expressão pública de visibilidade e afirmação desta comunidade de mulheres defensoras da Amazônia.

Entre as lideranças confirmadas estão nomes como Leudiane Ferreira, Ângela de Jesus, Claudelice Santos, Vivi Reis, Antonia Cariongo, Conceição Dias dos Santos, Polly Soares, Irmã Jane, Irmã Kátia, Mametu Nangetu e Auricélia Arapiun. As presenças reforçam que o encontro não é apenas uma fala pontual, mas a articulação de sujeitos que atuam com coragem em diferentes frentes de resistência.

Na Amazônia, as mudanças climáticas, o desmatamento, os projetos de grande escala na fronteira agrícola ou florestal, a exploração de recursos e a violência não afetam a população de modo genérico — afetam de modo diferenciado. Muitas vezes, são as mulheres, sobretudo indígenas, quilombolas, ribeirinhas ou de comunidades tradicionais, que assumem funções centrais: cuidar da água, da terra, da família, articular redes de economia local, mobilizar contra violências ambientais e de gênero. Nesse sentido, o encontro propõe vir à tona esse protagonismo e evidenciar que não são apenas vítimas passivas, mas agentes ativas de transformação socioambiental.

O exemplo da Dorothy Stang — freira, defensora da floresta, assassinada em 2005 aos 73 anos — e de Dilma Ferreira Silva — militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), assassinada em 2019 — revela que a resistência é antiga, mas também extremamente atual. Foram mulheres que enfrentaram não apenas a opressão sobre o território, mas o sistema de exploração e dominação que se atrela ao desenvolvimento extrativo. Seus nomes voltam-se como alertas: quem protege a floresta, quem protege a vida, assume riscos enormes. Dados mostram que entre 2012 e 2022 ocorreram 765 ataques a mulheres em conflitos no campo na Amazônia Legal, a maioria sob a forma de ameaças de morte; 36 mulheres foram assassinadas nesse período. A ausência do Estado, a impunidade e a sobreposição de empreendimentos sobre territórios vulneráveis explicam esse cenário.

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Ao promover esse puxirum no âmbito da COP30, o encontro amplia o foco: não apenas questiona o que está em jogo na Amazônia, mas conecta as lutas locais com a agenda global de justiça climática, reconhecimento de direitos e defesa dos territórios. O evento é firmado pelas iniciativas da Ação Social Franciscana (Sefras), do Instituto Universidade Popular (Unipop), da Casa Amazônia, do Comitê Dorothy Stang, da Rede Liberdade, do Grupo de Trabalho Geografia e Gênero na Amazônia (do PPGEO/UFPA) e do Cojovem.

Além de espaço de fala, o evento entende que resistir significa cuidar umas das outras, construir coletivamente estratégias de proteção, visibilidade e ação. A programação – com acolhida, mística, rodas de conversa e cortejo – leva em conta práticas ancestrais da Amazônia e as converge com a urgência contemporânea de responder à crise dos direitos humanos, da floresta e da vida ao redor. Em cada roda de conversa ecoam os saberes de mulheres que sabem que defender territórios é também defender modos de viver, de existir, de cuidar.

Neste cenário, o “puxirum” atua como metáfora e prática preciosa: a luta compartilhada, o juntar de forças, a trama de redes que atravessam diferentes contextos, identidades e geografias. Mulheres da Amazônia articulam suas vozes, reconhecem suas trajetórias e renovam o compromisso com a justiça socioambiental, a defesa da vida e o protagonismo feminino. Em última instância, o encontro convoca não apenas para ouvir, mas para agir — entender que a Amazônia não pode mais ser palco de violações silenciadas, e que as mulheres que vivem nela não são vítimas passivas, mas protagonistas de transformação.

MP 1304: o plano de Braga para reequilibrar o sistema elétrico e conter o aumento da conta de luz

A busca por um sistema elétrico mais estável e justo marcou o discurso do senador Eduardo Braga (MDB-AM) durante o seminário “Energia e Desenvolvimento Regional: Convergência para o Brasil do Futuro”, promovido pela Eneva em parceria com o Poder360, em Brasília.
Na ocasião, Braga defendeu a Medida Provisória 1304, recém-aprovada pelo Congresso Nacional, como um instrumento para corrigir distorções acumuladas há décadas e evitar que o custo da desorganização continue sendo pago pela classe média.

Segundo o parlamentar, a MP representa um ponto de virada em um sistema que, por anos, operou de forma desequilibrada. “O Brasil tinha um modelo exemplar de geração com hidrelétricas que produziam e armazenavam energia. Quando deixamos de construir reservatórios, perdemos a capacidade de guardar o que geramos. Agora, estamos desperdiçando energia porque não temos onde estocá-la”, resumiu Braga.

O efeito dominó do mau planejamento

O senador lembrou que o descompasso entre geração, armazenamento e consumo gerou uma consequência direta: o aumento exponencial da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que cobre custos e subsídios do setor e é pago por todos os consumidores.
Em 2025, a CDE chegou a R$ 55 bilhões, e, sem a MP 1304, as projeções indicavam que o valor poderia ultrapassar R$ 70 bilhões até 2027. A nova legislação, portanto, freia esse crescimento e impede que a sobrecarga recaia novamente sobre o consumidor residencial.

Braga argumenta que a medida traz mais previsibilidade e equidade ao setor, ajustando mecanismos de compensação e limitando repasses injustos à tarifa. “Essa correção evita que a classe média continue bancando o preço do improviso e da falta de planejamento”, disse.

Energia limpa, mas com planejamento

Defensor de uma transição energética responsável, Braga reconheceu os avanços das fontes renováveis, mas fez um alerta: o entusiasmo com o sol e o vento precisa vir acompanhado de planejamento técnico.
“O Brasil tem a matriz energética mais diversificada do mundo e, ainda assim, paga uma das contas mais caras. Algo está errado nesse equilíbrio”, afirmou.

Para o senador, energia firme — aquela que garante fornecimento contínuo, 24 horas por dia — é o alicerce de qualquer projeto de desenvolvimento. “Sem energia firme, o país não atrai investimentos e perde competitividade. Data centers, indústrias e até o agronegócio dependem dela”, explicou.

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Reprodução

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O papel estratégico do gás natural

Durante o seminário, Braga destacou ainda o potencial do gás natural como combustível de transição. A MP 1304 autoriza o uso de parte dos recursos da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), empresa que administra os contratos de partilha do pré-sal, para financiar obras de infraestrutura de gás.

A medida permitirá expandir gasodutos e reforçar a segurança do sistema elétrico, reduzindo a dependência de fontes intermitentes. Para o senador, o gás natural, usado de forma inteligente, pode funcionar como elo entre a era fóssil e a descarbonização completa.
“É uma medida estratégica, que dá ao Brasil um sistema equilibrado, eficiente e flexível — capaz de crescer com energia estável e de baixo custo”, afirmou.

Evitar novos apagões e gargalos

O parlamentar também alertou para os efeitos colaterais da expansão desordenada da microgeração eólica e solar. Segundo ele, muitos empreendimentos foram instalados sem infraestrutura de transmissão adequada, o que tem sobrecarregado o sistema e provocado desligamentos automáticos, como o ocorrido na usina de Belo Monte, em agosto de 2025.

“Não adianta produzir energia limpa se ela não chega ao consumidor. A sustentabilidade precisa incluir a confiabilidade do sistema”, disse Braga, reforçando a importância de uma regulação mais criteriosa.

Um novo pacto energético

Para Braga, a MP 1304 simboliza o início de um pacto energético entre Estado, mercado e consumidores. Ao redistribuir custos, estimular o investimento em gás e fortalecer o planejamento integrado, o Brasil dá um passo para sair do ciclo de improvisos e dependência tarifária.
A ideia é construir um sistema híbrido, em que as fontes limpas crescem lado a lado com tecnologias que asseguram estabilidade e previsibilidade.

“Não se trata de escolher entre energia limpa ou energia firme. Precisamos das duas, lado a lado, garantindo um país competitivo e sustentável”, concluiu.

Lançamento em São Paulo debate como a transição energética reproduz desigualdades globais

No dia 7 de Novembro de 2025, a Fundação Rosa Luxemburgo e a Editora Funilaria irão promover em São Paulo o lançamento da edição brasileira da obra “Alemanha limpa, Sul explorado: os custos da transição energética alemã para o mundo”, paralelamente à estreia da coleção “Politizando o Clima: poder, territórios e resistências”. A atividade acontecerá das 16h às 18h30, no Centro de Pesquisa e Formação do SESC, localizado na Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar, Bela Vista, em São Paulo. A entrada é gratuita e aberta a todos os interessados.

A publicação base desta iniciativa provém da edição alemã realizada pela Rosa‑Luxemburg‑Stiftung, que se debruça sobre as contradições contidas na política energética alemã e o impacto que esse modelo exerce sobre países do Sul Global – com estudos de casos em México, Indonésia, Sérvia, Namíbia, Chile e Brasil. O prefácio identifica o padrão como “colonialismo verde”: isto é, uma configuração de relações de poder e extração que se replica sob o rótulo de neutralidade de carbono.

Ao investigar a mineração de cobre, níquel e lítio, bem como projetos de hidrogênio verde, o texto demonstra que o que se apresenta como “solução climática” pode, na prática, reproduzir — em nova roupagem — lógicas de exploração de recursos naturais, dependência econômica e violação de direitos humanos que marcaram fases anteriores de expansão capitalista. No capítulo dedicado ao Brasil, a obra analisa criticamente como os acordos e os investimentos alemães no setor de energia e hidrogênio no país reverberam implicações neocoloniais.

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Energia Limpa – Agencia Brasil

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O lançamento dessa edição no Brasil não se limita à formalidade editorial. Ele marca também a abertura de um debate urgente: se a transição energética global pode realmente ser justa e equitativa, ou se está simplesmente replicando relações assimétricas entre Norte e Sul. A nova coleção “Politizando o Clima: poder, territórios e resistências” assume esse desafio, reunindo pesquisadores e pesquisadoras que investigam as dimensões de classe, raça, gênero e espacialidade nos processos energéticos e climáticos contemporâneos. Nesse sentido, o evento será um espaço de diálogo entre vozes diversas e críticas, que buscam desmontar a retórica técnica e revelar as implicações políticas da “transição”.

Entre os participantes do debate estão Alexandra Montgomery, diretora de Programas da Anistia Internacional Brasil; Anna Fünfgeld, pesquisadora do grupo de excelência CLICCS da Universidade de Hamburgo; Gabriel Strautman, economista e mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ; e Fabrina Furtado, professora do CPDA/UFRRJ. A mediação estará a cargo de Luís Brasilino, jornalista e editor do Le Monde Diplomatique Brasil.

Do ponto de vista interpretativo, esse lançamento funciona como um espelho crítico: ele lança luz sobre a forma como países do Norte global podem transferir os custos ambientais, sociais e de direitos humanos para países do Sul enquanto projetam externamente uma imagem de “liderança” climática. A transição energética, quando desvinculada de diálogos estruturados sobre poder e sobre compensação real, corre o risco de manter, ou até reforçar, estruturas de dominação. A obra e a coleção que o acompanham propõem justamente virar esse espelho: fazer com que os territórios historicamente vulnerabilizados ganhem voz — e que o debate climático incorpore de fato as dimensões destes impactos.

Além disso, o evento evidencia a importância de tornar visível o entrelaçamento entre energia, justiça e economia política. Em vez de enxergar a transição só como tecnologia, metas ou mercados de carbono, o lançamento destaca que ela se dá em um ambiente de relações políticas e de poder que atravessam fronteiras, classes e geografias. A edição brasileira, ao ser lançada em São Paulo, conecta o debate global à realidade local, oferecendo um ponto de inflexão para repensar quais caminhos são seguidos na implementação de soluções climáticas — e para quem essas soluções realmente funcionam.

Finalmente, a iniciativa abre uma janela para ação: o lançamento não é apenas acadêmico ou simbólico — ele convida o público para refletir, participar e responder à pergunta: quem está pagando o preço da transição energética? E quais alternativas são possíveis? Ao posicionar o evento como parte de uma coleção que entende a crise climática como um terreno de luta por poder, territórios e resistências, ele reafirma que justiça climática não pode ser subordinada apenas a parâmetros técnicos ou econômicos — ela exige análise, mobilização e transformação real.

Serviço

Data: 7 de novembro de 2025
Horário: 16h às 18h30
Local: Centro de Pesquisa e Formação do SESC — Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar, Bela Vista, São Paulo – SP
Publicação: Alemanha limpa, Sul explorado: os custos da transição energética alemã para o mundo
Também será lançado: Coleção Politizando o Clima: poder, territórios e resistências
Atividade gratuita
Realização: Fundação Rosa Luxemburgo e Editora Funilaria

Brasil na vanguarda da navegação limpa: hidrogênio verde estreia na COP30

O Brasil desponta como protagonista de uma agenda que poucos imaginaram ocupar com tanta visibilidade: a descarbonização do transporte marítimo. Sob os holofotes da COP30, a ser realizada em Belém, uma aliança liderada pelo Grupo Náutica, sob o comando de Ernani Paciornik, vem transformando essa visão em realidade com o ambicioso projeto JAQ Hidrogênio. Tecendo parcerias com nomes como Itaipu Parquetec, GWM, MAN, Artefacto, Café Orfeu e Heineken, o movimento reafirma que o futuro “Net Zero” pode começar nas águas brasileiras.

A primeira peça dessa jornada é o barco JAQ H1, com 36 metros de comprimento e uma área equivalente a cerca de 400 m², concebido como laboratório flutuante. A estreia deste navio está marcada para 9 de novembro, véspera da abertura oficial da COP30, com operação elétrica a baterias de lítio — uma medida temporária que mantém o sistema de hidrogênio verde pronto para uso. Conforme descrevem os idealizadores, trata-se de uma plataforma para pesquisa em biomas marinhos e fluviais e educação ambiental, com “hotelaria” a bordo preparada para funcionar com hidrogênio – um símbolo do Brasil assumindo protagonismo tecnológico e climático.

O projeto está organizado por fases. Na primeira, durante 2025, o barco H1 será apresentado oficialmente na COP30, com sistema de hotelaria pronto para funcionar com hidrogênio verde. Na segunda fase, em abril de 2026, o navio será equipado com motores híbridos (em parceria com a MAN) e passará a reduzir emissões de até 80% durante a navegação. A terceira fase, planejada para 2027, prevê o lançamento do barco H2, de 50 metros, com tecnologia de produção de hidrogênio a bordo a partir da água do mar — dessalinização, eletrólise e células de combustível, num ciclo fechado e 100% livre de emissões.

Por trás desse cronograma há parcerias fundamentais. A Itaipu Parquetec, braço tecnológico da Itaipu Binacional, garante a produção do hidrogênio através de eletrólise alimentada por energia renovável, colocando o Brasil não apenas como palco, mas como fornecedor de soluções tecnológicas de ponta. A GWM e a MAN participam com expertise industrial em tecnologia de propulsão e células de hidrogênio. A Artefacto cuida da hotelaria e design de alto padrão. Heineken e Café Orfeu, por sua vez, entram como apoiadores estratégicos voltados à sustentabilidade, ampliando a repercussão e o impacto social do projeto.

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Divulgação

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O acordo com o Porto do Açu, a partir de 2026, para realização de estudos de viabilidade comercial, ambiental, jurídica e contábil reforça essa escala de ambição. O Brasil assume, desta forma, um papel duplo: o de palco da COP30 e o de laboratório global de navegação sustentável. Como observou o professor Irineu Colombo, diretor-superintendente da Itaipu Parquetec, “colocamos o Brasil na vanguarda da descarbonização do setor náutico”.

Há várias camadas de significado nesse movimento. Primeiro, ele demonstra que a transição energética não está reservada apenas aos transportes terrestres ou à geração elétrica: o transporte marítimo, historicamente um dos modais mais difíceis de descarbonizar, entra na linha de frente. Segundo, ao incorporar tecnologia e design nacional com parcerias internacionais, o projeto reafirma a competência brasileira em inovação tecnológica e sustentabilidade — e o faz reunindo uma cadeia diversa: tecnologia, indústria naval, hotelaria, cafés, bebidas, design. Terceiro, o protagonismo do Brasil se dá numa sala global: apresentar a embarcação na COP30 em Belém torna o país mais do que um participante da conferência — o torna palco e ator de seu próprio percurso de inovação climática.

Mas, como toda ambição, há desafios. O abastecimento de hidrogênio verde ainda esbarra na escala, na infraestrutura logística e no custo. Na fase inicial o barco operará com baterias elétricas por conta das exigências logísticas em Belém, antes de atingir a operação plena com hidrogênio. Há de fato uma estratégia de mitigação de risco, que começa por um sistema híbrido — o que é prudente, mas também evidencia que a maturidade tecnológica ainda está por vir. Portanto, o modelo serve tanto como laboratório quanto como vitrine: testar, documentar, provar que funciona e escalar. O símbolo da COP30 é, portanto, tão importante quanto a prática diária que virá depois.

Esse tipo de iniciativa também sinaliza para mercados internacionais: investidores, operadores portuários, estaleiros, autoridades regulatórias, que o Brasil está pronto para entrar na cadeia global da navegação neutra em carbono. Isso pode abrir mercado de exportação de tecnologia, de financiamento, de produção nacional. Fugir do “Brasil exportador de commodities” para o “Brasil exportador de tecnologia e soluções limpas” — essa é a ambição embutida. Como disse Paciornik: “Encontramos o parceiro ideal e juntamos os conhecimentos náutico e de navegação com o deles em hidrogênio”.

Em resumo, o projeto JAQ Hidrogênio representa mais do que barcos movidos a hidrogênio: representa o Brasil em movimento, disposto a liderar uma era mais limpa sobre as águas. A COP30 será sua vitrine, Belém seu palco, mas o que está em jogo é muito maior: um modelo replicável de descarbonização, com impacto em biomas, comunidades, indústria e economia. Se tudo der certo, o futuro zero-emissões da navegação poderá emergir de águas brasileiras — um símbolo e um salto rumo ao horizonte do transporte limpo.

Justiça Climática Sem Fronteiras: novo hub abre em Belém para conectar direito, dados e comunidades

No dia 11 de novembro, abrirá suas portas em Belém o Center for Climate Crime Analysis (CCCA) e Climate Hub, sob o evento intitulado “Justiça Climática Sem Fronteiras” — uma iniciativa que se inscreve no centro de intersecção entre direito, meio ambiente e economia. O encontro tem como objetivo articular o que normalmente são frentes separadas da agenda climática: os impactos locais, as comunidades vulneráveis e os mecanismos jurídicos transnacionais de responsabilização.

A CCCA atua justamente na tríade ambiental-econômica-jurídica das mudanças climáticas, procurando desenvolver respostas que elevem a noção de responsabilidade climática além das tradicionais metas de emissões. Sua abordagem reconhece que os danos às comunidades e ecossistemas se vinculam a dinâmicas econômicas globais e a lacunas jurídicas — e que só haverá avanço real se esses três eixos forem articulados. A inauguração do Climate Hub representa, portanto, mais do que uma cerimônia: é o lançamento de um espaço de encontro, debate e mobilização para o período da COP30, que será realizada em Belém.

Localizado no coração da Cidade Velha, o espaço estará aberto ao público, de entrada gratuita e sem necessidade de credenciais ou inscrições prévias — uma escolha estratégica que traduz a ambição do evento de transcender círculos fechados e convidar cientistas, advogados, lideranças indígenas, ativistas e cidadãos interessados a participarem desse diálogo crucial. Ao longo do dia, quatro painéis discutirão como o conhecimento produzido nos territórios pode orientar a atuação jurídica internacional, e de que forma a litigância climática — isto é, as ações legais voltadas ao impacto das mudanças do clima — pode fortalecer lutas locais por justiça.

Segundo o diretor executivo da CCCA, Colin Black, o evento reflete o cerne do trabalho da organização: “transformar a forma como o mundo entende e enfrenta os crimes climáticos, revelando suas conexões com o sistema econômico global e promovendo uma verdadeira responsabilização por seus impactos”. Em outras palavras, a proposta é ir além das promessas e dos compromissos públicos para fazer com que os danos — sobretudo os sofridos por comunidades vulneráveis — sejam efetivamente incorporados nos mecanismos jurídicos e de governança.

Entre os painéis, haverá destaque para a voz dos povos originários, com presença confirmada de Elias Munduruku, liderança indígena do Território Planalto Santareno. Ele ressalta que ocupar esse espaço ao lado de juristas, advogados e aliados constitui “uma oportunidade de fortalecer nossa voz e garantir que as decisões sobre o clima considerem a voz dos povos originários”. Essa ênfase traduz a ideia de que a justiça climática não pode ser apenas técnica ou institucional — ela deve ser profundamente política, enraizada nas experiências vividas daqueles que estão na linha de frente da crise.

O evento reunirá um leque de especialistas da América Latina e de outros continentes, por meio de organizações como Global Witness, Mighty Earth, ClientEarth, Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Advocacia‑Geral da União, Ministério Público Federal, African Climate Alliance, Foundation for International Law for the Environment (FILE), Instituto Clima e Sociedade (iCS) e Fern, entre outros parceiros. Essa diversidade destaca a natureza verdadeiramente transnacional das discussões, e reflete a constatação de que os marcos de responsabilização estão sendo forjados não apenas em tribunais nacionais, mas em fóruns globais.

1759787623765-400x290 Justiça Climática Sem Fronteiras: novo hub abre em Belém para conectar direito, dados e comunidades

VEJA TAMBÉM: O seguro também pode salvar o clima: MAPFRE apresenta novo modelo na COP30

Nos últimos 18 meses, uma série de decisões judiciais importantes reforçou essa tendência. A Corte Internacional de Justiça (CIJ), por exemplo, emitiu uma opinião histórica afirmando que todos os Estados têm dever legal de proteger o clima contra emissões antropogênicas — e que a omissão pode configurar ato internacionalmente ilícito. Em paralelo, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) concluiu que os Estados devem proteger direitos humanos para garantir a estabilidade climática. Ainda, a Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) sentenciou que as políticas climáticas da Suíça violaram direitos humanos, e o Tribunal Internacional do Direito do Mar (TIDM) entendeu que as emissões de gases de efeito estufa absorvidas pelos oceanos configuram poluição marinha. Essas decisões consolidam uma nova arquitetura jurídica da mudança climática — que reconhece que a responsabilidade não é apenas moral nem técnica, mas vinculante.

Num plano prático, as sessões do evento explorarão como essas decisões podem ser transformadas em estratégias nacionais e locais: como governos, autoridades públicas e sociedade civil podem traduzir deveres jurídicos e responsabilidades corporativas em fiscalização efetiva, em instrumentos regulatórios e em litígios que funcionem. Será debatido, também, como instrumentos como o Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR) ou a Moratória da Soja se inserem nessa lógica – suas fortalezas, fragilidades e implicações para territórios ameaçados.

O encerramento do dia será marcado por um chamado à ação: conectar políticas públicas, fiscalização e experiências de campo para articular compromissos globais com realidades locais. Em sua essência, o evento propõe que não há mais espaço para tratarmos a crise climática como algo distante ou técnico — ela está em atuação e exige aliança entre comunidades, saberes científicos, direito e poder institucional. Ao reunir essa diversidade de vozes e enfoques em Belém, o CCCA Climate Hub busca semear não apenas discursos, mas mobilização concreta.

PROGRAMA COMPLETO

10:00 – 10:15
Fala de abertura
Colin Black, Diretor executivo (CCCA)

10:30 – 12:00
Que lições as experiências latino-americanas oferecem sobre como a litigância transnacional pode proteger ecossistemas, direitos e vidas?

Laura Furones (Global Witness)
Glenn Hurowitz (Mighty Earth)
Laura Clarke (ClientEarth)
Dinaman Tuxá (APIB)
Nora Cabrera (Nuestro Futuro)
Mariana Cirne (CASP, Professor do IDP e CEUB)
Teresa Villac (AGU – Procuradora-Chefe da Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente)
Mediador: Caio Borges (FILE – Diretor para América Latina)

12:00 – 13:00
Estratégias Jurídicas para Impulsionar a Ação Governamental e Empresarial à Luz das Opiniões Consultivas

Yujung Shin (Solutions for Our Climate – SFOC)
Celiwe Shivambu (African Climate Alliance)
Helena Rocha (CEJIL)
Nine de Pater (Miliudefensie)
Mediador: Ben Batros, Diretor de Estratégia Legal (CCCA)

13:30
Intervalo para almoço

15:30 – 17:00
O Papel das Autoridades na Ação Jurídica Climática

Daniel Azeredo – (MPF)
Natália de Melo Lacerda – (AGU)
Gabriel Mantelli (LACLIMA)
Walter Simoni (iCS)
Mediadora: Alice Thuault (Instituto Centro de Vida)

17:00 – 18:30
Painel de encerramento: Um chamado para ação

Elias Munduruku (Território Munduruku Planalto Santareno)
Bruno Morais (CCCA)
Txai Surui (Kanindé)
Igor Spíndola (MPF)
Nicole Posterer (FERN)
Mediadora: Giulia Bondi (Global Witness)

18:30 – 19:00
Palavras finais

19:00 – 21:00
Confraternização

LOCAL

Abertura do CCCA Climate Hub: Justiça Climática Sem Fronteiras
Endereço: Travessa Capitão Pedro Albuquerque, 395, Cidade Velha, Belém
Data: November 11, 2025
Horário: 10 a.m. às 9 p.m.
Como chegar: Google Maps

Natura apresenta na COP30 sua visão de regeneração e soluções para o futuro da Amazônia – TED Countdown House

Durante a COP30, em Belém (PA), a Natura levará ao palco da TED Countdown House uma mensagem que vai além da sustentabilidade: a regeneração como caminho para o futuro do planeta e da Amazônia.
Entre os dias 8 e 20 de novembro, a iniciativa reunirá lideranças globais, cientistas, empreendedores e ativistas em torno de soluções concretas para o enfrentamento da crise climática. A Natura participa como patrocinadora e protagonista de conteúdo nos dias 11 e 13 de novembro, além de promover um jantar temático sobre regeneração e sociobiodiversidade.

“Estar nesse espaço que reúne diálogos de alto nível de uma forma inclusiva e criativa é essencial para avançarmos no caminho rumo à regeneração”, afirma Ana Costa, Vice-presidente de Sustentabilidade, Jurídico e Reputação Corporativa da Natura.


Programação da Natura na TED Countdown House

A agenda da Natura dentro da programação da TED Countdown House destacará finanças inovadoras, natureza e tecnologia, políticas regenerativas, inovação disruptiva e resiliência climática.
O foco é mostrar como modelos de negócio podem ser motores da regeneração — e não apenas da mitigação dos danos ambientais.

Um dos destaques será a apresentação do Mecanismo de Financiamento Amazônia Viva, desenvolvido pela companhia como uma ferramenta de finanças mistas para fortalecer a sociobioeconomia amazônica. O mecanismo apoia cadeias produtivas sustentáveis, une conservação de florestas e geração de renda, e incentiva a inovação comunitária e tecnológica na região.

A Natura também participará de painéis e workshops colaborativos, entre eles:

  • Painel sobre mulheres e resiliência climática, com foco na liderança feminina em iniciativas de adaptação e regeneração.
  • Workshop “Futuro Regenerativo”, que discutirá novos modelos de negócios baseados na restauração de ecossistemas e inclusão social.

Um chamado à regeneração

A presença da Natura na COP30 reforça sua visão de que a Amazônia é um ativo global essencial para o equilíbrio climático e social, e de que o setor privado precisa assumir protagonismo no desenvolvimento de soluções regenerativas.
A participação na TED Countdown House simboliza o diálogo entre ciência, cultura, tecnologia e propósito — um espaço em que a beleza se conecta com a conservação e o impacto positivo.


Sobre a Natura

Fundada em 1969, a Natura é uma multinacional brasileira líder em beleza e cuidados pessoais na América Latina. Eleita há 11 anos consecutivos como a empresa mais responsável em ESG pelo ranking Merco, é também a companhia de melhor reputação do Brasil.

Pioneira no uso de bioativos da sociobiodiversidade amazônica, a Natura atua há mais de 25 anos em parceria com comunidades extrativistas, beneficiando milhares de famílias e contribuindo para conservar 2,2 milhões de hectares de floresta.

Foi a primeira empresa de capital aberto no mundo a receber a certificação B Corp, em 2014, reconhecida por unir lucro e impacto socioambiental positivo.
Com operações em 14 países da América Latina, seus produtos estão disponíveis por meio de 3 milhões de consultoras, e-commerce, aplicativo e mais de mil lojas físicas.

Mais informações em: www.natura.com.br

O seguro também pode salvar o clima: MAPFRE apresenta novo modelo na COP30

Enquanto Belém se transforma no centro das discussões globais sobre o clima, a MAPFRE apresenta duas iniciativas inéditas durante a COP30. A seguradora promoverá, no dia 18 de novembro, a partir das 10h, dois painéis na Casa do Seguro — espaço da CNSeg localizado na Travessa Alferes Costa, nº 2828, bairro Pedreira, a poucos metros da entrada da Blue Zone.

Com especialistas do Brasil e do exterior, a programação discutirá os impactos econômicos da crise climática, o papel do setor de seguros na adaptação e na mitigação de riscos, e novas formas de proteção para o mercado de carbono e as florestas brasileiras.

 O seguro também pode salvar o clima: MAPFRE apresenta novo modelo na COP30


Painel 1 – Adaptação Climática e Finanças Sustentáveis: Caminhos para a Resiliência

O primeiro debate parte de um estudo inédito desenvolvido pela MAPFRE Economics, que analisa o custo crescente dos eventos climáticos extremos e a chamada “brecha de proteção” — diferença entre as perdas causadas por desastres e o que é efetivamente coberto pelos seguros.

O levantamento revela que, com o avanço das mudanças climáticas, essa lacuna tende a aumentar, afetando famílias, empresas e governos. A solução pode estar em novos instrumentos financeiros, como seguros paramétricos, cat bondse parcerias público-privadas, capazes de reduzir a vulnerabilidade e fortalecer a resiliência social.

Participantes confirmados:

  • Ricardo González García, diretor de análise e estudos setoriais da MAPFRE Economics (Espanha)

  • Paulo Artaxo, físico e membro do IPCC

  • Vinicius Brand, subsecretário do Ministério da Fazenda

  • Carlos “Cacá” Takahashi, chairman da BlackRock Brasil e vice-presidente da ANBIMA
    Moderação: Mónica Zuleta, diretora corporativa de sustentabilidade da MAPFRE


Painel 2 – O Papel do Setor de Seguros na Consolidação do Mercado de Carbono

No segundo painel, a MAPFRE apresentará pela primeira vez um novo modelo de seguro ambiental voltado à proteção de florestas e à integridade do mercado de carbono. O produto busca oferecer garantia e credibilidade às transações de créditos de carbono e aos projetos de reflorestamento não comercial.

Participantes:

  • David Canassa, CEO da Reservas Votorantim

  • Flora Bitancourt, diretora da World Climate Foundation no Brasil

  • Aloísio Lopes Pereira de Melo, secretário nacional de Mudança do Clima (MMA)
    Moderação: Fábio Damasceno, diretor técnico de seguro rural da MAPFRE

“O Brasil tem a chance de liderar uma nova economia, em que conservar é também investir no futuro. O seguro pode ser parte da solução climática, apoiando políticas e investimentos baseados em dados, inovação e cooperação”, afirma Fátima Lima, diretora de sustentabilidade da MAPFRE Brasil.


Credenciamento de Imprensa

Jornalistas interessados em acompanhar os painéis devem solicitar credenciamento pelo e-mail [email protected]. As vagas são limitadas e sujeitas à confirmação.

Data: terça-feira, 18 de novembro
Horário: a partir das 10h (horário local)
Local: Casa do Seguro – Travessa Alferes Costa, nº 2828, bairro Pedreira, Belém (PA)


Sobre a MAPFRE

Presente no Brasil desde 1992, a MAPFRE é o grupo multinacional líder em seguros na América Latina, com atuação em mais de 40 países e foco em crescimento sustentável. Em 2025, foi eleita a seguradora mais sustentável do país pelo Ranking da Atuação Socioambiental de Instituições Financeiras (RASA).

Com metas de neutralizar suas emissões até 2030 e tornar-se NetZero até 2050, a MAPFRE também compensa toda a sua pegada de carbono no Brasil desde 2024. O grupo integra o Pacto Global da ONU e os Princípios para a Sustentabilidade em Seguros (PSI).

Mais informações em: www.casadoseguro.org.br

Como se locomover em Belém durante a COP30? Veja as principais linhas de ônibus criadas para o evento

De 10 a 21 de novembro de 2025, Belém se torna o centro do debate climático mundial ao sediar a COP30.
Com milhares de pessoas circulando entre espaços oficiais, eventos paralelos e atividades culturais, a cidade preparou um plano especial de mobilidade para garantir deslocamentos rápidos, sustentáveis e acessíveis.

O sistema inclui ônibus dedicados 24 horas, áreas exclusivas para táxis e aplicativos, mobilidade ativa com bikes e patinetes elétricos, e rotas integradas à Blue Zone e à Green Zone, localizadas no Parque da Cidade.

image-1600-cdf8a06618642283e0a6a45a3f0e8186-400x267 Como se locomover em Belém durante a COP30? Veja as principais linhas de ônibus criadas para o evento
Foto: Alex Ribeiro / Ag. Pará


🗺️ Onde acontecem os principais eventos da COP30

  • Parque da Cidade — eixo central da conferência, entre as avenidas Júlio César, Brigadeiro Protásio e Senador Lemos.

  • Blue Zone: área restrita para delegações, autoridades e imprensa.

  • Green Zone: aberta ao público, com pavilhões culturais, estandes e ações da sociedade civil.


🚖 Transporte para a Blue Zone

Táxi

  • Ponto oficial: Av. Visconde de Inhaúma (entre Av. Dr. Freitas e Trav. Alferes Costa)

  • Operação: 24h por dia

Aplicativos de transporte (Uber e 99)

  • Ponto de embarque/desembarque: Av. Rômulo Maiorana

  • Operação: 24h

Mobilidade ativa

  • Ciclovias e bicicletários ao redor do Parque da Cidade

  • Desconto especial: 3 primeiras viagens gratuitas no app Jet Scooter Sharing

Veículos particulares

  • Não haverá estacionamento no local.

  • Embarque/desembarque apenas na Av. Duque de Caxias.

Ônibus público (Belém)


🚌 Ônibus dedicados COP30

Durante o evento, 15 linhas exclusivas e gratuitas farão a ligação entre a Blue Zone e os principais bairros e distritos de Belém e da Região Metropolitana.
Os ônibus circulam 24h por dia, de 1º a 23 de novembro, com identidade visual COP30 e frequência reforçada nos horários de pico.

Frequência média

  • Pico (6h–10h): a cada 5–10 minutos

  • Entre 10h e 17h: a cada 30 minutos

  • 22h–6h: a cada 60 minutos

Mapa interativo das paradas:
🔗 Acesse aqui no Google Maps


As 15 linhas dedicadas da COP30

Veja a aparência do ônibus da COP30:

 Como se locomover em Belém durante a COP30? Veja as principais linhas de ônibus criadas para o evento
Ônibus COP30 – Fonte: Divulgação

🚌 Linha 1 | COP – Outeiro

Atende quem se hospedar ou estiver na ilha de Outeiro, com trajeto direto até o Parque da Cidade.
📍 Terminal de Outeiro (CDP) → Blue Zone
⏰ Pico: a cada 5 minutos


🚌 Linha 2 | Circular – Parque

Percurso interno de circulação ao redor do Parque da Cidade, conectando avenidas Dr. Freitas, Senador Lemos e Pedro Álvares Cabral.
Ideal para deslocamentos curtos entre as zonas Blue e Green.
⏰ Pico: a cada 10 minutos


🚌 Linha 3 | COP – Presidente Vargas

Conecta o centro histórico de Belém à COP30, passando por vias como Presidente Vargas, Batista Campos, Gentil Bittencourt e Almirante Barroso.
Boa opção para quem se hospedar nas regiões centrais.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 4 | COP – Aeroporto/Outeiro

Atende diretamente o Aeroporto Val-de-Cans, seguindo até Outeiro.
Ideal para quem chega ou parte de voos durante a conferência.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 5 | COP – Condomínios

Serve a Av. Júlio César e a Rodovia Augusto Montenegro, passando por condomínios e centros comerciais (Grão-Pará, Greenville, Fit Mirante).
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 6 | COP – Pedro Miranda

Conecta áreas tradicionais de Belém, como Pedreira e Umarizal, com pontos na Pedro Miranda, Alcindo Cacela e Almirante Barroso.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 7 | COP – Mário Covas

Atende a região metropolitana via BR-316 e Rodovia Mário Covas, com pontos próximos a hotéis e centros empresariais.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 8 | COP – Ver-o-Peso

Ideal para visitantes hospedados no centro histórico. Passa por Nazaré, Generalíssimo, Tamandaré e Boulevard Castilho França.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 9 | COP – Icoaraci

Ligação direta entre o distrito de Icoaraci e a COP30, passando por Rod. Augusto Montenegro e Av. Júlio César.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 10 | COP – Jurunas

Serve a região do Jurunas e áreas próximas à Presidente Vargas e Alcindo Cacela.
Boa alternativa para quem está na zona oeste da cidade.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 11 | COP – Marambaia/UFPA

Liga a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o bairro Marambaia à COP30, com paradas na Av. Perimetral e Bernardo Sayão.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 12 | COP – Castanhal

Atende o município de Castanhal, a 65 km de Belém, via BR-316.
Opção para quem participa de eventos e fóruns na Região Metropolitana.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 13 | COP – Benevides

Rota conectando Benevides, Ananindeua e Belém, com paradas próximas a hotéis e áreas residenciais ao longo da BR-316.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 14 | COP – Mosqueiro

Liga o distrito de Mosqueiro (ilha turística de Belém) ao Parque da Cidade, via Av. 16 de Novembro e BR-316.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🚌 Linha 15 | COP – Mosqueiro Vila

Versão ampliada da linha 14, atendendo os bairros da Vila e Beira-Mar de Mosqueiro, com paradas adicionais em comunidades locais.
⏰ Pico: a cada 6 minutos


🌿 Transporte para a Green Zone (aberta ao público)

Táxi e Aplicativos

  • Acesso principal: Av. Senador Lemos

  • Operação: 24h

Bicicleta e Patinete

  • Bicicletários e estações elétricas próximos à entrada

  • Aplicativo: Jet Scooter Sharing

Ônibus público

  • Parada mais próxima: Av. Almirante Barroso


💡 Dicas de mobilidade durante a COP30

  • Use os ônibus dedicados — são gratuitos, seguros e 24h.

  • Programe-se com antecedência: os horários de pico vão das 6h às 10h.

  • Prefira transporte coletivo: não há estacionamento no Parque da Cidade.

  • Baixe os apps Uber, 99 e Jet Scooter Sharing antes de chegar.

  • Guarde sua credencial COP30 — ela será exigida para usar as linhas exclusivas.


🔗 Mais informações

 

Um festival dentro da COP30 promete reinventar o futuro — e começa pela Amazônia: conheça o Festival Coletivo na Casa Brasil

Durante a COP30, Belém será palco de um dos eventos mais inspiradores da conferência: o Festival Coletivo, que acontece de 6 a 21 de novembro como parte da programação da Casa Brasil COP30. A primeira edição do festival reúne vozes da floresta, da ciência, da arte, da economia e da sociedade civil em um grande encontro de ideias e experiências para discutir o futuro do planeta.

O evento é aberto ao público e traz uma agenda repleta de painéis nacionais e internacionais, exposição fotográfica, performances e atrações artísticas, propondo uma travessia pelos grandes dilemas e esperanças do nosso tempo. O Festival Coletivo foi idealizado pela GAEL e realizado em parceria com o Menos 1 Lixo, com curadoria de Wagner Andrade, Fê Cortez e Karla Braga.

“Queremos inspirar pessoas e mostrar que o engajamento individual tem poder coletivo. É sobre plantar, juntos, as sementes de outro mundo possível”, destaca Wagner Andrade, curador do festival e CEO do Menos 1 Lixo.

Entre os nomes confirmados estão Paul Watson (fundador da Sea Shepherd), Lucia Helena Galvão (Nova Acrópole), Juliana Schurmann, Thobile Chittenden, Maurício Pestana, Antonia Mascarenhas, e Nanda Baniwa, além de importantes lideranças amazônicas como Vanuza do Abacatal, Irlan Paixão e Ingrid Teles.

O festival conta com o patrocínio da Novelis, via Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e apoio das instituições Amazônia de Pé, Brasil Diverso, COJOVEM, Instituto AKATU, Nativa, Parley for the Oceans e Sea Shepherd Brasil.


Exposição “Povos Amazônicos”

Um dos destaques do Festival Coletivo é a exposição “Povos Amazônicos”, assinada pelo fotógrafo e documentarista Renato Soares, que há mais de 30 anos registra os povos originários da Amazônia.
A mostra reúne 50 fotografias de etnias como Yanomami, Kamayurá, Kuikuro, Kalapalo, Kaiapó e Waurá, apresentadas em um espaço imersivo e multissensorial, com sons, aromas e iluminação que simulam a floresta.

As imagens revelam o cotidiano, as tradições e os rituais de povos que mantêm vivas as relações entre natureza e cultura. Parte do acervo é dedicada ao ritual Kuarup, cerimônia de homenagem aos mortos ilustres entre os povos do Xingu, retratada por Renato Soares em memória do sertanista Orlando Villas-Bôas.


Os 10 Eixos Regenerativos do Festival

Inspirado nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o Festival Coletivo estrutura sua programação em 10 Eixos Regenerativos, que propõem uma travessia simbólica e concreta pelos caminhos da transformação:

  • Vitalidade – Bem-estar, saúde integral e o corpo-território

  • Educação – Educar para transformar

  • Visão – Inovar para servir à vida

  • Humanidade – Justiça social como pilar da transição

  • Alteridade – Incluir não é suficiente: é preciso descentralizar

  • Terra – Cuidar dos ecossistemas é cuidar de tudo

  • Unidade – Pacto social, confiança e governança

  • Clima – Emergência climática é agora

  • Finanças – O dinheiro precisa mudar de rota

  • Semente – Proteção da infância e futuro regenerativo


Programação Completa – Festival Coletivo (6 a 21 de novembro)

📍 Casa Brasil COP30 – Belém (PA)
🎟️ Entrada gratuita com retirada antecipada de ingressos em casabrasilcop30.com.br ou no app 4.events
📺 Transmissão ao vivo pelo canal Menos 1 Lixo Oficial


06/11 (quinta-feira)
🕕 18h – “Floresta de Mulheres e Vozes: guardiãs do futuro climático”


07/11 (sexta-feira)
🕓 16h – “Histórias para se contar ao redor do fogo”
Com Renato Soares e lideranças indígenas.


09/11 (domingo)
🕓 16h – “Águas que ensinam: rios e oceano como caminho de regeneração”
Com Antonia Mascarenhas (Parley for the Oceans) e Nanda Baniwa.

🕕 18h – “Educação que Regenera: aprendizados vivos da floresta ao mundo”
Com Roberta Pantoja, Izolena Garrido, Pedro Mota e João do Clima.


10/11 (segunda-feira)
🕓 16h – “Produzir, usar, recomeçar: o futuro em ciclo”
Com Elizabeth Shie (Novelis), Ingrid Teles (Ver-o-Fruto) e Wagner Andrade.


14/11 (sexta-feira)
🕓 16h – “Ética da Vida: saúde como ecossistema planetário”
Com Paul Watson, Lucia Helena Galvão e Fê Cortez.

🕕 18h – “O poder do indivíduo na regeneração planetária”
Lançamento do livro Menos 1 Lixo para uma vida mais sustentável, com Fê Cortez, Wagner Andrade e Lucio Vicente(Instituto Akatu).


15/11 (sábado)
🕕 18h – “Ações Coletivas que aceleram negócios e impacto positivo”
Com Bénédicte Peilon, Thobile Chittenden, Stella Moisan e Juliana Schurmann.


17/11 (segunda-feira)
🕕 18h – “Transição para quem? Raça, consumo e justiça climática no Brasil real”
Com Maurício Pestana, Vanuza do Abacatal, Gabriel Conrado e Zélia Amador.


18/11 (terça-feira)
🕓 16h – “Juventudes como sementes de mudança”
Com Marcele Oliveira, Karla Braga, Irlan Paixão e Ana Luiza Luz.


20/11 (quinta-feira)
🕓 16h – “O dinheiro que volta pra floresta: finanças regenerativas para uma transição justa”


Um convite à transformação

Mais do que um evento, o Festival Coletivo é uma plataforma de regeneração. Em meio à COP30, ele mostra que a Amazônia é não apenas o centro do debate climático, mas um laboratório de soluções reais, onde cultura, ciência e ancestralidade se encontram para redesenhar o futuro.


Assessoria de imprensa – Ipê Amarelo Comunicação
📩 Renata Pacheco Jordão[email protected] | 📞 (21) 99466-4316
📩 Matheus Viggo[email protected] | 📞 (91) 98404-4772

O legado da COP30: Belém ganha malha viária renovada com investimento da Itaipu

A capital paraense, Belém, entra na reta final de sua preparação para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontece de 10 a 21 de novembro. Nesta terça-feira (4), o Governo do Pará celebrou mais uma entrega fundamental: a revitalização da Avenida Duque de Caxias, um marco que simboliza a profunda transformação na infraestrutura viária da cidade, possibilitada por um robusto convênio com a Itaipu Binacional.

A realização da COP30 no Brasil, especialmente na Amazônia, foi definida pelo diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, como “estratégica para o País”. A empresa assumiu um papel protagonista, investindo um total de R$ 1,3 bilhão em obras essenciais para a conferência, em parcerias que abrangem os níveis federal, estadual e municipal. Estes investimentos estruturantes e sociais resultaram em projetos de grande impacto, como a requalificação e ampliação do Porto de Outeiro e a construção da Vila COP, além de tornarem a Itaipu parceira estratégica da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) na organização do evento.

Além de garantir a logística da conferência, a Itaipu se prepara para compartilhar suas experiências globais em diversas frentes cruciais durante a COP30, incluindo florestas e bioeconomia, governança participativa e transição energética justa, temas que ressoam com a missão socioambiental da capital paraense.

Belém em Nova Rota: Uma Malha Viária Estratégica

Na preparação para o evento climático, Belém está sendo dotada de uma malha viária substancialmente renovada, com a revitalização de mais de 200 vias urbanas. Deste total, oito são consideradas cruciais para a mobilidade durante a conferência.

O destaque fica por conta do convênio de R$ 150 milhões da Itaipu Binacional com o Governo do Pará, que viabilizou as melhorias nessas vias estratégicas, das quais a Avenida Duque de Caxias é um exemplo notável de legado para a população.

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Divulgação

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A Transformação da Avenida Duque de Caxias

A revitalização da Avenida Duque de Caxias, que consumiu um investimento de R$ 17,4 milhões da Itaipu, é uma obra emblemática. Com 2,5 quilômetros de extensão e cinco mil metros de pista de rolamento, a via é vital para desafogar o trânsito da área central de Belém, uma região de alta densidade populacional. Sua importância logística é inegável:

  • Está localizada a poucos metros do Hangar – Convenções e Feiras da Amazônia e do Parque da Cidade, que abrigarão os principais eventos da COP30.
  • Funciona como uma rota alternativa essencial para o acesso e saída do Aeroporto Internacional de Belém.

As obras, executadas pela Secretaria de Estado de Obras Públicas do Pará (Seop) e que geraram cerca de 200 empregos diretos, transcenderam a simples pavimentação. O governador Helder Barbalho ressaltou que a requalificação não apenas embeleza o espaço, mas eleva o bem-estar e estimula o lazer na região: “A requalificação não apenas deixa o espaço mais bonito, mas garante sinalização adequada, arborização e equipamentos públicos para prática esportiva, criando um ambiente coordenado para veículos, motocicletas, bicicletas e pedestres”, afirmou.

Detalhes de uma Obra Inclusiva e Moderna

O projeto da nova Duque de Caxias reflete uma visão de mobilidade urbana moderna e inclusiva. As melhorias abrangem:

  • Infraestrutura para Lazer: Instalação de academia ao ar livre, bancos, lixeiras, mesas de jogos e áreas de piquenique e espaço pet.
  • Mobilidade e Segurança: Nova pavimentação, iluminação totalmente em LED, sinalização moderna com equipamentos de inteligência e revitalização das rotatórias.
  • Conforto e Urbanismo: Instalação de travessias cobertas – uma inovação crucial em uma cidade equatorial como Belém, oferecendo abrigo contra sol e chuva. Os canteiros foram totalmente recuperados com floreiras, piso tátil, drenagem, grama e novas mudas.

O investimento massivo da Itaipu Binacional na infraestrutura de Belém demonstra que o legado da COP30 vai muito além da diplomacia climática, alcançando o cotidiano e a qualidade de vida dos cidadãos paraenses. A nova malha viária não é apenas um facilitador para o evento, mas uma base sólida para o desenvolvimento e a mobilidade urbana de uma metrópole que se projeta, agora, como um hub global.

Vozes da floresta na COP30: ISA apresenta roteiro socioambiental para uma transição justa

O Instituto Socioambiental (ISA) levará à 30ª Conferência das Partes (COP30), que ocorrerá de 10 a 21 de novembro em Belém/PA, um documento institucional crucial: “Caminhos Socioambientais para enfrentar as mudanças climáticas e promover uma transição justa”. Este material não é apenas uma declaração de princípios, mas uma sistematização robusta de caminhos e soluções climáticas enraizadas nas experiências milenares e práticas cotidianas de povos e comunidades tradicionais.

O documento reflete a visão consolidada do ISA, reforçando seu lema de que “socioambiental se escreve junto”. Ele demonstra, na prática, que o enfrentamento à crise climática está intrinsecamente ligado aos modos de vida e à proteção dos territórios de comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas.

O material sintetiza lições aprendidas em vastas áreas de atuação do ISA, abrangendo o bioma Mata Atlântica (notadamente no Vale do Ribeira, em São Paulo) e o bioma Amazônia (nas bacias do Rio Negro e do Xingu, que se estendem por Amazonas, Roraima, Pará e Mato Grosso). As dez recomendações do documento buscam inspirar negociações mais justas e eficazes, valorizando os saberes e práticas dos guardiões da floresta nos processos de tomada de decisão global.

 Dez Pilares para a Justiça Climática e a Proteção Territorial

O documento do ISA é um chamado direto aos negociadores e à comunidade internacional, apresentando uma agenda de soluções que são ao mesmo tempo justas, eficazes e de baixo custo.

1. Garantia e Proteção Territorial (Recomendações 1 e 4)

O cerne da estratégia é garantir o direito ao território: demarcação e proteção legal dos territórios tradicionais são vistas como o caminho mais eficaz e socialmente justo para proteger florestas, biodiversidade e serviços ecossistêmicos. A isso se soma a necessidade de investir em proteção territorial, combinando o conhecimento ancestral das comunidades com tecnologias de ponta, enquanto o Estado reforça sua presença para conter o avanço de atividades ilegais e do crime organizado.

2. Gestão e Economia (Recomendações 2, 3 e 10)

O apoio à gestão territorial e ambiental autônoma é um pilar da adaptação climática. O ISA defende o financiamento de ações que fortaleçam as práticas de manejo descentralizado.

Crucialmente, o documento pede a valorização e o fomento das Economias da Sociobiodiversidade, garantindo incentivos para que estas economias – que contribuem para Sistemas Alimentares Saudáveis – continuem prosperando. Mecanismos como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) devem ser desenhados de forma ampla, remunerando inclusive o trabalho de manutenção dos sistemas agrícolas tradicionais e da governança territorial. Finalmente, o financiamento climático deve ser ampliado e qualificado, priorizando o aporte direto de recursos para fundos conduzidos pelos próprios povos.

3. Saberes e Conhecimento (Recomendações 5, 6 e 7)

O reconhecimento dos saberes tradicionais é fundamental. O ISA advoga pela integração das práticas de manejo do fogo de povos indígenas e quilombolas nas estratégias de prevenção e combate a incêndios, o que exige capacitação conjunta entre comunidades e instituições estatais.

É vital apoiar e financiar as redes de comunicação e pesquisa comunitárias, pois elas são fontes essenciais de informação em tempo real e de difusão de soluções adaptativas. Na restauração ecológica, o material sugere priorizar projetos baseados na natureza e na valorização da sociobiodiversidade, como o uso da muvuca de sementes, garantindo metodologias mais eficientes, resilientes e economicamente viáveis.

4. Justiça e Inclusão (Recomendações 8 e 9)

A transição energética deve ser justa, evitando que a busca por fontes limpas agrave a pobreza energética ou impacte negativamente os territórios tradicionais. O modelo ideal é aquele construído com a participação comunitária, promovendo soluções locais e descentralizadas. Por fim, o documento clama por visibilizar e valorizar o papel das mulheres indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais, que estão na linha de frente da adaptação. É imperativo criar mecanismos financeiros específicos, no âmbito do financiamento climático, para associações e iniciativas protagonizadas por lideranças femininas na busca por Justiça Climática.

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Cassandra Mello/Teia Documenta/ISA

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ISA na COP30: Diálogo em Múltiplos Espaços

A apresentação deste documento marca o início de uma série de iniciativas que o ISA promoverá em Belém, em parceria com organizações da sociedade civil e redes de povos tradicionais. A atuação do instituto se estenderá por diversos locais da conferência e da cidade, incluindo a Zona Azul, a Zona Verde, a Agrizone, a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e o Museu Paraense Emílio Goeldi. O público-alvo para a distribuição do documento é amplo, englobando líderes comunitários, poder público, cientistas e organizações da sociedade civil.

A presença do ISA e o lançamento deste roteiro de dez recomendações garantem que as vozes e as práticas de quem vive na floresta terão um espaço central no maior debate climático do mundo, assegurando que as decisões tomadas em Belém promovam, de fato, uma transição socioambiental justa.