O Código se Curva à Inovação: Low-Code, IA e a Reinvenção Tecnológica no Brasil

Houve um tempo em que programar significava atravessar vastas planícies de linhas de código, um labor minucioso e exaustivo que, se por um lado moldava a espinha dorsal da revolução digital, por outro exigia tempo, mão de obra especializada e paciência.

Low-code e a inteligência artificial

Esse tempo, ao que tudo indica, está ruindo. Sob o impacto de forças gêmeas, o low-code e a inteligência artificial, o desenvolvimento de software assume contornos cada vez mais acessíveis, rápidos e integrados às necessidades de um mercado que não espera.

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No coração desse novo paradigma, o Brasil surge como terreno propício à metamorfose. Em vez de espectador, torna-se protagonista, adaptando-se com velocidade e apetite às potencialidades que essas tecnologias oferecem. As cifras ajudam a contar essa história: segundo a Gartner, 70% dos novos aplicativos até 2025 serão construídos com pouco ou nenhum código. A Forrester complementa: 87% dos desenvolvedores corporativos já utilizam plataformas low-code em algum grau. Os números não são meras projeções. São sintomas de uma mudança em curso, talvez irreversível.

Soluções digitais

A lógica por trás do low-code é simples, mas revolucionária. Ao reduzir a dependência de linguagens de programação complexas, ele democratiza a criação de soluções digitais. Permite que equipes menores, por vezes não tão especializadas, desenvolvam produtos robustos em tempo recorde. Não se trata apenas de acelerar o ciclo de desenvolvimento, mas de liberar as mentes técnicas para focarem no essencial: a estratégia de negócio, o valor entregue ao cliente, a inovação contínua.

Mas o low-code, sozinho, não responde às complexidades de um mercado moldado por consumidores exigentes e imprevisíveis. Entra, então, a inteligência artificial como complemento natural, quase orgânico. Juntas, essas tecnologias formam uma espécie de simbiose operacional. A IA analisa comportamentos, antecipa demandas, sugere soluções. O low-code traduz essas percepções em produtos tangíveis, interfaces intuitivas, experiências personalizadas. É um ciclo virtuoso: quanto mais dados, melhor a IA; quanto mais adaptabilidade, melhor o low-code.

Potencial

Empresários e especialistas brasileiros têm percebido o potencial dessa união. Carol Cabral, à frente da Nimbi, relata que com low-code, um módulo que levaria um ano e meio para ser finalizado ficou pronto em três meses. A Sys Manager, por sua vez, combina IA para prever preferências e LC para construir rápido. Resultados? Maior produtividade, menos erros, custos controlados. Essa eficiência não é apenas um diferencial competitivo. É o novo normal.

No horizonte, despontam os turingbots, agentes de IA que auxiliam desde a escrita de código até a automação de testes. Eles anunciam um futuro em que a inteligência generativa e a engenharia de software se entrelaçam profundamente. As chamadas plataformas AppGen caminham nessa direção: ambientes unificados que integram análise, segurança, desenvolvimento e entrega. Com turingbots, espera-se uma maturidade que tornará o desenvolvimento não apenas mais rápido, mas mais humano, mais responsivo ao usuário final.

Microcosmo da revolução brasileira

A experiência da Nimbi funciona como um microcosmo da revolução brasileira. De 2015 para cá, a empresa alcançou funcionalidades similares às dos grandes nomes do mercado, movimentando mais de R$ 550 bilhões em transações. Seu marketplace B2B, com 400 mil itens, é abastecido por uma média de 1,2 milhão de chamadas de API por dia. Não são apenas métricas impressionantes. São indícios de um modelo escalável, sustentável e, sobretudo, replicável.

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Do ponto de vista dos investimentos, o otimismo é palpável. Levantamento da 4Network com a OutSystems mostra que 69% das grandes empresas privadas brasileiras já adotam low-code. Outras 31% pretendem fazê-lo em breve. O montante destinado à tecnologia em 2024 é estimado em R$ 53,2 milhões, distribuídos em 260 projetos. Automatização de processos, aplicativos mobile, eficiência operacional e aumento de receita são os focos principais.

Desafios

Obstáculos persistem, claro. Sistemas legados ainda desafiam integrações rápidas. Backlogs se acumulam. Mas o low-code, por sua flexibilidade e agilidade, tem se mostrado uma das respostas mais eficazes. A segurança, escalabilidade e integração continuam sendo exigências prioritárias na escolha de fornecedores, o que denota maturidade na tomada de decisão.

Estamos diante de uma inflexão. Um ponto em que a tecnologia deixa de ser apenas ferramenta para se tornar linguagem comum entre negócios, clientes e desenvolvedores. A alavanca não está mais em linhas e linhas de código, mas na capacidade de imaginar e iterar rápido. O low-code e a IA, juntos, não estão apenas moldando o futuro da tecnologia no Brasil. Estão redesenhando o próprio conceito de inovação.

Frustração climática da COP29 e o amargo sabor da inação global

A Conferência das Partes, COP29, que se encerrou recentemente em Baku, deixou no ar um denso manto de frustração e desconfiança, especialmente entre as nações em desenvolvimento. Estas últimas viram suas prementes demandas por um financiamento climático robusto e substancial serem, em grande medida, ignoradas.

Conferência em Baku: cenário pouco animador

Um cenário pouco animador já se desenhava no horizonte, não apenas devido ao histórico, muitas vezes ambíguo, das COPs anteriores, mas também em razão do complexo contexto geopolítico atual e, ironicamente, da própria escolha do Azerbaijão, um país fortemente ligado à indústria do petróleo, como sede do evento.

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Fonte: Agência de Notícias da Indústria

O desfecho da conferência culminou na aprovação de uma meta de financiamento de 300 bilhões de dólares anuais até 2035, um valor que se revela pálido diante dos 1,3 trilhões de dólares que, conforme amplamente reconhecido, seriam de fato necessários para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas nas regiões mais vulneráveis do planeta.

As fissuras de um acordo frágil

Organizações da sociedade civil, como a influente Cúpula dos Povos Rumo à COP30, prontamente apontaram diversas deficiências no resultado final. Embora a decisão tenha sido formalmente aprovada, ela falha em impor uma responsabilidade clara e inequívoca aos países desenvolvidos, limitando sua atuação a uma posição de liderança meramente simbólica, sem a contrapartida de compromissos financeiros concretos. Esta lacuna é profundamente preocupante, pois abre uma perigosa brecha na arquitetura do financiamento climático global.

Adicionalmente, e não menos alarmante, a nova meta de financiamento vislumbra a possibilidade de que parte significativa desses recursos possa vir de empréstimos. Tal abordagem, se concretizada, lançaria os países em desenvolvimento em um risco considerável de maior endividamento, comprometendo ainda mais suas já frágeis economias. Essa estratégia, em última análise, enfraquece sobremaneira os esforços globais para conter uma crise climática que se agrava a cada dia, e que clama por respostas urgentes e de magnitude incomparável.

O texto aprovado na COP29

O texto aprovado na COP29, em um tom que beira a evasiva, fez uma menção genérica à necessidade de se alcançar a cifra de 1,3 trilhões de dólares, mas sem delinear um compromisso real ou um plano de ação para atingir tal montante. Esta ambiguidade foi alvo de críticas contundentes e justas, pois expõe uma flagrante falta de vontade política para assegurar o financiamento imprescindível. É imperativo que os recursos necessários cheguem aos países mais afetados, permitindo lhes não apenas mitigar os impactos das mudanças climáticas, mas também adaptar se a uma nova realidade, que já bate à porta.

Enquanto a conferência ensaiou alguns passos em direção à mobilização de recursos, o valor proposto é, de forma transparente, insuficiente para cobrir as necessidades urgentes. Comparações com o financiamento destinado a outros setores e com a magnitude das crises que já assolam os países em desenvolvimento evidenciam a inadequação da meta. A inclusão de mecanismos de financiamento por meio de empréstimos, por sua vez, é encarada por muitos como uma solução perigosa, capaz de sobrecarregar ainda mais as economias de nações já imersas em vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais.

Rumo à COP30 o Brasil na linha de frente

A próxima conferência, que terá como cenário a vibrante cidade de Belém, capital do estado do Pará, no Brasil, será um ponto de inflexão decisivo para redefinir as expectativas globais e solidificar a responsabilidade das nações mais pricas na incansável luta contra a crise climática. O Brasil, como país anfitrião, carregará sobre os ombros o desafio monumental de liderar um processo que transcenda as limitações do que foi debatido em Baku. O objetivo primordial será buscar soluções mais robustas e abrangentes, garantindo que os recursos necessários cheguem aos países em desenvolvimento de forma justa, equitativa e, acima de tudo, eficaz.

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A COP30 representa uma oportunidade histórica para o Brasil assumir uma postura firme e verdadeiramente ambiciosa no cenário global. É o momento de promover a justiça climática em sua essência e de ampliar a cooperação global a patamares inéditos. Será fundamental assegurar que os países mais vulneráveis possam, de fato, contar com recursos financeiros adequados para enfrentar os impactos climáticos que já se fazem sentir, além de exercer uma pressão contínua e incisiva por compromissos mais ousados e tangíveis por parte dos países desenvolvidos. A narrativa precisa mudar de promessas vazias para ações concretas e ambiciosas.

COP 30: momento decisivo para a comunidade internacional

Este será um momento decisivo para a comunidade internacional, onde o Brasil poderá, e deverá, desempenhar um papel de liderança catalítica, buscando unificar esforços e galvanizar a vontade política para atender às necessidades mais urgentes da crise climática. A meta inegociável de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C deve permanecer no cerne de todas as discussões e decisões. É um imperativo moral e prático.

Cúpula dos Povos

A Cúpula dos Povos, como parte indissociável deste movimento global pela justiça ambiental, reafirma seu compromisso inabalável com uma agenda climática que promova a equidade e a justiça em todas as suas dimensões. O objetivo é assegurar que todos os países, especialmente aqueles que se encontram na linha de frente da vulnerabilidade climática, tenham acesso irrestrito aos recursos necessários para enfrentar, adaptar se e, finalmente, superar os desafios hercúleos impostos pelas mudanças climáticas. A esperança, em Belém, é que as palavras se transformem em atos, e a frustração de Baku seja o catalisador para uma nova era de colaboração e responsabilidade climática.

Como desinfetar seu alicate de unhas em casa de forma segura

Você já pensou quantas bactérias podem se acumular no seu alicate de unhas depois de cada uso? Muita gente simplesmente passa uma água e acha que está tudo certo. Mas a verdade é que instrumentos de manicure, mesmo os de uso pessoal, podem se tornar focos de fungos e infecções se não forem higienizados corretamente. E não estamos falando de uma limpeza superficial, mas de uma desinfecção real, capaz de eliminar micro-organismos invisíveis a olho nu.

Como desinfetar alicate de unhas de forma eficaz

Para garantir que seu alicate de unhas esteja realmente seguro para o próximo uso, o processo precisa ir além da limpeza aparente. O ideal é combinar duas etapas: limpeza com detergente neutro e desinfecção com produto apropriado.

Comece lavando o alicate com água morna e detergente neutro. Use uma escova de cerdas duras (pode ser até uma escova de dentes velha) para alcançar as ranhuras e dobradiças. Essa etapa remove resíduos visíveis de pele, esmalte ou poeira.

Depois de limpo, vem a desinfecção. O álcool 70% é o mais comum e acessível, mas não o único. Você pode usar também soluções à base de clorexidina ou hipoclorito de sódio diluído, respeitando as instruções de uso.

Ferva ou não ferva? Entenda o que o calor faz

Uma dúvida muito comum é se ferver o alicate de unhas resolve o problema. A resposta é: depende. A fervura em água por 20 minutos pode ajudar a matar fungos e algumas bactérias, mas não substitui a desinfecção com produtos específicos. Além disso, dependendo da liga metálica do seu alicate, o calor excessivo pode danificar a mola ou afetar o corte.

Se você quiser usar calor como etapa complementar, vale mais a pena investir em um esterilizador portátil, que atinge temperaturas mais controladas e seguras. Mas, para o uso doméstico, o combo detergente + álcool 70% já cobre bem as necessidades.

Evite erros comuns que comprometem a higiene

Muita gente comete deslizes na hora de guardar o alicate depois da limpeza. E aí, todo o esforço vai por água abaixo. Um dos erros mais comuns é secar o alicate com toalhas de tecido, que podem transferir fiapos e bactérias de volta ao metal.

O melhor método é deixar o alicate secar naturalmente sobre uma toalha de papel, em um local arejado. Após seco, guarde em estojo limpo e fechado, longe de umidade. Evite deixá-lo exposto no banheiro ou em nécessaires de uso diário sem proteção.

Outro erro comum é reutilizar o mesmo algodão ou pano para aplicar o álcool em vários instrumentos. Isso pode, na prática, espalhar contaminantes ao invés de eliminá-los.

E se for compartilhar o alicate com outra pessoa?

Se você divide o alicate de unhas com alguém da família, redobre os cuidados. A desinfecção precisa ser feita antes e depois de cada uso, especialmente se alguma pele foi cortada. Isso vale ainda mais em casos de diabéticos, idosos ou pessoas com a imunidade comprometida.

O risco de contaminação por doenças como hepatite B e C, ou micoses, é real mesmo em ambientes domésticos. Por isso, nunca subestime a importância de higienizar corretamente cada item, por mais “inofensivo” que pareça.

Quando é hora de aposentar seu alicate de unhas

Mesmo com todos os cuidados, nenhum alicate dura para sempre. Com o tempo, o fio perde o corte e a mola pode ficar frouxa. Mas um ponto que muita gente ignora é o acúmulo invisível de oxidação interna, principalmente em dobradiças e molas, que nem sempre dá para limpar direito.

Se você percebeu que o corte está falhando, ou se o alicate começa a apresentar pontos de ferrugem, é hora de trocar. Um instrumento mal conservado não apenas machuca a pele, como também pode se tornar um vetor perigoso de contaminação.

Desinfecção como rotina: simples, mas poderosa

Transformar a desinfecção do alicate de unhas em um hábito de rotina é um passo simples que pode fazer muita diferença. Não se trata de exagero, mas de cuidado com a saúde — sua e de quem mais compartilha o espaço com você.

Faça disso um ritual: terminou de usar, já faz a limpeza e a desinfecção. Em menos de cinco minutos você garante segurança, evita infecções e ainda prolonga a vida útil do seu instrumento.

No fim das contas, cuidar bem do seu alicate de unhas é também uma forma de cuidar de você. Afinal, uma unha encravada ou uma micose mal tratada podem virar um problema bem maior do que parece.

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Borra de café nas plantas: como a zamioculca e o lírio-da-paz reagem a esse tipo de adubação

Pouca gente sabe, mas aquela borra de café que sobra no coador pode ser uma aliada e tanto no cuidado das plantas. Ainda assim, não é todo vegetal que responde da mesma forma a esse tipo de adubação natural. Duas plantas de interior muito populares — a zamioculca e o lírio-da-paz — têm reações distintas à borra. O segredo está em como aplicar e, principalmente, na frequência. Neste artigo, vamos detalhar os efeitos da borra de café nessas duas espécies e como usar sem causar danos.

Como a borra de café age nas plantas

A borra de café é rica em nitrogênio, elemento essencial para o desenvolvimento de folhas saudáveis e crescimento vegetativo. Também contém pequenas quantidades de fósforo, potássio e magnésio. Além disso, seu pH levemente ácido favorece plantas que preferem solos não muito alcalinos.

Outro ponto positivo: a borra ajuda a melhorar a estrutura do solo, deixando-o mais solto e aerado. Isso facilita a absorção de água e nutrientes pelas raízes. Porém, o uso excessivo pode compactar o substrato e até atrair fungos indesejados.

Zamioculca e a borra de café: uma combinação promissora

A zamioculca (Zamioculcas zamiifolia) é conhecida por sua resistência e facilidade de cultivo. Originária de regiões tropicais da África, essa planta armazena água nos rizomas, o que permite que sobreviva por longos períodos sem rega. Quando o assunto é adubação, ela é discreta: prefere fórmulas suaves, ricas em nitrogênio, e não tolera solos muito encharcados.

Por isso, a borra de café, quando bem usada, pode ser benéfica. O nitrogênio ajuda a manter o verde brilhante das folhas, e o solo levemente ácido favorece o metabolismo da planta. A recomendação é misturar a borra seca ao substrato a cada 30 dias, em pequenas quantidades — cerca de uma colher de sopa para vasos médios. A versão úmida deve ser evitada para não comprometer a drenagem.

Lírio-da-paz: benefícios e riscos da borra de café

O lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii), por sua vez, também aprecia solos ricos em matéria orgânica e levemente ácidos, o que já o torna um candidato natural para a adubação com borra de café. Mas há um detalhe: ele é sensível ao acúmulo de sais minerais e à compactação do solo, o que pode acontecer se a borra for aplicada com frequência ou em grande volume.

Por isso, o ideal é usá-la de forma bem pontual: a cada dois meses, intercalando com outros tipos de adubo orgânico, como casca de banana seca ou húmus de minhoca. Uma dica eficiente é secar bem a borra ao sol e triturá-la antes de misturar com o substrato. Isso evita o aparecimento de mofo e mantém o solo leve.

Como aplicar sem erro: passo a passo

  1. Seque a borra por completo: espalhe sobre um jornal e deixe ao sol por dois a três dias. Isso evita a proliferação de fungos.

  2. Use pouca quantidade: uma colher de sopa para vasos médios é suficiente. Excesso pode acidificar demais o solo e prejudicar as raízes.

  3. Misture bem ao substrato: nunca coloque a borra diretamente sobre a superfície do vaso. Isso pode formar crostas e dificultar a oxigenação.

  4. Evite aplicar junto com rega: o solo já estará mais úmido e a borra pode compactar, impedindo a drenagem adequada.

  5. Intercale com outros adubos: especialmente no caso do lírio-da-paz, variar os nutrientes é essencial para um crescimento equilibrado.

Sinais de que a planta gostou (ou não)

Tanto a zamioculca quanto o lírio-da-paz dão sinais claros quando estão saudáveis. Folhas firmes, de coloração intensa e crescimento constante são indicativos positivos. No entanto, se as folhas começarem a amarelar, murchar ou apresentar manchas escuras após a aplicação da borra, é sinal de que algo não caiu bem.

Outro alerta importante é o surgimento de mofo branco sobre o solo — isso indica excesso de umidade e matéria orgânica em decomposição, o que pode ser prejudicial às raízes.

Melhor época para adubar com borra de café

A primavera e o verão são as estações ideais para esse tipo de adubação, já que é o período em que as plantas estão em crescimento ativo. No outono e no inverno, a frequência deve ser reduzida drasticamente, pois ambas as espécies tendem a entrar em dormência ou desacelerar seu metabolismo.

Vale mesmo a pena usar borra de café nas plantas?

Sim, mas com moderação. A borra de café é um adubo acessível, sustentável e funcional, especialmente para quem cultiva em apartamentos ou tem poucas plantas. Quando usada corretamente, ajuda a manter a zamioculca vibrante e o lírio-da-paz florido. O segredo está na observação e no equilíbrio.

E se sobrar borra, não jogue fora: ela pode ser usada também na composteira ou como repelente natural de formigas em pequenas hortas caseiras. A natureza agradece — e suas plantas também.

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Brasil na COP30 pode Liderar Cortes de Metano e Avançar na Transição Energética

O Brasil, prestes a presidir a COP30, encontra-se diante de uma encruzilhada que mescla urgência histórica e oportunidade política. Ao mesmo tempo em que carrega a promessa de liderar uma transição energética justa, convive com uma dependência persistente do petróleo.

Dilema

O dilema não é novo, mas os caminhos possíveis começam a ganhar contornos mais claros. Entre eles, um desponta com especial nitidez: reduzir as emissões de metano no setor de óleo e gás.

Screenshot-2025-07-25-195005 Brasil na COP30 pode Liderar Cortes de Metano e Avançar na Transição Energética
Fonte: Meio Ambiente Técnico

Essa estratégia, além de necessária, é realizável. E, sobretudo, urgente. Não são apenas os alertas climáticos que clamam por ação. Estudos recentes publicados na Communications Earth & Environment indicam que nem mesmo a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC – estabelecida como horizonte ideal no Acordo de Paris – seria suficiente para evitar o colapso das geleiras. Segundo os pesquisadores, o limite real de segurança climática estaria abaixo de 1ºC. Diante disso, cada fração de grau conta. E cada tonelada de metano evitada também.

Mitigar os impactos das emissões

É nesse contexto que a fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ganha peso simbólico e político: “temos que, o quanto antes, prescindir do petróleo”. A frase, dita em entrevista ao programa Cidades e Soluções, sintetiza um sentimento crescente. Sabemos que não há tecnologia capaz de neutralizar as emissões associadas ao uso de combustíveis fósseis. Mas é possível, sim, mitigar os impactos da produção. E isso passa, necessariamente, pela redução do metano.

O metano é um dos gases de efeito estufa mais potentes. No curto prazo, é dezenas de vezes mais agressivo que o dióxido de carbono. Estima-se que ele seja responsável por cerca de 45% do aquecimento global recente. E, ainda assim, o Brasil não conta com uma regulação efetiva para limitar suas emissões no setor energético. Um paradoxo evidente, mas também uma oportunidade latente.

Protagonismo na COP 30

Assumir a presidência da COP30 é mais que um papel cerimonial. É a chance de ocupar o centro do palco global com propostas concretas, exemplares. Estabelecer uma regulação robusta para a emissão de metano na cadeia de óleo e gás – como já fizeram outras nações produtoras – não apenas reforçaria o compromisso ambiental do país, mas também o posicionaria com mais força em arenas multilaterais como o Brics ou a Opep+. Liderança, nesse caso, é coerência entre discurso e prática.

Dados da Agência Internacional de Energia (IEA) reforçam o tamanho do desperdício. Em 2023, o volume de gás natural que poderia ter sido recuperado pela mitigação de metano e pelo fim da queima rotineira superou as exportações totais dos Estados Unidos, o maior exportador mundial. Foram 196 bilhões de metros cúbicos perdidos, contra 177 bilhões exportados. Estamos deixando escapar, literalmente, uma fonte de energia.

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Reduzir essas emissões não é apenas um imperativo ambiental. É também uma escolha racional do ponto de vista econômico. Menos metano significa mais eficiência na produção, menos investimentos necessários em exploração, mais recursos liberados para fontes renováveis. Trata-se de uma estratégia que combina responsabilidade climática com inteligência financeira.

E há mais. Pesquisa realizada pelo Global Methane Hub em 17 países revelou que o Brasil lidera em dois aspectos fundamentais: é onde a população mais apoia a redução do metano e onde os impactos dos eventos climáticos extremos são mais perceptíveis pela sociedade. Isso significa que a base social para essa transição já existe. Falta-lhe apenas uma direção institucional clara.

Redução do metano  é o primeiro passo

A COP30 pode ser, para o Brasil, o momento de fundar essa direção. De mostrar que é possível, sim, promover uma transição justa, que respeite os limites planetários sem negligenciar as demandas sociais. A redução do metano é o primeiro passo desse caminho. Um gesto simbólico e prático. Um ponto de partida para que a mudança comece não apenas no discurso, mas nas tubulações, nos poços, nas leis.

A história da transição energética brasileira pode começar a ser escrita com menos metano. Cabe a nós decidir se essa oportunidade será agarrada ou desperdiçada. Porque o tempo, como o gás, escapa.

Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

Em resposta à realização da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança do Clima – COP30, que acontecerá pela primeira vez na Amazônia, o Sistema Comércio – CNC, Fecomércio, Sindicatos Empresariais, Sesc e Senac promoverá em agosto de 2025 uma ampla programação cultural e educativa gratuita.

“Fórum Raízes do Amanhã – Diálogos do Sistema Comércio rumo à COP 30”

Um dos principais destaques da iniciativa é o “Fórum Raízes do Amanhã – Diálogos do Sistema Comércio rumo à COP 30”, que será realizado nos dias 05 e 06 de agosto, no Sesc Doca e no Sesc Teatro Casa Isaura Campos, em Belém. A agenda completa e o formulário para inscrições estão disponíveis no site bit.ly/ForumRaizesdoAmanha.

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O Fórum reunirá autoridades, especialistas, representantes da sociedade civil, mestres da cultura popular e profissionais do Sesc em uma série de atividades voltadas ao debate sobre meio ambiente, mudanças climáticas e sustentabilidade. “O evento será um espaço de debate e reflexão sobre meio ambiente, sustentabilidade e mudanças climáticas, no contexto da preparação para a COP30”, explicou Vinicius Zavalis, gerente do Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso e curador da programação.

Objetivo

A proposta é criar um espaço de escuta, troca de saberes e construção coletiva de soluções, conectando o conhecimento técnico-científico aos saberes tradicionais da Amazônia. A programação inclui palestras, mesas temáticas, oficinas, vivências socioambientais, feira de economia criativa, apresentações culturais e a produção de um videocast temático com o Canal Futura/Fundação Roberto Marinho, parceiro da ação.

 

Todas as atividades são gratuitas, com acessibilidade em Libras e poderão ser acessadas mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível, destinado ao programa Sesc Mesa Brasil, de combate à fome.

WhatsApp-Image-2025-07-22-at-17.51.21-2 Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

“O Fórum é uma oportunidade única de conectar saberes e fortalecer o protagonismo amazônico nas discussões globais sobre sustentabilidade”, destacou Heloiva Távora, Diretora Regional do Sesc no Pará. Um dos momentos simbólicos será a elaboração de uma Carta Aberta, com os principais resultados e reflexões do Fórum, que será encaminhada às discussões oficiais da COP30.

Sistema Comércio na COP30

O projeto é fruto de uma cooperação técnica entre o Departamento Nacional do Sesc e o Sesc no Pará, com apoio do Sesc São Paulo e da Fundação Roberto Marinho. Ele está estruturado em dois grandes eixos: o “Fórum Raízes do Amanhã – Diálogos do Sistema Comércio rumo à COP 30” e as “Casas Sesc na COP30”, que ocuparão culturalmente as unidades do Sesc em Belém com exposições, oficinas, rodas de conversa, mostras de cinema e outras ações gratuitas, antes, durante e após a conferência.

A iniciativa tem como público prioritário os trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus dependentes, mas também contempla artistas, comunidades tradicionais, estudantes, pesquisadores, turistas e instituições parceiras.

zapp8 Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

Programação completa

  • Dia 05/08
    Manhã | Sesc Teatro Casa Isaura Campos

• 08h30 às 09h – Credenciamento
• 08h30 às 09h – Café de Boas-vindas
• 09h às 10h – Boas-vindas Institucional
• 10h00 às 11h – Palestra Magna
Palestrante: Fábio Scarano (UFRJ | Museu do Amanhã)
• 11h às 12h – Mesa: Emergências Climáticas em Pauta
– Debatedores: Everaldo de Souza (UFPA), Hermógenes Sá (Instituto Peabiru) e Lucas Nassar (LabCidade)
– Mediação: Daniel Nardin (Amazônia Vox)

Intervalo – Almoço | Sesc Doca
• 12h às 14h – Almoço no Restaurante do Sesc Doca

Tarde | Sesc Doca (Atividades Simultâneas)
• 14h às 14h30 – Case: Áreas Naturais Protegidas do Sesc
– Debatedora: Cristina Cuiabália (Sesc)
• 14h às 14h30 – Case: Artigo “Impactos das Mudanças Climáticas sobre o Programa Cultura do Sesc e Caminhos para Adaptação”
– Debatedores: Vicente Júnior e Bruna Medeiros (Sesc)
• 14h às 15h – Mesa: Juventude e Protagonismo Climático
– Debatedores: Natália Mapuá (COJOVEM), Lilian Melo (CineCLUTF) e Preto Michel (Educador, Escritor e Rapper) e Marco Aurélio Filho (vereador licenciado, autor da lei do Dia S e atual Secretário de Direitos Humanos e Juventude do Recife).
– Mediação: Leonardo Moraes (Sesc)
• 14h às 15h30 – Vivência: Pigmentos Naturais
– Facilitadora: Evna Moura (Artista Visual)
• 15h30 às 16h – Case: Atuação da Saúde na Crise Emergencial do Rio Grande do Sul
– Debatedora: Mari Estela Kenner (Sesc)
• 16h às 17h30 – Mesa: Saúde e Mudanças Climáticas
– Debatedores: Kely Martins de Freitas (FHCGV), Fernanda Jorge Sequeira (PGE-PA), Fernando Henrique Brandão Molento (Instituto Evandro Chagas) e Marcos Samuel Costa da Conceição (Escritor e Pesquisador)
– Mediação: Victor Coutinho (Sesc)
• 16h às 17h30 – Mesa: Etnicidades e Clima
– Debatedoras: Nay Jinkss (Curadora) e Stephanie Lobato (Sesc)
– Mediação: Leo Moraes (Sesc)
– Observação: Exibição de vídeo com resultados do projeto
• 16h às 17h30 – Mesa: Reimaginando Instituições Culturais para um Futuro Sustentável
– Debatedores: Ronaldo Silva (Instituto Arraial do Pavulagem), Sue Anne da Costa (UFPA | Museu Emílio Goeldi), Janete Borges (Semec | Bamboler) e Rita Mazine (Sesc)
– Mediação: Luciana Medeiros (Holofote Cultural)
• 18h às 19h – Assinatura do Termo de Criação da Câmara Setorial dos Empresários do Boulevard Gastronomia

Noite | Sesc Doca
• 18h às 19h – Batalha de Slam com Mana Josi e Pelé do Manifesto
• 19h às 20h – DJ Marcelo
• 20h às 22h – Veropa Sessions

Atividades Contínuas | Sesc Doca
• 14h às 19h – Espaço de Bem-estar
• 14h às 19h – Estúdio de Gravação Canal Futura
• 14h às 22h – Feira de Economia Criativa com Artesãos Associados da Praça da República
• 18h às 22h – Alimentação Regional com Coletivo das Tacacazeiras

  • Dia 06/08

Manhã | Sesc Teatro Casa Isaura Campos
• 09h às 10h – Credenciamento
• 10h às 11h – Palestra: Soluções Inspiradas na Natureza
Palestrante: Alexandra Araujo (BioInspirations)
• 11h às 12h – Mesa: Ecologia Política e Povos da Terra – D’África e do Brasil
– Debatedores: Bas’lélé Malomalo (UNILAB – Congo), José Guilherme Fernandes (UFPA), Denilson Batista (UFPA/UNILAB) e Márcia Kambeba (Escritora, geógrafa e indígena do povo Kambeba)
– Mediação: Maria Elane Gadelha (Sesc)

Intervalo – Almoço | Sesc Doca
• 12h às 14h – Almoço no Restaurante do Sesc Doca

Tarde | Sesc Doca (Atividades Simultâneas)
• 14h às 15h30 – Mesa: Negócios Sustentáveis
– Debatedores: Rubens Magno (SEBRAE), Marcel Botelho (FAPESPA) e Noanny Maia (Cacauará da Amazônia)
– Mediação: Tainah Fagundes (Da Tribu)
• 14h às 14h30 – Case: Aquisição de Gêneros Através do Credenciamento de Cooperativas da Agricultura Familiar
– Debatedora: Marcea Maciel (Sesc)
• 14h30 às 15h30 – Mesa: Mudanças Climáticas e Segurança Alimentar
– Debatedores: Marcelo Mena (Methane Hub), Gonzalo Muñoz (GFN/COP25) e Tainá Marajoara (Instituto Iacitatá Amazônia Viva)
– Mediação: Ana Catalina Suárez Peña (GFN | The Global Good Balancing Network)
• 14h às 15h30 – Mesa: Educação para o Clima
– Debatedores: João Alegria (Fundação Roberto Marinho), Michel Pinho (Historiador e Educador), Bianca Venturieri (UEPA) e Luiz Fernando (Sesc)
– Mediação: Edmar Fernandes Borges Filho (Senac)
• 14h às 16h – Vivência: Dos Saberes – Das Sabenças: Uso das Ervas
– Facilitadora: Dona Faustina (Quilombo Itacuã-Miri, Baixo Acará)
• 16h às 18h – Palestra + Oficina: Aproveitamento Integral dos Alimentos
– Facilitadora: Jane Glebia (Bonnutri Consultoria e Assessoria)
• 16h às 18h – Palestra + Oficina: ODS para Projetos
– Palestrante: Lavito Bacarissa (Secretário-Executivo da CNODS)
– Oficineira: Priscila Oliveira (Sesc)
• 16h às 18h – Oficina: Letramento para a COP30
– Oficineira: Ana Rosa Calado Cyrus (Engajamundo)
• 18h às 18h30 – Bate-papo: Riquezas Locais Consciência Global
– Debatedores: Representantes do AM, CE, GO, MG e PR

Noite | Sesc Doca
• 18h às 19h – Encontro de Doadores do Sesc Mesa Brasil para convidados
• 18hàs 19h – Aulão de Brega com Lívia Paixão (Sesc)
• 19h às 20h – Show: DJ Nat Esquema
• 20h às 22h – Show: Zé Miguel (AP)

Atividades Contínuas | Sesc Doca
• 14h às 19h – Espaço de Bem-estar
• 14h às 19h – Estúdio de Gravação Canal Futura
• 14h às 22h – Feira de Economia Criativa com Artesãos Associados da Praça da República
• 18h às 22h – Alimentação Regional com Coletivo das Tacacazeiras.

WhatsApp-Image-2025-07-22-at-17.51.21-1 Fórum Raízes do Amanhã marcará os 100 dias para a COP30

Rastreando a jornada do carbono negro até o oceano

O carbono negro dissolvido (DBC) constitui a maior fração persistente conhecida de MOD em ambientes marinhos. No entanto, as alterações do DBC durante seu transporte através dos estuários permanecem em grande parte desconhecidas.

Seja de uma floresta em chamas ou da gasolina que move um carro, a matéria orgânica raramente se queima completamente: resíduos como carvão e fuligem podem persistir no meio ambiente por décadas. Com o tempo, à medida que processos físicos e biológicos decompõem os restos queimados, parte do carbono que eles contêm se infiltra nas águas subterrâneas, lagos e rios, chegando eventualmente ao oceano.

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Uma tempestade tropical começando a se formar no Mar da China Meridional em julho de 2017, conforme observado pelo satélite meteorológico Suomi National Polar-Orbiting Partnership (NPP)

Este carbono, conhecido como carbono negro dissolvido (CDS), representa o maior reservatório identificado de carbono orgânico dissolvido estável no oceano. No entanto, a assinatura isotópica do CDS no oceano não corresponde ao que os rios fornecem isoladamente. Essa discrepância sugere que há uma ou mais fontes desconhecidas de CDS que entram no oceano e que não são contabilizadas no orçamento global de carbono.

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A descarga de águas subterrâneas submarinas é responsável por cerca de 16–23% do fluxo de DBC fluvial para o oceano

Para abordar essa lacuna de conhecimento , Weiqiang Zhao e colegas conduziram seis pesquisas de campo ao longo da costa leste da China, nos estuários de Jiulong, Changjiang (Yangtze) e do Rio das Pérolas. Ao coletar amostras durante as quatro estações do ano, os pesquisadores buscaram quantificar as mudanças na DBC e esclarecer como ela se move pelos ecossistemas costeiros em direção ao mar.

O_sequestro_de_grandes_quantidades_de_carbono_org_nico_dissolvido_nos_oceanos_pode_ Rastreando a jornada do carbono negro até o oceano
O sequestro de grandes quantidades de carbono orgânico dissolvido nos oceanos pode ter ajudado a recuperar o planeta de episódios de aquecimento anteriores. Será que os oceanos de hoje poderiam realizar outro resgate climático semelhante?

O artigo foi publicado na Global Biogeochemical Cycles. Pesquisas anteriores se concentraram apenas em estuários individuais e nem sempre levaram em conta como os processos podem variar entre as estações e os ciclos das marés.

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Os resultados do novo estudo revelam a descarga de águas subterrâneas submarinas (DSC) como uma provável fonte ausente de DBC. Os cientistas observaram que, à medida que a água do mar avançava para os estuários durante as marés de cheia, os níveis de DBC aumentavam. Por outro lado, quando a água fluía para fora dos estuários durante as marés vazantes, as concentrações de DBC diminuíam.

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Perfil de carbono orgânico dissolvido (COD) (linha contínua, com profundidades de amostragem de agosto de 2008 indicadas) e frações (regiões sombreadas) atribuídas ao Mar dos Sargaços Ocidental, em micromoles por quilograma. Os limites de concentração das frações mostrados são aproximados. RDOC, DOC refratário; SRDOC, DOC semirrefratário; SLDOC, DOC semilábil

Eles sugerem que esse padrão ocorre porque a água salgada do oceano que se mistura aos estuários durante as marés de cheia promove a liberação de DBC das águas subterrâneas para a coluna d’água.

Os pesquisadores estimam que, globalmente, o SGD contribui com aproximadamente 20% da descarga fluvial de DBC que entra no oceano a cada ano.

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O sol se põe sobre o Rio Tocantins, importante Rio da Bacia Amazônica, perto da vila de Moiraba, Brasil. Até recentemente, os pesquisadores não dispunham de características biogeoquímicas básicas para o Tocantins, como ocorre com muitos rios tropicais

Dado o papel que o DBC desempenha no sequestro de carbono e no ciclo biogeoquímico no oceano, as descobertas ressaltam a importância de incluir processos estuarinos em modelos globais de carbono.

320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano

Pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM) desenvolveram novos cálculos de modelos que, pela primeira vez, estimam a influência global dos raios nos ecossistemas florestais.

De acordo com suas descobertas na Global Change Biology, estima-se que 320 milhões de árvores morram a cada ano devido a raios. As perdas de árvores causadas por incêndios florestais de origem direta por raios não estão incluídas nesses números. No futuro, a mortalidade de árvores induzida por raios poderá aumentar devido ao aumento da frequência dos raios.

Danos causados por raios em florestas costumam ser difíceis de detectar e só foram estudados sistematicamente em alguns locais. Até agora, não estava claro quantas árvores no mundo morrem a cada ano devido a danos diretos causados por raios.

Raios-matam-grandes-arvores-em-florestas-tropicais-reduzindo-o-armazenamento-de-carbono 320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano
Raios matam grandes árvores em florestas tropicais, reduzindo o armazenamento de carbono

A equipe de pesquisa da TUM desenvolveu o primeiro método para estimar quantas árvores são tão severamente afetadas por raios que acabam morrendo. A conclusão: o impacto ecológico dos raios tem sido subestimado.

Enquanto estudos anteriores se concentravam em observações de campo em florestas individuais, os pesquisadores da TUM adotaram uma abordagem matemática. Eles ampliaram um modelo de vegetação global amplamente utilizado, integrando dados observacionais e padrões globais de raios.

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“Agora podemos não apenas estimar quantas árvores morrem anualmente devido a raios , mas também identificar as regiões mais afetadas e avaliar as implicações para o armazenamento global de carbono e a estrutura florestal “, explica Andreas Krause, principal autor do estudo e pesquisador da Cátedra de Interações entre a Superfície Terrestre e a Atmosfera.

O número de árvores mortas pode aumentar no futuro 

Segundo suas estimativas, raios matam cerca de 320 milhões de árvores anualmente, o que representa de 2,1% a 2,9% de toda a perda anual de biomassa vegetal. Estima-se que essa degradação da biomassa emita entre 0,77 e 1,09 bilhão de toneladas de CO2 anualmente.

Representacao-esquematica-de-raios-no-LPJ-GUESS.-Um-raio-pode-matar-arvores-a- 320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano
Representação esquemática de raios no LPJ-GUESS. Um raio pode matar árvores a até 45 m de distância do local do impacto (Richards et al. 2022 ; Yanoviak et al. 2020 ). Portanto, consideramos não apenas raios dentro de uma área, mas também raios na vizinhança da área, que ainda estão próximos o suficiente para matar árvores dentro da área. Neste exemplo, a densidade de árvores é 0 para árvores pequenas, 0,006 indivíduos por m² para árvores pequenas, 0,012 para árvores médias e 0,004 para árvores grandes

Os pesquisadores enfatizam que essas emissões são surpreendentemente altas: são comparáveis em magnitude aos aproximadamente 1,26 bilhão de toneladas de CO2 liberados anualmente pela combustão de plantas vivas em incêndios florestais. No entanto, as emissões totais de CO2 provenientes de incêndios florestais são substancialmente maiores — cerca de 5,85 bilhões de toneladas por ano —, visto que também incluem a queima de madeira morta e material orgânico do solo.

Densidades-de-raios-nuvem-solo-de-acordo-com- 320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano
Densidades de raios nuvem-solo de acordo com LIS/OTD-EMAC (ou seja, densidades totais de raios LIS/OTD multiplicadas pelas frações nuvem-solo EMAC) (a) e ENTLN (b).

“A maioria dos modelos climáticos projeta um aumento na frequência de raios nas próximas décadas, então vale a pena prestar mais atenção a essa perturbação amplamente negligenciada”, diz Krause.

Atualmente, a mortalidade de árvores induzida por raios é maior em regiões tropicais . No entanto, modelos sugerem que a frequência de raios aumentará principalmente em regiões de latitudes médias e altas, o que significa que a mortalidade por raios também poderá se tornar mais relevante em florestas temperadas e boreais.

Simulacao-de-mortalidade-global-por-raios.-Numero-total-de- 320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano
Simulação de mortalidade global por raios. Número total de árvores mortas (a) e porcentagem de árvores mortas por raios (b) para diferentes classes de tamanho, contribuição dos raios para a biomassa total morta (c) e mapas da contribuição dos raios para a biomassa total morta (d). (c, d) mostram a média das simulações LIS/OTD-EMAC e ENTLN

Relâmpagos são uma perturbação importante nos ecossistemas florestais. No entanto, a mortalidade direta por raios (ou seja, não relacionada a incêndios) é até agora frequentemente subestimada e, consequentemente, negligenciada em modelos computacionais usados para estudar como os ecossistemas florestais respondem a mudanças ambientais. Ao implementar um módulo de mortalidade por raios no modelo ecossistêmico LPJ-GUESS, descobrimos que raios matam cerca de 320 milhões de árvores a cada ano, causando assim ~0,25 GtC de biomassa morta. Essas descobertas confirmam estudos existentes que argumentam que a mortalidade por raios é uma causa importante da mortalidade de árvores em muitas florestas.

As-mortes-das-arvores-liberam-cerca-de-021-a- 320 milhões de árvores são mortas por raios a cada ano
As mortes das árvores, liberam cerca de 0,21 a 0,30 gigatoneladas de carbono anualmente, ressaltando o papel surpreendente dos raios na formação da estrutura florestal e no ciclo global do carbono.

As simulações pela dinâmica LPJ-GUESS revelaram:

  • 301–340 milhões de árvores (>10 cm de diâmetro) são mortas anualmente por raios

  • 24–36 milhões delas são árvores grandes (>60 cm de diâmetro)

  • Os raios causam anualmente 0,21–0,30 GtC de biomassa morta

  • Num mundo sem raios, a biomassa florestal global seria 1,3%–1,7% superior

Adolescente constrói colmeia 3D no próprio quarto e acolhe 40 mil abelhas

Um feito notável de um jovem de apenas 13 anos está redefinindo os limites entre o cotidiano urbano e a vitalidade da natureza. Em vez dos usuais videogames ou redes sociais, o quarto de Oliver Taylor se transformou em um laboratório vivo, onde a inovação e a biologia coexistem em perfeita sintonia.

Abelhas no quarto: O lar zumbidor de um adolescente inventor

Milhares de abelhas operam incessantemente em uma colmeia intrincadamente desenhada e materializada por ele mesmo, utilizando uma impressora 3D. Este notável empreendimento, conduzido inteiramente dentro das paredes de sua casa, proporciona um refúgio para até 40 mil abelhas, sublinhando a capacidade de mentes jovens em gerar soluções criativas para desafios contemporâneos.

Screenshot-2025-07-25-125005 Adolescente constrói colmeia 3D no próprio quarto e acolhe 40 mil abelhas
Fonte: Click Petróleo e Gás

A sinfonia de um ecossistema doméstico

Enquanto muitos de seus pares desfrutam das férias escolares em frente a telas luminosas, Oliver escolheu trilhar um caminho distinto, convertendo seu espaço pessoal em um vibrante experimento ecológico. Ele concebeu e ergueu uma colmeia modular, cujas peças foram impressas em 3D e meticulosamente conectadas à janela de seu quarto. Este engenhoso arranjo confere às abelhas a liberdade de transitar, entrando e saindo sem jamais invadir seu ambiente privado.

O que a princípio poderia soar como uma quimera, hoje é uma realidade que hospeda entre 30 mil e 40 mil abelhas. Todas elas trabalham em uníssono, produzindo mel em um ambiente cuidadosamente controlado, seguro e perfeitamente adaptado ao ritmo de uma residência comum. A estrutura da colmeia replica o design hexagonal encontrado nas construções naturais e nas colmeias comerciais, mas com um diferencial crucial: é tanto expansível quanto segura, prometendo uma adaptabilidade e durabilidade superiores.

Da inspiração comercial à inovação residencial

A faísca para esta extraordinária criação surgiu da observação de Oliver sobre os modelos comerciais de colmeias. Impressionado pelos custos elevados, ele sentiu se desafiado a conceber uma alternativa superior. Munido de software CAD, ele desenvolveu um sistema de encaixe hexagonal modular, espelhando a forma intrínseca das colmeias naturais. No entanto, sua visão transcendeu a mera replicação.

Oliver identificou uma vulnerabilidade nos designs existentes o risco de fuga em massa das abelhas quando as colmeias eram abertas para manutenção. Sua engenhosa solução emergiu de uma fonte inusitada os compartimentos herméticos dos submarinos. Ele projetou um sistema de porta dupla, que permite o acesso seguro aos módulos sem comprometer a integridade da colmeia ou provocar pânico entre as abelhas. O resultado é um sistema notavelmente funcional, facilmente desmontável e adaptável a uma infinidade de espaços. A manutenção pode ser realizada com total segurança, e o design inteligente permite uma expansão quase ilimitada, tornando o uma solução verdadeiramente escalável.

Screenshot-2025-07-25-124153 Adolescente constrói colmeia 3D no próprio quarto e acolhe 40 mil abelhas
Fonte: InkDesign.com.br

Tecnologia acessível, transformação tangível

Oliver valeu se de ferramentas amplamente disponíveis para concretizar todo o seu projeto. Com uma impressora 3D da marca Prusa, conhecida por sua natureza de código aberto, e softwares livres como o Blender, ele conseguiu produzir peças que são ao mesmo tempo funcionais, leves e robustas. A utilização estratégica de tecnologia acessível confere ao projeto um potencial imenso de replicabilidade em diversos contextos, democratizando o acesso a soluções inovadoras.

Este projeto singular possui um impacto direto e significativo na preservação das abelhas, que se encontram cada vez mais ameaçadas por uma miríade de fatores, incluindo o uso indiscriminado de pesticidas, as imprevisíveis mudanças climáticas e a implacável destruição de seus habitats naturais. Ao criar uma colmeia plenamente funcional dentro de casa, Oliver demonstra de forma eloquente que a conservação ambiental pode florescer em ambientes urbanos, com um investimento financeiro mínimo e uma dose abundante de criatividade.

Embora projetos análogos já estejam surgindo em metrópoles ao redor do mundo, como hotéis para insetos e miniabrigos em sacadas, a inovação de Oliver se distingue pela simplicidade de replicação e pela utilização de materiais comuns, tornando o um modelo de sustentabilidade acessível.

Pequenas sementes, grandes colheitas de ideias

O empreendimento de Oliver Taylor transcende a mera impressão 3D ou o cultivo de mel. Ele catalisa discussões mais amplas e profundas sobre a maneira como a natureza pode ser integrada harmoniosamente aos espaços urbanos e interiores.

Questões pertinentes emergem será que escritórios, escolas e apartamentos poderiam adotar soluções semelhantes? Na França, já se observam edifícios com fachadas meticulosamente projetadas para abrigar polinizadores, enquanto na Holanda, estruturas de ônibus com telhados verdes e ninhos para abelhas solitárias também estão em fase de teste. O experimento de Oliver pode, assim, ser o prenúncio de uma transformação de mentalidade coletiva, pavimentando o caminho para cidades mais verdes e biodiversas.

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Ilustração de favos de mel em 3D- Fonte: Pngtree

O caso de Oliver Taylor serve como um testemunho inspirador de que iniciativas individuais, mesmo quando partem de mentes tão jovens, têm o poder de gerar um impacto verdadeiramente significativo. Ao unir de forma brilhante a tecnologia acessível, uma profunda consciência ambiental e uma criatividade efervescente, ele conseguiu transformar seu quarto em um microcosmo pulsante de produção, aprendizado e biodiversidade. E no epicentro de toda essa efervescência, 40 mil abelhas trabalhando em perfeita harmonia, reiterando que as soluções para os mais intrincados problemas podem brotar de uma ideia aparentemente simples ou de uma janela gentilmente aberta.


Flor-de-maio: como estimular a floração mesmo fora de época

Você já viu sua flor-de-maio ficar cheia de folhas, mas sem nenhuma flor, mesmo na época em que deveria estar no auge da beleza? Ou talvez ela até floresça, mas só uma vez por ano e rapidamente perde o encanto? A flor-de-maio (Schlumbergera truncata), também conhecida como cacto-de-natal, é famosa por sua floração intensa no outono e inverno, mas com os cuidados certos, é possível fazê-la florir até fora de época — e com ainda mais intensidade.

Entendendo o ciclo natural da flor-de-maio

Originária das florestas úmidas do Brasil, especialmente da Mata Atlântica, a flor-de-maio é um cacto epífito que cresce em troncos de árvores, em locais com sombra e umidade equilibrada. Ao contrário dos cactos do deserto, ela não gosta de sol direto e precisa de umidade moderada.

O seu ciclo natural de floração ocorre entre maio e julho, quando os dias ficam mais curtos e as temperaturas amenas. No entanto, é possível “enganar” a planta e recriar essas condições em outros períodos do ano, incentivando-a a florescer novamente — ou até fora de época.

Como estimular a floração da flor-de-maio fora de época

Vamos direto ao ponto: se você quer ver sua flor-de-maio cheia de botões em qualquer época, é preciso controlar três fatores fundamentais: luz, temperatura e nutrição. Abaixo, explico como aplicar cada um deles de forma estratégica.

1. Controle a luz: simule dias mais curtos

A flor-de-maio é uma planta de “dias curtos”, ou seja, floresce quando há menos horas de luz por dia. Em condições naturais, isso acontece no outono. Para simular isso artificialmente, basta colocá-la em um ambiente onde receba apenas 8 a 10 horas de luz por dia.

Isso pode ser feito de duas formas:

  • Coloque a planta em um local com luz natural por apenas parte do dia e cubra com uma caixa de papelão ou pano escuro no final da tarde.

  • Ou deixe em um cômodo sem iluminação artificial durante a noite, para garantir a escuridão total.

Esse estímulo deve durar de 2 a 3 semanas. Após esse período, os primeiros botões começam a surgir.

2. Baixe a temperatura por alguns dias

Outro gatilho para a flor-de-maio florir é a queda da temperatura. Como é uma planta adaptada ao clima ameno, ela associa o frio à chegada da época de reprodução.

Se estiver tentando induzir a floração fora do outono, deixe a planta por algumas noites consecutivas em ambientes entre 10 e 15 °C, como uma varanda coberta, garagem bem ventilada ou até próximo de uma janela aberta durante a noite.

O choque térmico moderado sinaliza para a planta que o ciclo de floração pode começar. Mas atenção: nada de geada ou temperaturas muito baixas, pois isso pode danificá-la.

3. Adube na medida certa e no momento certo

A flor-de-maio responde muito bem à adubação, mas é preciso aplicar no momento certo. Use um adubo rico em fósforo (NPK 4-14-8 ou similar), pois esse nutriente é o responsável direto pela formação dos botões florais.

Dica prática:

  • Adube 15 dias antes de iniciar o controle de luz e temperatura, para que a planta esteja fortalecida.

  • Repita a adubação a cada 30 dias durante o período de indução floral.

Evite adubos ricos em nitrogênio, pois eles estimulam o crescimento de folhas, não de flores.

Cuidados extras que potencializam a floração

Além dos três estímulos principais, alguns cuidados ajudam a manter a flor-de-maio saudável e mais propensa a florescer:

  • Evite trocas de lugar frequentes: durante o processo de formação dos botões, mudanças bruscas de ambiente podem estressar a planta e fazer os botões caírem.

  • Regue com moderação: a flor-de-maio não gosta de solo encharcado. Deixe o substrato secar levemente entre uma rega e outra.

  • Use vasos pequenos: raízes apertadas favorecem a floração. Evite vasos grandes demais.

  • Faça podas estratégicas: após a floração, corte delicadamente os segmentos mais longos para estimular novos brotos florais.

Pode florescer o ano todo?

Na prática, sim — mas não de forma contínua. A flor-de-maio precisa de pausas para recuperar energia. O ideal é estimular no máximo duas florações por ano, com intervalos de 4 a 6 meses. Isso evita o esgotamento da planta e mantém sua saúde a longo prazo.

Flor-de-maio como símbolo de renovação

Ver uma flor-de-maio florindo fora de época é mais do que um feito de jardinagem — é um lembrete de que, com o ambiente certo e um pouco de paciência, a beleza pode surgir mesmo nos momentos mais inesperados. Seja como presente, decoração de mesa ou companhia silenciosa na varanda, ela sempre encanta com suas cores vivas e formato delicado.

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Lavar o rosto com sabonete comum pode prejudicar a pele

Durante anos, lavar o rosto com o mesmo sabonete do banho parecia prático e até econômico. Eu nunca tinha parado para pensar que essa rotina, tão comum, podia estar sabotando minha pele aos poucos. Até que um dia, cansada do ressecamento, da oleosidade descontrolada e das pequenas espinhas que insistiam em aparecer, resolvi investigar melhor. E o que descobri mudou minha relação com o cuidado facial.

Trocar o sabonete comum por um produto adequado ao rosto foi um divisor de águas — e não apenas do ponto de vista estético. Minha pele começou a responder com mais equilíbrio, menos inflamações e uma textura que eu achava impossível de alcançar sem tratamentos caros.

Por que o sabonete comum pode ser um problema para o rosto

Os sabonetes tradicionais são formulados para higienizar o corpo, que tem uma pele naturalmente mais espessa, resistente e com menor sensibilidade que a do rosto. Eles costumam conter fragrâncias fortes, agentes detergentes mais agressivos e até ingredientes que alteram o pH natural da pele.

O rosto, por outro lado, possui uma barreira protetora mais delicada. Quando lavamos com sabonete corporal, essa barreira é comprometida, abrindo espaço para ressecamento, excesso de oleosidade rebote e até descamações ou sensações de ardência.

Além disso, o uso contínuo de sabonetes inadequados pode acelerar o envelhecimento cutâneo, uma vez que a pele fica mais exposta aos radicais livres e à perda de água.

Os sinais de que minha pele não estava feliz com o sabonete comum

Antes de trocar o sabonete, eu percebia:

  • Sensação de repuxamento após a lavagem

  • Oleosidade excessiva no meio do dia

  • Descamação ao redor do nariz e da boca

  • Aparição frequente de cravos e pequenas espinhas

  • Textura áspera e aparência opaca

Eu achava que isso era “normal”, principalmente por ter pele mista. Mas bastou algumas semanas usando um sabonete facial adequado para entender que minha pele estava, na verdade, pedindo socorro.

Como escolhi o sabonete ideal para o meu tipo de pele

A primeira lição foi simples: rosto não é igual ao resto do corpo. A segunda, mais importante ainda: nem todo sabonete facial é igual. Existem diferentes tipos, com ativos específicos para cada necessidade. Veja alguns exemplos:

  • Pele oleosa: sabonetes com ácido salicílico, zinco, tea tree ou carvão ativado ajudam a controlar a produção de sebo.

  • Pele seca: fórmulas com glicerina, ceramidas, óleo de amêndoas ou ácido hialurônico são ideais para limpar sem agredir.

  • Pele sensível: sabonetes com calêndula, camomila ou sem perfume reduzem o risco de irritações.

  • Pele acneica: fórmulas com enxofre, ácido glicólico ou niacinamida podem ajudar a tratar sem ressecar demais.

Conversei com uma dermatologista, que indicou um sabonete específico para minha pele mista e reativa. Ele não fazia espuma em excesso, não deixava cheiro forte e, ainda assim, limpava profundamente sem agredir.

O que mudou depois da troca

Após apenas uma semana, comecei a notar:

  • A pele parou de repuxar;

  • A oleosidade diminuiu visivelmente;

  • O toque ficou mais uniforme;

  • Os poros estavam menos dilatados;

  • As espinhas desapareceram quase por completo.

Com o tempo, percebi que até o uso de hidratante ficou mais eficaz. Era como se minha pele finalmente estivesse “colaborando”, e não lutando contra o que eu aplicava.

Rotina ideal de limpeza facial

Hoje, sigo uma rotina simples, mas consistente:

  1. Lavo o rosto duas vezes ao dia: ao acordar e antes de dormir, com sabonete facial adequado.

  2. Uso água fria ou morna: evito água quente, que pode sensibilizar ainda mais.

  3. Enxugo com toalha exclusiva e sem esfregar: apenas pressionando suavemente.

  4. Aplico tônico, hidratante e protetor solar: de acordo com minha necessidade e clima do dia.

Dica extra: esfoliação suave 1x por semana

Com a pele mais equilibrada, introduzi um esfoliante suave semanalmente — e o efeito é ainda melhor. Ajuda a remover células mortas, melhorar a absorção de ativos e manter a pele com aspecto luminoso.

Mas e se eu não puder investir em sabonetes caros?

Felizmente, existem boas opções acessíveis no mercado, inclusive em farmácias e supermercados. O segredo é fugir dos rótulos genéricos como “para todos os tipos de pele” e observar a lista de ingredientes. Produtos sem álcool, sem corantes e com ativos hidratantes simples já são um ótimo começo.

Além disso, muitas marcas populares têm linhas dermatológicas específicas com preços justos — e que funcionam de verdade.

A pele fala — e merece ser ouvida

Trocar o sabonete comum por um produto voltado para o rosto pode parecer um detalhe pequeno, mas o impacto é imenso. Quando comecei a respeitar as necessidades da minha pele, percebi que o cuidado diário virou prazer, não obrigação.

E o melhor de tudo? Não precisei de mil cremes ou tratamentos para alcançar um resultado visível. Bastou começar pelo básico — a limpeza — e fazer isso com mais consciência.

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Economia do Mar Onde Estamos

O Brasil possui um litoral que se estende por mais de oito mil quilômetros. À sua frente, repousa uma vastidão oceânica que por décadas foi vista como paisagem, fronteira ou obstáculo. Hoje, ela se revela como um ativo econômico de valor imensurável, mas ainda não inteiramente compreendido. A chamada “economia do mar” desponta como uma força silenciosa, já presente, mas ainda não reconhecida com o devido peso nas decisões estratégicas do país.

Dinâmica da economia do mar

Por definição, essa economia não se limita às atividades que dependem diretamente do mar como matéria-prima. Ela abarca também os setores que se desenvolvem nas adjacências costeiras: turismo, logística, construção naval, extração energética, defesa, serviços. E aqui está o ponto crucial: se considerada em sua plenitude, a economia do mar responde por algo em torno de 20% do Produto Interno Bruto brasileiro, segundo dados de 2015 e 2018. Em números absolutos, falamos de R$ 1,36 trilhão em Valor Adicionado Bruto em 2018. Uma cifra que supera as estimativas de muitos setores mais celebrados, como o agronegócio.

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Screenshot-2025-07-22-190955 Economia do Mar Onde Estamos
Fonte: A Tribuna

Esse crescimento não é pontual. Entre 2015 e 2018, todos os indicadores da economia do mar subiram: o Valor Bruto da Produção saltou de R$ 1,99 trilhão para R$ 2,23 trilhões; o número de ocupações passou de 19,8 para 20,7 milhões; as remunerações cresceram de R$ 566 bilhões para R$ 675 bilhões. São números robustos, mas escondidos, por estarem pulverizados entre setores distintos das contas nacionais. A economia do mar é um gigante que opera à margem das estatísticas formais. E o que não se mede, não se prioriza.

Setores dominantes

Entre os setores dominantes, destacam-se os serviços (especialmente o turismo costeiro), a energia (notadamente o petróleo e gás do pré-sal) e a indústria naval. Em 2018, o setor de defesa superou a manufatura como terceiro maior contribuinte para o VAB, sinalizando a crescente militarização e vigilância da zona costeira. O turismo, por sua vez, se beneficia de um litoral de clima ameno durante todo o ano, com treze das setenta e seis regiões metropolitanas brasileiras situadas no litoral. Já o petróleo offshore, especialmente o pré-sal, foi responsável por um salto produtivo que impulsionou também a construção naval entre 2003 e 2012, graças a políticas públicas voltadas à autossuficiência energética.

No entanto, apesar desse potencial exuberante, a economia do mar ainda carece de reconhecimento institucional. Não existe, por exemplo, um setor econômico específico para o mar nas contas nacionais. Muitas de suas atividades estão registradas sob outras categorias, como a agropecuária. Essa imprecisão dificulta não apenas o planejamento, mas também a defesa política de um projeto estruturado para o litoral brasileiro.

Contas nacionais azuis

A solução começa por mensurar corretamente essa economia. A criação do Grupo Técnico PIB do Mar, em 2020, foi um passo relevante, mas precisa ganhar ritmo e transparência. As chamadas “contas nacionais azuis” são fundamentais para dar visibilidade à contribuição do oceano e embasar políticas públicas que maximizem seus benefícios e minimizem seus impactos.

Mas contar não basta. É preciso planejar. O Planejamento Espacial Marinho (PEM) surge como ferramenta essencial nesse cenário. Trata-se de um processo que aloca espacialmente as atividades humanas no mar, considerando variáveis ecológicas, econômicas e sociais. Seu objetivo é prevenir conflitos de uso, garantir a segurança energética, proteger a biodiversidade e permitir o uso sustentável de um território dinâmico e interdependente. Num país com reservas gigantes de petróleo, cabos submarinos, zonas pesqueiras, parques eólicos offshore e rotas turísticas, esse tipo de organização é mais que desejável: é imprescindível.

Avaliações preventivas

A desmobilização de infraestruturas pesadas no mar, uma vez instaladas, é extremamente difícil. Por isso, avaliações preventivas são vitais. Sem esse cuidado, corremos o risco de repetir no oceano os mesmos erros cometidos em terra firme: exploração predatória, ocupação desordenada, exclusão social. O mar não pode ser mais um território de urgência sem política, de riqueza sem redistribuição.

Importância do mar

No plano simbólico e estratégico, a economia do mar é o espelho líquido da dependência que o Brasil tem de sua geografia. Em 2018, se fosse um país, essa economia seria a segunda maior da América do Sul. E isso nos obriga a reconhecer que o mar é parte estruturante do nosso futuro. Não apenas como ativo econômico, mas como espaço de integração territorial, identidade cultural e desenvolvimento sustentável.

Screenshot-2025-07-22-192042 Economia do Mar Onde Estamos
Fonte: CONAFER

O oceano já é a sétima maior economia do mundo e pode dobrar de tamanho até 2030. O Brasil, com sua imensa Amazônia Azul, não pode mais ignorar esse movimento. A economia do mar é um gigante que pede contornos. Um corpo sem rosto, cuja força se percebe mas cuja forma ainda carece de nitidez. É hora de dar-lhe nome, medida e projeto. Só assim ele deixará de ser promessa e passará a ser presença. Sustentável, mensurável e estratégica. Como deve ser.

Projeto socioambiental nos Lençóis Maranhenses resgata o equilíbrio entre a natureza e o humano

Os Lençóis Maranhenses, um santuário natural reconhecido pela UNESCO em 2024 como Patrimônio Natural da Humanidade, guardam em suas dunas e lagoas uma tapeçaria cultural tão rica quanto sua biodiversidade. Essa riqueza é salvaguardada por comunidades que, muitas vezes, veem-se à margem da crescente indústria turística que floresce na região.

“Na Rota do Tamanduaí”

É nesse contexto que o projeto “Na Rota do Tamanduaí”, iniciativa do Instituto Tamanduá patrocinada pela Petrobrás, emerge como um farol de esperança, tecendo uma rede de ações que unem ciência, conservação e educação em prol da inclusão social e da preservação ambiental.

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Fonte: Zooparque Itatiba

Inspirado pelo sucesso de empreitadas anteriores da organização no Delta do Parnaíba, o projeto agora expande seus horizontes para o município de Barreirinhas, englobando as comunidades de Atins, Ponta do Mangue e Queimada dos Britos, além de outras localidades na Área de Proteção Ambiental Foz do Rio Preguiças. Nesses recantos, o turismo e os ecossistemas coexistem, mas nem sempre em perfeita harmonia.

Com o tamanduaí, o menor tamanduá do planeta e um ícone da conservação dos manguezais nordestinos, como seu simpático mascote, a proposta do projeto é mitigar a vulnerabilidade socioambiental da região. Isso se dará por meio de ações formativas em educação ambiental, ciência cidadã, fomento à geração de renda e a um turismo verdadeiramente sustentável.

Semeando o Conhecimento: Educação na Rota

Entre as múltiplas frentes de atuação, o “Na Rota do Tamanduaí” desdobra o programa “Educação na Rota”, uma iniciativa pensada para estudantes e professores das escolas públicas locais. As atividades propostas são diversas e engajadoras, incluindo a co-criação de um livro digital com estratégias de educação ambiental contextualizadas, caminhadas ecológicas que prometem imersão na natureza, oficinas lúdicas e uma feira de ciências batizada com o instigante nome “Ciência, Emoção & Conservação”.

Ao longo da jornada do projeto, estão previstas ao menos 20 intervenções presenciais de sensibilização ambiental, totalizando um robusto pacote de 50 horas de atividades extracurriculares. Para envolver especialmente as crianças da primeira infância, a magia de personagens fantasiados de tamanduás, tatus e preguiças será usada, transformando o aprendizado sobre meio ambiente e conservação em uma aventura divertida e inesquecível.

A Sinapse entre Natureza e Tradição

Diante do crescente fascínio nacional e internacional pelos Lençóis Maranhenses, impulsionado por suas paisagens paradisíacas de dunas e lagoas cristalinas, a rica tapeçaria biológica local, intrinsecamente ligada à existência de comunidades tradicionais centenárias, nem sempre recebe o devido destaque. Essas comunidades vivem da pesca, da agricultura e do extrativismo, em um delicado equilíbrio com o ambiente.

Contudo, o rápido e muitas vezes desordenado crescimento do turismo tem imposto pressões significativas tanto sobre os ecossistemas quanto sobre os modos de vida locais. Qualquer alteração nesse complexo ambiente, que se intercala entre dunas, mangues, rios e restingas, pode desencadear um efeito cascata de desequilíbrio e escassez, afetando diretamente a sobrevivência e a cultura dessas populações.

Turismo comunitário consciente

É a partir dessa constatação que a implementação de um turismo comunitário consciente se revela um imperativo. Conectando ensinamentos sobre conservação a capacitações em hospitalidade, o “Na Rota do Tamanduaí” introduz o programa “Tamanduá Hospeda”. Esta iniciativa visionária capacitará moradores das comunidades, com foco especial em mães solo com filhos pequenos, para que possam acolher turistas em suas casas.

A proposta vai além da simples hospedagem, oferecendo vivências autênticas e estadias com o genuíno sabor regional. A meta ambiciosa é formar um mínimo de 10 mulheres para que atuem como anfitriãs e empreendedoras do turismo comunitário. A formação é abrangente, englobando desde o uso de aplicativos de reserva e tradução até noções de fotografia com celular, gestão financeira e a crucial precificação justa. Complementarmente, o projeto investirá na recuperação de 10 hectares de cerrado e 10 hectares de manguezal, áreas historicamente utilizadas pelas comunidades.

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Fonte: Roda Mundo Intercâmbio

Conservação ambiental e a valorização dos modos de vida tradicionais

Todo o processo será participativo, com envolvimento direto dos moradores desde o diagnóstico até a manutenção das áreas plantadas, demonstrando que é plenamente possível harmonizar conservação ambiental com a valorização dos modos de vida tradicionais e o desenvolvimento do turismo. Ainda como parte dessa frente, está prevista a instalação de um viveiro comunitário de mudas e sementes, que não apenas contribuirá para a restauração ambiental, mas também para a melhoria da qualidade de vida da população local, oferecendo recursos e oportunidades de trabalho.

Visando a diminuição do uso de lenha e, simultaneamente, promovendo saúde e segurança alimentar, o projeto distribuirá 40 kits de cozinha sustentável. Esses kits incluem fogões ecoeficientes, acompanhados de uma cartilha com receitas locais e um capítulo especial dedicado a preparações voltadas para a primeira infância. A difusão dessa tecnologia será realizada por moradores capacitados das próprias comunidades, fomentando a renda e a autonomia local.

Olhar da Ciência para os Xenarthras

No pilar científico, o foco recai sobre os Xenarthras, um fascinante grupo que engloba tamanduás, tatus e preguiças. O projeto empreenderá expedições de campo meticulosas para estudar a ecologia, a genética e a saúde desses animais, com uma atenção particular ao tamanduaí, uma criatura elusiva, mas fundamental para a manutenção do equilíbrio ecológico local.

As observações sobre seu comportamento alimentar e reprodutivo servirão de base para que as informações coletadas sejam disseminadas e utilizadas em colegiados locais, nacionais e internacionais, contribuindo para políticas de conservação mais eficazes. A participação dos jovens moradores será igualmente protagonista. Pelo menos 10 deles serão capacitados no programa de Ciência Cidadã, participando ativamente dos levantamentos e do monitoramento contínuo do projeto. Isso não apenas empodera a juventude local, mas também enriquece a pesquisa com o conhecimento inestimável de quem vive e compreende profundamente o ambiente.

Cúpula dos Povos reunirá mais de 700 movimentos sociais visando justiça climática e povos tradicionais

A capital paraense, Belém, encravada no coração pulsante da Amazônia brasileira, se prepara para ser palco de um evento de profunda ressonância global.

Belém se Torna o Epicentro da Justiça Climática Global

Entre os dias 12 e 16 de novembro deste ano, movimentos sociais e organizações da sociedade civil, provenientes dos mais diversos recantos do Brasil e do mundo, convergirão para a Cúpula dos Povos, um encontro que ocorrerá em paralelo à trigésima Conferência das Partes da Convenção do Clima, a COP 30. Esta articulação independente e autônoma surge não apenas como um contraponto, mas como uma voz altiva e indispensável em meio aos debates climáticos internacionais.

Screenshot-2025-07-25-011055 Cúpula dos Povos reunirá mais de 700 movimentos sociais visando justiça climática e povos tradicionais

A ambição central da Cúpula é inequívoca: pressionar e, mais do que isso, convencer o governo brasileiro a assumir uma liderança ousada, propondo metas mais ambiciosas para a redução da temperatura global.

Desde o ano passado, 2023, os representantes desse coletivo robusto vêm desenvolvendo uma agenda intensa de incidência, mobilizando apoio e ampliando suas bases. O esforço tem sido recompensado com uma adesão expressiva: até o momento, mais de 700 entidades já assinaram a carta de compromisso, sendo 84 delas de projeção internacional. Este número por si só já demonstra a capilaridade e a representatividade que a Cúpula dos Povos alcançou antes mesmo de sua plena materialização.

Programação da Cúpula

A programação da Cúpula promete ser vibrante e multifacetada, refletindo a diversidade e a riqueza de seus participantes. Haverá plenárias estratégicas, onde as vozes dos territórios e das comunidades serão ouvidas e amplificadas. Apresentações culturais tecerão um mosaico de identidades e resistências, celebrando a vida e a luta. Uma marcha global pelas ruas de Belém levará as bandeiras da justiça climática para o cenário urbano, tornando visível a força da mobilização popular. E uma feira de produtos e alimentos das comunidades tradicionais e da agricultura familiar oferecerá um gostinho da abundância e do modelo de desenvolvimento que a Cúpula defende, um modelo baseado no respeito à terra e aos ciclos naturais.

A equipe responsável pela gestão desse processo tem se dedicado incansavelmente não só a ampliar as adesões, mas também a garantir a infraestrutura logística necessária para acolher os milhares de participantes em alojamentos coletivos, assegurar a alimentação e providenciar o transporte, demonstrando um compromisso com a inclusão e a solidariedade.

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Fonte: Cúpula dos Povos

Banquetaço: a Logística da Solidariedade e do Saber Ancestral

A logística do evento transcende a mera organização de um congresso; ela é, em si, um manifesto. Sua concepção pauta se na valorização intrínseca dos saberes dos territórios e na organização das próprias comunidades para manter uma cadeia de produção e distribuição de bens. Isso se traduz em escolhas concretas e simbólicas de grande impacto: as refeições serão preparadas com alimentos vindos diretamente da agricultura familiar, priorizando produtos frescos e sazonais, e confeccionadas em cozinhas solidárias e agroecológicas.

Essa filosofia culminará no banquetaço, um momento de partilha de alimentos em um espaço público da capital paraense, que será mais do que uma refeição; será uma celebração da abundância da terra e da capacidade de organização dos povos.

Expectativas

A expectativa da Cúpula dos Povos é de reunir cerca de 15 mil pessoas ao longo dos cinco dias de evento. Este contingente expressivo será composto por uma miríade de lideranças e ativistas: coletivos de mulheres, povos indígenas, camponeses, quilombolas, negros, juventude, comunidade LGBTQIAPN+, ambientalistas, sindicalistas e movimentos dedicados à defesa dos direitos humanos. Cada um desses grupos trará na bagagem não só suas bandeiras de luta específicas, mas também um manancial de experiências e conhecimentos que convergem de forma poderosa com a pauta climática, tecendo uma rede de solidariedade e resistência que se estende por continentes.

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Fonte: Flickr

Abertura que Flutua e Conecta

A abertura da Cúpula, no dia 12 de novembro, será um momento de beleza e simbolismo, com uma “barqueata” que sulcará os rios que abraçam Belém. Essa procissão aquática, uma espécie de passeata sobre as águas, é um lembrete da profunda conexão da Amazônia com seus rios e da importância da água como elemento vital para a vida.

Existem delegações internacionais que estão se organizando para fazer o percurso até o Brasil mesclando trechos em avião, ônibus e, de forma ainda mais significativa, em embarcações. A intenção é que, durante esse trajeto fluvial, sejam feitas paradas estratégicas para interagir com as comunidades ribeirinhas e outras delegações, fomentando uma rica agenda de debates sobre justiça climática em um contexto vivo e real. Essa jornada se tornará, por si só, um processo de aprendizado e intercâmbio.

Lobby capitalista enfraqueceu as cúpulas climáticas

Para as organizações e movimentos que compõem a Cúpula, as abordagens e as decisões tomadas nas COPs tradicionais são vistas como fundamentalmente falhas, incapazes de oferecer soluções concretas e eficazes para a crise climática que se agrava a cada dia.

A crítica é contundente: esses espaços decisórios estariam excessivamente permeados pelo lobby de grandes empreendimentos multinacionais, resultando em conferências que apostam em metas ínfimas para a redução de gases de efeito estufa e em estratégias que, em última análise, servem aos interesses das corporações que são as principais responsáveis pela poluição e pelos desastres ambientais que testemunhamos.

Enquanto isso, a preservação de rios, florestas e espécies animais em áreas tradicionalmente ocupadas pelos povos é sistematicamente ignorada. Essa omissão não é apenas uma falha técnica; é um ato de invisibilização da experiência secular dessas populações e de seus movimentos, que, por gerações, têm desenvolvido formas únicas e sustentáveis de lidar com os diferentes biomas. É uma negação de um conhecimento profundo e essencial para a construção de um futuro verdadeiramente ecológico e equitativo.

Um trecho da carta política que serve de guia para a Cúpula sintetiza essa indignação: “Países tomadores de decisão têm se omitido ou apresentado soluções absolutamente ineficientes, colocando em risco a meta crucial de 1,5 grau Celsius do Acordo de Paris. Investimentos que alimentam as mudanças climáticas têm crescido nos últimos anos, enquanto políticas de proteção aos povos indígenas e populações tradicionais têm sido desmanteladas, e suas lideranças, ameaçadas e assassinadas. Essa é uma realidade inaceitável que a Cúpula dos Povos pretende denunciar e reverter.”

A Carta Política: Um Grito por Transformação

Desde o seu lançamento, no ano passado, a carta política assinada por centenas de organizações, movimentos e redes tem sido um documento de incidência fundamental. Ela foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à Secretaria Operativa Nacional da COP 30 Secop, a representantes de órgãos do executivo e a parlamentares, garantindo que as vozes da sociedade civil chegassem aos corredores do poder.

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Fonte: MAB

Este documento não nasceu de um gabinete fechado; ele foi construído coletivamente durante as plenárias realizadas pelo coletivo, resumindo os objetivos da Cúpula, as críticas incisivas às ações adotadas a partir das Conferências oficiais, a identificação clara das causas profundas das mudanças no clima e, o mais importante, as soluções que são consideradas reais e urgentes.

Uma Agenda Inadiável para o Futuro do Planeta

A Cúpula dos Povos defende uma transição energética justa, que não deixe ninguém para trás e que promova o desmatamento zero como uma meta inegociável. Ela exige a responsabilização das grandes corporações pelos danos ambientais e sociais que causaram e continuam a causar.

As propostas incluem a necessidade premente de uma reforma agrária e urbana abrangente, que redistribua terra e acesso à cidade de forma equitativa. Incentiva se a economia solidária, um modelo que valoriza a colaboração e a produção local. A proteção incondicional das populações tradicionais e a valorização da agroecologia são pilares fundamentais, reconhecendo que esses saberes e práticas são essenciais para a resiliência e a sustentabilidade. E, claro, a Cúpula ergue a bandeira do combate ao racismo ambiental e estrutural, reconhecendo que os impactos da crise climática recaem desproporcionalmente sobre os mais vulneráveis.

Os movimentos que compõem a Cúpula entendem que, diante da crise atual, é urgente um esforço global e coordenado para reverter os danos ambientais e sociais. Com a Cúpula, esperam exercer uma pressão significativa como sociedade civil para que o governo brasileiro não apenas adote medidas mais ousadas e rápidas, mas que também sirva de exemplo inspirador para os demais signatários do Acordo de Paris, demonstrando que é possível e necessário ir além do que tem sido feito.

O Brasil como Protagonista e Desafio

A expectativa sobre o papel que o Brasil poderá desempenhar na COP 30 é imensa. Essa expectativa advém não apenas do fato de o país presidir a próxima conferência, mas também por ser uma das nações mais impactadas pela crise climática, possuir uma das maiores biodiversidades do planeta e ser, atualmente, representado por um presidente com significativo capital político internacional.

Contudo, e talvez o mais importante, a participação popular na Cúpula é encarada como um marco potencialmente transformador para um país democrático como o Brasil, especialmente considerando que as últimas COPs têm se mantido como espaços restritos e muitas vezes distantes da voz e da realidade das comunidades. A Cúpula dos Povos chega para romper essa barreira e democratizar o debate.

Histórico da Herança de Mobilização: Da Rio+20 à COP 30

A Cúpula dos Povos Rumo à COP 30 não é um evento isolado; ela carrega em seu DNA a inspiração e o legado da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, realizada no Rio de Janeiro em 2012, em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20. Naquela ocasião, a mobilização de movimentos sociais nacionais e internacionais reuniu cerca de 20 mil pessoas no Aterro do Flamengo, criando um contraponto vibrante à agenda oficial.

Através de plenárias e debates acalorados, os ativistas da Cúpula de 2012 apresentaram contrapontos incisivos à Rio+20, que, assim como as COPs atuais, era percebida como um espaço mais fechado, destinado a lideranças governamentais de diversos países para discutir uma agenda ambiental global para as duas décadas seguintes.

Embora a Conferência oficial tenha resultado na elaboração da Agenda 21, um documento com orientações aos países sobre sustentabilidade, a Cúpula dos Povos daquele tempo já sinalizava a necessidade de uma participação mais ativa e decisiva da sociedade civil nas discussões sobre o futuro do planeta. Essa é a chama que agora arde em Belém, com uma nova geração de ativistas e uma urgência ainda maior.

zapp8 Cúpula dos Povos reunirá mais de 700 movimentos sociais visando justiça climática e povos tradicionais

Bandeiras de Luta: Uma Convergência com o Clima

Para a construção da Cúpula dos Povos Rumo à COP 30, as lideranças envolvidas estão imersas em um processo de intensa mobilização e diálogo para definir as pautas de convergência dos movimentos sociais com a questão climática. A meta é estabelecer eixos temáticos claros, nos quais serão articuladas as críticas contundentes ao modelo adotado pela COP e, simultaneamente, apresentadas propostas concretas para a construção de um projeto político de enfrentamento à crise climática que seja verdadeiramente popular, inclusivo e sustentável. Alguns desses eixos em discussão, que guiarão os debates e as ações da Cúpula.

Eixos temáticos e suas respectivas pautas

  • Eixo I: Territórios Vivos, Soberania Popular e Alimentar

Este eixo é um pilar fundamental, visando visibilizar e fortalecer a luta em defesa dos territórios e dos direitos inalienáveis dos povos das águas, dos rios, dos mares, dos mangues, das florestas, da cidade e do campo. Ele clama pelo reconhecimento territorial pleno dos Povos Originários e Comunidades Tradicionais, e pela efetivação urgente da regularização fundiária, demarcação e titulação de suas terras ancestrais.

A exigência do reconhecimento do direito consuetudinário coletivo dos povos aos seus territórios é um ponto crucial. O eixo também defende a Reforma Agrária Popular como um imperativo para a justiça social e ambiental, buscando construir territórios agroecológicos que garantam a segurança e a soberania alimentar e nutricional para todos.

Promover a diversidade cultural e as iniciativas de comunicação dos povos, sob a perspectiva do Bem Viver, é essencial. Este eixo também se compromete com o reconhecimento da Natureza como sujeito de direitos e a proteção e conservação intransigentes da biodiversidade. Finalmente, ele fomenta as iniciativas de educação intercultural e ambiental, valorizando a transmissão de saberes e a oralidade como fontes vitais de conhecimento.

  • Eixo II: Reparação Histórica, Combate ao Racismo Ambiental e ao Poder Corporativo

Este eixo se propõe a enfrentar de frente os grandes projetos predatórios do agronegócio, do hidronegócio, da mineração, da pesca e aquicultura industrial, e os corredores logísticos que, em sua expansão desenfreada, destroem os territórios e sua sociobiodiversidade. Ele combate veementemente as chamadas Falsas Soluções para a crise climática, que se baseiam na financeirização da natureza, em geoengenharias, na bioeconomia e em outras soluções de mercado que não resolvem os problemas estruturais, mas os aprofundam.

O enfrentamento da captura que as corporações e as falsas soluções climáticas exercem sobre as agendas, os corpos e o trabalho dos povos, em especial das mulheres, é uma luta central. Este eixo promove o cancelamento da dívida financeira ilegítima dos países do Sul e o pagamento da dívida ecológica dos países do Norte, como um ato de justiça reparatória. Ele busca promover e aplicar as soluções dos povos, como a agroecologia e as tecnologias sociais, como medidas eficazes de adaptação e mitigação para os territórios diante das mudanças climáticas.

O combate à impunidade e a responsabilização de corporações, agentes privados e públicos responsáveis pelos crimes ambientais e pelas consequências da crise ambiental, com obrigações de reparação, são inegociáveis. Transformar os mecanismos de Financiamento Climático em instrumentos de reparação e cooperação entre países e povos, conectados à ampliação e fortalecimento de políticas públicas nacionais, é uma meta ambiciosa.

Lutar para que os mecanismos e políticas de reparação e cooperação contemplem a assistência integral às vítimas dos eventos climáticos extremos é um compromisso humanitário. Promover políticas de memória, justiça e reparação para os povos historicamente mais afetados pelo racismo ambiental e a injustiça climática é um imperativo histórico.

O eixo também busca promover políticas de reparação e de geração de emprego e renda para os povos em territórios ocupados, migrantes e deslocados climáticos. A proteção das defensoras e defensores dos Direitos Humanos e Socioambientais e a garantia da ratificação e aplicação do Acordo de Escazú pelos Estados são bandeiras cruciais. Finalmente, enfrentar o poder das big techs, do capitalismo digital e da mídia corporativa sobre os povos e a natureza é uma batalha fundamental na era atual.

  • Eixo III: Transição Justa, Popular e Inclusiva

Este eixo reconhece o valor inestimável dos saberes e das práticas dos povos das águas, dos rios, dos mares, dos mangues, das florestas, da cidade e do campo como os fundamentos de uma transição justa. Ele defende a inclusão da diversidade da classe trabalhadora, comunidades e territórios na definição da estratégia de Transição Justa, assegurando a participação plena de todas as trabalhadoras e trabalhadores: formais, informais, precários, não remunerados, do campo e da cidade.

Promover políticas de proteção social e a ampliação dos serviços públicos no âmbito da Transição Justa é um compromisso central. Consolidar a democracia energética, os direitos das comunidades e as iniciativas populares de geração de energia como elementos chave é uma visão de futuro. Este eixo busca promover a transição nos modos de produção, reprodução, distribuição e consumo, transformando a lógica que nos trouxe à crise.

Promover a transição energética justa e popular, com diversificação de fontes, descentralização e distribuição equitativa, é um objetivo ambicioso. Incentivar a transição agroecológica nos modelos de produção, fortalecendo práticas tradicionais frente ao desmatamento, queimadas e à desertificação, é vital. Construir territórios livres dos empreendimentos do agronegócio, hidronegócio, mineração, petróleo, pesca e aquicultura industrial é uma meta para proteger a vida.

Pôr fim à era dos combustíveis fósseis, com justiça ambiental, de acordo com os princípios da Transição Justa, é um chamado global. Promover a transição no mundo do trabalho com garantia de direitos sociais e trabalhistas, através das negociações coletivas e com garantia de trabalho decente, combatendo a precarização das relações de trabalho e o trabalho análogo à escravidão, é uma prioridade.

Finalmente, fortalecer economias territoriais, populares e coletivas e combater as regras e processos que condenam os países do Sul Global à economia primário exportadora, como a dívida financeira ilegítima e os Tratados de Livre Comércio, é um objetivo de soberania.

  • Eixo IV: Contra as Opressões, Pela Democracia e Pelo Internacionalismo dos Povos

Este eixo busca fortalecer a cooperação e o internacionalismo entre os povos por um projeto democrático, popular, feminista, anticapitalista, antirracista, antifascista, a favor da integração regional, pelas diversidades sexuais e de gênero e contra o imperialismo, a extrema direita e o colonialismo.

Construir uma agenda unificada de mobilização social pela paz justa, pela justiça climática e pela democracia para além das COPs, é um chamado à ação global. Construir uma governança global democrática, popular e participativa, alternativa às estruturas multilaterais convencionais e corporativas, é uma visão de um mundo mais justo. Promover o direito à livre circulação dos povos e combater a criminalização das pessoas migrantes é uma questão humanitária.

Mobilizar pelo fim das guerras, do apartheid, da colonização e da militarização da vida é uma necessidade urgente. Combater todos os acordos de livre comércio que reforcem o domínio do Norte sob o Sul Global é um objetivo de soberania econômica. Combater a extrema direita no mundo, traçando estratégias e lutas unificadas do local ao global, é uma resposta à ascensão de ideologias perigosas.

Promover políticas de reparação aos povos mais afetados pelas injustiças sociais e econômicas e pelo racismo ambiental é um compromisso inadiável. Promover a intergeracionalidade, diversidade, pluralidade e inserção das mulheres, juventudes, crianças e adolescentes nas tomadas de decisão é fundamental para um futuro inclusivo. Defender as diversidades e os direitos da população LGBTQIAPN+ é uma luta por igualdade.

Promover e garantir a inclusão das pessoas com deficiências PcD é uma questão de acessibilidade e justiça. Defender a laicidade do estado, combater a violência e o fundamentalismo religioso em suas diversas dimensões, é vital para a liberdade e o respeito.

  • Eixo V: Cidades Justas e Periferias Urbanas Vivas

Este eixo visa promover políticas de enfrentamento à crise climática nas grandes cidades com soluções alternativas no campo do abastecimento e consumo. Desenvolver e consolidar políticas de planejamento urbano, mobilidade e gestão de resíduos sólidos na perspectiva da justiça climática, levando em conta a garantia de equidade de gênero, raça e etnia no direito à cidade, é um desafio complexo. Combater o racismo ambiental nas periferias urbanas é um objetivo central, dado o impacto desproporcional.

Promover e aplicar as soluções dos povos, como a agroecologia e as tecnologias sociais, como medida de adaptação frente às mudanças climáticas nas periferias urbanas, é uma resposta prática. Desenvolver e intensificar políticas de reciclagem de imóveis ociosos nos centros urbanos para moradia popular é uma forma de combater o déficit habitacional.

Promover políticas públicas para a construção de habitações adaptadas aos diversos climas e às lógicas locais, devidamente integrada a modais de transporte e serviços, é uma necessidade. Democratizar o acesso ao saneamento, abastecimento de água potável e energia como direito universal dos povos e territórios é um pilar da justiça social.

Descentralizar a geração e distribuição de energia, garantindo a soberania energética e valorizando soluções locais e populares, é uma visão de futuro. Expandir a cobertura vegetal das cidades em sinergia com as políticas urbanas e de adaptação baseadas no uso coletivo do espaço e no direito à cidade, é vital para a resiliência urbana. Demandar políticas públicas para promover trabalho decente para a diversidade de trabalhadoras e trabalhadores, enfrentar a informalidade e a precarização do trabalho nas cidades, é um objetivo de dignidade.

  • Eixo VI: Feminismo Popular e Resistências das Mulheres nos Territórios

Este eixo se dedica a defender os direitos das mulheres e meninas e seu protagonismo essencial nas lutas socioambientais. Construir e apoiar o feminismo popular, antirracista, anticolonial e pelas diversidades sexuais e de gênero, e as lutas das mulheres em sua diversidade de raça, etnia e territórios, é um chamado à união.

Resistir frente ao avanço do militarismo e da dominação colonial sobre as mulheres que vivem nos territórios ocupados, sob apartheid e nas guerras, é uma questão de direitos humanos. Fortalecer a construção da Economia Feminista frente às economias neoliberais é um objetivo de transformação. Construir políticas públicas direcionadas para as mulheres em relação aos impactos das mudanças climáticas, considerando que elas sofrem este impacto de forma diferenciada em seu trabalho e cotidiano, é uma questão de equidade.

Promover as políticas de cuidados e acesso das mulheres às políticas de proteção social é fundamental para sua autonomia. Promover a participação social na formulação de políticas públicas para ampliar, qualificar e propor políticas públicas para as mulheres e meninas em sua diversidade, é um imperativo democrático.

Resistir contra a criminalização das defensoras dos Corpos Territórios é defender a própria vida. Reivindicar a inserção das práticas e saberes tradicionais e ancestrais das pessoas cuidadoras da saúde dos povos, como pajés, benzedeiras e parteiras, nas políticas de saúde, é valorizar o conhecimento popular. Finalmente, garantir e ampliar os direitos reprodutivos e direitos sexuais das mulheres e meninas no combate às violências de gênero, é uma luta por liberdade e dignidade.

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Cúpula dos Povos: Clamor por Mudanças de Paradigmas

A Cúpula dos Povos em Belém, portanto, não é apenas um evento paralelo à COP 30. Ela se projeta como um espaço de efervescência, resistência e proposição, onde a complexidade da crise climática é abraçada em sua totalidade, interligada às injustiças sociais, econômicas e raciais. É a manifestação de um movimento global que clama por uma mudança de paradigma, por soluções que brotem dos territórios e dos saberes populares, por um futuro onde a vida, em todas as suas formas, seja verdadeiramente respeitada e preservada. A Amazônia, mais uma vez, se coloca como farol para o mundo, irradiando não só sua biodiversidade, mas também a força de seus povos em defesa do planeta.

Políticas da maré,  governança fragmentada da Amazônia Azul

Administrar o mar é tarefa complexa, são desafios; exige conhecimento profundo, articulação institucional, presença constante e, sobretudo, visão.

Falta de coesão

Mas o que se vê no Brasil é um conjunto disperso de esforços, instrumentos e intenções que, apesar de relevantes, não formam ainda um projeto coeso para a Amazônia Azul. Essa vastidão marinha segue sendo gerida como um quebra-cabeça cujas peças estão nas mãos de diferentes ministérios, com diferentes lógicas, tempos e prioridades.

A Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM) é talvez o instrumento mais antigo e estruturado para lidar com o mar brasileiro. Criada com o objetivo de orientar o uso sustentável dos recursos vivos, minerais e energéticos, ela abrange pesca, biodiversidade, turismo, minerais, aquicultura, mas curiosamente exclui o transporte marítimo de carga, como se o mar pudesse ser fracionado segundo interesses setoriais.

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Fonte: Agência CBIC

A Política Marítima Nacional (PMN), por sua vez, data de 1994. Em um mundo que passou por três décadas de transformações tecnológicas e ambientais, seu descompasso é evidente. Em 2021, um Grupo de Trabalho Interministerial foi criado para atualizá-la. Passo importante, mas ainda embrionário.

Comissão Interministerial para os Recursos do Mar

Por trás dessas políticas, encontra-se a CIRM, Comissão Interministerial para os Recursos do Mar. Criada em 1974, ela é composta por representantes de uma miríade de ministérios e é coordenada pela Marinha do Brasil, que ocupa papel central na governança oceânica do país. Essa estrutura, embora ampla, escancara uma assimetria: das onze ações do X Plano Setorial para os Recursos Marinhos (2020-2023), apenas uma, dedicada à conservação da biodiversidade marinha, é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente. As demais estão sob comando da Marinha ou de outros órgãos. O MMA, mesmo com competências como o licenciamento ambiental e o monitoramento de impactos, não tem protagonismo. Falta-lhe não apenas voz, mas função estruturante.

Essa fragmentação tem consequências reais. Recursos vivos e não vivos são tratados separadamente, como se fossem de naturezas inconciliáveis. Setores econômicos atuam isoladamente, sem comunicação intersetorial. O resultado é a ausência de uma política integrada, algo fundamental para um território que exige gestão sinérgica. Afinal, no mar tudo se conecta: a atividade de um setor pode impactar a subsistência de outro, o desequilíbrio ambiental em um ponto pode gerar colapsos em cadeia.

Complexidade e desafios

A complexidade se agrava quando se trata de proteger infraestruturas críticas, como os cabos submarinos que conectam o Brasil ao mundo. Esses cabos são invisíveis ao olhar comum, mas fundamentais para a internet, telefonia e fluxos de dados. São artérias digitais de um país em rede. O programa SisGAAz, desenvolvido pela Marinha, é um passo importante no monitoramento da Amazônia Azul e do Atlântico Sul, mas ele não substitui a ausência de um planejamento integrado, que contemple também as dimensões sociais e ambientais.

O derramamento de óleo de 2019/2020 escancarou essa ausência de preparação. Não apenas pela magnitude do desastre – o maior já registrado no país – mas pelo desamparo das populações atingidas: pescadores, trabalhadores do turismo, comerciantes informais. Mais de 144 mil pescadores artesanais no Nordeste foram afetados. A resposta foi tardia, difusa, burocrática. A crise mostrou que a proteção da Amazônia Azul é, antes de tudo, uma questão de justiça social.

Horizonte promissor

Algumas iniciativas recentes apontam para um horizonte mais promissor. A criação do Grupo Técnico “PIB do Mar” visa justamente suprir a lacuna de dados e oferecer um panorama real da contribuição marítima à economia nacional. Em paralelo, a adesão à iniciativa internacional “Blue Justice”, voltada ao combate ao crime organizado na pesca, é um sinal de alinhamento com agendas globais. Mas não basta aderir: é preciso implementar, fiscalizar, transformar essas adesões em mudança concreta.

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Fonte: CONAFER

A gestão da Amazônia Azul é como reger uma sinfonia de muitos instrumentos. Há violinos, trompas, percussão, sopros. Cada um com sua partitura, seu ritmo, sua ambição. Mas sem um maestro, sem uma partitura comum, a música não se harmoniza. O Brasil precisa assumir o mar não apenas como riqueza, mas como responsabilidade compartilhada. E isso exige uma política integrada, um Estado articulado e uma sociedade ciente da grandiosidade dessa música submersa que é a Amazônia Azul.

Essência de plantas na Amazônia contribui na sanidade dos tambaquis

A floresta amazônica, guardiã de uma biodiversidade ímpar, revela mais uma vez seus segredos e potencialidades dos óleos e essências da floresta, desta vez na saúde aquática.

Uma Nova Era para a Piscicultura Brasileira

Pesquisas recentes desenvolvidas pela Embrapa apontam para uma solução natural e promissora no combate aos parasitas que frequentemente acometem as brânquias do tambaqui, o peixe nativo mais cultivado em nosso país. A utilização de óleos essenciais extraídos de plantas cultivadas na Amazônia emerge como uma alternativa verdadeiramente revolucionária aos tratamentos químicos tradicionais, sinalizando uma guinada crucial nas práticas da piscicultura brasileira em direção a um futuro mais sustentável e ecologicamente consciente.

A Força da Natureza em Foco

O estudo focou na avaliação da ação de óleos essenciais obtidos de três espécies pertencentes ao gênero Piper: P. callosum, P. hispidum e P. marginatum. Dentre elas, as duas primeiras se destacaram, demonstrando resultados significativos na redução da infestação por vermes monogenéticos, parasitas que se alojam nas brânquias dos peixes, comprometendo seriamente sua respiração e, consequentemente, a produtividade da piscicultura. A espécie P. marginatum, por sua vez, não exibiu a mesma eficácia terapêutica, ressaltando a especificidade das propriedades bioativas encontradas na rica flora amazônica.

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Piper hispidum – Imagem: Maria José Tupinamba

Este trabalho inovador, coordenado pelo pesquisador Marcos Tavares Dias, da Embrapa Amapá, em colaboração com a Universidade Federal do Amapá Unifap e a Embrapa Amazônia Ocidental AM, recebeu financiamento crucial do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq, através de um Edital Universal. Este apoio institucional sublinha a relevância e o potencial transformador da pesquisa para o setor aquícola e para a valorização do conhecimento da nossa biodiversidade.

Do Cultivo ao Laboratório

As três espécies de plantas utilizadas nesta pesquisa foram cultivadas com esmero na Embrapa Amazônia Ocidental, localizada em Manaus, no coração do Amazonas. Sob a supervisão atenta do pesquisador Francisco Célio Chaves, o trabalho envolveu um estudo agronômico detalhado, abrangendo desde a produção de mudas e o plantio até a adubação e irrigação das plantas. Uma vez atingida a fase reprodutiva, as plantas eram colhidas e submetidas a um processo de secagem, preparando o material vegetal para a destilação e purificação dos óleos essenciais. Todo esse processo de extração ocorria no Laboratório de Plantas Medicinais e Fitoquímica da Embrapa Amazônia Ocidental.

Os óleos essenciais então eram cuidadosamente enviados para a Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro, onde o pesquisador Humberto Bizzo, com sua expertise, realizava as análises da composição química dos componentes majoritários de cada óleo por cromatografia gasosa.

Chaves explica a importância dessas etapas: “A família Piperaceae, abundante na flora amazônica, é conhecida por sua diversidade de moléculas químicas com comprovada atividade biológica. A partir dessas análises da composição, identificamos as substâncias químicas majoritárias que compõem esses óleos essenciais. Uma vez conhecidas, elas são testadas tanto na piscicultura para o controle de doenças parasitárias, quanto no controle de pragas e doenças em vegetais e outros animais, demonstrando a versatilidade e o potencial multifacetado dessas descobertas.”

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Marcos Tavares Dias, Embrapa Amapá – Imagem: Maria José Tupinamba

Uma Alternativa Mais Segura e Sustentável

O controle tradicional dos vermes monogenéticos, que se fixam nas brânquias dos peixes e comprometem sua vitalidade, tem historicamente recorrido a produtos químicos como formalina, organofosforados e albendazol. Embora eficazes em seu propósito imediato, esses quimioterápicos carregam consigo uma série de riscos inegáveis. Eles representam perigos à saúde dos trabalhadores que os manipulam, acarretam impactos ambientais que afetam ecossistemas aquáticos e terrestres, e ainda podem levar à seleção de parasitas mais resistentes, criando um ciclo vicioso de dependência e ineficiência.

É nesse cenário que a emergência dos óleos essenciais se torna um divisor de águas. “Os óleos essenciais vêm ganhando espaço mundialmente como uma alternativa mais segura e sustentável”, observa o pesquisador. Ele compara os métodos: “Enquanto o uso contínuo de quimioterápicos pode favorecer a resistência dos parasitas, os óleos, além de sua eficácia comprovada, não apresentaram toxicidade para os peixes nas doses testadas e não oferecem riscos à saúde dos trabalhadores. Essa diferença fundamental ressalta o potencial transformador dessas soluções naturais.”

Banhos Terapêuticos e Resultados Concretos

Os testes em laboratório foram conduzidos de maneira meticulosa, expondo os peixes a banhos terapêuticos com diferentes concentrações dos óleos essenciais. O óleo de P. callosum foi administrado em banhos de 20 minutos, com um intervalo de 24 horas entre cada aplicação. Já o óleo de P. hispidum foi utilizado em três banhos de uma hora cada, com um espaçamento de 48 horas entre as sessões. Em ambos os protocolos, a redução na infestação parasitária nas brânquias dos tambaquis foi notável, confirmando a robustez dos resultados.

As análises aprofundadas, realizadas com a precisão da microscopia eletrônica de varredura, revelaram o mecanismo de ação dos óleos: seus componentes químicos alteram a estrutura da membrana dos parasitas. Essa alteração compromete drasticamente a capacidade dos vermes de se fixarem às brânquias dos peixes, facilitando sua eliminação natural. Um aspecto crucial para a adoção prática dessa inovação é a segurança dos tratamentos, que foi plenamente confirmada pela ausência de mortalidade nos peixes durante todas as fases dos experimentos, atestando a não toxicidade dos óleos nas doses empregadas.

Sabedoria Ancestral e Inovação Contemporânea

O gênero Piper é um dos mais diversos dentro da exuberante flora amazônica, abrigando cerca de 400 espécies conhecidas somente no Brasil. Não é coincidência que muitas dessas plantas são tradicionalmente empregadas pelas comunidades locais da região como remédios naturais, um conhecimento ancestral que reforça o imenso potencial dessas espécies para a inovação na agricultura e na saúde animal. Essa pesquisa estabelece uma ponte sólida entre a sabedoria popular e a ciência moderna, validando usos seculares com rigor científico.

A investigação também acentua a importância de práticas preventivas para controlar doenças causadas por monogenéticos na piscicultura. Medidas como a quarentena de novos peixes, o controle rigoroso da densidade populacional nos tanques de cultivo e o monitoramento contínuo da qualidade da água são indispensáveis para evitar surtos de doenças e minimizar prejuízos na produção. Vale ressaltar que os custos associados ao controle de parasitas podem representar até 22% dos custos totais de cultivo, o que confere ao uso de soluções naturais uma relevância estratégica ainda maior, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.

Os cientistas esperam que os resultados desta pesquisa sirvam como um sólido embasamento para orientar técnicos e piscicultores na adoção desses óleos essenciais como uma alternativa eficaz aos tratamentos quimioterápicos. A proposta se alinha perfeitamente com os princípios de uma piscicultura mais sustentável, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ODS, em particular o ODS 8, que visa promover o crescimento econômico sustentável e garantir trabalho decente para todos.

Apesar dos avanços animadores, os pesquisadores alertam que desafios persistem. A disponibilidade e o custo da produção dessas plantas medicinais em larga escala são questões que precisam ser enfrentadas. Para que essas alternativas se tornem plenamente viáveis na prática, será fundamental estabelecer diretrizes claras para seu uso sustentável e desenvolver regulamentações específicas para sua aplicação na aquicultura. Além disso, a validação desses resultados em tanques de piscicultura em escala real será um passo crucial para a transposição do laboratório para o campo, garantindo que a promessa da floresta se materialize em benefício da nossa aquicultura e do meio ambiente.

Fonte: Portal Embrapa

Lágrimas do Verde: Assista à Performance de Dança Global Citizen NOW para Proteger a Amazônia

Amazônia: Uma Ode Dançada à Floresta Tropical

Feche os olhos e inspire profundamente, você não está no seu ambiente habitual, na verdade, o ar aqui é quente e úmido, umidificando sua pele e bagunçando seu cabelo. Você pode sentir o cheiro da terra úmida, do doce tropical e algo fresco, ainda que levemente medicinal, que você não consegue identificar. Ao se colocar neste novo elemento, familiarizando-se com ele, é importante absorver o que você ouve.

Screenshot-2025-07-24-140258 Lágrimas do Verde: Assista à Performance de Dança Global Citizen NOW para Proteger a Amazônia

Shhh… Se você ouvir com atenção, poderá perceber o ambiente falando com você em sons que se sobrepõem. É o farfalhar das folhas respondendo ao vento, o chilrear dos pássaros cumprimentando uns aos outros, os gritos e uivos de macacos brincando nos galhos acima de você, e o barulho da água correndo em algum lugar da terra. Abra os olhos. Você, caro amigo, está na floresta amazônica.

Bem, uma parte muito pequena dela, de qualquer forma – e há uma razão para isso: capturar essa vasta maravilha natural não é tarefa fácil. No entanto, dois artistas brasileiros, o compositor Leandro Albuquerque e a bailarina Ingrid Silva, colaboraram para fazer exatamente isso em uma performance emocionante na cúpula anual de liderança do Global Citizen, Global Citizen: NOW, em Nova York, que aconteceu em abril de 2025.

Amazônia como Música

“Transmitir a riqueza da Amazônia em apenas dois minutos é um desafio”, explica Albuquerque, “mas me concentrei em capturar sua emoção e seus diversos ecossistemas. Trabalhei em tecer a floresta, no canto dos pássaros, nos rios e na água. Conforme a composição se desenrola, há harmonia e intensidade, intensidade que reflete ameaças ambientais; então, a partir disso, uma esperança de serenidade.”

Lágrimas do Verde é uma composição original criada especificamente para a performance de balé de Silva no Global Citizen: NOW, onde foi anunciado que o Global Citizen traria seu festival de música para o Brasil com artistas como Anitta, Gaby Amarantos e Seu Jorge, em um chamado para proteger a Amazônia contra a crise climática.

Essa ode à Amazônia começa como uma história do anoitecer ao amanhecer, a música desperta suavemente, então cresce constantemente para contar a história do ambiente e seus habitantes. À medida que atinge o crescendo, alcançamos a intensidade de que Albuquerque fala e, logo depois, aterrissa em uma serena sensação de harmonia.

“Quando ouvi pela primeira vez a composição de Leandro, me arrepiei”, Silva conta ao Global Citizen. “Foi um daqueles momentos em que tudo se encaixou. Ele não apenas seguiu o roteiro – ele sentiu. A música carregava a emoção que queríamos transmitir e deu alma ao projeto. Foi poderoso e, honestamente, me senti muito orgulhosa de fazer parte de algo tão cuidadosamente elaborado.”

Um Chamado à Ação

As mudanças climáticas causadas pelo homem têm atacado a floresta amazônica há décadas. Desmatamento, poluição e exploração de combustíveis fósseis têm destruído vastas áreas da floresta e deslocado centenas de comunidades indígenas que a chamam de lar. Se continuarmos nesse ritmo, a Amazônia poderá perecer. Se perdermos a maior floresta tropical do mundo, perdemos a essência da vida como a conhecemos.

A Amazônia, aninhada entre nove países sul-americanos, é vital para a regulação climática, incluindo a geração de chuvas em toda a região e a absorção de toneladas de emissões de carbono que aquecem o clima todos os anos. A imensa perda desse recurso vital nas mãos da humanidade não pode ser subestimada.

Essa é uma imagem assustadora, mas a esperança permanece, desde que haja unidade na ação. Essa é a principal mensagem por trás de Lágrimas do Verde e da performance de Silva.

“Acredito que a Amazônia precisa de uma voz”, diz Albuquerque, “na verdade, ela precisa das vozes de todos. O que acontece na Amazônia afeta a todos. Precisa que as pessoas conscientizem, falem e ajam.”

O Processo Criativo

Tanto Albuquerque quanto Silva deixaram que a questão falasse com eles na criação de sua arte para esta performance, e ficou claro que a Amazônia tinha muito a dizer.

Sobre a coreografia, Silva explica: “Deixei-me guiar pela sensação de ser livre. Pensei no que a Amazônia significa para mim, sua força, beleza e espírito indomável. Cada movimento veio desse lugar. Não pensei demais; apenas deixei meu corpo responder à música e à emoção por trás dela. Era tudo sobre conectar profundamente, confiar em meus instintos e deixar a história me mover.”

Albuquerque também usou instrumentos específicos na música, como uma representação daqueles que chamam a Amazônia de lar. Não apenas os próprios instrumentos se originaram de povos indígenas amazônicos, mas são feitos para soar como animais e outras vidas da floresta tropical.

“Usei instrumentos como a cuíca, um tambor de fricção com um tom agudo que imita chamados de animais como um pássaro ou um macaco”, explica ele. “Outro instrumento específico que usei foi o berimbau, um único instrumento de percussão usado na Capoeira, que reflete a tensão da vida na Amazônia.”

Ele continua: “Vejo esses instrumentos não apenas por sua música, mas eles são, na verdade, vasos que guardam as raízes da história; eles guardam muito, há muito nesses instrumentos que foram usados por anos.”

Ao todo, isso culminou em uma colaboração inspiradora de música, dança e visuais que trouxe à tona a urgência de defender a floresta tropical – e o planeta que ela sustenta.

2 plantas nativas da Amazônia que resistem ao calor e florescem com intensidade

Em tempos de temperaturas cada vez mais altas, ter um jardim bonito e florido pode parecer missão impossível. Mas a natureza brasileira, em especial a Amazônia, é fonte de espécies resilientes que não apenas toleram o calor escaldante — elas florescem com intensidade justamente sob essas condições. Conhecer plantas nativas da floresta amazônica que se adaptam bem ao clima seco e quente é uma forma inteligente de unir beleza, sustentabilidade e resistência.

Amazônia: berço de plantas que amam o calor

A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta, mas engana-se quem pensa que só existe umidade por lá. Em muitas regiões, há períodos de seca intensos e temperaturas que ultrapassam facilmente os 35 °C. As espécies nativas da região evoluíram para resistir a esse clima desafiador, o que as torna perfeitas para jardins urbanos em locais quentes, como Norte, Centro-Oeste e até partes do Sudeste brasileiro.

Selecionamos duas dessas espécies que se destacam por sua floração vigorosa, mesmo sob sol forte, e que podem transformar qualquer espaço em um oásis de cor e vida.

1. Hibisco da Amazônia (Hibiscus sp. nativo)

Embora o hibisco ornamental seja conhecido no Brasil inteiro, poucas pessoas sabem que há espécies nativas da Amazônia, com flores exuberantes, resistentes e que se adaptam com facilidade a jardins domésticos. O hibisco da Amazônia é um arbusto que pode atingir até 3 metros de altura e exibe flores grandes, geralmente vermelhas ou rosadas, que atraem beija-flores e borboletas.

Por que ele resiste ao calor?
Essa planta evoluiu em ambientes de mata aberta e regiões de várzea, onde a exposição solar é constante. Suas folhas largas ajudam na transpiração e as raízes profundas garantem acesso à umidade mesmo em períodos secos.

Como cultivar:

  • Gosta de sol pleno (pelo menos 6 horas por dia).

  • Tolera bem temperaturas acima de 30 °C.

  • Necessita de regas regulares, mas resiste bem a intervalos curtos sem água.

  • Responde bem a adubações com fósforo para estimular a floração.

Além disso, o hibisco amazônico tem crescimento rápido e pode ser usado tanto como cerca viva quanto em vasos grandes. A poda leve após a floração estimula novos brotos e mais flores.

2. Quiaruba (Alchornea castaneifolia)

Pouco conhecida fora da Amazônia, a quiaruba — também chamada de iporuru — é uma planta arbustiva nativa da região, muito valorizada pelas comunidades tradicionais tanto por suas flores discretas quanto por suas folhas, que têm propriedades medicinais. Mas o que poucos percebem é que ela também é altamente ornamental, especialmente quando bem cuidada.

Sua floração ocorre com mais intensidade durante os meses mais quentes e secos, e o contraste entre as folhas verdes intensas e as flores claras traz um charme tropical ao jardim.

Por que ela é ideal para climas quentes?

A quiaruba é comum em áreas de capoeira e bordas de floresta, onde há sol direto e pouca proteção contra a desidratação. Ela desenvolveu estruturas que armazenam água e folhas com cutícula espessa, que reduzem a perda de umidade.

Como cultivar:

  • Deve ser plantada em solo bem drenado e rico em matéria orgânica.

  • Cresce melhor sob sol pleno, mas também tolera meia-sombra.

  • Pode ser usada em canteiros mistos, cercas ou como destaque isolado.

  • Não exige muitos cuidados com pragas, sendo bastante rústica.

A grande vantagem da quiaruba é sua multifuncionalidade: além de embelezar o espaço, pode ser utilizada para fazer infusões e preparados medicinais, muito valorizados na medicina popular amazônica.

Por que investir em plantas nativas?

Além da resistência ao calor e da adaptação natural ao solo e clima do Brasil, as plantas nativas da Amazônia possuem um papel fundamental na conservação da biodiversidade. Elas atraem polinizadores locais, demandam menos manutenção e são aliadas poderosas para quem busca um paisagismo mais consciente.

Outro ponto importante: ao escolher espécies que já conhecem o ambiente, você reduz o uso de água, fertilizantes e defensivos químicos. É um ciclo virtuoso que beneficia o seu jardim, o seu bolso e o planeta.

Como introduzir essas espécies no seu jardim

Mesmo sendo originárias da Amazônia, essas plantas se adaptam muito bem a outras regiões do país. O segredo está em:

  • Oferecer sol direto em parte do dia;

  • Usar substrato com boa drenagem;

  • Evitar encharcamento;

  • Fazer adubação leve a cada 40 dias com composto orgânico.

Se você mora em regiões mais frias, como o Sul do Brasil, o ideal é cultivar essas plantas em vasos que possam ser protegidos em dias de geada. Já no restante do país, elas crescem com vigor em jardins abertos, varandas e até mesmo canteiros urbanos.

Natureza tropical em sua melhor forma

O Brasil é um verdadeiro paraíso botânico, e a Amazônia nos presenteia com espécies de plantas que, além de lindas, são resistentes e sustentáveis. Incorporar plantas nativas como o hibisco amazônico e a quiaruba ao seu jardim não é apenas um ato estético — é um gesto de reconexão com as raízes do nosso território e de valorização da flora local.

Se você busca beleza duradoura mesmo sob sol forte, essas duas espécies de plantas podem ser a escolha perfeita para transformar o seu espaço com um toque de floresta tropical.

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Esfoliante com café: receita deixa seus lábios super macios

Você já passou aquele batom bonito e sentiu que ele não assentava bem? Ou acordou com os lábios ressecados mesmo bebendo água regularmente? Eu estava nessa situação, até descobrir uma receitinha de esfoliante caseira com café que mudou tudo. O melhor: fiz com o que já tinha em casa, em menos de cinco minutos, e o resultado foi imediato — lábios mais lisos, hidratados e com um brilho natural irresistível.

A esfoliação labial ainda é subestimada por muita gente. Mas ela pode ser o segredo por trás de uma boca saudável, livre de pelinhas soltas e pronta para qualquer batom ou balm. E se for feita com ingredientes naturais como o café, o ritual ainda vira um momento de autocuidado simples e gostoso.

Por que esfoliar os lábios com café funciona tão bem

O café, além de revigorante na xícara, é um ótimo esfoliante natural. Seu pó fino remove células mortas sem agredir a pele sensível dos lábios. Quando combinado com ingredientes hidratantes — como mel ou óleo de coco — ele proporciona uma renovação completa da pele, ao mesmo tempo em que nutre e protege contra rachaduras.

Diferente dos esfoliantes corporais ou faciais, que podem ser muito agressivos, o café tem uma textura que se adapta perfeitamente à região dos lábios. Ele promove uma esfoliação eficaz, mas gentil, deixando a pele com um toque sedoso.

Receita caseira de esfoliante labial com café

A receita que testei (e agora repito toda semana) leva apenas 3 ingredientes:

  • 1 colher de chá de pó de café (pode ser usado, desde que não esteja seco demais)

  • 1 colher de chá de mel

  • 1/2 colher de chá de óleo de coco (ou azeite de oliva, se preferir)

Modo de preparo e uso:

  1. Misture os ingredientes em um potinho até formar uma pastinha uniforme.

  2. Aplique nos lábios limpos, massageando com movimentos circulares por cerca de 1 minuto.

  3. Deixe agir por mais 2 minutos, como uma mini máscara hidratante.

  4. Remova com água morna e finalize com um balm ou manteiga de cacau.

O resultado é imediato: lábios lisos, com tom mais uniforme e sensação de frescor. Com o uso contínuo, as peles soltas desaparecem, rachaduras cicatrizam mais rápido e até a coloração natural dos lábios melhora.

Vantagens de fazer seu próprio esfoliante labial

Além de ser super econômico, o esfoliante com café é livre de conservantes, corantes e outros aditivos que podem causar alergias. Você controla exatamente o que está aplicando na sua pele.

Outros benefícios:

  • Zero desperdício: dá pra reaproveitar o pó de café usado.

  • Sustentável: sem microplásticos nem embalagens excessivas.

  • Personalizável: dá para incluir gotas de baunilha, óleo essencial de hortelã ou canela para variar.

Com que frequência usar?

Duas vezes por semana é suficiente para manter os lábios sempre macios e saudáveis. Se estiver em uma fase de ressecamento intenso — como no inverno ou após exposição ao sol — você pode repetir até três vezes na semana, sempre finalizando com hidratação.

Serve para outras áreas?

Sim! Esse esfoliante também pode ser usado na região ao redor da boca, que costuma acumular cravinhos ou ter textura irregular. Em pequenas quantidades, ele pode até ajudar a esfoliar cutículas ou suavizar a lateral do nariz.

Mas atenção: como o café tem cor, evite o uso em toalhas brancas e sempre enxágue bem para não deixar resíduos do esfoliante.

Outros ingredientes que combinam com o café para esfoliação

Se quiser variar a receita ou adaptar aos ingredientes que tem em casa, aqui vão outras combinações que funcionam bem:

  • Café + açúcar mascavo + azeite: esfoliação intensa e hidratação profunda.

  • Café + iogurte natural: ideal para quem tem pele sensível.

  • Café + manteiga de karité: altamente nutritivo, ótimo para clima seco.

O importante é manter a proporção: sempre 1 parte de café para 1 ou 2 partes de ingrediente hidratante.

Lábios esfoliados = maquiagem mais bonita

Uma das coisas que mais me impressionou foi como a aplicação de batom ficou diferente depois de usar esse esfoliante. A cor espalha melhor, o acabamento fica mais uniforme e o produto dura mais tempo.

Inclusive, esse ritual virou parte da minha rotina pré-evento: sempre que quero arrasar com um batom vermelho ou matte, esfolio antes e garanto aquele visual impecável.

Autocuidado acessível, natural e eficiente

Em tempos de fórmulas caras, embalagens sofisticadas e promessas exageradas, encontrar uma solução tão simples e eficiente foi quase libertador. A esfoliação com café me lembrou que nem sempre precisamos comprar mais — às vezes, só precisamos redescobrir o que já temos.

Mais do que deixar os lábios bonitos, esse momento virou um pequeno ritual semanal de cuidado comigo mesma. E cada colher dessa misturinha carrega não só benefícios para a pele, mas também um carinho extra que a gente merece oferecer a si mesma.

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Desafios e lacunas da Amazônia Azul: navegar sem mapa, administrar sem bússola

A Amazônia Azul, essa imensidão líquida que contorna o país como uma moldura
esquecida, é celebrada com frequência por seu potencial econômico, energético, ecológico. Mas o que se cala, ou mal se murmura, é que ela ainda não é verdadeiramente conhecida, tampouco compreendida.

Amazônia Azul: grandiosa e pouco conhecida

Falta-lhe voz no debate público, centralidade nas políticas de Estado, presença viva na consciência nacional. Somos paradoxalmente herdeiros de um oceano que mal conseguimos nomear.

É sintomático, por exemplo, que ainda não tenhamos uma metodologia oficial para
calcular, de forma contínua e confiável, o Produto Interno Bruto do Mar. Como pode
um território que movimenta algo em torno de 20% do PIB brasileiro viver à margem
das estatísticas oficiais? Sem esse dado estruturante, qualquer tentativa de gestão é
adivinhação. A criação do Grupo Técnico & quot;PIB do Mar", em 2020, foi um gesto
necessário, mas chega tarde e caminha devagar, como tantas iniciativas que flertam
com a urgência sem jamais se comprometer com ela.

Screenshot-2025-07-22-192042 Desafios e lacunas da Amazônia Azul: navegar sem mapa, administrar sem bússola
Fonte: CONAFER

Invisibilidade

No setor de pesca e aquicultura, o silêncio é ainda mais perturbador. O último boletim
consolidado traz dados de 2011, publicado em 2013. Uma década de invisibilidade
institucional. E invisibilidade, nesse caso, é sinônimo de vulnerabilidade. Sem dados,
não se regula. Sem regulação, prolifera-se a pesca ilegal, predatória, invisível também
aos olhos do Estado.

Pescadores artesanais que vivem do mar e com ele constroem saberes, práticas e culturas, são deixados à deriva, entregues à instabilidade de um sistema que não os reconhece nem os protege. No campo das energias renováveis offshore, o cenário não é mais animador. O Brasil, que poderia ser protagonista na produção de energia limpa a partir dos ventos e das
marés, esbarra na ausência de um marco regulatório que permita sequer começar.

Projetos

Projetos emperram, investidores recuam, e o futuro se transforma em hipótese. Soma-
se a isso a ausência de um Planejamento Espacial Marinho (PEM) consolidado, um
instrumento que permitiria organizar os múltiplos usos do oceano e evitar conflitos,
sobreposições, destruições desnecessárias. Talvez o maior desafio esteja, no entanto, na arquitetura institucional que cerca (ou melhor, negligencia) a gestão do mar.

As competências se sobrepõem, os ministérios não dialogam, os dados se dispersam. Os recursos vivos são geridos à parte dos não vivos. E o Ministério do Meio Ambiente, que deveria liderar uma política integrada, ocupa posição periférica nesse tabuleiro. Falta visão sistêmica. Falta escuta entre os setores. Falta, sobretudo, vontade de articular o mar como espaço de soberania e de cuidado coletivo.

Screenshot-2025-07-22-185416 Desafios e lacunas da Amazônia Azul: navegar sem mapa, administrar sem bússola
Fonte: Fundação de Estudos do Mar

Tragédia e fragilidade

Em 2019, o maior derramamento de óleo da história do país escancarou essa fragilidade. O óleo chegou às praias, aos mangues, às redes dos pescadores. Mas o que mais doeu foi a resposta tardia, a ausência de coordenação, o desamparo das comunidades costeiras. O desastre revelou o que os relatórios não mostram: a precariedade da estrutura de proteção, a desconexão entre Brasília e os portos, entre os gabinetes e os jangadeiros. Quando o mar sangrou, o Estado não estava lá.

Oceano de promessas submersas

A Amazônia Azul é, hoje, um oceano de promessas submersas. Mas não basta desejar o mar, é preciso escutá-lo. E escutá-lo exige mais que mapas geopolíticos ou projeções econômicas: exige presença, sensibilidade, política.

O Brasil ainda navega sem mapa e administra sem bússola sua fronteira líquida. Mas o tempo da indiferença precisa acabar. Cada ausência de dado, cada atraso regulatório, cada comunidade invisibilizada cobra seu preço. E a conta, como sempre, chega para os mais frágeis. Só quando o mar deixar de ser margem e passar a ser centro, é que poderemos dizer que o país, enfim, assumiu seu destino oceânico.