VI Seminário Sesc Etnicidades ocorre em Belém

A diversidade cultural, os conhecimentos tradicionais e as expressões artísticas contemporâneas negras e indígenas estarão em pauta no VI Seminário Sesc Etnicidades, que acontece entre 24 e 26 de julho no Sesc Teatro Casa Isaura Campos e no Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso.

Com o tema “Saberes locais, histórias e encantarias: ouvir a terra, escutar os povos”, o evento terá palestras, debates e apresentações culturais, todas elas gratuitas. As inscrições podem ser realizadas em bit.ly/SeminarioSescEtnicidades.

ATRAÇÕES

A programação conta com artistas paraenses como Dona Onete, conhecida como “diva do carimbó chamegado”, e Nay Jinkss, artista visual e fotógrafa, em uma roda de conversa que promove um encontro de gerações, compartilhamento de histórias e trajetórias do Pará para o mundo.

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A pesquisadora e DJ Nat Esquema, que une a cultura do vinil com os ritmos paraenses, o show do grupo indígena de carimbó, as Suraras do Tapajós, e o espetáculo Corpos de Tambor do Coletivo Croa. O público poderá estar em companhia ainda com artistas de outras regiões como Beto Oliveira (Margem do Rio) do Amazonas, Jama Wapichana de Roraima, Gean Pankararu de Pernambuco, Dinayana Tabajara do Piauí e Naine Terena do Mato Grosso.

RODAS DE CONVERSAS

Nesta edição, a conferência que abre o Seminário será apresentada pela sul-mato-grossense Geni Núñez, psicóloga indígena do povo Guarani que, a partir da perspectiva do seu povo, nos convida a repensar nossa relação com o planeta em uma dimensão de cuidado e reciprocidade com a terra, afeto ao território e aos modos de viver. Ela dividirá a mesa com Cleide Vasconcelos, poeta, cantora e compositora quilombola do Quilombo Arapemã, em Santarém (PA), que registra em música o seu cotidiano ribeirinho e por meio da sua voz fortalece o território, o protagonismo da mulher amazônica e quilombola e a valorização das culturas afro-amazônicas.

A AÇÃO

O VI Seminário Sesc Etnicidades retrata as trocas artísticas, culturais, de memória e patrimônio que acontecem durante todo o ano no projeto Identidade Brasilis, que está presente em diversos estados do país. Por meio de programações culturais e educativas, valoriza, fortalece e difunde a produção de pessoas indígenas e negras. Os estados da Bahia, Espírito Santo, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe recebem a realização dessa ação em 2025.

A realização do Seminário Sesc Etnicidades na capital paraense antes da COP30 pretende antecipar os debates e deixar como legado mais conscientização e engajamento da sociedade, integrando cultura e conhecimentos indígenas, quilombolas e de comunidades tradicionais na busca de soluções aos desafios climáticos, a partir do protagonismo e escuta destas pessoas.

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Fonte: www.sesc-ce.com.br

PROGRAMAÇÃO

24/07 (quinta-feira)
Sesc Teatro Isaura Campos
18h – Abertura VI Seminário Sesc Etnicidades
18h30 – Conferência ‘Saberes locais, histórias e encantarias: ouvir a terra, escutar os povos’, com Geni Núñez (MS) e Cleide Vasconcelos, do Quilombo Arapemã, de Santarém (PA)
Sesc Ver-o-Peso
19h30 – DJ Nat Esquema
20h – Show Suraras do Tapajós

25/07 (sexta-feira)
Sesc Teatro Isaura Campos
15h30 – Roda de Conversa “Encantaria para construir mundos, com Beto Oliveira (AM) e Dinayana Tabajara (PI)
17h – Exibição do curta-metragem “Pretinhas do Arapemã”
18h – Roda de Conversa “Curadoria e o papel social dos museus”, com Naine Terena
Sesc Ver-o-Peso
19h30 – DJ Nat Esquema
20h – Espetáculo Corpos de Tambor – Coletivo Croa (PA)

26/07 (sábado)
Sesc Ver-o-Peso
15h30 – Roda de Conversa “Que história é essa que a gente quer contar?”, com Jama Wapichana e Gean Pankararu
17h – Roda de Conversa “Saberes ancestrais: entre a geração avó e a geração neta”, com Nay Jinkss e Dona Onete
19h30 – Show Sandrinha Eletrizante (PA)
21h – DJ – Nat Esquema

SERVIÇO

VI Seminário Sesc Etnicidades
Data: 24 a 26/07/2025
Evento gratuito - sujeito à lotação dos espaços
Inscrições: bit.ly/SeminarioSescEtnicidades
Programação completa em www.sesc-pa.com.br
Locais: Sesc Teatro Casa Isaura Campos (Travessa Quintino Bocaiúva, 569 – Reduto)
Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso (Boulevard Castilhos França, 522/523 – Campina)

Aeronave híbrida não-tripulada para uso agrícola será criada pela Helisul

O ar sempre foi um vasto palco para a inovação, e agora, mais do que nunca, ele se torna o cenário de uma revolução silenciosa, porém poderosa, que promete redefinir o futuro da agricultura. Na Bahia, um estado que já pulsou ao ritmo da história, uma nova página está sendo escrita, um capítulo que entrelaça o rigor da engenharia com a urgência da sustentabilidade.

A gênese de uma ideia disruptiva

A Helisul, gigante no cenário da aviação, e o Senai Cimatec, um farol de conhecimento e pesquisa, uniram forças em um pacto que ecoa a ambição de um Brasil que se recusa a ser mero expectador do progresso. Em Salvador, no coração do Cimatec Aeroespacial, dentro do Parque Industrial Tecnológico Aeroespacial da Bahia (Pita-BA), o solo fértil da inovação recebe a semente de um projeto audacioso: a primeira aeronave agrícola autônoma e híbrida do país.

Screenshot-2025-07-23-181948 Aeronave híbrida não-tripulada para uso agrícola será criada pela Helisul
Fonte: Mundo GEO

Trata se de um investimento robusto, que ultrapassa os 50 milhões de reais, e que não se limita apenas à adaptação de uma aeronave. A meta é transformar o modelo R44 Robinson, um helicóptero já consagrado, em um arauto da nova era. Os motores a explosão, agora alimentados por etanol, serão complementados por motores elétricos, abandonando o AVGAS, o combustível tradicional, em favor de uma pegada ambiental mais leve.

Esta não é uma mera substituição; é um alinhamento com os ventos de mudança que sopram no programa internacional de combustíveis sustentáveis para aviação. A visão é clara e multifacetada: fortalecer a aviação agrícola com ferramentas que não apenas otimizem a produção, mas que o façam de forma limpa, eficiente e, acima de tudo, sustentável.

Uma sinfonia de parcerias e propósitos

Nenhum empreendimento de tamanha magnitude floresce no isolamento. A Helisul e o Senai Cimatec souberam disso desde o princípio. A iniciativa é um mosaico de colaborações estratégicas, reunindo nomes de peso como Rotor, MagniX, BNDES e Finep, além do imprescindível apoio institucional do Governo da Bahia, do Ministério da Defesa e da Força Aérea Brasileira. Essa teia de parcerias não é apenas um reflexo da complexidade do projeto, mas um testamento da crença compartilhada no seu potencial transformador.

Bruno Biesuz, diretor de operações da Helisul, expressa com eloquência o significado desse momento. Para ele, o passo que está sendo dado é histórico, uma fusão entre um polo de inovação nacional e um projeto que amalgama tecnologia de ponta, sustentabilidade e o agronegócio. É a reafirmação de uma convicção: a aviação, quando direcionada por propósitos nobres, pode ser uma aliada formidável na busca pela eficiência e pela preservação ambiental. Suas palavras ressoam com a promessa de um futuro onde a produtividade e a responsabilidade ecológica caminham lado a lado.

Do laboratório ao campo

A jornada para materializar essa visão está delineada em duas fases bem definidas. A primeira delas verá uma equipe de elite da Helisul Engenharia, uma ramificação do Grupo Helisul, instalar se no Cimatec Aeroespacial. Ali, em um ambiente efervescente de pesquisa e desenvolvimento, serão realizados os estudos iniciais e, mais emocionante, a concepção dos primeiros protótipos. É o ventre do projeto, onde as ideias tomarão forma e os desafios serão enfrentados com o rigor da ciência. Posteriormente, a empresa fincará raízes mais profundas, ocupando um lote de 3.400 metros quadrados para a instalação de sua unidade operacional no parque tecnológico. Um espaço físico que simboliza a concretização de um sonho e a materialização de um compromisso.

A grandiosidade do projeto não se mede apenas em cifras e metros quadrados, mas também em pessoas. A sua execução prevê a criação de 32 empregos diretos, um grupo seleto de engenheiros, técnicos especializados, pesquisadores e estudantes de graduação.

Screenshot-2025-07-23-181558 Aeronave híbrida não-tripulada para uso agrícola será criada pela Helisul
Ilustração – Fonte: DSM

É um investimento no capital humano, na inteligência e na paixão daqueles que construirão o amanhã. Juliano Sansão, diretor da Helisul Engenharia, sublinha a natureza estratégica dessa parceria para a engenharia brasileira. Suas palavras ecoam a ambição de nacionalizar o conhecimento, de forjar soluções limpas e de demonstrar ao mundo que o Brasil possui a capacidade de liderar em mobilidade aérea avançada, com um olhar atento e dedicado ao campo.

Horizontes ampliados

O impacto desse projeto transcende as fronteiras da aviação agrícola. Ele promete insuflar um novo vigor na cadeia produtiva aeroespacial brasileira, desenvolvendo soluções críticas que antes poderiam parecer distantes. Mais do que isso, ele alça o Brasil a uma posição de destaque internacional, transformando o país em uma referência em mobilidade aérea sustentável e avançada.

A aplicação direcionada de insumos agrícolas, uma das grandes vantagens da autonomia e precisão da aeronave, trará um benefício ambiental inestimável: a redução do volume de insumos utilizados e, consequentemente, a diminuição dos impactos na natureza. É uma promessa de colheitas mais fartas e um planeta mais saudável.

André Oliveira, superintendente de Novos Negócios do Senai Cimatec, vê na parceria com a Helisul um marco estratégico para o início das operações do Parque Industrial e Tecnológico Aeroespacial da Bahia. Ele vislumbra, nessa primeira fase, a instalação de um centro de engenharia e desenvolvimento da empresa dentro do campus, fortalecendo o ecossistema de inovação. Mas seu olhar vai além do presente.

Projetos para o futuro

Já se projeta, para um futuro não tão distante, a implantação de processos de fabricação desses equipamentos na própria Bahia, consolidando o estado como um polo nacional no setor aeroespacial. A visão de um futuro onde a inovação e a produção caminham de mãos dadas, impulsionando o desenvolvimento regional e nacional.

Para Bruno Biesuz, o projeto não é apenas um avanço tecnológico; é um divisor de águas para a agricultura brasileira. Ele o enxerga como uma tecnologia que nasce intrinsecamente conectada às missões da nova indústria nacional, que abraça a sustentabilidade, a bioeconomia, a transformação digital e, de forma crucial, a soberania tecnológica. É a materialização de uma indústria que não apenas produz, mas que pensa, que inova e que se posiciona na vanguarda do progresso global.

O mundo está ficando sem tempo … Faltam apenas 3 anos

A África está sendo atingida de forma particularmente dura pelas mudanças climáticas e pelo clima extremo, afetando vidas e meios de subsistência.

Vivemos em um mundo que está se aquecendo no ritmo mais rápido desde o início dos registros. No entanto, os governos têm sido lentos para agir.

Faltam apenas alguns meses para a conferência anual das partes sobre mudança climática global (COP30), em Belém-Pará-Amazônia-Brasil. Todos os 197 países que fazem parte das Nações Unidas já deveriam ter apresentado planos climáticos nacionais atualizados à ONU até fevereiro deste ano.

COP_001 O mundo está ficando sem tempo ... Faltam apenas 3 anos

Esses planos descrevem como cada país reduzirá suas emissões de gases de efeito estufa de acordo com o Acordo de Paris. Esse acordo compromete todos os signatários a limitar o aquecimento global causado pelo homem a não mais que 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Os governos também devem levar seus planos de ação climática nacionais recém-atualizados para a COP30 e mostrar como planejam se adaptar aos impactos que as mudanças climáticas trarão.

Mas até o momento, apenas 25 países, cobrindo cerca de 20% das emissões globais, apresentaram seus planos, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas. Na África, esses países são Somália, Zâmbia e Zimbábue. Ainda faltam 172.

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Acordo de Paris

As contribuições nacionalmente determinadas são muito importantes para definir os compromissos de curto e médio prazo dos países com relação às mudanças climáticas. Elas também fornecem uma rota que pode informar decisões políticas e investimentos mais amplos. O alinhamento dos planos climáticos com as metas de desenvolvimento poderia tirar 175 milhões de pessoas da pobreza.

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A fonte confiável de informações científicas

Mas, sem dúvida, apenas um dos planos apresentados, o do Reino Unido, é compatível com o Acordo de Paris.

Somos cientistas climáticos e um de nós (Piers Forster) lidera a equipe científica global que publica o relatório anual “Indicadores de Mudanças Climáticas Globais 2024”: atualização anual dos principais indicadores do estado do sistema climático e da influência humana, apresentando uma visão geral do estado do sistema climático.

Indicadores_de_MCG_2024_SEM_LEGENDA O mundo está ficando sem tempo ... Faltam apenas 3 anos
Indicadores de MCG 2024

Ele se baseia em cálculos das emissões líquidas de gases de efeito estufa em todo o mundo, como esses gases estão se concentrando na atmosfera, como as temperaturas estão subindo no solo e quanto desse aquecimento foi causado pelos seres humanos.

O relatório também analisa como as temperaturas extremas e as chuvas estão se intensificando, o quanto os níveis do mar estão subindo e quanto dióxido de carbono ainda pode ser emitido antes que a temperatura do planeta ultrapasse 1,5°C a mais do que na era pré-industrial. Isso é importante porque é necessário manter o limite de 1,5°C para evitar os piores impactos da mudança climática.

O relatório mostra que o aquecimento global causado pelo homem atingiu 1,36°C em 2024. Isso elevou as temperaturas médias globais (uma combinação de aquecimento induzido pelo homem e variabilidade natural no sistema climático) para 1,52°C. Em outras palavras, o mundo já atingiu um nível de aquecimento tão elevado que não pode evitar impactos significativos da mudança climática. Não há dúvida de que estamos em águas perigosas.

Nosso planeta perigosamente quente

Médias anuais (linha fina) e decadais (linha grossa) da temperatura da superfície global (expressas como uma variação em relação ao período de referência de 1850-1900). As temperaturas são baseadas em uma média de quatro conjuntos de dados seguindo o AR6

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Médias anuais (linha fina) e decadais (linha grossa) da temperatura da superfície global (expressas como uma variação em relação ao período de referência de 1850-1900). As temperaturas são baseadas em uma média de quatro conjuntos de dados seguindo o AR6

Embora as temperaturas globais do ano passado tenham sido muito altas, elas também não foram nada excepcionais. Os dados falam por si só. Os níveis recordes e contínuos de emissões de gases de efeito estufa levaram ao aumento das concentrações atmosféricas de dióxido de carbonometano e óxido nitroso.

O resultado é o aumento das temperaturas que está consumindo rapidamente o orçamento restante de carbono (a quantidade de gases de efeito estufa que pode ser emitida dentro de um prazo acordado). Se os níveis atuais persistirem, esse orçamento será esgotado em menos de três anos.

Precisamos encarar isso de frente: a janela para ficar dentro de 1,5°C está essencialmente fechada. Mesmo que consigamos reduzir as temperaturas no futuro, o caminho será longo e difícil.

Ao mesmo tempo, os extremos climáticos estão se intensificando, trazendo riscos e custos de longo prazo para a economia global, mas também, o que é mais importante, para as pessoas. O continente africano está enfrentando agora sua mais mortal crise climática em mais de uma década.

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O “orçamento de carbono” da humanidade está diminuindo rapidamente

Seria impossível imaginar os países operando sem acesso rápido a dados econômicos confiáveis. Quando os preços das ações despencam ou o crescimento é interrompido, os políticos e líderes empresariais agem de forma decisiva. Ninguém toleraria dados desatualizados sobre as vendas ou o mercado de ações.

Mas quando se trata de clima, a velocidade da mudança climática geralmente ultrapassa a dos dados disponíveis. Isso significa que não é possível tomar decisões rápidas. Se tratássemos os dados climáticos como tratamos os relatórios financeiros, o pânico se instalaria após cada atualização terrível. No entanto, embora os governos rotineiramente mudem de atitude quando confrontados com uma crise econômica, eles têm sido muito mais lentos para responder ao que os principais indicadores climáticos – os sinais vitais da Terra – estão nos dizendo.

O que precisa acontecer em seguida 

planos_clim_ticos_SEM_LEGENDA O mundo está ficando sem tempo ... Faltam apenas 3 anos
planos climáticos

À medida que mais países desenvolvem seus planos climáticos, é hora de os líderes de todo o mundo enfrentarem as duras verdades da ciência climática.

Os governos precisam ter acesso rápido a dados climáticos confiáveis para que possam desenvolver planos climáticos nacionais atualizados. Os planos climáticos nacionais também precisam adotar uma perspectiva global. Isso é muito importante para a justiça e a equidade. Por exemplo, os países desenvolvidos devem reconhecer que emitiram mais gases de efeito estufa e assumir a liderança na apresentação de esforços ambiciosos de mitigação e no fornecimento de financiamento para que outros países descarbonizem e se adaptem.

Na África, a ONU está realizando a Semana do Clima da UNFCCC em Adis Abeba em setembro. Além de fazer planos para a COP30, haverá sessões sobre o acesso ao financiamento climático e a garantia de que a transição para zero emissões de carbono causadas pelo homem até 2050 (net zero) seja justa e equitativa.

O_G20___respons_vel_por_cerca_de_80__das_emiss_es_globais O mundo está ficando sem tempo ... Faltam apenas 3 anos
O G20 é responsável por cerca de 80% das emissões globais

A cúpula também visa a apoiar os países que ainda estão trabalhando

Se as contribuições determinadas nacionalmente forem implementadas, o ritmo das mudanças climáticas diminuirá. Isso é vital não apenas para os países – e economias – que estão atualmente na linha de frente contra as mudanças climáticas, mas também para o funcionamento da sociedade global.

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Apenas cinco dos países do G20 apresentaram seus planos para 2035: Canadá, Brasil, Japão, Estados Unidos e Reino Unido. Mas o G20 é responsável por cerca de 80% das emissões globais. Isso significa que a atual presidência da África do Sul no G20 pode ajudar a garantir que o mundo priorize os esforços para ajudar os países em desenvolvimento a financiar sua transição para uma economia de baixo carbono.

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Para garantir que a transição para zero emissões de carbono causadas pelo homem até 2050 (net zero) seja justa e equitativa

Outro fator preocupante é que apenas 10 das contribuições atualizadas determinadas nacionalmente reafirmaram ou reforçaram os compromissos de se afastar dos combustíveis fósseis. Isso significa que os planos climáticos nacionais da União Europeia, da China e da Índia serão fundamentais para testar sua liderança climática e manter vivas as metas de temperatura de 1,5°C do Acordo de Paris. Muitos outros países estarão examinando os compromissos assumidos por esses países antes de apresentarem seus próprios planos climáticos nacionais.

Os dados do relatório ajudam o mundo a entender não apenas o que aconteceu nos últimos anos, mas também o que esperar mais adiante.

Nossa esperança é que esses e outros países apresentem planos ambiciosos e confiáveis bem antes da COP30. Se o fizerem, isso finalmente fechará a lacuna entre o reconhecimento da crise climática e a realização de esforços decisivos para enfrentá-la. Cada tonelada de emissões de gases de efeito estufa é importante.

3 espécies ameaçadas da fauna amazônica que você precisa conhecer

Você já parou para pensar que, a cada dia, estamos mais próximos de perder animais que existem há milhares de anos na maior floresta tropical do planeta? A Amazônia, com seus milhões de hectares de verde, abriga uma biodiversidade única e fascinante — mas também cada vez mais frágil. Por trás da exuberância, o desmatamento, a caça ilegal e a degradação de rios vêm empurrando muitas espécies para o abismo da extinção na fauna brasileira.

Conhecer essas espécies é o primeiro passo para protegê-las. E quando a gente fala da fauna amazônica, não se trata apenas de preservar o “exótico”: essas criaturas desempenham papéis fundamentais nos ciclos ecológicos, na manutenção da floresta e até no equilíbrio climático do planeta. Cada animal que desaparece leva consigo uma função vital — e não volta mais.

A seguir, destacamos três espécies emblemáticas da fauna amazônica que estão ameaçadas. Talvez você já tenha ouvido falar delas, talvez não. Mas, depois deste artigo, vai ser impossível ignorá-las.

1. Ariranha (Pteronura brasiliensis): a gigante da fauna amazônica

A ariranha é o maior mustelídeo da América do Sul, podendo chegar a 1,8 metro de comprimento. Conhecida por seu comportamento social, ela vive em grupos familiares e se comunica por vocalizações complexas. Seu nome vem do tupi e significa “onça-d’água” — e não é por acaso. Com dentes afiados e grande agilidade, é uma predadora eficiente de peixes, inclusive piranhas.

Apesar de sua importância ecológica como topo de cadeia alimentar nos rios, a ariranha está em perigo. A destruição de seu habitat, a poluição dos cursos d’água e, principalmente, os conflitos com pescadores artesanais — que veem nela uma “concorrente” — vêm reduzindo drasticamente sua população.

Avistá-la hoje é um privilégio raro. E sua ausência é um alerta de que os rios amazônicos estão desequilibrados.

2. Gavião-real (Harpia harpyja): o espírito da floresta nos céus

Majestoso, imponente e com olhar penetrante, o gavião-real (ou harpia) é uma das maiores aves de rapina do mundo e da nossa fauna. Suas garras são comparáveis às de um urso — capazes de capturar preguiças e macacos com precisão. Essa ave é tão simbólica que foi adotada como ave nacional do Panamá e, no Brasil, é considerada patrimônio da fauna.

Infelizmente, a harpia está cada vez mais rara na Amazônia. Ela precisa de vastas áreas de floresta preservada para caçar e se reproduzir, e constrói seus ninhos no topo das árvores mais altas. O desmatamento para pasto e lavouras interrompe esse ciclo, fragmentando seu território e tornando inviável sua permanência em muitas regiões.

Além disso, o gavião-real é alvo de caçadores — tanto por medo quanto por troféu. Um animal desse porte desaparecendo dos céus da Amazônia é mais do que simbólico: é um sintoma grave do que estamos fazendo com o bioma.

3. Boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis): guardião dos rios amazônicos

Ícone das lendas amazônicas, o boto-cor-de-rosa é muito mais do que um símbolo do folclore regional. Ele é uma espécie-chave dos rios da bacia amazônica, regulando populações de peixes e contribuindo para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.

Apesar da sua importância e carisma, o boto está sob forte ameaça. A pesca predatória, a contaminação por mercúrio e a construção de barragens vêm destruindo seu habitat natural. Há também registros de botos mortos propositalmente para servir de isca na pesca de piracatinga — prática ilegal e cruel, mas ainda recorrente em algumas áreas.

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3 espécies ameaçadas da fauna amazônica que você precisa conhecer – Imagem gerada por IA

Nos últimos anos, especialistas têm alertado para o declínio vertiginoso da espécie. Em certas regiões, como o Amazonas central, estima-se uma redução de até 50% da população em apenas uma década.

Por que isso importa — mesmo para quem vive longe da floresta

Essas espécies não existem apenas para “colorir” a biodiversidade. Elas cumprem papéis ecológicos que afetam a cadeia alimentar, a qualidade da água, a fertilidade do solo e até o regime de chuvas — sim, o chamado “rio voador” amazônico é influenciado pela saúde da floresta e seus habitantes.

Quando um predador como a harpia desaparece, por exemplo, há aumento populacional de presas intermediárias na fauna, que podem devastar árvores jovens. Quando os botos somem, os rios perdem um de seus principais reguladores biológicos. E assim por diante.

O desaparecimento dessas espécies não é um problema local: é um efeito dominó com impactos globais, inclusive para a agricultura, o abastecimento de água e o clima urbano das grandes cidades.

O que você pode fazer, mesmo à distância pela fauna

Mesmo morando longe da Amazônia, você pode ajudar a proteger sua fauna ameaçada:

  • Consuma de forma consciente: priorize produtos certificados, evite madeira ilegal e desconfie de alimentos associados ao desmatamento.

  • Apoie projetos sérios: ONGs como Instituto Araguaia, WWF Brasil, Mamirauá e Instituto Chico Mendes realizam trabalhos reais em campo.

  • Espalhe informação: quanto mais pessoas souberem que o boto, a ariranha e a harpia estão em risco, maior a pressão por políticas públicas eficazes.

  • Eduque as crianças: mostrar às novas gerações que a natureza tem valor intrínseco é essencial para mudar o rumo dessa história.

A fauna amazônica está pedindo socorro. E esse pedido ecoa em silêncio, entre as folhas, os rios e o céu — onde, aos poucos, a vida vai se calando.

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Como plantar boldo da terra em vaso e usar no dia a dia com segurança

Quem já recorreu a um chá de boldo da terra depois de uma refeição pesada sabe: essa planta tem superpoderes digestivos. Mas o que muita gente não sabe é que ela pode ser cultivada com facilidade em vasos, mesmo em apartamentos pequenos. E mais — plantar boldo da terra em casa garante folhas sempre frescas, livres de agrotóxicos e prontas para o uso. Só que, para garantir segurança no consumo e manter a planta saudável por muito tempo, é preciso seguir alguns cuidados essenciais.

Este guia é um convite para quem quer unir saúde, praticidade e um toque de natureza dentro de casa.

Como identificar o verdadeiro boldo da terra

Antes de tudo, é importante esclarecer uma confusão comum: existem várias plantas conhecidas como “boldo”, mas o boldo da terra (Plectranthus barbatus) é uma espécie específica, diferente do boldo-do-chile (Peumus boldus), que tem uso medicinal, mas cresce como árvore e não é ideal para cultivo em vasos.

O boldo da terra tem folhas carnudas, verdes com pelos finos e um cheiro forte, semelhante ao de temperos. É uma planta de crescimento rápido e, com os cuidados certos, pode produzir folhas o ano todo.

Escolhendo o vaso ideal para o boldo da terra

Apesar de ser uma planta rústica, o boldo da terra precisa de espaço para crescer. Por isso, escolha um vaso de pelo menos 30 cm de profundidade, com boa largura e furos para drenagem. Um vaso de barro é excelente, pois permite que o solo respire e evita o acúmulo de umidade nas raízes — um dos principais inimigos da planta.

Outra dica é colocar uma camada de pedrinhas ou argila expandida no fundo do vaso antes de adicionar a terra. Isso melhora a drenagem e evita o apodrecimento das raízes.

Substrato: o segredo está no solo leve e fértil

O boldo da terra se dá muito bem com um substrato leve e rico em matéria orgânica. A receita ideal inclui:

  • 1 parte de terra vegetal

  • 1 parte de composto orgânico ou húmus de minhoca

  • 1 parte de areia grossa ou perlita (para melhorar a aeração)

Misture bem antes de plantar. Isso vai garantir que as raízes cresçam com liberdade e que o solo mantenha um bom equilíbrio entre umidade e oxigenação.

Como plantar e fazer a muda pegar com força

O jeito mais simples e eficaz de plantar boldo da terra é por estaquia — ou seja, usando um galho da planta-mãe. Corte um ramo de cerca de 15 cm, retire as folhas da base e plante diretamente no solo úmido. Mantenha o vaso à meia sombra por uma semana e borrife água nas folhas diariamente.

Em poucos dias, a planta começa a criar raízes e se adapta rapidamente ao novo ambiente. Em duas ou três semanas, você já pode notar crescimento visível. Quando a muda estiver firme, pode expor à luz solar direta por algumas horas do dia.

Luz, água e clima: o equilíbrio perfeito

O boldo da terra gosta de sol, mas com moderação. O ideal é deixá-lo em um local que receba luz solar direta durante a manhã ou no final da tarde. Em regiões muito quentes, o sol do meio-dia pode queimar as folhas.

A rega deve ser moderada: duas a três vezes por semana são suficientes, dependendo do clima. O solo deve estar sempre úmido, mas nunca encharcado. Um bom sinal de que está na hora de regar é quando a terra começa a se soltar levemente das bordas do vaso.

Pode podar? Deve! E isso ajuda muito no uso diário

Uma das grandes vantagens do boldo da terra é que ele aceita muito bem a poda. Quanto mais você corta, mais ele ramifica — o que significa mais folhas para consumo e uma planta mais cheia e bonita. O ideal é cortar os galhos sempre acima de uma folha, com tesoura limpa.

A poda também serve para estimular a produção de folhas novas, que são mais suaves para o preparo de chás e compressas.

Como usar o boldo da terra com segurança no dia a dia

O boldo da terra é um aliado poderoso, mas como qualquer planta medicinal, precisa ser usado com moderação. Para o preparo de chá, o ideal é usar de 1 a 2 folhas frescas para cada xícara de água. Basta ferver a água, desligar o fogo, adicionar as folhas e tampar por 5 a 10 minutos.

Evite consumir o chá em excesso ou por muitos dias seguidos. O boldo tem compostos ativos que, em grande quantidade, podem sobrecarregar o fígado. Grávidas e pessoas com problemas hepáticos devem consultar um profissional de saúde antes de consumir.

Além do chá, o boldo também pode ser usado em compressas e infusões para aliviar dores abdominais e ajudar na digestão.

Pragas e cuidados extras

Apesar de ser resistente, o boldo da terra pode sofrer com pulgões e cochonilhas, especialmente em ambientes muito úmidos. Para prevenir, você pode borrifar semanalmente uma solução de água com sabão neutro nas folhas (1 litro de água + 1 colher de sopa de sabão).

Evite molhar as folhas diretamente em horários de sol forte, pois isso pode causar manchas. Também é importante fazer a limpeza do vaso a cada 6 meses, revirando a terra e adicionando composto orgânico fresco.

Plantar boldo da terra em vaso é mais do que um gesto de cuidado com a saúde — é uma forma de trazer a natureza para perto, cultivar autocuidado e recuperar saberes populares que resistem ao tempo. Com poucos materiais e um pouco de atenção, você terá à mão um remédio natural eficaz, sustentável e sempre fresco. E convenhamos: nada melhor do que sentir o aroma forte do boldo recém-colhido sabendo que ele foi cultivado por você.

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Amazônia Azul: A Fronteira Submersa do Futuro Brasileiro

Poucos territórios do planeta guardam tanto potencial subestimado quanto a vasta extensão de mar territorial brasileiro, batizada com a poética e provocadora expressão “Amazônia Azul“. Uma denominação que não busca apenas chamar atenção para a grandiosidade da área, mas que também evoca a urgência de um olhar mais atento, mais estratégico, mais consciente sobre esse patrimônio.

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Fonte: CONAFER

3,6 milhões de km² de águas jurisdicionais

Estamos falando de cerca de 3,6 milhões de km² de águas jurisdicionais, com potencial expansão para 5,7 milhões de km², caso as propostas brasileiras junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU sejam plenamente aceitas. Trata-se de uma superfície equivalente a mais da metade do território continental nacional. Mas ao contrário da Amazônia verde, que habita o imaginário global como ícone ambiental, a azul permanece, em grande parte, invisível.

Essa invisibilidade não é meramente simbólica. Ela se reflete em políticas públicas desconectadas do oceano, em indicadores econômicos que o ignoram, em uma ausência de narrativas nacionais sobre o mar como espaço de soberania, riqueza e futuro. E no entanto, já em 2015 e 2018, a chamada “economia do mar” brasileira foi responsável por cerca de 20% do PIB nacional.

Potencial econômico

Um dado impressionante, mas frequentemente marginalizado. Se convertida em país, essa economia figuraria como a segunda maior da América do Sul em 2018. A equiparação com o agronegócio é inevitável: ambos são gigantes ocultos, mas à diferença do campo, o mar ainda não encontrou seu lobby, seu protagonismo simbólico e político.

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Fonte: CONAFER

As atividades econômicas marítimas são de uma diversidade surpreendente. Vão muito além do clichê da pesca. Incluem desde a exploração energética (com destaque para o pré-sal e para fontes renováveis como a energia eólica offshore) até setores menos lembrados como a biotecnologia marinha, a mineração de nódulos submarinos, a construção naval e a indústria de defesa (com projetos como o Prosub). Turismo litorâneo, aquicultura, transporte de cabotagem e longo curso, cabos submarinos que sustentam nossa comunicação com o mundo: tudo isso faz parte de um complexo oceânico que sustenta a vida econômica nacional, embora o faça nos bastidores.

Mais de 90% do comércio exterior brasileiro passa por essas águas. E mesmo assim, o que se fala da Amazônia Azul em discursos oficiais? Qual o espaço que ocupa nas escolas, nas universidades, nos noticiários? O silêncio é revelador. Há uma dissonância entre a importância estratégica desse território e o lugar simbólico que ocupa na consciência coletiva do país. Talvez por ser invisível aos olhos, o mar nunca tenha sido plenamente compreendido como parte do que nos constitui enquanto nação.

Grupo Técnico “PIB do Mar”

Mas isso está, pouco a pouco, mudando. A criação, em 2020, do Grupo Técnico “PIB do Mar” no âmbito da CIRM (Comissão Interministerial para os Recursos do Mar) é um sinal de que se começa a organizar a inteligência institucional em torno desse desafio. O primeiro passo para gerir é mensurar. Sem dados, não há estratégia. Sem estratégia, não há desenvolvimento sustentável. E esse é o conceito-chave para pensar o futuro da Amazônia Azul.

A economia azul, como vem sendo chamada, busca justamente esse equilíbrio entre crescimento econômico e preservação ecológica. O oceano é uma nova fronteira de desenvolvimento, mas também um ecossistema frágil, ameaçado por poluição, sobrepesca, acidificação e colapsos biológicos em cadeia. Crescer a partir do mar não pode repetir os erros cometidos em terra firme. É preciso criar um modelo que gere renda, empregos e inovação, sem exaurir os recursos marinhos, sem marginalizar as comunidades costeiras, sem comprometer o futuro.

Screenshot-2025-07-22-190955 Amazônia Azul: A Fronteira Submersa do Futuro Brasileiro
Fonte: A Tribuna

Horizonte estratégico de um país

Pensar a Amazônia Azul como potência é também um exercício de imaginação política. Significa reconhecer que o mar é parte da identidade brasileira, da sua cultura, da sua soberania. Significa, também, investir em infraestrutura portuária, pesquisa oceanográfica, formação de recursos humanos, regulação inteligente. Significa incorporar o oceano às grandes agendas nacionais, do combate às desigualdades regionais à transição energética. É, enfim, trazer a dimensão azul para o centro da conversa sobre o Brasil que queremos construir.

Se a Amazônia verde simboliza a urgência ambiental, a azul pode se tornar o ícone de uma nova etapa do desenvolvimento nacional, mais inteligente, mais plural, mais sustentável. A riqueza está lá. Cabe a nós enxergá-la. E mais que isso: assumi-la como horizonte estratégico de um país que, por muito tempo, virou as costas para o mar, mas que agora é desafiado a navegar em direção ao seu futuro submerso.

Molécula em própolis de abelha sem ferrão combate larvas da dengue

Há algo de poeticamente justo em ver uma abelha enfrentar um mosquito. Um inseto conhecido por construir, adoçar e fertilizar versus aquele que transmite doenças e interrompe noites de sono. Mas não se trata de fábula.

Inseto úteis contra os nocivos

Um grupo de pesquisadores brasileiros acaba de descobrir que a própolis de uma abelha nativa do Brasil, a mandaçaia, contém uma substância natural capaz de matar as larvas do Aedes aegypti, o vetor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

Screenshot-2025-07-22-182622 Molécula em própolis de abelha sem ferrão combate larvas da dengue
Geoprópolis de mandaçaia – Imagens: Carneiro-Neto

A descoberta é resultado de um esforço coletivo, que reuniu cientistas da Universidade de São Paulo, da Universidade de Brasília e de startups do interior paulista. O estudo, publicado na revista Rapid Communications in Mass Spectrometry, apresenta um cenário instigante: uma substância produzida por um animal silvestre, sem ferrão, que vive em colônias tranquilas e discretas, mostra potencial para conter uma epidemia urbana que desafia gestores públicos ano após ano.

Não se trata apenas de ciência de bancada. O projeto integra uma iniciativa do Ministério da Saúde voltada à busca de agentes larvicidas naturais, menos tóxicos que os produtos químicos hoje utilizados no controle do Aedes. A urgência é evidente. O país convive com explosões sazonais de casos de dengue e outras arboviroses, e os métodos tradicionais têm mostrado eficácia limitada, além de impactos ambientais cada vez mais difíceis de justificar.

A química da floresta

A história dessa descoberta começa na própolis, uma substância resinosa coletada por abelhas a partir de plantas para proteger suas colmeias contra invasores, fungos e bactérias. No caso da mandaçaia, o que se produz é chamado de geoprópolis, uma variante que, além das resinas, inclui partículas de solo e argila, resultando numa composição química mais rica e diversa.

Foi nesse material que os pesquisadores encontraram um composto do grupo dos diterpenos, responsável pela ação larvicida observada nos testes. As análises mostraram que, em menos de 48 horas, a substância foi capaz de eliminar todas as larvas expostas. Um desempenho muito superior ao da própolis comum, feita pela abelha-europeia Apis mellifera, cuja ação foi praticamente nula mesmo após 72 horas de exposição.

O professor Norberto Peporine Lopes, coordenador do projeto na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, destaca que o resultado não é apenas um achado pontual. Ele integra um esforço maior, vinculado ao Programa Biota da FAPESP, voltado à valoração da biodiversidade brasileira por meio da metabolômica, a ciência que investiga os compostos produzidos por organismos vivos.

Essa abordagem permite uma leitura mais profunda dos ecossistemas: a floresta, nesse contexto, deixa de ser apenas um banco genético e passa a ser reconhecida como um sistema de inteligência química em permanente experimentação. Cada planta, cada animal, carrega em si moléculas que podem ser chaves para problemas que sequer sabemos nomear ainda.

A presença invisível das abelhas

A mandaçaia, protagonista silenciosa dessa história, é uma espécie de abelha sem ferrão nativa do Brasil. Diferente da maioria das espécies domesticadas, ela não oferece risco de picada e pode ser cultivada com relativa facilidade. Seu nome, derivado do tupi, significa “vigia bonita”, e descreve bem o seu papel ecológico. Além de produtora de mel, é uma polinizadora eficiente, essencial para diversos ecossistemas.

Embora existam outras abelhas nativas com potencial semelhante, como a jataí, a borá e a mirim, a geoprópolis da mandaçaia mostrou uma eficácia larvicida incomparável. Um fator decisivo parece estar no tipo de resina coletado por essas abelhas. No caso estudado, as mandaçaias estavam instaladas em uma região de Bandeirantes, no Paraná, onde a presença de plantações de pinus era marcante.

O pinus elliottii, embora exótico no Brasil, é amplamente utilizado na indústria madeireira e na extração de resinas. Os pesquisadores observaram que as mandaçaias usavam a resina desse pinheiro para produzir sua própolis, e que essa matéria-prima, processada pela saliva das abelhas, resultava no diterpeno com efeito larvicida.

Essa combinação entre o comportamento de coleta da abelha e a química vegetal do pinus é um exemplo sutil, mas poderoso, de como processos naturais podem ser convertidos em soluções tecnológicas. E também de como o ambiente molda os organismos e seus produtos.

Da colmeia ao laboratório

O entusiasmo dos pesquisadores não esbarra na romantização. O volume de geoprópolis produzido naturalmente pelas mandaçaias é pequeno demais para uso em larga escala. Mas o fato de a substância ativa estar na resina do pinus, disponível comercialmente, abre espaço para alternativas mais viáveis. Com a ajuda de biorreatores, seria possível reproduzir e até aprimorar o composto larvicida, mimetizando as transformações feitas pelas abelhas.

Esse caminho, embora ainda em estágio inicial, representa uma ponte concreta entre conhecimento tradicional, biodiversidade e inovação tecnológica. O Brasil, frequentemente criticado por negligenciar sua ciência e por tratar a floresta como recurso bruto, tem aqui um exemplo de como é possível converter riqueza biológica em política pública de saúde.

Além do diterpeno da mandaçaia, os pesquisadores também trabalham com outras substâncias promissoras. Um segundo composto larvicida, presente no óleo essencial de uma planta cultivada em grande escala, foi identificado dentro do mesmo projeto coordenado pela professora Laila Salmen Espindola, da Universidade de Brasília. O resultado ainda não foi publicado, mas os testes avançam.

A equipe desenvolveu duas formas de aplicação do novo produto: um pó de ação imediata e um comprimido de liberação lenta que protege a água por até 24 dias. Ambos representam alternativas seguras, eficazes e sustentáveis ao arsenal químico atual.

Ciência como política de saúde

É importante frisar que essa não é uma pesquisa isolada ou fruto de sorte. Ela resulta de anos de investimento em ciência básica, em redes colaborativas entre universidades, centros de pesquisa e pequenas empresas, e de programas de fomento que compreendem a importância de pensar o país a partir da sua biodiversidade.

A pandemia da covid-19 evidenciou brutalmente os limites de depender exclusivamente de soluções importadas. O enfrentamento das doenças tropicais exige uma inteligência científica própria, adaptada aos contextos sociais e ecológicos locais. É nesse sentido que a descoberta da própolis larvicida da mandaçaia ganha valor simbólico e prático.

Screenshot-2025-07-22-184203 Molécula em própolis de abelha sem ferrão combate larvas da dengue
Aedes aegypti – Imagem: Wikipedia

Ela aponta para um horizonte em que a saúde pública não depende apenas de remédios industrializados, mas de uma compreensão integrada entre ecologia, comportamento animal e química natural. Um país com a biodiversidade do Brasil não pode continuar tratando sua floresta como obstáculo ao progresso. Ela é, ao contrário, uma aliada estratégica no enfrentamento dos desafios mais urgentes.

O futuro não virá de fora

Enquanto o Aedes aegypti continua fazendo vítimas nas periferias urbanas, a resposta pode estar em um inseto minúsculo que trabalha sem alarde nas margens da mata. É uma ironia, mas também uma chance de reconciliação. A ciência, quando encontra caminhos na própria terra, reconfigura as fronteiras do possível.

O trabalho da equipe liderada por Norberto Lopes e Laila Espindola ainda está longe de virar produto de prateleira. Há etapas regulatórias, estudos de impacto e processos industriais pela frente. Mas a trilha está aberta. E mais do que uma molécula promissora, o que se revela é uma metodologia, um jeito de pensar e agir que parte da escuta atenta da natureza.

Talvez essa seja a lição mais duradoura. Em tempos de urgência climática, sanitária e política, aprender com abelhas pode ser mais sensato do que parece. Elas trabalham coletivamente, transformam matéria bruta em proteção e fazem do silêncio um modo de existir. Quem sabe seja exatamente disso que precisamos agora.

Fonte: Agência FAPESP

Benefícios de áreas úmidas restauradas para o clima e a resiliência à seca após apenas um ano

A revitalização de áreas úmidas de várzea reduz as emissões de carbono em 39% e restaura funções críticas do ecossistema em um ano — sem o pico de metano normalmente observado em turfeiras restauradas, segundo um novo estudo.

As turfeiras são conhecidas como grandes sumidouros de carbono, mas podem produzir até 530% mais metano após a restauração, potencialmente compensando os benefícios climáticos de curto prazo.

Enquanto isso, as planícies de inundação, ou áreas úmidas ribeirinhas, que compreendem mais da metade das áreas úmidas do mundo, são frequentemente negligenciadas devido ao seu menor armazenamento de carbono.

Agora, um novo estudo publicado no Journal of Environmental Management revela que áreas úmidas de várzea restauradas podem se recuperar em um ano e apresentar benefícios substanciais ao ecossistema rapidamente.

Novas evidências de benefícios rápidos e duradouros

 O principal autor do estudo, Dr. Lukas Schuster, do Centro de Soluções Positivas para a Natureza da Universidade RMIT, disse que a escala e o ritmo dos benefícios ecossistêmicos revelados em apenas um ano de restauração fornecem um caso claro para ação.

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Restauração de áreas úmidas de água doce é uma maneira eficaz de transformar áreas úmidas degradadas de fontes líquidas de carbono em sumidouros de carbono. E têm um efeito líquido de resfriamento no clima, após a restauração

“Restaurar áreas úmidas pode ser uma arma secreta contra as mudanças climáticas”, disse ele. “Descobrimos que gerenciar áreas úmidas de água doce para obter benefícios de carbono também aumenta a resiliência a inundações e secas, destacando os benefícios duplos da restauração.”

Enquanto a reidratação e a revegetação reduziram as emissões de carbono em 39%, as emissões líquidas de carbono dos pântanos de controle não restaurados aumentaram em 169% durante o período de monitoramento.

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Distribuição global de estudos que avaliaram os fluxos líquidos de gases de efeito estufa (trocas líquidas de NEE no ecossistema, metano CH4 e /ou óxido nitroso N2O ) de áreas úmidas de água doce restauradas pareadas com pelo menos uma área úmida de controle (áreas úmidas degradadas e/ou naturais). Círculos indicam estudos que investigaram fluxos de gases de efeito estufa de turfeiras , triângulos indicam estudos que investigaram fluxos em áreas úmidas não turfosas

Os estoques de carbono orgânico da superfície, onde o carbono é armazenado nas raízes das plantas e no solo, aumentaram 12% em um ano em locais restaurados e diminuíram 10% em locais de controle, mostrando a diferença no potencial de sequestro de carbono.

As áreas úmidas restauradas retiveram mais água na área, com os níveis de umidade do solo aumentando em 55%, mesmo depois que as próprias áreas úmidas secaram, mostrando potencial de mitigação da seca.

Schuster disse que o aumento da retenção de água estava ligado à melhoria do armazenamento de carbono na superfície de zonas úmidas de água doce.

“Observamos uma ligação vital entre a dinâmica do carbono e a função do ecossistema”, disse ele. “As áreas úmidas são o sistema de purificação da natureza, removendo nitrogênio dos cursos d’água e carbono da atmosfera.

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Pesquisadores coletam amostras de uma área úmida restaurada em Victoria, Austrália

“Agora que sabemos ainda mais sobre o papel importante que eles desempenham e quão rápida pode ser sua recuperação, é hora de agir.”

Os pântanos de água doce, que cobrem menos de 10% da superfície da Terra, contribuem com até 25% das emissões globais de metano.

Apesar disso, eles têm um potencial significativo como sumidouros de carbono de longo prazo, desempenhando um papel crucial no ciclo global do carbono .

Para o estudo, os pesquisadores compararam três pântanos degradados com três pântanos restaurados ao longo do Rio Loddon, em Victoria, Austrália, medindo a cobertura vegetal nativa, o ciclo do carbono e a função do ecossistema.

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Dr. Lukas Schuster, do Centro de Soluções Positivas para a Natureza da Universidade RMIT, disse que a escala e o ritmo dos benefícios ecossistêmicos revelados em apenas um ano de restauração fornecem um caso claro para ação

Nas áreas úmidas restauradas, a cobertura vegetal nativa aumentou significativamente, com a serapilheira de duas espécies nativas dominantes das áreas úmidas se decompondo mais lentamente do que a de uma espécie de grama invasora, sugerindo um maior potencial de preservação de carbono no solo.

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Da restauração de ecossistemas à valorização do capital natural e ao apoio à gestão comunitária, cada tema impulsiona soluções práticas para um futuro positivo para a natureza

Com 45% mais nitrogênio retido no solo, as áreas úmidas restauradas apresentaram maior ciclagem de nutrientes, o que está ligado à melhoria da qualidade da água e ajuda a prevenir perturbações do ecossistema, como proliferação de algas nocivas, escassez de oxigênio e contaminação.

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Schuster disse que isso era importante porque as áreas úmidas ribeirinhas estão conectadas a outros ecossistemas, como rios e córregos.

“Mais nitrogênio removido dessas áreas úmidas tem um efeito positivo nos cursos d’água conectados”, disse ele.

“Se você administrar o resultado do carbono, obterá outros benefícios, como resiliência à seca e terras agrícolas mais saudáveis, onde a flora e a fauna podem prosperar.

“Mostramos que a restauração de áreas úmidas compensa, então esperamos que este estudo possa orientar futuras políticas de gestão de terras”.

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Monitoramento usando pesquisas, eDNA, IA e sensoriamento remoto para avaliar a saúde do ecossistema

Uma área úmida de várzea também foi monitorada seis anos após ter sido restaurada pela reintrodução do fluxo de água , descobrindo que os estoques de carbono orgânico da superfície aumentaram em 53%, demonstrando benefícios duradouros.

A pesquisa foi liderada pelo Centro de Soluções Positivas para a Natureza da RMIT, que se concentra em abordar desafios ambientais urgentes, desde mudanças climáticas até poluição e perda de biodiversidade.

Pesquisadores do principal instituto de pesquisa sobre biodiversidade do governo vitoriano, o Instituto Arthur Rylah de Pesquisa Ambiental, também estavam envolvidos.

3 flores nativas que resistem ao calor e embelezam qualquer jardim

Em uma terra onde o sol não dá trégua e a umidade beira os 90%, as flores que sobrevivem não apenas resistem — elas florescem com uma exuberância que beira o impossível. O bioma amazônico, conhecido por sua biodiversidade intensa, abriga espécies nativas que não só aguentam o calor extremo, mas transformam qualquer espaço em um espetáculo de cor e vida. E o melhor: essas flores podem ser cultivadas em jardins urbanos de Norte a Sul do Brasil, desde que recebam os cuidados certos.

3 flores nativas que resistem ao calor amazônico e embelezam qualquer jardim

Flores que nascem sob o sol implacável da Amazônia são, por natureza, guerreiras. Conheça três espécies que transformam jardins com sua força e beleza.

Hibisco da mata: cor intensa e floração duradoura

O hibisco da mata, também conhecido como Hibiscus coccineus, é uma flor nativa da região amazônica que impressiona com suas pétalas grandes e vibrantes. Sua tonalidade varia entre o vermelho escarlate e o vinho profundo, criando um contraste impactante com o verde das folhas largas.

Essa planta se desenvolve muito bem em regiões de calor intenso e solo úmido, mas não encharcado. Por isso, é ideal para áreas com alta exposição solar. Em jardins, funciona como planta de bordadura ou ponto focal.

Dicas de cultivo:

  • Sol pleno é essencial para a floração abundante;

  • Tolera bem períodos curtos de seca, mas prefere regas regulares;

  • Pode ser plantado em vasos grandes, desde que bem drenados;

  • Adube com composto orgânico rico em potássio a cada 40 dias.

Além de sua beleza ornamental, o hibisco da mata atrai beija-flores e borboletas, tornando o jardim ainda mais vivo e biodiverso.

Maracujá-do-mato: a flor exótica com perfume envolvente

Pouco conhecida fora da região Norte, a flor do maracujá-do-mato (Passiflora cincinnata) é um espetáculo à parte. Com pétalas longas e filamentos coloridos, ela lembra uma explosão de cores em forma de estrela. Seu perfume adocicado é um convite constante a polinizadores.

Por ser uma trepadeira, a planta é ideal para cobrir pergolados, muros ou cercas, formando verdadeiros painéis floridos mesmo em áreas de clima extremo. É uma escolha certeira para quem quer unir resistência com exotismo.

Dicas de cultivo:

  • Gosta de sol pleno, mas também cresce em meia-sombra;

  • Precisa de apoio para se desenvolver como trepadeira;

  • A rega deve ser moderada, mantendo o solo levemente úmido;

  • Use substrato arenoso com boa drenagem e matéria orgânica.

Se bem cuidada, essa flor nativa do calor amazônico pode florescer praticamente o ano todo, especialmente em regiões tropicais e subtropicais.

Flor-de-maio da Amazônia: resistente e cheia de história

A flor-de-maio da Amazônia, espécie adaptada de epífitas como a Schlumbergera truncata, é uma versão tropicalizada das plantas de sombra que ganham força sob o clima úmido da região. Suas flores pendentes surgem no final da estação chuvosa, geralmente em maio, e podem variar entre tons de rosa, laranja e branco.

Apesar da aparência frágil, a flor-de-maio é uma planta resiliente. Cresce sobre troncos ou em vasos com substratos leves, desde que tenha sombra parcial e regas espaçadas. Em quintais amazônicos, ela é cultivada até em latas reaproveitadas, pendurada sob beirais.

Dicas de cultivo:

  • Evite o sol direto; ela prefere luz difusa ou sombra parcial;

  • Solo leve com pedaços de casca de pinus e carvão vegetal favorece a drenagem;

  • Regue apenas quando o solo estiver seco na superfície;

  • Uma colher de chá de farinha de osso por mês estimula a floração.

Muitos moradores da região dizem que essa flor “anuncia o fim da chuva” — uma herança do saber popular que reforça a conexão entre a planta e o ciclo natural da floresta.

Por que escolher flores nativas?

Optar por flores nativas da Amazônia vai além da beleza. Essas plantas têm um papel essencial na manutenção da biodiversidade, pois estão adaptadas ao solo, à fauna e ao clima local. Em outras palavras, exigem menos água, menos fertilizantes artificiais e contribuem com o equilíbrio ecológico ao atrair polinizadores específicos.

Outra vantagem é a resistência natural a pragas e doenças, o que reduz o uso de defensivos químicos. Em tempos de crise climática e aumento das temperaturas em diversas regiões do país, essas flores se tornam uma alternativa sustentável e resiliente para quem deseja cultivar beleza sem agredir o meio ambiente.

Posso cultivá-las fora da Amazônia?

Sim! Embora nativas do calor amazônico, essas espécies se adaptam muito bem a outras regiões do Brasil, desde que o cultivo respeite suas necessidades básicas de luz, calor e rega. Em regiões mais frias, o ideal é plantá-las em estufas, vasos protegidos ou locais bem iluminados e abrigados do vento.

Com a popularização da jardinagem urbana, cresce também o interesse por espécies nativas de biomas tropicais. Floristas e viveiros especializados já oferecem mudas adaptadas, e o uso da compostagem doméstica ajuda a criar solos mais próximos aos das regiões de origem.

Um jardim com raízes brasileiras

Ao incluir flores da Amazônia no seu jardim, você não está apenas apostando em beleza — está abrindo espaço para histórias, saberes ancestrais e uma conexão mais profunda com o Brasil que pulsa além dos centros urbanos.

Essas três flores são apenas o começo. O bioma amazônico oferece centenas de espécies com potencial ornamental e ecológico. Seja no quintal, na sacada ou até na calçada da sua casa, cultivar essas flores é uma forma de trazer um pedacinho da floresta para mais perto do nosso cotidiano.

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Bicho-preguiça ameaçado? Veja os impactos da urbanização na espécie

Em muitas regiões do Brasil, ver um bicho-preguiça pendurado em árvores próximas às estradas já foi cena comum. Hoje, esse encontro é cada vez mais raro — e não é por acaso. A urbanização acelerada, especialmente nas zonas de mata atlântica e floresta amazônica periférica, está transformando o cotidiano de um dos animais mais emblemáticos do país. O bicho-preguiça, símbolo de tranquilidade e resistência, está sofrendo silenciosamente com o avanço das cidades.

O bicho-preguiça e seu habitat natural

O bicho-preguiça (do gênero Bradypus e Choloepus) é um mamífero arborícola, ou seja, passa quase toda sua vida em árvores. É um animal extremamente adaptado a ambientes florestais fechados, onde encontra alimento, segurança contra predadores e condições climáticas ideais. No entanto, essas condições estão sendo drasticamente alteradas.

Com a expansão urbana, muitos fragmentos de floresta estão sendo destruídos ou isolados por rodovias, condomínios e plantações comerciais. Isso dificulta o deslocamento dos bichos-preguiça entre áreas de mata e reduz sua capacidade de encontrar alimentos e parceiros para reprodução.

Urbanização: o vilão silencioso da fauna silvestre

Ao contrário de espécies mais ágeis e adaptáveis, como saguis ou gambás, os bichos-preguiça não têm a mesma flexibilidade para lidar com o ambiente urbano. Eles se movem lentamente, gastando horas para atravessar pequenas distâncias. Quando forçados a descer das árvores — seja para mudar de área ou para fugir de distúrbios humanos — tornam-se presas fáceis e vulneráveis a atropelamentos, ataques de cães ou até eletrocussões em fios expostos.

Além disso, a poluição sonora, a iluminação artificial e a fragmentação do habitat são fatores que afetam diretamente a rotina fisiológica do animal, interferindo em seu sono, alimentação e reprodução. E, ao contrário do que muitos pensam, o bicho-preguiça não está “acostumado” com a presença humana — ele apenas não reage com agitação, o que torna seu sofrimento ainda mais invisível.

Casos reais: quando a preguiça encontra o concreto

Em cidades da Região Norte e do litoral da Bahia e Espírito Santo, o resgate de bichos-preguiça em áreas urbanas se tornou comum. Muitas vezes, eles são encontrados vagando em quintais ou pendurados em postes de luz, completamente desorientados.

Instituições como o Instituto Tamanduá e o Projeto Preguiça têm atuado na reabilitação desses animais, mas alertam que, sem políticas públicas de conservação e planejamento urbano que respeitem os corredores ecológicos, esses resgates serão cada vez mais frequentes — e nem sempre bem-sucedidos.

A espécie está ameaçada de extinção?

Embora o bicho-preguiça ainda não esteja classificado como “em perigo” em nível nacional, algumas subespécies, como o Bradypus torquatus (preguiça-de-coleira), já constam como vulneráveis na Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). A situação se agrava conforme o avanço urbano pressiona os ecossistemas remanescentes.

Sem habitat contínuo e seguro, a espécie não consegue manter populações saudáveis e geneticamente diversas, o que aumenta o risco de doenças, reduz a taxa de nascimento e fragiliza o ecossistema como um todo.

Soluções que já estão sendo aplicadas — e que funcionam

Algumas iniciativas têm mostrado que é possível conciliar crescimento urbano com preservação. A criação de passarelas aéreas entre árvores, o enterramento de fios elétricos e a preservação de corredores ecológicos em projetos de loteamento são exemplos viáveis e eficazes.

Além disso, a educação ambiental em comunidades próximas a áreas de mata tem ajudado a evitar capturas ilegais ou interações perigosas. Há também avanços em legislação, como leis municipais que proíbem a supressão de vegetação nativa sem compensação ecológica.

Mas ainda há muito o que fazer. A maioria das cidades brasileiras ignora completamente a fauna silvestre em seus planos diretores.

O papel do cidadão comum na proteção do bicho-preguiça

Não é preciso ser biólogo ou ativista para ajudar. Simples atitudes podem fazer diferença:

  • Ao ver um bicho-preguiça em área urbana, não tente manipulá-lo. Acione órgãos ambientais ou ONGs especializadas.

  • Evite soltar fogos de artifício ou usar motosserras próximas a áreas de mata.

  • Plante árvores nativas e preserve vegetação natural nos arredores de sua casa ou terreno.

  • Apoie projetos de conservação e compartilhe informações confiáveis sobre a espécie.

A proteção do bicho-preguiça não é apenas uma questão de “salvar um bichinho fofo” — trata-se de garantir que nossos ecossistemas continuem funcionando, que as florestas se mantenham vivas e que possamos conviver de forma mais equilibrada com as outras formas de vida que compartilham nosso território.

O que perdemos quando um bicho-preguiça desaparece

Mais do que uma perda simbólica, a ausência do bicho-preguiça em determinada região é um alerta de que aquele ambiente está entrando em colapso. Ele é uma espécie sentinela — ou seja, sua presença indica equilíbrio. Quando ele desaparece, geralmente outras espécies já foram afetadas e a biodiversidade local está comprometida.

Preservar o bicho-preguiça é, portanto, preservar também a qualidade do nosso próprio ar, clima e água. Ele é parte de uma rede delicada da qual todos nós fazemos parte, mesmo que a correria da vida urbana tente nos convencer do contrário.

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Exército brasileiro mobiliza operação militar após avanços venezuelanos na fronteira

Quando a mata fecha e o mapa se esgarça, a fronteira deixa de ser uma linha e passa a ser uma incerteza. Foi entre essas lacunas, nas bordas esquecidas da Amazônia, que o alto comando das Forças Armadas brasileiras enxergou algo que vinha ganhando forma nas sombras: pistas de pouso improvisadas, pontes rústicas lançadas sobre rios pouco navegáveis, acampamentos militares surgindo em meio ao nada. Não há sirenes quando se constrói uma tensão, mas há sinais. E o Brasil começou a lê-los com atenção.

Screenshot-2025-07-21-194052 Exército brasileiro mobiliza operação militar após avanços venezuelanos na fronteira
Fonte: Revista Sociedade Militar

O que se constrói nos vazios da floresta

As estruturas detectadas na tríplice fronteira com Venezuela e Guiana soam como peças de um quebra-cabeça com implicações maiores do que a geografia poderia sugerir. O nome Essequibo, para muitos distante e irrelevante, tornou-se o centro simbólico de uma disputa que mistura petróleo, passado colonial e ambições políticas. A Venezuela, pressionada por dentro e isolada por fora, decidiu mirar suas energias nesse pedaço de território guianense rico em recursos, e seus movimentos, cada vez menos retóricos, aproximam perigosamente o conflito da realidade.

Para o Brasil, vizinho de ambos, o risco não é apenas diplomático. Há um medo subterrâneo realista, ainda que discreto, de que tropas venezuelanas utilizem o território nacional como corredor tático rumo à Guiana. Esse temor levou ao anúncio de uma das maiores manobras militares brasileiras da década: a Operação Atlas.

Atlas e os músculos do Estado

A operação, marcada para novembro de 2025, reúne Exército, Marinha e Aeronáutica em um exercício de larga escala na selva de Roraima. O número impressiona: oito mil militares, equipamentos pesados, deslocamentos aéreos, logísticos e fluviais. Mas mais que força, trata-se de uma demonstração de presença e de preparo.

Dividida em três fases, a Atlas começou silenciosamente no final de junho, com mobilização de tropas em estados-chave da Amazônia. A segunda etapa, prevista para o início de outubro, foca na logística: como mover homens e máquinas em um território que resiste a todo tipo de ocupação. A terceira, enfim, simula o cenário real: selva densa, comunicação difícil, clima instável, longas distâncias entre bases e pontos de apoio.

A escolha das datas não é casual. Em paralelo à operação, o Brasil será anfitrião da COP 30, evento climático de grande escala que reunirá líderes mundiais em Belém. O recado parece calibrado: enquanto o país discute clima e sustentabilidade com o mundo, também afirma que sabe proteger suas fronteiras. E que, na Amazônia, soberania e meio ambiente precisam andar lado a lado.

Screenshot-2025-07-21-195748 Exército brasileiro mobiliza operação militar após avanços venezuelanos na fronteira
Fonte: O Globo

O espectro do Essequibo

Desde o final de 2023, a Venezuela tem ampliado a campanha para reivindicar o controle do Essequibo, região que ocupa dois terços do território guianense e que Caracas considera, desde o século XIX, parte de sua jurisdição. Num referendo interno, impulsionado pelo governo Maduro, foi aprovada a criação de um novo estado venezuelano: Guayana Esequiba. Na prática, um gesto simbólico, mas de enorme repercussão geopolítica.

A partir daí, a retórica se misturou aos fatos. Imagens de satélite e relatórios de inteligência apontaram para a movimentação de tropas, construção de pontes militares, instalação de bases e presença de blindados nas proximidades da fronteira. Equipamentos russos e iranianos, como helicópteros de transporte e embarcações armadas com mísseis, estariam sendo integrados à estrutura militar venezuelana, numa combinação que lembra os alinhamentos estratégicos da Guerra Fria, mas em pleno século XXI.

Maduro, com seu discurso sempre ambivalente, fala em soberania, mas também em paz. Reafirma o desejo de diálogo, enquanto constrói pontes por onde tropas poderiam atravessar. É esse descompasso entre palavra e gesto que gera receio entre os vizinhos. E é ele que faz com que qualquer erro de cálculo, uma patrulha mal posicionada, uma provocação local possa virar faísca num ambiente já inflamável.

O Brasil entre o dever e o risco

A resposta brasileira foi calculada. Não houve alarmismo, mas tampouco inércia. Tropas foram deslocadas para Boa Vista, incluindo unidades de reconhecimento, infantaria de selva e sistemas antitanque. Uma nova estrutura de cavalaria mecanizada foi criada, reforçando a malha defensiva do estado de Roraima. Mas, mais do que presença, houve prudência: o Itamaraty assumiu papel ativo como mediador, tentando manter abertos os canais diplomáticos entre Caracas e Georgetown.

Essa postura firme por um lado, apaziguadora por outro, reflete a posição peculiar do Brasil na região. País com maior poder militar da América do Sul, mas sem ambição intervencionista, o Brasil busca manter estabilidade em sua vizinhança não apenas por dever de Estado, mas por necessidade prática. Qualquer conflito regional atingiria diretamente suas fronteiras, seus fluxos migratórios, sua imagem internacional.

Do lado guianense, a resposta foi outra. Isolada militarmente, a Guiana buscou reforço em seus aliados históricos. Tropas americanas participaram de treinamentos conjuntos no país. Parcerias de segurança foram ampliadas. E, internamente, o governo aumentou a presença militar na região do Cuyuní considerada vulnerável a uma possível ofensiva venezuelana. Se Caracas avança, o tabuleiro se complica.

Limites de força, mapas de poder

É tentador imaginar o confronto como uma comparação direta de capacidades militares. Mas a realidade costuma ser mais complexa. A Venezuela, apesar de enfrentar sérios desafios logísticos e orçamentários, ainda mantém um contingente razoável de tanques, artilharia e aviação. A Guiana, com seu exército reduzido, aposta em dissuasão externa.

O Brasil, por sua vez, tem expertise em operar na selva e uma tradição consolidada de exercícios de interoperabilidade entre suas forças. Mas a Amazônia impõe limites que nem sempre se curvam à tecnologia. Roraima, por exemplo, é um dos estados mais isolados em termos logísticos. Poucas estradas. Acesso fluvial limitado. Longas distâncias que desafiam qualquer operação. É nesse cenário que a Operação Atlas será colocada à prova.

Mais do que treino, trata-se de uma avaliação realista. A pergunta central não é apenas se o Brasil tem força, mas se essa força pode ser empregada com eficácia em um território de difícil acesso. Como garantir comunicações seguras? Como manter linhas de abastecimento sob chuva densa e solo instável? Como coordenar três forças em um ambiente de múltiplos desafios?

São essas as questões que fazem da Atlas um exercício de soberania e também de autoconhecimento institucional.

A floresta e o futuro que se costura

No fundo, o que emerge dessa conjuntura não é apenas a possibilidade de conflito, mas uma reflexão mais ampla sobre presença. Presença estatal, militar, diplomática. A Amazônia, historicamente tratada como margem, mostra agora sua centralidade. Não apenas como bioma crucial para o equilíbrio climático global, mas como campo geopolítico em transformação.

Em tempos de transição energética, ambiental e tecnológica, os vazios geográficos ganham novo significado. As florestas, os rios, os campos inabitados deixam de ser paisagem e se tornam ativos estratégicos. E isso exige do Estado uma postura que vá além da vigilância: exige escuta, adaptação e, sobretudo, inteligência.

A Operação Atlas é, nesse sentido, mais do que uma resposta a uma ameaça. É um ensaio sobre como o Brasil deseja se posicionar num mundo onde as fronteiras não são mais apenas físicas. É uma tentativa de dizer, sem euforia nem temor, que o país conhece seus limites, mas também seus compromissos.

Secas intensas comprometem função hídrica e climática da Amazônia

Há uma ideia recorrente e perigosa de que a floresta amazônica é um organismo autossuficiente, uma espécie de milagre verde que por si só brota, respira, transpira e se mantém. Mas a ciência tem reiteradamente mostrado que esse equilíbrio é delicado, poroso e que pode se romper não com uma explosão, mas com uma sequência de silêncios. Menos chuva aqui, uma onda de calor ali, uma seca mais prolongada. O que parece um evento pontual se soma a outro, e a floresta começa a tossir, a perder o fôlego, a desaprender o ciclo da água.

A floresta que não chove sozinha

Nos últimos 40 anos, a estação seca na Amazônia se esticou em duração e intensidade. A floresta, que antes se apoiava na generosa umidade trazida pelos ventos atlânticos e recirculada pelas próprias árvores por meio da evapotranspiração, tem agora dificuldade de completar esse ciclo vital. A água que sobe das raízes profundas e se espalha pelas folhas antes de retornar à atmosfera já não sobe com tanta facilidade. E quando ela falta, todo o ecossistema vacila.

Screenshot-2025-07-21-191141 Secas intensas comprometem função hídrica e climática da Amazônia
Fonte: INPE

É essa realidade inquietante que pesquisadores do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) vêm documentando com precisão quase cirúrgica. O que eles mostram, com dados e medições de campo, é que a Amazônia está sob estresse hídrico, e quando a água falta, tudo mais se compromete: o carbono estocado nas árvores, a resistência ao fogo, a capacidade de regeneração.

A ciência não especula, mede

Durante a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada em Recife, a mesa-redonda sobre desmatamento, queimadas e ponto de não retorno do bioma amazônico foi menos uma discussão e mais um alerta com respaldo técnico. A pesquisadora Liana Anderson, do Cemaden, resumiu com clareza desconcertante: “A água é um elemento vital para entender a Amazônia e pensar sobre seu futuro. O bioma só existe porque tem água.”

E a floresta não depende apenas das chuvas que vêm do oceano. Cerca de metade da água que cai em forma de chuva na região é fruto da própria floresta, da água que as árvores devolvem ao ar. Quando esse sistema falha, não é só o clima local que sofre, as correntes de umidade que abastecem outras regiões do Brasil e da América do Sul também se enfraquecem. É um efeito cascata de grande escala, mas com origem num detalhe sutil: as árvores deixaram de transpirar como antes.

Essa quebra de ciclo é perceptível. Em 2015, 63% da Amazônia registrou estresse hídrico, uma condição em que a vegetação sofre pela escassez de água. No ano seguinte, esse número caiu para 51%, mas voltou a subir em 2023, alcançando novamente 61%. É como se a floresta estivesse oscilando entre períodos de recuperação e recaída, sem conseguir reencontrar o ritmo da saúde plena. E há um detalhe geográfico importante: os extremos estão nas bordas da Amazônia, regiões já pressionadas por atividades humanas e com cobertura vegetal fragmentada.

O carbono escapa pelo chão

Se a água é a vida da floresta, o carbono é sua memória. Guardado nos troncos, galhos e raízes por séculos, ele é também a moeda invisível de equilíbrio climático no planeta. Mas esse estoque, que deveria estar confinado, começa a se perder, dissolvido por temperaturas elevadas e pela morte precoce das árvores.

Pesquisadores do Inpe calcularam que secas severas, como a de 2005, foram responsáveis por perdas de até 100 toneladas de carbono por hectare. E, à medida que o planeta aquece, a floresta parece perder sua capacidade de retenção. “A cada grau de aumento da temperatura, há uma redução de 6% nos estoques de carbono da floresta”, explica o pesquisador Luiz Aragão. O número assusta, mas o que mais preocupa é a lógica por trás dele: mais calor significa mais árvores mortas. Mais árvores mortas, mais madeira no solo. E essa madeira seca é combustível puro para o fogo.

A Amazônia sempre teve fogo, mas não como agora. Incêndios hoje se alastram em áreas antes consideradas protegidas, com intensidade e frequência impensáveis há algumas décadas. A floresta, ao perder sua continuidade vegetal, torna-se mais vulnerável: fragmentada, resseca mais rápido e queima com mais facilidade. O fogo, que antes era exceção, começa a se tornar regra em certos anos e regiões.

E como se não bastasse, o ciclo é vicioso. Uma floresta que queima solta carbono. Ao soltar carbono, ela alimenta o aquecimento global. E, ao aquecer, contribui para mais secas e novos incêndios. O que parecia uma anomalia começa a se configurar como um novo normal. E, nesse novo normal, a floresta perde sua função essencial de reguladora climática.

Os refúgios que ainda resistem

Em meio a esse cenário preocupante, surgem algumas ilhas de resistência. Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) indicam que nem toda floresta reage da mesma forma às secas. Há áreas, sobretudo aquelas com lençol freático raso que demonstram resiliência notável. Nessas regiões, as raízes das árvores alcançam a água com mais facilidade, mesmo durante os períodos mais críticos. E isso faz toda a diferença.

A pesquisadora Flávia Costa, coordenadora dos estudos, alerta para um viés nas pesquisas: muitos estudos sobre o impacto das mudanças climáticas na Amazônia concentram-se em regiões com lençol freático mais profundo. Isso pode distorcer nossa percepção sobre a vulnerabilidade da floresta como um todo. Se metade da Amazônia repousa sobre lençol raso, e se essas áreas reagem melhor às secas, talvez ainda haja caminhos de adaptação possíveis. Mas é preciso olhar com mais cuidado, com mais diversidade metodológica.

Screenshot-2025-07-21-190800 Secas intensas comprometem função hídrica e climática da Amazônia
Fonte: Fish TV

É como se a floresta estivesse tentando nos mostrar onde ainda há esperança. Mas também onde a intervenção humana precisa ser mais criteriosa. Se formos capazes de identificar e preservar essas zonas de resiliência, talvez consigamos desenhar estratégias mais inteligentes para mitigar os efeitos do colapso climático. Não se trata de esperar que a floresta resista sozinha, mas de ajudar a protegê-la onde ela ainda pode lutar.

O futuro que escorre entre os dedos

O que os estudos recentes escancaram, com uma crueza quase desconcertante, é que a Amazônia já entrou num estágio de transição. Não se trata mais de prever um eventual colapso, mas de reconhecer os sinais de um sistema em desequilíbrio que já começou a mudar. O ponto de não retorno, discutido há anos como hipótese, agora ronda como possibilidade palpável.

E se a floresta muda, muda tudo ao redor. A agricultura no Centro-Oeste, os reservatórios do Sudeste, as chuvas no Sul do continente, todos esses sistemas estão, de alguma forma, conectados aos rios voadores que a Amazônia produz. Reduzir a floresta a um problema regional é ignorar sua centralidade na estabilidade do clima sul-americano. É, em última instância, brincar com as estruturas que ainda sustentam a vida como a conhecemos.

Há, claro, um campo aberto para a política e também para a negação. Mas a ciência, com sua linguagem dura e seus gráficos impassíveis, continua a dizer o que precisa ser dito. A floresta não está só aquecendo. Está adoecendo. E uma floresta doente devolve um planeta frágil.

Falta, talvez, coragem para olhar esse quadro e dizer com todas as letras: a Amazônia já está pagando o preço da negligência, e com ela, todos nós.

Fonte: Agência FAPESP

Suframa e Ufam debatem estratégias logísticas para a Amazônia

Se há algo que atravessa o imaginário brasileiro sobre a Amazônia é a ideia de isolamento devido o lugar ser longe demais, caro demais, difícil demais.

Quando a distância é um mito

Há décadas, essa narrativa alimenta tanto a inércia do poder público quanto a resignação institucional. E talvez por isso tenha sido tão contundente o gesto do professor Augusto Barreto Rocha, da Universidade Federal do Amazonas, ao abrir sua palestra na sede da Suframa com um corte cirúrgico: “O problema não é a distância. É a falta de infraestrutura.”

Screenshot-2025-07-21-180747 Suframa e Ufam debatem estratégias logísticas para a Amazônia
Fonte: [email protected]

A afirmação ressoa como um ajuste de foco. Ao substituir o argumento da geografia pelo da negligência, Rocha devolve à política sua responsabilidade, e à logística, sua dimensão estratégica. A fala integrou o segundo encontro de uma série de capacitações técnicas promovidas pela Suframa, voltadas a temas estruturantes para a região. Desta vez o tema em pauta foi “Infraestrutura e Logística na Amazônia”, mas o que se discutiu na essência foi muito mais do que estradas, portos e planilhas.

A tecnocracia da desigualdade

Durante a exposição, o professor não poupou críticas ao que chamou de “tecnocracia da desigualdade” uma maneira sofisticada de nomear o modelo vigente de planejamento logístico no país, que, ao se pretender neutro e técnico, muitas vezes só reafirma os desequilíbrios históricos entre regiões. É o caso do Plano Nacional de Logística de Transportes (PLT), estruturado segundo critérios que privilegiam fluxos consolidados e densidade econômica, ignorando as necessidades específicas de territórios como a Amazônia.

O problema não é só metodológico, é epistemológico. Planejar a logística da floresta a partir da lógica de centros urbanos do Sudeste é, em si, um desvio de origem. Afinal, o que parece “irracional” do ponto de vista técnico pode, na prática, ser a única opção possível para populações inteiras que vivem à margem dos grandes eixos de transporte. Ao priorizar projetos que prometem retorno imediato, em vez de corrigir desigualdades estruturais, o país perpetua a ideia de que a Amazônia é um anexo desconfortável, um lugar sempre fora de rota. Mas como imaginar outro caminho?

Rios que ainda não viraram estradas

Rocha defende uma inversão do raciocínio convencional: em vez de esperar que a atividade econômica justifique a obra de infraestrutura, é a própria infraestrutura que deve vir primeiro como indutora do desenvolvimento. A proposta rompe com a lógica do “investimento eficiente” no curto prazo e convida à construção de uma estratégia de país que seja capaz de olhar a Amazônia como parte de seu projeto civilizatório, e não como exceção a ser compensada com renúncias fiscais.

Um dos exemplos mencionados na palestra diz muito sobre isso. Os rios, que sempre foram a espinha dorsal da mobilidade amazônica, permanecem subutilizados quando não completamente ignorados nos grandes planos logísticos nacionais. Falta hidrovias funcionais, falta segurança de navegação, falta infraestrutura portuária de fato. Em vez de promover o que já existe, o rio como estrada natural, o país investe pesadamente em modais que não dialogam com a geografia nem com a cultura da região.

Nesse sentido, as sugestões de Rocha são quase sempre pautadas por um certo pragmatismo criativo. Redução dos custos de praticagem (o serviço obrigatório de condução de embarcações por profissionais locais), estímulo à operação de portos privados, revisão das rotas atuais para reduzir o tempo e o custo de transporte como o uso do eixo Santarém-Miritituba pela BR-163, que pode ser mais eficiente que a via tradicional por Belém. São medidas que não exigem revoluções, mas vontade política. E, sobretudo, escuta.

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Fonte: O Povo Amazonense

A Suframa e o papel que pode (re)assumir

Num contexto em que a Suframa parece oscilar entre o gesto técnico e o papel político, Rocha fez uma provocação clara: a autarquia precisa recuperar seu protagonismo na formulação de propostas logísticas para a região. Não como um ator isolado, mas como articuladora de saberes institucionais, acadêmicos e populares. Isso significa, por exemplo, investir em big data, não para alimentar dashboards, mas para gerar inteligência aplicada ao território.

Uma das propostas mais interessantes veio da análise das notas fiscais de entrada na Zona Franca de Manaus (ZFM). A partir desses dados, seria possível mapear com precisão os fluxos logísticos, identificar gargalos e calibrar políticas públicas com base em evidências concretas. É o tipo de inovação que requer poucos recursos e muita articulação. Mas que pode produzir efeitos duradouros.

A fala do superintendente-adjunto de Projetos da Suframa, Leopoldo Montenegro, ao abrir o evento, indica que há disposição para esse movimento. Ao afirmar que a capacitação técnica dos servidores é peça-chave para o fortalecimento institucional, sinaliza-se que a casa quer, sim, pensar para além da gestão ordinária. Quer pensar futuro. A pergunta, como sempre, é se haverá tempo, fôlego e alinhamento político para isso.

A Amazônia que não cabe nos mapas

Falar de logística na Amazônia é também falar de imaginação. Porque a floresta impõe um desafio quase existencial ao planejamento urbano-industrial do Brasil: ela escapa. Escapa à lógica de rede, ao tempo das metrópoles, ao cálculo que transforma tudo em custo-benefício imediato. A floresta, com seus rios caudalosos e caminhos invisíveis, exige outro modo de pensar o deslocamento mais paciente, mais sistêmico, mais atento ao invisível.

Isso não significa romantizar o atraso. Ao contrário. Significa entender que o que falta à logística amazônica não é modernidade, mas coerência. Em vez de importar soluções prontas, é preciso escutar o que o território diz e o que seus habitantes vivem há séculos. A integração da Amazônia ao restante do país não pode ser pensada como uma conquista civilizatória, mas como um processo delicado, contínuo e, sobretudo, respeitoso.

Há, nesse debate, uma camada muitas vezes esquecida: a cultural. O modo como se transporta mercadoria, pessoas e saberes, tudo isso é também linguagem, é também política. E nesse sentido, construir uma infraestrutura integrada à floresta é construir também um Brasil mais integrado consigo mesmo. Um país que se leva a sério do Oiapoque ao Chuí, e que se recusa a aceitar que seu Norte continue sendo tratado como periferia.

O que a logística ensina sobre pertencimento

No fim das contas, o que está em jogo não é apenas a fluidez de cargas entre centros de produção e consumo. O que se debate, mesmo quando não se diz, é o pertencimento. Se a Amazônia segue “longe demais” dos centros decisórios, talvez seja porque o país ainda não decidiu o que quer fazer com ela e nem com quem nela vive.

Eventos como o promovido pela Suframa são, nesse cenário, pequenos rituais de reconstrução institucional. Reunir servidores para escutar especialistas, refletir criticamente sobre o próprio papel e imaginar soluções viáveis é um ato de resistência contra o automatismo da máquina pública. E também um gesto de esperança: a de que ainda é possível desenhar políticas a partir do território, e não apenas para ele.

O professor Augusto Rocha deixou essa possibilidade no ar, não como promessa, mas como provocação. Uma floresta não se movimenta sozinha, mas também não se move se continuarmos esperando que os trilhos cheguem antes da vontade.

Amazônia Viva investe R$ 13 Milhões em crédito para fortalecer produtores amazônicos

Num cenário onde palavras como “sustentabilidade” e “inclusão” são muitas vezes capturadas por discursos vazios, a iniciativa Amazônia Viva propõe algo mais ambicioso: transformar o crédito rural em ferramenta de cuidado com a floresta, com as comunidades e com o futuro.

Quando crédito vira cuidado

Com R$ 13 milhões repassados diretamente a 15 cooperativas e associações amazônicas, o projeto encabeçado pela Natura, em parceria com a VERT Securitizadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), fecha um ciclo de investimento que foge do padrão das grandes finanças. E o faz com um detalhe que não passa despercebido: 100% de adimplência.

Screenshot-2025-07-21-164739 Amazônia Viva investe R$ 13 Milhões em crédito para fortalecer produtores amazônicos
Fonte: Amazônia Viva

Num país em que os bancos privados hesitam em financiar quem vive distante dos centros urbanos e mais ainda os que vivem da floresta em vez de a converter em pasto, essa taxa não é só um número; é uma afirmação política. Mostra que, quando os recursos são oferecidos com respeito aos tempos e dinâmicas das comunidades, o risco não aumenta. Ao contrário. Como resume Martha de Sá, cofundadora da VERT: “Comunidades tradicionais podem ser parceiras confiáveis quando têm acesso a estruturas financeiras adequadas.”

O mecanismo e suas engrenagens invisíveis

Na prática, o Amazônia Viva se estrutura com dois instrumentos financeiros que dialogam entre si: o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), que permite às cooperativas acesso a crédito com juros acessíveis e menos burocracia; e o Fundo Facilitador (ECF), encarregado de apoiar tecnicamente essas mesmas organizações, com investimentos em infraestrutura, conservação e capacitação. É uma aliança entre dinheiro e conhecimento, num modelo de financiamento que não se limita à lógica da dívida, mas aposta na reciprocidade.

Enquanto o CRA se posiciona como alavanca econômica, o ECF cumpre o papel de mediador: apoia processos de fortalecimento institucional, qualificação de lideranças, acesso a mercados e preservação do território. Ambos operam sob uma governança compartilhada, e aqui reside outra singularidade do mecanismo. Não se trata de aplicar capital do alto para baixo, mas de construir junto com quem está no chão da floresta. Representantes das comunidades participam das decisões, imprimindo à política do crédito uma ética da escuta.

Um território em regeneração

No pano de fundo, o projeto mira em uma paisagem mais ampla. A ideia é alcançar mais de 40 organizações em 16 territórios da Amazônia, impactando diretamente mais de 10 mil famílias e ajudando a conservar ou regenerar até 3 milhões de hectares de floresta. Não se trata, é bom destacar, de preservar como quem congela um museu verde, mas de permitir que os modos de vida locais floresçam em harmonia com o ecossistema. Ou seja, é sobre continuidade e pertencimento, e não sobre “salvação” externa.

Screenshot-2025-07-21-165858 Amazônia Viva investe R$ 13 Milhões em crédito para fortalecer produtores amazônicos
Fonte: Genilson Guajajara, Marcos Santos, Rossana Fraga,Acervo PNUD/Floresta+, Acervo ONU Brasil e Reprodução/Conservação Internacional

Dentro desse espírito, parte dos recursos já começou a ser canalizada para o fortalecimento da base produtiva: R$ 6,3 milhões estão sendo investidos em melhorias de unidades de beneficiamento de nove cooperativas fornecedoras da Natura, respeitando critérios de certificação regenerativa da União para o Comércio Ético de Biocomércio (UEBT). Também há investimentos em sistemas agroflorestais com macaúba, uma palmeira nativa com enorme potencial para restaurar áreas degradadas no Pará, onde R$ 1 milhão foi destinado especificamente para esse fim.

São escolhas técnicas, sim, mas profundamente simbólicas: tratam da reconexão entre produção e cuidado, da ideia de que regenerar pode ser mais do que mitigar, pode ser um modo de existir economicamente.

Dinheiro com rosto e gênero

Não basta pensar o território; é preciso também ampliar quem tem voz nas decisões sobre ele. O Amazônia Viva começa, ainda que timidamente, a incorporar agendas transversais que tensionam o patriarcalismo estrutural das cadeias produtivas. Em abril, realizou sua primeira Oficina de Gênero, reunindo mulheres de 14 organizações. Foi mais que um evento pontual, foi um gesto político que escancarou a ausência de mulheres em espaços decisórios e começou a pavimentar outra lógica de liderança.

Em março, também foi formalizado o Conselho Territorial, instância consultiva com representação comunitária e juvenil. A governança, aqui, se espraia para além dos escritórios institucionais e reconhece outras formas de saber, de experiência e de presença política. Há algo de radical, ainda que silencioso, nesse modo de desenhar um sistema financeiro que escute vozes historicamente silenciadas.

Da floresta para o mercado

A presença da Natura não se limita ao financiamento. A empresa também atua como compradora dos insumos produzidos pelas cooperativas, oferecendo previsibilidade de demanda, um elemento fundamental para que os empreendimentos possam crescer com segurança. A simbiose entre financiamento, apoio técnico e garantia de mercado é um diferencial que poucos projetos de impacto socioambiental conseguem sustentar. E isso não se dá sem parcerias robustas: Fundo Vale, Good Energies Foundation, IFC, BID Invest e o próprio FUNBIO estão entre os que sustentam a arquitetura financeira e institucional do mecanismo.

Mas não se trata apenas de uma cadeia de fornecimento renovada; é uma tentativa de redesenhar o que entendemos por valor. Se o mercado costuma precificar a matéria-prima e ignorar o território que a gerou, aqui se tenta o inverso: é o território, com sua biodiversidade e sua cultura, que se torna ativo econômico central. Isso exige outro tipo de olhar menos extrativista e mais ecológico no sentido profundo do termo, que remete à casa comum.

Um experimento que não se repete, mas se reinventa

Pode-se perguntar, com razão, se esse modelo é replicável. A resposta talvez seja: não da mesma forma. O que o Amazônia Viva propõe é menos uma fórmula e mais um modo de fazer, um conjunto de princípios. O sucesso da iniciativa até aqui se deve, em parte, a sua capacidade de construir a partir do território, e não apesar dele. Cada comunidade tem seus ritmos, seus conflitos, suas potências. Projetos que ignoram isso tendem a fracassar ou, pior, a gerar dependência.

Esse experimento amazônico desafia o sistema financeiro tradicional a pensar diferente. Propõe que o crédito não seja apenas concessão, mas construção. Que o desenvolvimento seja não um destino imposto, mas um caminho tecido coletivamente. E que a floresta, tão frequentemente vista como obstáculo ao progresso, seja, ao contrário, a condição dele.

Se o século XXI clama por novas formas de convivência entre economia e ecologia, talvez seja hora de escutar o que vem do Norte, não dos gabinetes em Brasília ou dos satélites internacionais, mas das margens dos rios, dos centros comunitários, das vozes que conhecem o cheiro da terra molhada depois da chuva.

COP30 em xeque com ausência dos EUA e pressão global por financiamento climático

Faltando poucos meses para a realização da COP30, programada para ocorrer em Belém do Pará, paira uma nuvem pesada sobre o maior evento de debates climáticos do planeta. Mas não é apenas o aquecimento global que preocupa: o que realmente ameaça as articulações internacionais é a provável ausência dos Estados Unidos das negociações centrais. E esse não é um detalhe protocolar, é um obstáculo de ordem geopolítica com impacto direto sobre os resultados esperados da conferência.

Uma COP sem os EUA: o vácuo que paralisa

Marcello Brito, engenheiro de alimentos com longa atuação no agronegócio e atualmente enviado especial para os estados subnacionais da Amazônia pelo Consórcio Amazônia Legal, alerta que a COP30 não será palco de grandes acordos como os que ocorreram em Paris ou Glasgow. A razão? A cadeira vazia de Washington.

“Quando tiramos um país como os Estados Unidos da mesa, a situação não vai para frente”, resume Brito, em um diagnóstico que revela mais do que um desânimo: revela uma estrutura internacional ainda refém da vontade das grandes potências.

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Marcelo Brito – Fonte: Consórcio Amazônia Lega

O consenso impossível

Na mecânica multilateral da ONU, qualquer decisão significativa precisa passar pelo crivo do consenso. Um único país com voto contra pode travar o andamento de propostas. E os Estados Unidos, além de serem historicamente o maior emissor de gases de efeito estufa, ainda detêm uma posição de comando entre as nações ricas, papel que exerceram com força no Acordo de Paris, em 2015, quando Barack Obama articulou com a China um entendimento que pavimentou o tratado.

Hoje, o cenário é outro. Há ruídos, desacordos e um vazio de liderança que tende a inviabilizar avanços concretos. A principal vítima dessa paralisia é uma das pautas mais urgentes da agenda climática: o financiamento climático.

Desde a Conferência de Copenhague, em 2009, os países ricos prometeram mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para apoiar as nações em desenvolvimento na transição ecológica e adaptação aos impactos do aquecimento global. Em 2015, o compromisso foi renovado até 2025, mas o dinheiro não veio como prometido. E, agora, discute-se não apenas a continuidade, mas a ampliação dessa cifra para US$ 1,3 trilhão até a COP30, uma proposta liderada pelo bloco dos Brics. Só que sem os EUA na conversa, quem assina o cheque?

Screenshot-2025-07-21-115826 COP30 em xeque com ausência dos EUA e pressão global por financiamento climático

Financiamento climático: uma promessa que envelheceu mal

A retórica das grandes potências é bonita nos discursos, mas falha nos extratos bancários. O financiamento climático, quando ocorre, muitas vezes vem em forma de empréstimos com juros ou garantias condicionadas. Pouco se materializa em doações diretas ou investimentos estruturais robustos.

É nesse ponto que a COP30, sediada em plena Amazônia, ganharia contornos simbólicos poderosos. Não apenas por acontecer em um dos biomas mais estratégicos do mundo, mas por ser uma oportunidade para dar corpo a compromissos frequentemente adiados. No entanto, como lembra Brito, “não há espaço geopolítico para negociar nada” neste momento.

Ainda assim, desistir não é uma opção. O presidente da COP30, o diplomata André Corrêa do Lago, tem buscado ressignificar o papel da conferência. Em comunicações recentes com a comunidade internacional, ele aponta para uma COP mais realista, menos focada em grandes acordos formais e mais centrada na mobilização de atores já engajados.

Entre os objetivos centrais, estão deter e reverter o desmatamento até 2030, acelerar a transição energética e transformar os sistemas alimentares. A mensagem é clara: se os acordos não vierem de cima, que cresçam pelas bordas.

zapp8 COP30 em xeque com ausência dos EUA e pressão global por financiamento climático

O papel do Brasil: pragmatismo e oportunidades

Diante de um tabuleiro internacional travado, o Brasil optou por uma abordagem pragmática. A ideia é construir alianças com países dispostos a negociar, mesmo que em ritmo mais lento, como a China e a União Europeia. Brito enxerga aí uma chance de evolução: “Não serão feitos em tempo recorde, como quando os EUA estão presentes, mas pode ter evolução”.

E é justamente nesse espaço que o setor privado começa a emergir como ator relevante. Brito, com longa trajetória na articulação entre clima e agro, acredita que o agronegócio brasileiro pode ocupar uma posição central na discussão global. E não apenas como parte do problema, mas como portador de soluções.

O argumento é robusto. Hoje, quase 70% do financiamento do agro no Brasil vem do setor privado. O Plano Safra já não é o único pilar. “Tenho certeza de que no decorrer dos próximos meses e anos, o agro vai investir ainda mais na transição climática. Somos uma caixinha de soluções”, afirma Brito.

Essa “caixinha” inclui agricultura regenerativa, uso racional de insumos, manejo florestal sustentável e integração lavoura-pecuária-floresta. São caminhos reais, alguns já em prática que podem ser ampliados com financiamento internacional, inclusive de fundos privados interessados em ativos sustentáveis.

O agro como protagonista climático?

Talvez a imagem mais reveladora da nova postura brasileira tenha sido a presença de Brito na Semana do Clima de Londres, realizada no final de junho. Ali, o Brasil foi percebido com olhos menos céticos. “Eles sabem que podemos ter uma agricultura resiliente e regenerativa ou mesmo acabar com o desmatamento”, relata.

Essa confiança externa se baseia em um paradoxo: o Brasil, ao mesmo tempo em que carrega uma mancha ambiental ligada ao desmatamento ilegal, também possui um dos maiores potenciais de regeneração ambiental do planeta. E isso atrai investidores.

A retórica internacional sobre o clima mudou. Já não se espera apenas promessas de governos, mas evidências concretas de que a transformação está em curso. A COP30 pode não firmar acordos históricos, mas pode colocar o Brasil como vitrine de práticas viáveis e, quem sabe, inspirar outros países a seguir.

Quando as ausências também são reveladoras

A ausência dos Estados Unidos não é apenas um dado político. Ela é um sinal claro de que os modelos de governança climática precisam ser reinventados. A dependência de consensos impossíveis, as promessas não cumpridas e os bloqueios geopolíticos minam a confiança coletiva.

Mas, como toda crise, essa também traz oportunidades. Com as potências tradicionais hesitantes, abre-se espaço para que países como o Brasil, com biodiversidade única, matriz energética limpa e um setor privado em mutação, assumam o protagonismo.

Essa COP pode não ser memorável pelos tratados assinados, mas poderá ser lembrada como o momento em que o jogo mudou de mãos.

5 truques para limpar sanduicheira sem riscar a chapa

A sanduicheira é uma daquelas praticidades do dia a dia que a gente só valoriza de verdade quando precisa limpar. Depois de preparar aquele misto quente suculento ou até um pão de queijo improvisado, o que sobra é gordura, migalhas e às vezes até queijo derretido grudado. Aí vem a dúvida: como limpar sem danificar ou riscar a chapa? A boa notícia é que você pode fazer isso de forma rápida, eficiente e segura usando truques simples e materiais que já tem em casa.

Se você também já estragou uma sanduicheira tentando limpá-la com esponja de aço ou deixou ela “melecada” depois de um paninho mal passado, este artigo é para você.

Por que não se deve usar abrasivos na sanduicheira?

Antes de tudo, é preciso entender que a maioria das sanduicheiras tem chapas com revestimento antiaderente. Esse material é eficiente, mas sensível. Usar produtos abrasivos — como palha de aço ou escovas duras — pode riscar a superfície e comprometer a durabilidade do equipamento. Além disso, uma vez danificado, o revestimento começa a soltar partículas e prejudica tanto a eficiência quanto a segurança alimentar.

1. Limpeza a quente: o truque do papel toalha úmido

Logo após o uso, enquanto a sanduicheira ainda estiver morna (mas não quente demais), coloque um papel toalha úmido dobrado sobre a chapa e feche a tampa levemente, sem fazer pressão. O vapor gerado vai ajudar a soltar os resíduos de gordura e queijo.

Após 2 ou 3 minutos, abra, retire o papel com cuidado e passe outro seco para remover o que restou. Essa técnica ajuda a amolecer a sujeira e evita o uso de produtos agressivos.

2. Pasta de bicarbonato para crostas persistentes

Se já passou muito tempo desde o uso e o resíduo endureceu, a melhor saída é preparar uma pasta de limpeza com bicarbonato e água. Misture 2 colheres de sopa de bicarbonato com água suficiente para formar uma pasta cremosa.

Aplique sobre as áreas mais sujas com um pano macio e deixe agir por 10 minutos. Depois, esfregue com um pano úmido. O bicarbonato ajuda a soltar os resíduos sem arranhar o revestimento.

3. Vinagre branco como desengordurante natural

O vinagre branco é um excelente desengordurante e ainda elimina odores desagradáveis que podem ficar na sanduicheira, principalmente depois de queijos fortes ou carnes temperadas.

Borrife um pouco de vinagre branco puro sobre a chapa morna e limpe com um pano seco. Ele dissolve a gordura e deixa a superfície limpa, sem comprometer o antiaderente.

4. Nunca mergulhe o aparelho na água

Parece óbvio, mas muita gente erra aqui. Nunca mergulhe a sanduicheira na pia ou jogue água direto sobre ela, mesmo que ela pareça muito suja. Por ser um eletrodoméstico, a entrada de água pode danificar os circuitos e causar curto-circuito. Além disso, algumas partes internas não secam completamente e podem oxidar com o tempo.

Prefira sempre a limpeza com panos úmidos, espátulas de silicone (caso precise raspar algo) e soluções suaves.

5. Truque da espátula de silicone

Se você está lidando com queijo ou outros alimentos grudados, a espátula de silicone é sua melhor amiga. Com ela, é possível “raspar” sem risco de arranhar o revestimento. Faça movimentos suaves, sempre com a sanduicheira desligada e fria (ou morna, se a sujeira estiver muito seca).

Use a espátula para levantar as crostas, depois finalize com pano úmido e, se necessário, um pouco de vinagre ou a pasta de bicarbonato.

Limpeza externa também conta

A parte de fora da sanduicheira merece atenção. Use um pano úmido com detergente neutro para remover gordura e marcas de dedos. Nunca use produtos abrasivos também no exterior, principalmente se for de aço inox ou acabamento brilhante.

Outra dica: se houver acúmulo de farelos nas dobras e fendas, use uma escova de dentes velha para alcançar esses cantinhos sem danificar nada.

Com que frequência devo limpar a sanduicheira?

O ideal é fazer a limpeza logo após cada uso, mesmo que pareça que está limpa. A gordura e os restos de comida oxidam com o tempo e se tornam cada vez mais difíceis de remover.

Uma limpeza mais profunda pode ser feita quinzenalmente, com verificação das fendas, dos cabos e das partes inferiores do aparelho.

Dica bônus: evite bagunça durante o preparo

Você pode evitar boa parte da sujeira ao usar papel-manteiga ou um tapete de silicone próprio para sanduicheira. Eles criam uma barreira entre o alimento e a chapa, reduzindo resíduos grudados.

Outra alternativa é usar fatias de queijo mais firmes, que escorrem menos, ou evitar recheios muito líquidos.

Sem esforço e com muito mais durabilidade

Limpar a sanduicheira sem riscar a chapa é mais fácil do que parece. Com esses truques simples, você economiza tempo, preserva seu aparelho por muitos anos e ainda mantém a higiene da sua cozinha em dia.

Não precisa de esponjas ásperas nem produtos caros. Basta um pouco de cuidado, os ingredientes certos e a escolha dos acessórios corretos.

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3 plantas que atraem borboletas e mantêm a biodiversidade no quintal

Já pensou em transformar o seu quintal em um pequeno santuário de biodiversidade? Além de ser um espetáculo visual, ter borboletas circulando entre as plantas é sinal de um ambiente saudável e equilibrado. E o melhor: você não precisa de grandes investimentos ou de um jardim profissional para isso. Basta escolher as plantas certas — que vão atrair borboletas naturalmente e ainda deixar seu espaço mais bonito e cheio de vida.

Neste artigo, vamos revelar três espécies de fácil cultivo que funcionam como ímãs para borboletas. Além de embelezar o quintal, essas plantas ajudam a preservar a biodiversidade, favorecendo o ciclo natural dos polinizadores.

Por que as borboletas são tão importantes para o jardim

As borboletas não são apenas visitantes bonitos: elas exercem um papel vital na polinização de diversas espécies vegetais. Ao pousar em flores para se alimentar do néctar, acabam transferindo pólen de uma planta para outra, o que ajuda na formação de frutos e sementes.

Sua presença também é indicativo de que o ambiente está livre de agrotóxicos pesados e com flora saudável. Em outras palavras: onde há borboletas, há equilíbrio ambiental.

1. Ascolor — a flor preferida das borboletas

Também conhecida como Asclepia ou algodoeiro-do-diabo, a planta Ascolor é uma das favoritas das borboletas monarcas. Suas flores alaranjadas ou avermelhadas, com formato estrelado, são extremamente ricas em néctar.

Além disso, a planta Ascolor serve de alimento para as lagartas dessas borboletas, o que significa que ela ajuda a completar todo o ciclo de vida do inseto — da postura dos ovos à fase adulta.

Como cultivar:

  • Gosta de sol pleno e solo levemente arenoso.

  • Rega moderada, sem encharcamento.

  • Pode ser plantada em vasos grandes ou diretamente no solo.

Curiosidade:
Ao cultivar Ascolor, você verá não só borboletas, mas também abelhas e beija-flores frequentando seu quintal.

2. Verbena: explosão de cores e visitantes alados

A verbena é uma planta ornamental que atrai borboletas pela grande quantidade de néctar e pela coloração vibrante das flores — que vão do roxo ao rosa, passando por branco e vermelho. Suas flores pequenas e agrupadas formam buquês encantadores.

Essa planta é ideal para quem busca flores duráveis, fáceis de cuidar e com longa floração.

Como cuidar:

  • Desenvolve-se bem em sol pleno ou meia sombra.

  • Tolera períodos curtos de seca, mas prefere regas regulares.

  • Vai bem tanto em canteiros quanto em vasos suspensos ou jardineiras.

Dica extra:
A poda das flores murchas estimula a floração contínua e aumenta a visita de polinizadores.

3. Lantana camara: rústica, resistente e cheia de vida

A lantana é conhecida como uma planta “de guerra”, por resistir bem a climas variados, pouca rega e até solos pobres. Suas flores coloridas em tons mesclados de amarelo, laranja, vermelho e rosa são um verdadeiro banquete.

Essa planta é perfeita para quem não tem muito tempo para cuidar, mas quer um jardim cheio de vida.

Características do cultivo dessa planta:

  • Vai melhor em sol pleno e solos bem drenados.

  • Tolera períodos de estiagem.

  • Necessita de poda de controle, pois cresce com vigor.

Alerta:
Apesar de ser excelente para biodiversidade, a planta lantana tem folhas tóxicas para animais domésticos se ingeridas. O ideal é cultivá-la fora do alcance de cães e gatos.

Bônus: como manter um quintal amigo das borboletas

Além das plantas certas, algumas atitudes simples podem garantir que as borboletas não só visitem suas plantas, mas também fiquem por lá:

  • Evite agrotóxicos: produtos químicos espantam e até matam polinizadores. Dê preferência a soluções naturais, como calda de fumo, neem e sabão de coco.

  • Inclua pedras e recipientes com água: borboletas gostam de tomar sol e precisam de água para se hidratar. Um pratinho raso com pedrinhas é ideal.

  • Tenha plantas hospedeiras e nectaríferas: hospedeiras alimentam as lagartas; nectaríferas, as borboletas adultas. Cultive as duas.

  • Deixe um canto do jardim mais “selvagem”: áreas com folhas secas, galhos e sombra são refúgio para as fases iniciais de vida delas.

Mais cor, mais vida, mais equilíbrio

Ter plantas que atraem borboletas é um passo simples, bonito e poderoso para aumentar a biodiversidade do seu quintal. Além de deixar o ambiente mais colorido, você estará contribuindo para o equilíbrio ecológico e a sobrevivência dos polinizadores. Comece com uma das espécies indicadas e observe a transformação — ela virá voando.

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Como desentupir a lava-louças em 4 passos e evitar danos

A lava-louças é uma aliada poderosa na rotina de quem busca praticidade na cozinha. Mas, com o tempo, resíduos de alimentos, gordura e acúmulo de sabão podem causar entupimentos silenciosos que afetam a eficiência do aparelho. O resultado? Louças mal lavadas, mau cheiro e até risco de danos permanentes ao motor ou à bomba.

A boa notícia é que você mesmo pode resolver isso em casa, com passos simples, sem precisar de assistência técnica — e ainda aumentar a vida útil do seu eletrodoméstico. Neste artigo, vamos te mostrar o passo a passo para desentupir sua lava-louças e evitar novos problemas.

Como saber se sua lava-louças está entupida?

Antes de partir para a limpeza, é bom reconhecer os sinais de entupimento:

  • A louça sai suja, mesmo após o ciclo completo.

  • Água acumula no fundo do aparelho.

  • A máquina está fazendo barulho diferente.

  • Mau cheiro persistente, mesmo sem louças dentro.

Se você identificou um ou mais desses sintomas, está na hora de agir.

1º passo: limpe o filtro da lava-louças

O filtro é o ponto mais comum de entupimento. Ele fica localizado no fundo da lava-louças, geralmente abaixo das hélices giratórias. Seu papel é reter restos de alimentos e partículas sólidas, impedindo que cheguem à bomba de drenagem.

Como limpar:

  • Retire o cesto inferior para ter acesso ao fundo do aparelho.

  • Gire o filtro no sentido indicado e remova-o.

  • Lave o filtro em água corrente com uma escova de cerdas macias e detergente neutro.

  • Se houver gordura acumulada, use uma mistura de vinagre com água quente.

  • Verifique também o compartimento onde o filtro se encaixa e remova qualquer resíduo visível.

Dica extra: faça essa limpeza ao menos uma vez por semana se você usa a lava-louças com frequência.

2º passo: verifique e limpe os braços aspersores

Os braços aspersores (as hélices que giram e esguicham água) possuem pequenos furos por onde a água sai com pressão. Quando esses furos estão entupidos, o jato perde força e a lavagem se torna ineficiente.

Como fazer a limpeza:

  • Retire os braços giratórios, geralmente puxando ou desrosqueando.

  • Deixe-os de molho por 10 minutos em uma mistura de vinagre branco com água morna.

  • Use um palito, agulha ou escova fina para desobstruir os furinhos entupidos.

  • Enxágue bem antes de recolocar no lugar.

Se os braços não girarem livremente após a limpeza, pode haver gordura endurecida nas engrenagens — nesse caso, limpe com escova e reaplique vinagre morno.

3º passo: elimine resíduos na bomba de drenagem

Mesmo com o filtro limpo, partículas muito pequenas podem passar e acumular na bomba de drenagem. Isso dificulta o escoamento da água, causa mau cheiro e pode forçar o motor.

Como acessar:

  • Verifique no manual do seu modelo onde fica o acesso à bomba (normalmente sob o filtro).

  • Retire a tampa com cuidado e observe se há resíduos ou objetos presos (pedaços de plástico, ossos, vidro quebrado).

  • Com uma pinça ou pano, retire o que estiver obstruindo.

  • Evite usar objetos metálicos que possam danificar a hélice da bomba.

Se você não se sentir seguro para acessar essa parte, pelo menos mantenha o filtro limpo para evitar que resíduos cheguem até lá.

4º passo: faça uma limpeza profunda com vinagre e bicarbonato

Após limpar manualmente as partes internas, vale fazer uma limpeza química leve para dissolver resíduos invisíveis de gordura e sabão acumulado nas paredes internas e tubulações.

Como fazer:

  • Com a lava-louças vazia, espalhe 1 xícara de vinagre branco no fundo do aparelho.

  • Inicie um ciclo completo no modo mais quente.

  • Após o ciclo, polvilhe 2 colheres de sopa de bicarbonato de sódio no fundo e deixe agir por uma noite.

  • No dia seguinte, faça um ciclo rápido com água quente.

Esse processo desodoriza, desinfeta e ajuda a prevenir futuros entupimentos.

Como evitar entupimentos futuros?

Prevenir é sempre melhor do que remediar. Aqui vão hábitos simples que aumentam a durabilidade da sua lava-louças:

  • Raspe os pratos antes de colocá-los, mesmo que não lave à mão.

  • Evite colocar restos de massa, arroz, cascas e ossos.

  • Use sabão específico para lava-louças — nada de sabão comum ou detergente manual.

  • Limpe o filtro regularmente, mesmo que não haja sinais de entupimento.

  • Faça uma limpeza com vinagre 1 vez por mês.

A lava-louças foi feita para facilitar a sua vida, mas ela também precisa de cuidados. Ignorar os pequenos sinais pode sair caro — tanto em eficiência quanto em manutenção. Com esses quatro passos simples e manutenção regular, sua máquina vai continuar lavando com eficiência por muitos anos, sem mau cheiro ou louça mal passada.

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5 dicas para limpar sua cafeteira elétrica com segurança

A cafeteira elétrica é uma das queridinhas da cozinha. Prática, rápida e funcional, ela está sempre pronta para garantir aquele cafezinho fresquinho no início da manhã ou no meio da tarde. Mas, apesar de ser um eletrodoméstico simples, ela exige cuidados específicos na hora da limpeza — e muita gente se esquece disso. O resultado? Acúmulo de resíduos, gosto amargo no café e até risco para a saúde.

Manter a cafeteira limpa é essencial para conservar o sabor da bebida e garantir o bom funcionamento do aparelho por muito mais tempo. E a boa notícia é que isso pode ser feito de forma simples, com itens que você já tem em casa, sem complicações e sem danificar as partes sensíveis.

A seguir, veja 5 dicas valiosas para limpar sua cafeteira elétrica com total segurança e eficiência.

1. Desligue a cafeteira da tomada e desmonte tudo que for removível

Pode parecer óbvio, mas ainda tem gente que tenta limpar a cafeteira com ela ligada ou recém-desligada. O primeiro passo sempre deve ser retirar da tomada e deixar o aparelho esfriar completamente antes de qualquer limpeza.

Em seguida, remova todas as partes móveis, como jarra, tampa, filtro permanente (se houver) e porta-filtro. Essas peças devem ser lavadas separadamente com água morna e detergente neutro. Nada de usar esponjas abrasivas, principalmente em partes plásticas ou de vidro — isso pode arranhar e facilitar o acúmulo de resíduos.

Dica bônus: se sua cafeteira usa filtros de papel, descarte o filtro usado logo após o preparo do café. Isso evita que o pó seco grude e manche o compartimento.

2. Faça uma limpeza interna com vinagre e água para eliminar resíduos e odores

Ao longo do tempo, a cafeteira acumula minerais da água e óleos do café nas tubulações internas. Isso interfere diretamente no sabor da bebida e pode entupir o sistema. A melhor forma de limpar por dentro é usando vinagre branco.

Passo a passo:

  • Encha o reservatório com metade de água e metade de vinagre branco

  • Ligue a cafeteira e deixe fazer o ciclo completo como se estivesse preparando café

  • Desligue e deixe agir por 15 minutos

  • Em seguida, repita o processo duas vezes apenas com água limpa, para remover qualquer resíduo de vinagre

Essa limpeza pode ser feita a cada 15 dias em locais com água muito calcária, ou uma vez por mês em regiões com água mais leve.

3. Limpe o bico e a tampa da jarra com escova fina

Muitas vezes, o acúmulo de gordura do café se esconde em locais difíceis, como a parte interna da tampa da jarra ou o bico por onde o café escorre. Para limpar esses cantinhos, use uma escova de dentes velha ou escova de mamadeira com cerdas macias.

Aplique uma mistura de detergente neutro com bicarbonato de sódio nas áreas engorduradas, deixe agir por dois minutos e esfregue com delicadeza. Enxágue bem e seque com pano limpo.

4. Seque bem todas as partes antes de montar novamente

Um erro comum é montar a cafeteira com partes ainda úmidas — o que pode favorecer a formação de mofo e mau cheiro. Após lavar todas as partes removíveis, seque com pano limpo e deixe arejar por alguns minutos.

Nunca guarde ou monte a cafeteira com a tampa ou a jarra ainda molhadas por dentro. Isso também ajuda a evitar manchas esbranquiçadas, comuns em vidro ou acrílico.

5. Evite produtos agressivos e mantenha uma rotina de limpeza leve diária

Evite totalmente o uso de água sanitária, álcool ou desengordurantes industriais dentro do reservatório de água. Esses produtos podem deixar resíduos perigosos ou corroer partes internas do aparelho.

O ideal é fazer uma limpeza leve diariamente: enxágue a jarra e o porta-filtro logo após o uso e passe um pano úmido na base. Esse cuidado simples já evita o acúmulo de sujeira e prolonga o tempo entre as limpezas profundas.

Quando trocar a cafeteira? Sinais de que ela precisa se aposentar

Mesmo com limpeza frequente, chega uma hora em que a cafeteira começa a apresentar sinais de desgaste irreversível. Fique atento se:

  • O café demora muito para passar, mesmo com a limpeza em dia

  • A bebida sai com gosto estranho ou turvo

  • A base de aquecimento não esquenta como antes

  • Vazamentos começam a ocorrer com frequência

Se dois ou mais desses sinais estiverem presentes, talvez seja hora de considerar um novo modelo.

Café com gosto puro e cafeteira com vida longa

Uma cafeteira limpa não apenas garante uma bebida mais saborosa e livre de resíduos, mas também aumenta a durabilidade do eletrodoméstico. Com cuidados simples, como o uso do vinagre, a limpeza das peças móveis e a secagem adequada, você evita problemas maiores e economiza com manutenção ou troca precoce.

Inclua esse ritual na sua rotina e perceba a diferença: o aroma e o sabor do café ficam mais intensos, a cafeteira funciona com mais fluidez e o visual da cozinha agradece.

 

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Começou o Festival de Cultura Indígena do Xingu no Pará

A primeira edição do Festival de Cultura e Jogos Indígenas do Xingu iniciou sexta-feira (18) na cidade de . Com entrada gratuita, o evento tem duração até o dia 20, e reúne apresentações culturais com danças e competições esportivas para promover culturas indígenas e incentivar práticas esportivas.

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Programação do Festivalebc Começou o Festival de Cultura Indígena do Xingu no Paráebc Começou o Festival de Cultura Indígena do Xingu no Pará

A programação inclui disputas de corrida, natação, canoagem, cabo de força, shows e desfiles. As competições serão disputadas em nove categorias, divididas entre masculino e feminino.

O evento, que vai reunir mais de 900 indígenas de 14 etnias, tem o objetivo de ampliar os vínculos entre as comunidades da região do Xingu e as etnias indígenas do Pará.

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A celebração é uma realização do Programa Estadual de Incentivo à Cultura (Semear), da Secretaria de Turismo do Pará (Setur), da Fundação Cultural e do governo do estado.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br diz